Na sua primeira configuração, o então NPO 2000 tinha duas chaminés, colocadas nos bordos. E não tinha sequer plataforma para o heli. Tinha, contudo, um pórtico em A na pôpa, igual aos dos navios hidrográficos. Também não existia a "posição B", onde estão montados os canhões de água. Deslocava 1500 toneladas. Escusado será dizer que, para quem seguia estes assuntos e quando se esperava algo semelhante às MEKO A100 mas na configuração OPV (a escolha natural quando se tratava de substituir as corvetas), quando saiu o desenho com um arrastão com uma Bofors à proa, foi um tremendo e brutal balde de água fria. E um banho de realidade sobre o real estado da Marinha e da mentalidade das suas chefias. E estávamos em 1999, já na altura era mais que embaraçoso.
No programa inicial, tal como proposto pela Marinha, previa-se que o projecto seria da responsabilidade exclusiva do Arsenal do Alfeite, que construiria a primeira unidade e serviria de estaleiro-guia para os dois outros envolvidos, os ENVC e os EN do Mondego. Após a avaliação do primeiro navio e feitas as alterações ao projecto julgadas necessárias, os navios passariam a ser entregues à Marinha ao ritmo de um a cada seis meses, num total de 12 navios incluindo 1 balizador e 1 de combate à poluição. Este, na minha opinião, era o programa que devia ter sido seguido, excepto no que toca aos dois últimos navios. Entretanto, o governo PS/Guterres (já não me lembro bem quem foi o ministro) resolveu alterar o programa, atribuindo a construção e gestão exclusivamente aos ENVC (que passariam a ter também responsabilidades no projecto). Isto destinava-se a preparar a privatização dos ENVC, embora o vontade do ministro da economia desse governo, Pina Moura, fosse de pura e simplesmente fechar os estaleiros. Nesta altura, os ENVC ainda não dependiam da Empordef/Min Def.
Já agora, os sucessivos administradores dos ENVC anunciaram que as seguintes marinhas «mostraram interesse em adquirir» o NPO: Argélia, Marrocos, Tunísia, Moçambique, Angola, Argentina, Indonésia e mais recentemente Nigéria. Bonito, não é?
JQT