As comparações com a TAP não fazem sentido porque são investimentos especificos que se fazem uma vez e depois ou não se fazem mais
Fazem sentido pois. Porque as despesas com a TAP não são uma vez de X em X anos. Basta ver que:
https://cnnportugal.iol.pt/as-pessoas-nao-sao-numeros/tap/mais-de-20-mil-por-mes-42-dias-de-ferias-pilotos-da-tap-voam-mais-e-beneficiam-de-acordos-secretos/20240515/66450d88d34ebf9bbb3d91c6https://observador.pt/2020/12/12/pedro-nuno-santos-revela-salarios-de-pilotos-da-tap-que-vao-dos-84-mil-a-260-mil-euros-por-ano/Salários destes são obviamente uma despesa pesada. Mais os alugueres de aeronaves, mais toda a estrutura, etc. Não só a TAP paga mais aos pilotos que outras empresas concorrentes na Europa, como tem uma dimensão considerada desproporcional às necessidades do país. Uma coisa era ter um TAP que segue os padrões europeus, e que e adequa à nossa dimensão, outra é ter uma TAP megalomaníaca e que paga quase tanto como as companhias de luxo.
Agora, relativamente aos custos de operar e manter fragatas modernas, já foi explicado que estes teriam sempre grande retorno, desde que fossem feitos no AA. Portanto, não existe desculpa para não ter fragatas.
Mas só para ajudar:
https://www.cbo.gov/publication/56675Aqui estimam um custo de manutenção e operação dos navios de
63-130 milhões/ano. Isto para fragatas topo de gama, sendo que o valor mais elevado contabiliza possível inflação, uma guarnição dupla (400 marinheiros, que ganham muito mais que os marinheiros portugueses) e claro, tudo o que é custos associados à mão de obra mais cara dos estaleiros americanos. A isto acresce que navios americanos vão ter sempre períodos de destacamento muito mais longos que os nossos, participam em muito mais exercícios (incluindo de fogos reais), e percorrem muitas mais milhas que os nossos.
Se cada fragata portuguesa operar com uma única guarnição (90-120 elementos), cujos salários serão sempre mais baixos que os americanos, os custos por navio diminuem bastante.
Se cada fragata realiza menos exercícios de fogos reais que as equivalentes americanas, os custos baixam.
Se cada fragata portuguesa não passa tanto tempo destacada, nem navega tantas milhas durante um ano, os custos também baixam.
Se estas fragatas são mantidas no Alfeite, com custos de mão-de-obra muito inferiores aos americanos, então os custos seriam muito mais baixos.
Conseguimos então extrapolar que o custe de fragatas idênticas em Portugal, seria cerca de metade. E isto a ignorar que mesmo uma fragata de topo para Portugal, não deverá ser tão complexa como as Constellation.
A isto acresce que, o que se defende, é a filosofia "hi-low". Ou seja, uma frota equilibrada de navios combatentes, que junta fragatas de topo (2/3) a fragatas leves/Crossover (3/4), sendo que os navios "low" oferecem custos de manutenção e operação ainda mais reduzidos.
A isto soma-se o facto de, por não serem aviões de combate, eles serem mais baratos de manter.
Mas como se isso não fosse suficiente, ainda por cima há uma empresa em Portugal certificada para manter, recuperar e modernizar esses aviões.
Esta opção é daquelas que é clara como a água.
Portanto, a mesma coisa com fragatas modernas cuja manutenção seria realizada no Alfeite. Logo, é claro como água que podemos e devemos ter fragatas.
E entretanto alguém propõe comprar um Dacia. É barato, não é grande coisa, ainda que seja melhor que o FIAT Punto, mas depois queremos comparar o Dacia que podemos comprar com o Bentley, cuja manutenção e seguro num ano, provavelmente custa mais que o preço do Dacia novo.
Excepto que a proposta de ter barcaças ASW, não é melhor do que ter fragatas ao nível das BD. Pelo simples facto de que, as barcaças ASW são monomissão, e as BD (e outra fragatas na mesma linha, ou corvetas modernas) estão preparadas para um determinado número de missões, vêm com um hangar para helicóptero, com mísseis AA e anti-navio, um canhão principal, pode receber sensores mais poderosos do que a barcaça ASW, etc.
A comparação realista, é comprar um Dacia, com um motor fraquinho, com o equipamento básico e na versão comercial (sem bancos traseiros), para substituir uma Volkswagen Passat mais antiga, com 5 lugares, motor mais potente e uma boa mala. O Dacia é capaz de ser melhor para transportar material/caixas e/ou para fazer entregas (ASW), enquanto a Passat antiga é muito mais versátil, sem abdicar de uma boa capacidade de mala.
Tendo em conta o que é dado a entender das "barcaças ASW baratas", podemos estar a falar de navios mais lentos (motor menos potente do Dacia), que não seriam construídos para aguentar danos de batalha (o Dacia foi comprado sem os airbags), e que viriam FFBNW (o Dacia vinha sem o banco do pendura, sem rádio e ar condicionado).
É isto a Marinha que querem.
Aparentemente, vejo que uma boa parte dos comentários sobre o navio multifunções, são na sua maioria depreciativos...
Portanto...
,,, Quem faz alguma coisa acaba sempre sendo alvo de um coro de criticas.
Se não somos sequer capazes de dar o beneficio da dúvida a um projeto, como é que podemos querer mais que o que temos ?
As críticas prendem-se por tentar reinventar a roda, naquilo que seria um navio hidrográfico, e que passou a ser um PNM. As críticas também se prendem pelo óbvio aumento do custo desse navio (que se veio a verificar). As críticas elevam-se ainda mais, quando sabemos o estado da Marinha, e sem solução à vista. E as críticas atingem um nível ainda maior, quando o CEMA imagina navios baseados no PNM, ainda maiores, para substituir fragatas.
Um CEMA que mete um convés de voo corrido num navio de patrulha costeiro, não tem sequer o direito de dizer que quer substituir fragatas por "coisas mais baratas". Um NPC é suposto ser um navio relativamente simples, barato e focado na sua missão de patrulha e fiscalização. Complicar o design com um convés de voo corrido, não me parece algo de uma Marinha que está "à rasca" para ter dinheiro para manter os seus vasos de guerra.
"Não temos dinheiro para fazer manutenção a fragatas... Já sei! Vamos complicar o design dos nossos navios mais simples, para que a sua manutenção seja mais cara, e assim ainda teremos menos dinheiro para fragatas! Génio!!!!!"
Isto é importante; aliás, julgo, que grande parte das "declarações fantasiosas" de preparação da Marinha pelo CEMA são provocadas pela necessidade de "manter as aparências", pricipalmente internamente... o que será de um CEO, face aos empregados e face aos clientes / fornecedores, que diga "o Rei vai nú", não temos o material mínimo para a nossa actividade, somos maus, etc?
Nas FA tem sido sempre tudo uma questão de manter aparências/fingir que sim. O problema é quando rebentar um conflito, e esse fingimento poético não servir para nada.
Se ele dissesse ao poder político que o estado da Marinha é o que é, toda a gente aqui batia palmas. Mas como diz que está tudo bem...
P44 não digas isso que ainda dão-te nas orelhas, o que o CEMA quer é um Fiat travestido de Alfa Romeo que pensa que é Jeep.
O que é preciso é um Ferrari ou um Lada e nada que esteja a meio dessas soluções presta.
Excepto que os navios do CEMA (versão de combate do MPSS), não são nenhum Fiat.
São uma Ford Transit, com preço de Ferrari 812, motor de um Punto, pneus opcionais, travões de disco só à frente, o "GPS" é uma bússola e um mapa de papel, tem 4 ponteiras de escape de titânio, pintado de Verde Ithaca (da Lamborghini), carroçaria em fibra de carbono (equivalência ao padrão de construção comercial e militar dos navios) e rádio para cassetes.
Portanto, os ganhos aqui, são essencialmente no maior espaço interno para material, drones, tacos de golfe, etc.