Há dinheiro. Não houvesse, já tinham despachado a TAP, que só mama recursos, não andavam com invenções de um aeroporto a cada 100km (ou menos), nem TGVs e por aí fora.
Não, Não há dinheiro !E este é um problema, que nos leva a andar a discutir o sexo dos anjos e a inventar orçamentos sem pés nem cabeça.
As comparações com a TAP não fazem sentido porque são investimentos especificos que se fazem uma vez e depois ou não se fazem mais, ou só se fazem na década seguinte e a um custo muito grande.
A opinião pública ainda pode aceitar (se não se aperceber) mas pode sempre utilizar-se o argumento dos aviões com a bandeira nacional para puxar pelo orgulho lusitano, mas nas forças armadas isso não acontece.
Não não há dinheiro !Não há dinheiro para uma gigantesca miriade de custos adicionais que a esmagadora maioria das pessoas nem entende e nem sabe que existem.
Uma fragata para dar um exemplo, é como uma média empresa que precisa todos os anos renovar a certificação ISO-9000 (a título de comparação)
Quem já tiver trabalhado em empresas com este tipo de certificação, sabe a trapalhada e a dor de cabeça que é ter todos os procedimentos vistos e revistos, toda a documentação organizada sob determinados padrões etc.
Mas numa empresa com uma área de trabalho mais técnica, a coisa consegue ser ainda mais complicada. A cada ano cada osciloscopio, espectometro, sistema de medição, até ao mais pequeno multimetro e ferramenta de laboratório, tem que ser calibrado por uma entidade externa.
Às vezes a calibração custa mais que o equipamento.
Em médias empresas industriais, a mesma coisa. O custo de ter todo o ferramental e máquinas de uma linha de produção em conformidade com uma inumera quantidade de normas, é elevadíssimo.
Há empresas que desistiram da certificação porque concluiram que não tinham como aguentar os custos, e isto só para um conjunto de procedimentos administrativos.
Quantas empresas da Indonésia, da China ou das Filipinas têm empresas certificadas ?
Ter uma fragata preparada para a NATO, é ter uma fragata permanentemente conformante com a respectiva norma ISO, ou correspondente norma NATO.
Só isto implica custos que a maior parte das pessoas nunca, nunca
nunca quantifica.E se queremos navios para não estar em conformidade com normas que o tornam realmente operacional, então é melhor estar parado.
Eu
às vezes fico espantado com a facilidade com que comparamos a marinha portuguesa com a marinha da Indonésia, ou das Filipinas ou mesmo do Chile ou da Colômbia e pergunto-me ...
Quantos destes navios passariam na verificação para obter a certificação ? ? ?
Navios mais sofisticados, implica maior numero de sistemas de armas, de controlo, eletronica de gestão, cablagens mais sofisticadas, que por sua vez têm que estar permanentemente certificadas.
Isto implica um aumento exponencial das despesas, e não é uma coisa que se faz de-vez-em-quando. É preciso estar sempre a fazer todos os anos na maior parte dos casos, dependendo da norma aplicada.
Não me venham dizer que há dinheiro, porque também houve para a TAP, porque isto quer dizer que haveria dinheiro para comprar os equipamentos sim, mas depois ficariam a apodrecer por falta de dinheiro no orçamento anual para manter os equipamentos operacionais.
E nem vou aqui falar do que seria manter uma frota de F-35 e outra de F-16 da ultima série, com duas linhas de abastecimento distintas.
É possível encontrar o dinheiro sim, mas isso implica ir buscar o dinheiro não a soluções pontuais mas sim às depesas correntes anuais.
Isto implica que, ou se vai buscar ao serviço nacional de saude, ou se vai buscar às reformas, ou se vai buscar aos restantes funcionários publicos.
Que avancem, os primeiros que queiram contribuir ...