Situação Política em Portugal

  • 543 Respostas
  • 92813 Visualizações
*

Jorge Pereira

  • Administrador
  • *****
  • 2229
  • Recebeu: 90 vez(es)
  • Enviou: 122 vez(es)
  • +118/-280
    • http://forumdefesa.com
Re: Situação Política em Portugal
« Responder #240 em: Abril 13, 2011, 01:30:18 am »
Como não podia deixar de ser, ainda há pessoas sérias e lúcidas no PS.

Um dos primeiros erros do mundo moderno é presumir, profunda e tacitamente, que as coisas passadas se tornaram impossíveis.

Gilbert Chesterton, in 'O Que Há de Errado com o Mundo'






Cumprimentos
 

*

Cabecinhas

  • Investigador
  • *****
  • 1505
  • Recebeu: 5 vez(es)
  • Enviou: 11 vez(es)
  • +4/-0
Re: Situação Política em Portugal
« Responder #241 em: Abril 13, 2011, 12:25:25 pm »
BRAVO!
Um galego é um português que se rendeu ou será que um português é um galego que não se rendeu?
---
 

*

Lusitano89

  • Investigador
  • *****
  • 26006
  • Recebeu: 3461 vez(es)
  • Enviou: 269 vez(es)
  • +1814/-1735
Re: Situação Política em Portugal
« Responder #242 em: Abril 13, 2011, 01:58:14 pm »
"Se soubesse como o País ia ficar, não fazia a revolução" diz Otelo Saraiva de Carvalho
 

Otelo Saraiva de Carvalho ouve todos os dias populares dizerem-lhe que o que faz falta é uma nova revolução, mas, 37 anos depois, garante que, se soubesse como o país ia ficar, não teria realizado o 25 de abril.

Apesar de estar associado ao movimento dos "capitães de abril" e aceitar o papel que a história lhe atribuiu nesta revolução, Otelo não esconde algum desânimo. Ele, que se assume como um "optimista por natureza". "Sou um optimista por natureza, mas é muito difícil encarar o futuro com optimismo. O nosso país não tem recursos naturais e a única riqueza que tem é o seu povo", disse, em entrevista à Agência Lusa.

Otelo lamenta as "enormes diferenças de carácter salarial" que existem na sociedade portuguesa e vai desfiando nomes de personalidades públicas, cujo vencimento o indigna. "Não posso aceitar essas diferenças. A mim, chocam-me. Então e os outros? Os que se levantam às 5:00 da manhã para ir trabalhar na fábrica e na lavoura e chegam ao fim do mês com uma miséria de ordenado?", questiona, sem esconder o desânimo.

Para este eterno capitão de abril, o que mais o desilude é "questões que considerava muito importantes no programa político do Movimento das Forças Armadas (MFA) não terem sido cumpridas". Uma delas, que considera "crucial", era a criação de um sistema que elevasse rapidamente o nível social, económico e cultural de todo um povo que viveu 48 anos debaixo de uma ditadura".

"Este povo, que viveu 48 anos sob uma ditadura militar e fascista merecia mais do que dois milhões de portugueses a viverem em estado de pobreza", adiantou. Esses milhões, sublinhou, significa que "não foram alcançados os objectivos" do 25 de Abril.

Por esta, e outras razões, Otelo Saraiva de Carvalho garante que hoje em dia não faria a revolução, se soubesse que o país iria estar no estado em que está. "Pedia a demissão de oficial do exército, nunca mais punha os pés no quartel, pois não queria assumir esta responsabilidade", frisou.

Lusa
 

*

Edu

  • Especialista
  • ****
  • 1166
  • Recebeu: 155 vez(es)
  • Enviou: 12 vez(es)
  • +5/-4
Re: Situação Política em Portugal
« Responder #243 em: Abril 13, 2011, 05:17:43 pm »
Citar
Testemunha confirma que Oliveira Costa vendeu a Cavaco Silva e à filha acções da SLN com prejuízo

13.04.2011 - 15:36 Por PÚBLICO, Lusa

Uma testemunha confirmou hoje em tribunal que o ex-presidente do BPN vendeu, em 2001, a Cavaco Silva e à sua filha 250 mil acções da Sociedade Lusa de Negócios (SLN), a um euro cada, quando antes as adquiriu a 2,10 euros cada à offshore Merfield.

Respondendo a perguntas dos juízes do julgamento no caso do Banco Português de Negócios (BPN), Paulo Jorge Silva, inspector fiscal que colaborou com a Polícia Judiciária no âmbito deste caso e que é testemunha do Ministério Público, disse “não ter explicação” para o facto de o principal arguido, José Oliveira Costa, ter perdido 1,10 euros em cada acção que vendeu a Aníbal Cavaco Silva e à filha do actual Presidente da República, Patrícia Cavaco Silva Montez.

O inspector das Finanças, que participou na investigação, precisou que de um lote de 250 mil – de 1.750.000 de acções da Sociedade Lusa de Negócios (SLN) que Oliveira Costa adquiriu à Merfield, em 27 de Março de 2001, a 2,10 euros cada – 100.360 acções foram adquiridas por Cavaco Silva e 149.640 acções por Patrícia Montez, em ambos os casos a um euro por título, a 18 de Abril de 2001.

As restantes 1,5 milhões de acções adquiridas por Oliveira Costa à Merfield foram vendidas no mês seguinte (Maio de 2001) às contas de investimento de clientes do BPN, a 2,11 euros, com um lucro de 0,01 cêntimo por acção.

Feitas as contas pela testemunha em tribunal, Oliveira Costa teve um prejuízo de 275 mil euros com a venda daquelas acções a Cavaco Silva e Patrícia Montez e um lucro de 15 mil euros da venda daquelas acções às contas de investimento de clientes do BPN.

Paulo Jorge Silva já dissera em tribunal, em Fevereiro, que Oliveira Costa vendera as 250 mil acções que comprara no mesmo dia numa operação que implicou um prejuízo de 275 mil euros.

Hoje, indagado pelo colectivo presidido pelo juiz Luís Ribeiro que o interroga no Campus da Justiça de Lisboa, o inspector tributário disse não encontrar qualquer “explicação” para a única venda de acções do grupo SLN SGPS a um euro por acção e com prejuízo avultado para Oliveira Costa, ex-presidente do BPN.

Em resposta a perguntas dos juízes, a testemunha referiu ainda que, uma vez que as acções do grupo SLN não estavam cotadas em bolsa, o seu valor deveria ser efetuado a partir do balanço e demonstração de resultados do grupo SLN (detentor então do BPN), mas que esse cálculo é dificultado porque há uma componente patrimonial não declarada que é detida através de sociedades offshores do grupo, as quais teriam grandes prejuízos resultantes de maus investimentos.

Estes prejuízos, segundo a testemunha, seriam ocultados aos accionistas do grupo e às entidades supervisoras.

O inspector explicou também que Oliveira Costa precisava de liquidez para saldar uma dívida com o grupo SLN resultante do aumento de capital da SLN em Dezembro de 2000, precisando de 1,5 milhões de euros para o efeito, tendo feito um contrato de empréstimo junto do Fortis Bank em Lisboa, no valor de 12,5 milhões de euros, dando como garantia as próprias acções que ainda tinha por pagar.

Assinalou que acabou por ser a SLN a oferecer as garantias para aquele empréstimo feito a Oliveira Costa, tendo esse contrato sido assinado pelos administradores da SLN Dias Loureiro e Luís Caprichoso, este último arguido neste processo.

A testemunha disse ainda que o empréstimo de 12,5 milhões concedido pelo Fortis Bank a Oliveira Costa acabaria por ser pago com verbas desviadas do Banco Insular de Cabo Verde (presidido pelo arguido José Vaz Mascarenhas), sendo que o buraco financeiro do banco cabo-verdiano foi englobado nas contas do BPN, entretanto nacionalizado pelo Estado português.

Oliveira Costa está a ser julgado por burla qualificada, branqueamento de capitais, fraude fiscal qualificada e aquisição ilícita de acções. Outras 14 pessoas ligadas ao universo SLN, como Luís Caprichoso, Ricardo Oliveira e José Vaz Mascarenhas, e a empresa Labicer estão também acusadas por crimes económicos graves.

Deve ter sido um pagamento por algum serviço.

Temos todos motivos para nos orgulhar deste nosso presidente, sem duvida. Mas já sei que o pessoal cego pela direita vai dizer que isto são invenções de ser tempo de eleições :roll:
 

*

Luso

  • Investigador
  • *****
  • 8711
  • Recebeu: 1858 vez(es)
  • Enviou: 816 vez(es)
  • +1079/-10753
Re: Situação Política em Portugal
« Responder #244 em: Abril 13, 2011, 07:13:20 pm »
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

*

TOMSK

  • Investigador
  • *****
  • 1445
  • Recebeu: 2 vez(es)
  • Enviou: 1 vez(es)
  • +1/-1
Re: Situação Política em Portugal
« Responder #245 em: Abril 13, 2011, 07:22:07 pm »
Citar
"Se soubesse como o País ia ficar, não fazia a revolução" diz Otelo Saraiva de Carvalho
Otelo lamenta as "enormes diferenças de carácter salarial" que existem na sociedade portuguesa e vai desfiando nomes de personalidades públicas, cujo vencimento o indigna. "Não posso aceitar essas diferenças. A mim, chocam-me. Então e os outros? Os que se levantam às 5:00 da manhã para ir trabalhar na fábrica e na lavoura e chegam ao fim do mês com uma miséria de ordenado?", questiona, sem esconder o desânimo.
ditadura".

Olha-me para este, devia era ter vergonha na cara, diz que lhe indignam os vencimentos de alguns, então e o dele, que não faz a ponta de um corno actualmente, e continua a receber a pensão de Coronel, isto já para não falar dos quase 50.000 euros de "compensação" aquando da promoção...
 

*

Miguel

  • Investigador
  • *****
  • 2502
  • Recebeu: 51 vez(es)
  • Enviou: 8 vez(es)
  • +462/-589
Re: Situação Política em Portugal
« Responder #246 em: Abril 13, 2011, 07:34:47 pm »
Citação de: "TOMSK"
Citar
"Se soubesse como o País ia ficar, não fazia a revolução" diz Otelo Saraiva de Carvalho
Otelo lamenta as "enormes diferenças de carácter salarial" que existem na sociedade portuguesa e vai desfiando nomes de personalidades públicas, cujo vencimento o indigna. "Não posso aceitar essas diferenças. A mim, chocam-me. Então e os outros? Os que se levantam às 5:00 da manhã para ir trabalhar na fábrica e na lavoura e chegam ao fim do mês com uma miséria de ordenado?", questiona, sem esconder o desânimo.
ditadura".

Olha-me para este, devia era ter vergonha na cara, diz que lhe indignam os vencimentos de alguns, então e o dele, que não faz a ponta de um corno actualmente, e continua a receber a pensão de Coronel, isto já para não falar dos quase 50.000 euros de "compensação" aquando da promoção...

A Historia julgara!! ultimas palavras de Marcelo Caetano.
Havemos de chorar os mortos se os vivos nao o merecem! dixit Salazar!
 

*

Luso

  • Investigador
  • *****
  • 8711
  • Recebeu: 1858 vez(es)
  • Enviou: 816 vez(es)
  • +1079/-10753
Re: Situação Política em Portugal
« Responder #247 em: Abril 13, 2011, 07:48:12 pm »
http://portadaloja.blogspot.com/

O aluno serôdio de Medina Carreira: o ministro das Finanças.
jornal de Negócios:


"A clara mensagem da crise de dívida soberana" foi a de que Portugal "tem vivido acima das suas possibilidades", lamentou o ministro demissionário, acrescentando que "o que o mundo está a dizer-nos é que não é possível que o País sistematicamente gaste 8 ou 9% mais do que aquilo que produz".
Este indivíduo, Teixeira dos Santos, que foi professor universitário não é um qualquer imbecil que palra inconsequências. É o ministro das Finanças que esteve no governo que agora se demitiu. Foi ele quem teve a responsabilidade pessoal e institucional de tomar decisões políticas com relevo para o país e os seus concidadãos. Sendo decisões de Governo os diplomas têm a sua assinatura responsabilizante. Numa matéria tão sensível não se admitem acções diletantes ou negligentes. O que fez, foi objectivamente com dolo de querer fazer. Ou então, foi coagido politicamente a tal, do que aliás nunca se queixou, pelo que é cúmplice pleno. Se estamos como estamos, a ele se deve em grande parte, senão a exclusiva parte.

Pois ainda tem a supina lata, este palerma, este criminoso político ( que me processe porque lhe dou o mail se preciso for) este irresponsável de dizer o que acima fica escrito.

Este indivíduo é que precisava de queixa-crime na PGR e instruída por magistrados isentos e independentes, porque isto é o cúmulo dos cúmulos.

- posted by josé @ 12.4.11 18 comments
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

*

Daniel

  • Investigador
  • *****
  • 3032
  • Recebeu: 432 vez(es)
  • Enviou: 225 vez(es)
  • +723/-9429
Re: Situação Política em Portugal
« Responder #248 em: Abril 14, 2011, 08:41:14 am »
Opinião no NY Times: «Agências de rating armadilharam Portugal»

Citar
Opinião publicada no New York Times por Robert M. Fishman, professor de Sociologia da Universidade de Notre Dame. Caso português é aviso para muitos outros países.

A culpa do pedido de ajuda financeiro feito por Portugal é das agência de rating e da falta de regulação sobre a forma como as mesmas avaliam a fiabilidade da economia dos países. A opinião é de Robert M. Fishman, professor de Sociologia da Universidade de Notre Dame, de Indiana, Estados Unidos, e escritor galardoado - venceu a Menção Honrosa para Melhor Livro de Políticas Sociólogas em 2005, pelo seu livro Democracy's Voices.

Leia o artigo na íntegra:

O desnecessário resgate de Portugal

«O pedido de ajuda de Portugal para as suas dívidas junto do Fundo Monetário Internacional e da União Europeia na última semana deve servir de aviso para todas as democracias.

As crises que começaram com os resgates da Grécia e Irlanda no ano passado tiveram uma feia reviravolta. Contudo, este terceiro pedido de resgate não é realmente sobre dívida. Portugal teve uma forte performance económica nos anos 90 e estava a conseguir a sua recuperação da recessão global melhor do que muitos outros países na Europa, mas viu-se sob injusta e arbitrária pressão dos correctores, especuladores e analistas de rating de crédito que, por visão curta ou razões ideológicas, conseguiram forma de afastar uma administração democraticamente eleita e potencialmente amarrar as mãos da próxima.

Se deixadas sem regulação, estas forças de mercado ameaçam eclipsar a capacidade dos governos democráticos — talvez até da América — para fazerem as suas próprias escolhas sobre impostos e despesas.

As dificuldades de Portugal eram admitidamente semelhantes às da Grécia e Irlanda: para os três países, a adopção do Euro há uma década significou que tiveram de ceder o controlo das suas políticas monetárias, e um repentino incremento dos níveis de risco que regulam os mercados de obrigações atribuíram às suas dívidas soberanas foi o gatilho imediato para os pedidos de resgate.

Mas na Grécia e Irlanda o veredicto dos mercados reflectiu profundos e facilmente identificáveis problemas económicos. A crise portuguesa é bastante diferente; não houve uma genuína crise subjacente. As instituições e políticas económicas em Portugal que alguns analistas financeiros vêem como potencialmente desesperadas tinham alcançado notável sucesso antes desta nação ibérica de dez milhões ser sujeita às sucessivas ondas de ataque dos mercados de obrigações.

O contágio dos mercados e redução de notação, que começaram quando a magnitude das dificuldades da Grécia emergiu no início de 2010, transformaram-se numa profecia que se cumpriu a si própria: ao aumentar os custos da dívida portuguesa para níveis insustentáveis, as agências de rating forçaram Portugal a procurar o resgate. O resgate deu poder aos ‘salvadores’ de Portugal a pressionarem por impopulares políticas de austeridade que afectaram empréstimos de estudantes, pensões de reforma, subsídios sociais e salários públicos de todos os tipos.

A crise não é culpa do que Portugal fez. A sua dívida acumulada está bem abaixo do nível de nações como a Itália que não foi sujeita a tão devastadoras avaliações. O seu défice orçamental é mais baixo do que muitos outros países europeus e estava a diminuir rapidamente graças aos esforços governamentais.

E quanto às perspectivas de crescimento do país, que os analistas convencionalmente assumem serem sombrias? No primeiro quarto de 2010, antes dos mercados empurrarem as taxas de juro nas obrigações portuguesas para os limites, o país tinha uma das melhores taxas de recuperação económica na União Europeia. Numa série de reformas — encomendas industriais, inovação empresarial, realização educacional, e crescimento das exportações — Portugal igualou ou mesmo ultrapassou os seus vizinhos do Sul e até da Europa Ocidental.

Por que razão, então, foi tão desclassificada a dívida portuguesa e a sua economia empurrada para o limite? Há duas possíveis explicações. Uma é o cepticismo ideológico em torno do seu modelo económico misto, que suportava empréstimos às pequenas empresas, em conjunto com algumas grandes companhias públicas e um robusto estado-providência. Os mercados fundamentalistas detestam intervenções de estilo keynesiano em áreas da política interna portuguesa — que evitavam uma bolha e preservavam a disponibilização de rendas urbanas baixas — quanto a assistência aos pobres.

A falta de perspectiva histórica é outra explicação. O nível de vida dos portugueses cresceu muito nos 25 anos que se seguiram à revolução democrática de Abril de 1974. Nos anos 90 a produtividade laboral cresceu rapidamente, as empresas privadas aprofundaram o investimento com a ajuda do governo, e partidos tanto de centro-direita como de centro-esquerda apoiaram o aumento da despesa social. Por altura do fim do século o país tinha uma das taxas de desemprego mais baixas da Europa.

Em justiça, o optimismo dos anos 90 deu origem a desequilíbrios financeiros e ao gasto excessivo; os cépticos quanto à saúde da economia portuguesa apontam para a sua relativa estagnação entre 2000 e 2006. Apesar disso, no início da crise financeira global em 2007, a economia estava de novo a crescer e o desemprego a descer. A recessão acabou com essa recuperação, mas o crescimento retomou-se no segundo quarto de 2009, mais cedo do que noutros países.

Não se podem culpar as políticas domésticas. O primeiro-ministro José Sócrates e o governo socialista mexeram-se para cortar no défice enquanto promoviam a competitividade e controlavam a despesa pública; a oposição insistia que podia fazer melhor e forçou o senhor Sócrates a demitir-se este mês, preparando o palco para novas eleições em Junho. Isto é normal em política, não um sinal de confusão ou incompetência como alguns críticos de Portugal acenaram.

Podia a Europa ter evitado este resgate? O Banco Central Europeu podia ter comprado de forma agressiva as obrigações de Portugal e protegido o país do pânico mais recente. Regulação da União Europeia e dos Estados Unidos sobre o processo utilizado pelas agências de rating para avaliar a fiabilidade de crédito da dívida de um país é essencial. Distorcendo as percepções dos mercados sobre a estabilidade portuguesa, as agências de rating — cujo papel em fomentar a crise hipotecária nos Estados Unidos está amplamente documentado — armadilharam tanto a sua recuperação económica como a sua liberdade política.

No destino de Portugal reside um claro aviso para os outros países, os Estados Unidos incluídos. A revolução portuguesa de 1974 inaugurou uma onda de democratização que varreu o globo. É bem possível que 2011 possa marcar o começo de uma onda de invasão da democracia por mercados desregulados, com Espanha, Itália ou Bélgica como próximas vítimas potenciais.

Os americanos não iriam gostar muito se instituições internacionais tentassem dizer a Nova Iorque, ou a outra qualquer cidade americana, para abandonar as suas leis de controlo de rendas. Mas é este precisamente o tipo de interferência que agora acontece em Portugal — tal como aconteceu na Grécia ou Irlanda, apesar desses países terem maiores responsabilidades no seu destino.

Apenas governos eleitos e os seus líderes podem assegurar que esta crise não acaba por minar os processos democráticos. Até agora parecem ter deixado tudo nas mãos da imprevisibilidade dos mercados de obrigações e das agências de rating.»

Por Robert M. Fishman, professor de Sociologia da Universidade de Notre Dame


 

*

Luso

  • Investigador
  • *****
  • 8711
  • Recebeu: 1858 vez(es)
  • Enviou: 816 vez(es)
  • +1079/-10753
Re: Situação Política em Portugal
« Responder #249 em: Abril 14, 2011, 09:23:00 am »
Daniel, nestas coisas é assim: quem está de fora racha lenha!
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

*

Edu

  • Especialista
  • ****
  • 1166
  • Recebeu: 155 vez(es)
  • Enviou: 12 vez(es)
  • +5/-4
Re: Situação Política em Portugal
« Responder #250 em: Abril 14, 2011, 09:37:59 am »
Daniel, o texto que postou é sem duvida muito importante e ainda mais por vir de um autor independente. Mais uma vez Portugal viu-se condicionado por interesses estrangeiros bastante duvidosos e que ameaçam a nossa soberania. Nesta altura oposição e governo deviam-se ter unido para fazer frente a estes interesses mas pelos vistos o PSD de Pedro Paços Coelho estava mais interessado em chegar ao poder.

Pergunto Pedro Paços Coelho não estará ao serviço de interesses externos ao país que querem destruir a nossa soberania...

É importante também ver que a Europa mesmo podendo-nos ajudar não o fez, devíamos todos reflectir bem sobre isto, que raio de união é esta que quando a gente mais precisa nos vira as costas?
 

*

AC

  • Perito
  • **
  • 398
  • Recebeu: 1 vez(es)
  • +0/-0
Re: Situação Política em Portugal
« Responder #251 em: Abril 14, 2011, 10:26:03 am »
Esse artigo.. está largamente errado. :D

Antes de mais, é preciso distuinguir duas coisas:
- A dívida pública, que é o dinheiro que o Estado Português deve. Este valor (90% do PIB) é de facto abaixo do da Itália (uns 125% do PIB se não estou em erro). Sendo que estes 90% são muito relativos. O Governo assumiu, por via das dívidas das empresas públicas, parcerias público-privadas e outros mecanismos compromissos que não estão incluidos naqueles 90% e que se fossem lá contabilizado fariam, com alguma facilidade, que a dívida pública chegasse aos 125% do PIB.

- A dívida externa, que é a dívida que o Estado, bancos, empresas e particulares portugueses devem ao estrangeiro. A nossa são uns 200% do PIB, o da Itália são uns 129% do PIB.

Mas voltando ao nosso problema.
O nosso problema é composto de 4 coisas:
- Elevada dívida externa.
- Baixa taxa de poupança.
- Baixo crescimento económico.
- Elevado endividamento público.

Resumidamente:
Colectivamente, devemos muito dinheiro ao estrangeiro. Devido à nossa estagnação económica, ninguém acredita que vamos conseguir pagar continuar a  pagar os nossos empréstimos a tempo e horas.
E devido à nossa baixa taxa de poupança, os bancos portugueses há anos que estão dependentes de empréstimos de bancos estrangeiros para emprestar dinheiro em Portugal.
O Estado é maior mono aqui: é uma parte grande da dívida, é uma grande parte do risco de falhar pagamentos e não pode simplesmente aumentar os impostos para obter mais receita porque a economia não aguenta.

E quanto às agências de rating... são uma merda, de facto. Mas ao mesmo tempo, se acham que isto é tudo criado artificialmente, metam o dinheiro onde têm a boca. Comprem titulos do tesouro -- rendem bem mais que um depósito a prazo e ajudam o Estado.
 

*

nelson38899

  • Investigador
  • *****
  • 5618
  • Recebeu: 933 vez(es)
  • Enviou: 887 vez(es)
  • +740/-2723
Re: Situação Política em Portugal
« Responder #252 em: Abril 14, 2011, 12:09:28 pm »
Eu por acaso estava interessado! Como se faz para comprar esses titulos?
"Que todo o mundo seja «Portugal», isto é, que no mundo toda a gente se comporte como têm comportado os portugueses na história"
Agostinho da Silva
 

*

Lusitanian

  • Membro
  • *
  • 281
  • +0/-0
Re: Situação Política em Portugal
« Responder #253 em: Abril 14, 2011, 02:40:01 pm »
O que é isso dos Titulos de Tesouro? Isso sempre me fez confusão...temos uma espécie de papel que vale milhoes? Sou um cromo nessas coisas... :roll:
Deus quer, o Homem sonha, a Obra nasce.
Por Portugal, e mais nada!
Tudo pela Nação, nada contra a nação!
 

*

AC

  • Perito
  • **
  • 398
  • Recebeu: 1 vez(es)
  • +0/-0
Re: Situação Política em Portugal
« Responder #254 em: Abril 14, 2011, 04:34:55 pm »
Os títulos do tesouro são como os certificados de aforro. São papelinhos que dizem que emprestámos dinheiro ao Estado e o Estado nos vai pagar isso de volta, com juros, ao fim de X tempo.

Tal como os certificados de aforro, podem ser subscritos nos balcões dos CTT ou em https://aforronet.igcp.pt/