Protestos na Ucrânia e a possibilidade de guerra civil

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Re: Protestos na Ucrânia e a possibilidade de guerra civil
« Responder #375 em: Março 26, 2014, 08:05:48 pm »
O que para mim é dificil de conceber é como é que a UE com uma população de cerca de 500 milhões de habitantes (2 vezes os EUA e 4 vezes a da Rússia) necessita, pelo menos em guerra convencional, de tanto apoio dos EUA para se defender da Rússia. Eu pessoalmente questiono-me até que ponto as apenas forças armadas da França e Alemanha não seriam capaz de travar as forças russas num conflito sem recurso a armas nucleares.
 

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Re: Protestos na Ucrânia e a possibilidade de guerra civil
« Responder #376 em: Março 26, 2014, 09:02:59 pm »
Citação de: "papatango"
Citação de: "mafets"
Desculpe, mas não existiu "efeito Sebastopol" na Georgia (como já não tinha existido nos tempos soviéticos na Hungria, Checoslovaquia ou Afeganistão)
Em primeiro lugar, não podemos fazer comparações com o que se passava no tempo da Rússia Comunista.
Mesmo assim, o efeito Sebastopol existia sim, porque havia milhares de militares russos tanto na Hungria como na Checoslováquia.

Na Georgia, havia os famosos «observadores russos», que não eram mais nada que tropas regulares de ocupação das regiões que supostamente precisavam ser defendidas.

Portanto, em todos os casos, a Russia já tinha tropas no terreno em quantidade suficiente para desenvolver operações, o que aparentemente não acontece na Transdnistria.

Citação de: "mafets"
Agora, na minha opinião (e apesar da NATO colocar em aberto as duas possibilidades), parece-me ser mais lógico que caso de Moscovo optar por agir, começar por um reforço das tropas na Transdnistria, desembarcando no Estuário do Rio Dniester (está sem oposição no Mar Negro, podendo desembarcar praticamante à vontade

Do meu ponto de vista essa tese tem um problema.
Depender do Mar Negro para abastecer tropas, pode revelar-se um calcanhar de Aquiles.
Os americanos disseram que não vão enviar tropas para o terreno, mas não disseram nada quanto a mover navios.
A frota russa do Mar Negro possui um cruzador, que só serve para lançar ataques suicidas num conflito atómico num cenário de holocausto nuclear e fim do mundo. De resto, como sabemos tem navios de desembarque, praticamente mais nada.

Os russos «ladram muito» mas normalmente pensam duas vezes quando se trata de enfrentar que pode responder. Eles poderiam fazer o que quisessem contra a Bulgaria ou contra a Roménia, mas têm-se abstido disso.
Não é garantido que os países da NATO não possam enviar navios para o Mar Negro, mesmo que seja para se abalroarem uns aos outros como era comum no tempo de guerra fria.

Essa é a principal razão que me leva a acreditar que os russos não farão muita coisa por mar.
Os dirigentes russos sempre tiveram uma desconfiança patológica da marinha. Muitos generais acham que a marinha não serve para nada, e mesmo no tempo da Guerra Fria, a esquadra do Mar Negro servia apenas para lançar um único ataque suicida contra os porta-aviões americanos no mediterrâneo.
Depois disso os russos não tinham planos para fazer mais nada porque não acreditavam que a esquadra sobrevivesse.

O russo não quer enfrentar o ocidente de frente.
Teme ser o primeiro a piscar os olhos como na crise dos mísseis de Cuba, e isso custou a presidência a Kruschev, que foi deposto acusado de ser um aventureiro.

Esse é neste momento o problema de Putin. Joga um jogo perigoso, colocou-se numa situação em que não pode voltar atrás, e ao mesmo tempo colocou as democracias numa situação em que elas próprias também não podem recuar sem perder a cara.
Putin, espera que sejam as democracias a desistir. Assim desacredita o sistema, justifica a atuação da ditadura russa e ao mesmo tempo reforça o poder interno, acusando os opositores de traidores da Pátria.
Ponto 1-
Citar
Intervention

At approximately 11 pm on 20 August 1968,[15] Eastern Bloc armies from four Warsaw Pact countries – the Soviet Union, Bulgaria,[16] Poland and Hungary – invaded Czechoslovakia. That night, 200,000 Warsaw Pact troops and 2,000 tanks entered the country.[17] Romania did not take part in the invasion,[18] and neither did Albania, which withdrew from the Warsaw Pact over the matter.[19] Participation of German Democratic Republic (East Germany) was cancelled just hours before the invasion.[20]
The invasion was well planned and coordinated, simultaneously with the border crossing by ground forces, a Soviet airborne division (VDV) captured Prague Václav Havel Airport (at the time called Ruzyne International Airport) in the early hours of the invasion. It began with a special flight from Moscow which carried more than 100 plainclothes agents. They quickly secured the airport and prepared the way for the huge forthcoming airlift, in which An-12 transport aircraft started arriving and unloading Soviet airborne troops equipped with artillery and light tanks.
http://en.wikipedia.org/wiki/Warsaw_Pact_invasion_of_Czechoslovakia
Citar
The Central Group of Forces is a legacy of the 1968 invasion; until that event, Czechoslovakia had had no Soviet troops stationed permanently within its borders.
http://www.mongabay.com/history/czechoslovakia/czechoslovakia-soviet_central_group_of_forces_in_czechoslovakia.html
Quanto à Hungria as tropas do Grupo Central foram dispersas em 1947. Existem diversas fontes que apresentam o seu ressurgimento em 1955 (já estariam assim presentes aquando da invasão) mas outras fontes apresentam para 26 de Novembro de 1956 (basicamente um mês depois da invasão), sendo o grosso das forças provenientes das forças russas na Roménia e da Russiahttp://en.wikipedia.org/wiki/Southern_Group_of_Forces.
Tanto no Afeganistão como na Geórgia existiam forças no terreno (fossem conselheiros militares, observadores, tropas especiais, mercenários, etc, como também existiam na Hungria e Checoslováquia), mas não eram suficientes para o que os Russos queriam, bastando para isso ver a quantidade de forças usados tanto numa como outra invasão. Exactamente o mesmo se passa na Crimeia onde 3 500 fuzileiros no máximo, tiveram que ser fortemente reforçados para cumprir a sua missão. Assim e seja qual for a diferença geopolitica, geoestratégica ou mesmo ideológica entre o tempo da URSS e da actual Russia, o "modus operantis" é sempre igual ou muito semelhante.



Ponto 2 - A sua análise da frota Russa está correcta. À apenas um pequeno pormenor: O Mar Negro não é o Mediterrâneo.

Todos os navios Russos no Mar Negro (e não apenas o cruzador da classe Slava) não possuem paióis quanto aos misses superfície-superfície nem os mesmos podem ser recarregados em alto mar, o que obriga as unidades a lançar os misseis e a retirar, o que era um problema por exemplo no mediterrâneo. Mas no Mar Negro uma frota a operar junto da costa em suporte de uma força anfíbia não está distante da Base e portanto não tem esse problema.


Depois, o papatango não analisou a forma de operar das marinhas ocidentais, nomeadamente a americana ou a francesa que baseiam a sua operacionalidade nos grupos de batalha em que o navio central é um Porta-Aviões. Ora, a Convenção de Montreux  proíbe navios principais com tonelagem acima das 40 000, o que impede todos os CVA americanos de entrar no Mar Negro, sendo que no máximo podem enviar alguns LHA que mesmo com alguns F-35 (mas ainda são os Av-8 a maioria)  em serviço não tem AEW e a cobertura ASW teria de ser feita pelas escoltas (ou deixar ambas as missões por conta de aviões baseados em terra). Novamente os Russos teriam as bases aéreas perto, alem de poderem contar com baterias baseadas em terra de missies anti-navio (não esquecer o que se passou nas Falklands/Malvinas). Não estou a ver os EUA ou qualquer pais europeu a arriscar navios (no máximo algumas unidades e um LHA como medida de pressão) operacionalmente numa situação de clara desvantagem, ainda mais quando a Rússia podia reforçar a frota do mar negro (que dá perfeitamente para este cenário) com o Kunetzov e o seu Grupo de Batalha (pois não é tecnicamente um porta-aviões e a Rússia tem costa no Mar Negro) enquanto a NATO nem o Nimitz ou o Charles de Gaulle lá podiam colocar. Ainda o melhor era enviarem submarinos, mas mesmo aí a Rússia tinha boa quantidade desde helicópteros a aviões ASW, passando mesmo por submarinos (a própria marinha por não acreditar nas unidades de superfície face à tecnologia ocidental é que fez submarinos às centenas  :shock:  


Ultimo Ponto - Os Soviéticos e os Americanos na Guerra Fria enfrentaram-se nas zonas de influência. Coreia (parte dos pilotos eram Russos), Vietname (milhares de conselheiros soviéticos, tanto que Hanoi e Haiphong tinha uma zona restrita e outra proibida quanto aos bombardeamentos), Afeganistão (os EUA tinham por lá pessoal para ensinar ao manuseamento por exemplo dos Stinger), Angola (cada bloco apoiava uma das partes, etc). Com o fim da Guerra Fria o "conflito" continua noutros moldes e em outras zonas mas o objectivo é o mesmo, ganhar controlo seja politico ou territorial sobre determinada zona, com cada uma das partes a conseguir ganhos e perdas. E isso acontece seja com Putin, Bush ou outro qualquer, formalmente começou no Kosovo e continuou na Geórgia, sendo a Crimeia só e apenas mais um "episódio". Os Russos poderão jogar a próxima cartada na restante Ucrânia e os EUA no Azerbaijão. É só uma questão de tempo até a "guerra não declarada" continuar pelo que não se espere grandes conflitos "olhos nos olhos" até porque os lideres ocidentais ao dizerem não a uma intervenção militar depois da Crimeia (jogam com as sanções económicas), mais que ninguém, estão claramente a evitar a frontalidade.





Saudações
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Re: Protestos na Ucrânia e a possibilidade de guerra civil
« Responder #378 em: Março 27, 2014, 01:34:01 am »
Eu posso ter perdido alguma coisa no meio de tanta informação.

Mais uma vez desculpe, mas a extrema profusão de imagens, distorce completamente a mensagem e torna-se dificil de entender.

De facto na Checoslováquia aparentemente não havia tropas soviéticas com capacidade de combate.
Na Hungria, uma das propostas que estava em cima da mesa e que era defendida pelo marechal Zhukov antes da invsão, era a retirada das tropas russas.
Citar
After announcing a willingness to negotiate a withdrawal of Soviet forces, the Politburo changed its mind and moved to crush the revolution. On 4 November, a large Soviet force invaded Budapest and other regions of the country. The Hungarian resistance continued until 10 November.
http://en.wikipedia.org/wiki/Hungarian_ ... on_of_1956
A questão no entanto é académica, porque as tropas russas estavam disponíveis para intervir em poucas horas e com uma movimentação de relativamente poucos quilometros.


Quanto à questão dos navios no Mar Negro, eu não entendi.

Eu estou a falar de enviar navios para se abalroarem uns aos outros, não estou a falar em enviar porta-aviões para o Mar Negro, o que seria um disparate de todo o tamanho.

Um bloqueio ou qualquer confrontação com os russos será sempre neste estilo:
Cruzador Yorktown e fragata russa da classe Krivak.
E aqui o mesmo navio a ser atacado por uma corveta russa

É deste tipo de confronto que falo.
A doutrina da NATO nada tem a ver com isto e no Mar Negro um grupo de batalha com base em porta-aviões não lembrava nem ao menino jesus ...  :mrgreen:
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Re: Protestos na Ucrânia e a possibilidade de guerra civil
« Responder #379 em: Março 27, 2014, 10:32:34 am »
Citação de: "papatango"
Citação de: "mafets"
Agora, na minha opinião (e apesar da NATO colocar em aberto as duas possibilidades), parece-me ser mais lógico que caso de Moscovo optar por agir, começar por um reforço das tropas na Transdnistria, desembarcando no Estuário do Rio Dniester (está sem oposição no Mar Negro, podendo desembarcar praticamante à vontade

Do meu ponto de vista essa tese tem um problema.
Depender do Mar Negro para abastecer tropas, pode revelar-se um calcanhar de Aquiles.
Os americanos disseram que não vão enviar tropas para o terreno, mas não disseram nada quanto a mover navios.
A frota russa do Mar Negro possui um cruzador, que só serve para lançar ataques suicidas num conflito atómico num cenário de holocausto nuclear e fim do mundo. De resto, como sabemos tem navios de desembarque, praticamente mais nada.

Os russos «ladram muito» mas normalmente pensam duas vezes quando se trata de enfrentar que pode responder. Eles poderiam fazer o que quisessem contra a Bulgaria ou contra a Roménia, mas têm-se abstido disso.
Não é garantido que os países da NATO não possam enviar navios para o Mar Negro, mesmo que seja para se abalroarem uns aos outros como era comum no tempo de guerra fria.
Safa. Consigo é as fontes, as fotografias, as citações... :mrgreen:
Alem de que eu falei que face à convenção de Montreux os americanos não podem enviar porta-aviões para o Mar Negro (não falei que iriam enviar até porque não podem :wink: ) de forma a fazer uma boa cobertura aérea aos restantes navios, caso estes militarmente tentassem parar uma hipotética acção Russa. Mas por muito que a tese de usar este tipo de navio no mar negro seja ridícula (o que não falta é na história militar situações ridículas verídicas) a verdade é que os EUA os usaram em todo o lado pois não sabem operar doutra forma nem têm meios navais para o fazer. Se o tivessem os LHA ou mesmo um grupo de batalha baseado em cruzadores ou contra-torpedeiros teriam por exemplo cobertura AEW própria e não se fiavam nos radares AEGIS (que por muito bons que sejam ainda não anulam a curvatura da terra) e nos misseis testados em condições óptimas no deserto do Arizona e que depois operacionalmente têm uma taxa máxima de acerto na ordem dos 60% (usar cobertura de unidades aéreas baseadas em terra implica sempre mover unidades militares, para assegurar protecção, logística e suporte operacional Às bases aéreas, algo que já foi afastado). Portanto face às unidades possíveis de disponibilizar pela NATO no Mar Negro, face aos misseis de superfície usados pelos Russos (só os SS-N-2 das corvetas é que estão obsoletos), á sua frota do Mar Negro, bases aéreas, etc, seria muito complicado uma acção militar puramente naval para parar uma acção anfíbia Russa (e já vimos que Putin não se intimida com abalroamentos), ainda mais quando para já a NATO além dos turcos tem apenas um navio  na zona. Continuo por isso a dizer que a Rússia para já opera à vontade no Mar Negra e face à ausência de oposição pode fazer o que quer, mas mesmo que a tivesse continuaria a ter uma alta taxa de probabilidade quanto a ser bem sucedida.

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Re: Protestos na Ucrânia e a possibilidade de guerra civil
« Responder #380 em: Março 27, 2014, 10:49:07 am »
Citação de: "Edu"
O que para mim é dificil de conceber é como é que a UE com uma população de cerca de 500 milhões de habitantes (2 vezes os EUA e 4 vezes a da Rússia) necessita, pelo menos em guerra convencional, de tanto apoio dos EUA para se defender da Rússia. Eu pessoalmente questiono-me até que ponto as apenas forças armadas da França e Alemanha não seriam capaz de travar as forças russas num conflito sem recurso a armas nucleares.


Viva Edu, a questão está na ideologia de cada um. O povo europeu (se calhar dp de todas as guerras por qual passou) não está mais predisposto a uma guerra total. Quer viver o dia a dia sem grandes chatices. Enquanto que os russos e vizinhos nunca perderam aquele fervor patriótico que os caracteriza à centenas de anos.

Se nós Europa tinhamos capacidade? Não tenho dúvida nenhuma, basta ver actualmente o poderio militar que existe desde Espanha, RU, França, Alemanha, Itália... Mesmo com o desinvestimento generalizado nas FA que graça por essa Europa fora. Mas só mesmo em último caso (MESMO ÚLTIMO) é que isso alguma vez iria acontecer.

A Guerra é muito bonita, mas é nas consolas.
 

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Re: Protestos na Ucrânia e a possibilidade de guerra civil
« Responder #382 em: Março 27, 2014, 03:15:31 pm »
mafets ->

Eu não percebo o que é que você pretende provar...

O que eu tento explicar, tão resumidamente quanto possível, é que não é provavel um ataque contra a Transdnistria sem um avanço terrestre sobre a Ucrânia, porque embora os americanos tenham dito que não vão colocar botas no terreno eles não disseram que não podem colocar navios na água.

Logo, seja à bala ou através do abalroamento, que já aconteceu como você pode verificar, e exactamente no Mar Negro, os russos não podemo garantir com absoluta certeza o envio de tropas ou suprimentos para uma força isolada.

Portanto, o que faria mais sentido, considerando a tradicional doutrina soviética do tudo ao molho, para garantir a qualidade do número, o que eles mais rapidamente fariam seria investir sobre a Ucrânia do sul.
Você pode impedir o fornecimento de víveres com um contra-torpedeiro de 8.000t de deslocamento.
Se quiser faze-lo.

É claro que o Putin pode fazer muita coisa. Ele pode invadir a Estónia, a Finlandia, a Polónia, a Turquia, bombardear a América como dizia o maluco do Russia Today há dias atrás.
O problema, é que uma coisa é desafiar um país sem governo, divido e enfraquecido, outra coisa é uma potência regional desafiar abertamente a super-potência.

Tudo isto apenas para explicar que os russos, que são por natureza uma potência continental, normalmente preferem uma operação terrestre que uma operação anfíbia. Aisto acresce que os russos têm o problema da distância, dado em todas as invasões que efectuaram eles terem tropas já no terreno ou então estacionadas a distâncias mínimas dos locais de atuação.

Portanto, o normal será que invadam a Ucrânia por terra.

Isto, evidentemente não quer dizer que não tentem algo novo.
O problema é que os russos detestam coisas novas, novidades e experiências sem garantia de resultados.
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Re: Protestos na Ucrânia e a possibilidade de guerra civil
« Responder #383 em: Março 27, 2014, 07:32:12 pm »
Citação de: "papatango"
mafets ->

Eu não percebo o que é que você pretende provar...

O que eu tento explicar, tão resumidamente quanto possível, é que não é provavel um ataque contra a  sem um avanço terrestre sobre a Ucrânia, porque embora os americanos tenham dito que não vão colocar botas no terreno eles não disseram que não podem colocar navios na água.

Logo, seja à bala ou através do abalroamento, que já aconteceu como você pode verificar, e exactamente no Mar Negro, os russos não podemo garantir com absoluta certeza o envio de tropas ou suprimentos para uma força isolada.

Portanto, o que faria mais sentido, considerando a tradicional doutrina soviética do tudo ao molho, para garantir a qualidade do número, o que eles mais rapidamente fariam seria investir sobre a Ucrânia do sul.
Você pode impedir o fornecimento de víveres com um contra-torpedeiro de 8.000t de deslocamento.
Se quiser faze-lo.

É claro que o Putin pode fazer muita coisa. Ele pode invadir a Estónia, a Finlandia, a Polónia, a Turquia, bombardear a América como dizia o maluco do Russia Today há dias atrás.
O problema, é que uma coisa é desafiar um país sem governo, divido e enfraquecido, outra coisa é uma potência regional desafiar abertamente a super-potência.

Tudo isto apenas para explicar que os russos, que são por natureza uma potência continental, normalmente preferem uma operação terrestre que uma operação anfíbia. Aisto acresce que os russos têm o problema da distância, dado em todas as invasões que efectuaram eles terem tropas já no terreno ou então estacionadas a distâncias mínimas dos locais de atuação.

Portanto, o normal será que invadam a Ucrânia por terra.

Isto, evidentemente não quer dizer que não tentem algo novo.
O problema é que os russos detestam coisas novas, novidades e experiências sem garantia de resultados.
Agora fui eu que me perdi. A partir da "Você pode impedir o fornecimento de víveres com um contra-torpedeiro de 8.000t de deslocamento", desliguei. :shock:
Contra a frota Russa do Mar Negro?  O Slava por exemplo leva misseis Bazalt (http://en.wikipedia.org/wiki/P-500_Bazalt) que é supersónico, disparado em salvas com um míssil líder a voar a 7 000 metros a fazer a busca por alvos,  enquanto
que os outros vão a razar as ondas, sendo que se o míssil líder for destruído outro toma o seu lugar. Alem disso até um KAmov Helix pode fazer actualizações de meio curso para os misseis (ou um Bear) o que o torna mais preciso. É preciso uma fé inabalável nas contra-medidas electrónicas, nos Misseis Standart e no Phalanx para achar que 16 misseis vão ser todos interceptados e destruídos. Mas existem outros navios com por exemplo os SS-N-25 (http://en.wikipedia.org/wiki/SS-N-25), os SS-N-9 (http://en.wikipedia.org/wiki/SS-N-9), o SS-N-22(http://en.wikipedia.org/wiki/Moskit)  e mesmo o obsoleto SS-N-2 numa situação do confusão, é sempre possível fazer estragos. Depois à as baterias de terra, pelo que parece-me pouco provável que os EUA arrisquem um Contra-Torpedeiro AEGIS ou mesmo uma frota diminuta (mesmo com um numero considerável de navios e sem unidades de peso é arriscado neste cenário).
Entenda com isto que não estou a dizer que os Russos (os mesmos que mandaram os blindados com insígnias e os camiões com as matriculas e só alguns dias depois corrigiram, portanto vá-se lá saber o que pensam militarmente) não vão entrar pela Ucrânia dentro com maciças unidades blindadas até ao sul e investir em direcção à Transdnistria, agora face à situação actual  de clara vantagem no mar, a mim parece-me mais lógico que aproveitem uma situação que é muito rara (o poder da frota da NATO em outros cenários é avassaladora e os almirantes precisam de justificar a frota e novos investimentos na mesma por parte do kremlin) e invistam directamente na Transdnistria aproveitando cerca de uma dezena de navios de desembarque para deixar tropas a 100km da capital Tiraspol (no estuário do Dniester) ou mesmo que façam um hipotético ataque simultâneo.  Depois uma coisa são linhas de suprimento em que é preciso atravessar o meio do mar outro completamente diferente é faze-lo junto à costa (como os russos têm feito na Crimeia), a coberto de misseis em terra, aviões e helicópteros. Seria preciso uma força considerável e sempre arriscado num cenário em que os russos dominam o mar e parte da costa.


Cumprimentos
« Última modificação: Março 27, 2014, 11:19:04 pm por mafets »
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« Responder #384 em: Março 27, 2014, 09:27:01 pm »
Nem que os americanos, quebrando a covenção existente, metessem um ou até mesmo dois porta aviões no mar negro tinham vantagem. No mar negro os Russos têm sempre alcance para atingir com misseis P-700 Granit a partir de bases em terra. Um Granit não é um Harpoon ou um Exocet, um único missil afunda um porta-aviões americano . Numa salva de 16 misseis algum irá acercar no alvo.


Citar
Você pode impedir o fornecimento de víveres com um contra-torpedeiro de 8.000t de deslocamento.

Pois é, mas você também pode impedir que um contra-torpedeiro de 8.000t de deslocamento impeça o fornecimento de viveres, com um cruzador de 11500t de deslocamento.
 
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Re: Protestos na Ucrânia e a possibilidade de guerra civil
« Responder #386 em: Março 28, 2014, 11:26:38 am »
http://turkishnavy.net/2014/03/27/french-warship-fs-alize-passed-through-dardanelles/
Citar
On 26 March 2014, French warship A-645 FS Alizé made a northbound passage through the Dardanelles.
According to news reports her destination was not disclosed but it is safe to assume that she is heading to the Black Sea.
She is a very peciluar ship to send to the Black Sea.
First of all she is not a front line combatant like a destroyer, frigate of corvette. She is a diving support ship, meaning that she carries all the necessary support equipment for diving operations and hyperbaric chamber and specialized medical facilities.
Second, if Wikipedia is correct she is mainly used for the operations of divers from Direction Générale de la Sécurité Extérieure. That’s France’s external intelligence agency
Now the million dollar question is why is France sending an auxiliary warship mainly tasked with supporting spy divers to the Black sea?
Será que estão a pensar sabotar a frota Russa do Mar negro? uns explosivos no casco e... :twisted:



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Re: Protestos na Ucrânia e a possibilidade de guerra civil
« Responder #387 em: Março 28, 2014, 12:56:04 pm »
mafets -> Você está a partir do principio de que o Putin vai começar uma guerra atómica porque de repente o amante o abandonou e ficou carente ...

O Putin só morde em cão doente.
Você não tem, não terá nunca uma confrontação com os russos a atacarem os americanos nem com mísseis basalto, nem granito, nem pedra pomes.

Os mesmos mísseis estavam disponíveis para afundar os navios americanos quando eles se aproximavam das águas soviéticas na década de 1980.
Porque diacho eles não fizeram isso ?

Entenda que não podemos fazer comparações da capacidade dos meios militares quando os países não estão dispostos a utilizar armamento.
Quando países que realmente se podem atacar, entram em conflito, tudo se reduz aos abalroamentos.

Você envia um navio para abalroar o outro.
É assim nas guerras frias. Para que você pensa por exemplo que os espanhóis enviaram navios durante a guerra da palmeta, e o que aconteceu na guerra do arenque ?

Eu sei que isto parece tonto, quando olhamos para as características dos navios de guerra, mas no mundo real, você não dispara os granit, não lança os mísseis Bulava para incinerar Washington.

No mundo real, você abalroa um navio com outro e impede-o de navegar numa determinada rota.
No mundo real você não será o primeiro a disparar e tanto russos quanto americanos nunca o vão fazer. Nunca o fizeram nem no tempo da União Soviética, em que tinham navios para dar e vender e podiam dar-se ao luxo de abalroar os cruzadores americanos com fragatas.

Isto para dizer que pura e simplesmente, para uma guerra fria a Russia não tem absolutamente garantido o controlo do mar.
Em qualquer altura os americanos enviam navios para o Mar Negro, e continuam a dizer que não haverá «boots on the ground».

Esses navios não podem disparar, mas podem desarticular qualquer operação anfíbia, só com a sua presença física.

E o Putin, como os russos do tempo da União Soviética, pode bater em cão quase morto, mas não bate em quem pode responder.
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"All the world's a stage" William Shakespeare