A a matemática nisto é muitos simples, não existe capacidade convencional de vencer uma guerra contra a Rússia ali, os russos sabem disso, a OTAN sabe disso, o Obama sabe disso, o meu canário, se tivesse um, saberia disso e até o John "Wayne-Trigger-happy" McCain (sem ofensa à inteligencia dos canários) sabe disso e por isso, neste assunto, todos voam baixinho, baixinho baixinho, tipo os crocodilos.
Concordo com quase tudo o que o FoxTroop disse e apreciei a sua análise, só fiquei com dúvidas nesta afirmação. Em guerra convencional, custa-me a acreditar que a Rússia conseguisse efectivamente ter vantagem relativamente à União Europeia, ora a União Europeia junta tem uma população 4 vezes superior à Russa. Em termos tecnológicos não é inferior, penso que se possa considerar superior. Olhando para a História, a Alemanha practicamente sozinha e em guerra com a Europa toda conseguiu impor enormes derrotas à União Soviética.
Será que em termos convencionais, juntando todos os exercitos da UE, a Rússia conseguia efectivamente ter vantagem?
À excepção dos Franceses (que por estarem durante muitos anos fora da estrutura operacional da NATO, pelo que desenvolveram equipamento, sensores, recolha de informação, etc, própria e assim têm uma logística também ela mais autónoma já que por exemplo só os aviões AEW são americanos) e Suecos (neutros), os restantes países da UE possuem maioritariamente equipamento americanos, misseis americanos, sensores americanos e logo estão dependentes da logística americana (mesmo com os Europeus a tentarem reduzir essa dependência em programas de aviões, navios e blindados próprios, muitos componentes são dos EUA mesmo em aeronaves como o Gripen sueco). A esta questão à que juntar os cortes orçamentais que colocaram em mínimos históricos os números de praticamente tudo referente às F.A. da UE (a titulo de exemplo os franceses têm em serviço 320 tanques em 4 regimentos, 224 caças/bombardeiros e 103 navios entre combate e apoio). A isso temos ainda de juntar a grande dependência dos europeus com os sistemas de recolha e processamento de informações americanos, na maquina de transporte americana e nos seus meios de projecção de força, só para citar alguns exemplos (a Europa em intervenções como o Mali conseguiu minimamente articular um conjunto de operações com envolvimento diminuto dos americanos, mas por exemplo numa operação mais complexa como a dos Britânicos nas Falklands ficou patente já em 1982 as dificuldades em agir independente dos EUA).




Por muito que exista superioridade tecnológica em determinadas áreas e não se saiba bem como está muito material Russo o país possui bases áreas, navais e terrestres ao lado de uma hipotética área de conflito (já debati bastante em post anteriores esta questão e o porque de achar que por aquelas bandas é complicado ganhar aos russos), aumentou o seu orçamento militar e só as forças em redor da Ucrânia são metade das francesas (nas acções de combate na Líbia a Europa demonstrou diversos problemas, desde a capacidade operacional dos seus aviões abaixo dos F-16 à falta de munições inteligentes e misseis de cruzeiro nos próprios paióis desde navios às bases aéreas).


Por ultimo, à claramente falta de vontade politica, militar e social de esta Europa agir numa situação militar mais complexa e com impicações financeiras e económicas grandes, ao contrario de uma operação como a ATALANTA onde o orçamento e meios são diminutos.

Cumprimentos
P.S. A wikipedia apresenta, recorrendo a uma serie de analistas, uma visão simples e bastante realista do que se passou no conflito da Geórgia.
http://en.wikipedia.org/wiki/Russo-Georgian_warApesar da boa análise global da planificação e execução das forças russas, a grande maioria das criticas quanto à actuação das mesmas vão sobretudo para a Força Aérea, problemas de hierarquia com o exercito, incapacidade de articular com as unidades terrestres, falta de aviónicos modernos e onde sobretudo a perda do bombardeiro Tupolev é o principal alvo dos críticos. Quando às forças terrestres, além da 58º Exército (onde o principal problema foi a obsolescência das comunicações e falta de munições, é reconhecido que apesar do profissionalismo da maioria dos soldados houve problemas sobretudo com as minorias étnicas, principalmente tchetchenos dos batalhões Vostok e Zapad) as restantes foram Fuzileiros e Para-quedistas (por norma tropas bem preparadas e treinadas que actuaram maioritariamente bem). É alvo de realce a excelente prestação da Marinha Russa do Mar Negro:
Commenting on the performance of the Russian Black Sea Fleet, Swedish analysts Carolina Vendil Pallin and Fredrik Westerlund noted, that although the fleet never met any serious opposition, it still showed that it is a force to be reckoned with. Being able to plan and carry through manoeuvres of the size which were carried out during the war required considerable skills, according to the analysts.
Já quantos às forças Georgianas (4 brigadas de infantaria, uma de artilharia e uma de blindados) é difícil avaliar pontos positivos (a excepção do ataque inicial e de uma emboscada feita a uma coluna russa). Desde a impreparação, falta de treino, pouca resistência e uma retirada tão caótica que deixaram parte do equipamento para trás, ao poder politico sem qualquer preparação de combate mas que quis ordenar os militares, tudo é referido. Aliás a única unidade com treino tipo NATO nem sequer estava na Geórgia (foi aerotransportada do Iraque pela USAF mas chegou tarde para o combate).


(Georgian_army_leaving_South_Ossetia)