Desculpe, mas não existiu "efeito Sebastopol" na Georgia (como já não tinha existido nos tempos soviéticos na Hungria, Checoslovaquia ou Afeganistão)
Em primeiro lugar, não podemos fazer comparações com o que se passava no tempo da Rússia Comunista.
Mesmo assim, o efeito Sebastopol existia sim, porque havia milhares de militares russos tanto na Hungria como na Checoslováquia.
Na Georgia, havia os famosos «observadores russos», que não eram mais nada que tropas regulares de ocupação das regiões que supostamente precisavam ser defendidas.
Portanto, em todos os casos, a Russia já tinha tropas no terreno em quantidade suficiente para desenvolver operações, o que aparentemente não acontece na Transdnistria.
Agora, na minha opinião (e apesar da NATO colocar em aberto as duas possibilidades), parece-me ser mais lógico que caso de Moscovo optar por agir, começar por um reforço das tropas na Transdnistria, desembarcando no Estuário do Rio Dniester (está sem oposição no Mar Negro, podendo desembarcar praticamante à vontade
Do meu ponto de vista essa tese tem um problema.
Depender do Mar Negro para abastecer tropas, pode revelar-se um calcanhar de Aquiles.
Os americanos disseram que não vão enviar tropas para o terreno, mas não disseram nada quanto a mover navios.
A frota russa do Mar Negro possui um cruzador, que só serve para lançar ataques suicidas num conflito atómico num cenário de holocausto nuclear e fim do mundo. De resto, como sabemos tem navios de desembarque, praticamente mais nada.
Os russos «ladram muito» mas normalmente pensam duas vezes quando se trata de enfrentar que pode responder. Eles poderiam fazer o que quisessem contra a Bulgaria ou contra a Roménia, mas têm-se abstido disso.
Não é garantido que os países da NATO não possam enviar navios para o Mar Negro, mesmo que seja para se abalroarem uns aos outros como era comum no tempo de guerra fria.
Essa é a principal razão que me leva a acreditar que os russos não farão muita coisa por mar.
Os dirigentes russos sempre tiveram uma desconfiança patológica da marinha. Muitos generais acham que a marinha não serve para nada, e mesmo no tempo da Guerra Fria, a esquadra do Mar Negro servia apenas para lançar um único ataque suicida contra os porta-aviões americanos no mediterrâneo.
Depois disso os russos não tinham planos para fazer mais nada porque não acreditavam que a esquadra sobrevivesse.
O russo não quer enfrentar o ocidente de frente.
Teme ser o primeiro a piscar os olhos como na crise dos mísseis de Cuba, e isso custou a presidência a Kruschev, que foi deposto acusado de ser um aventureiro.
Esse é neste momento o problema de Putin. Joga um jogo perigoso, colocou-se numa situação em que não pode voltar atrás, e ao mesmo tempo colocou as democracias numa situação em que elas próprias também não podem recuar sem perder a cara.
Putin, espera que sejam as democracias a desistir. Assim desacredita o sistema, justifica a atuação da ditadura russa e ao mesmo tempo reforça o poder interno, acusando os opositores de traidores da Pátria.