O eventual encerramento dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) custaria pelo menos para o Estado de 150 milhões de euros, indica o estudo de reestruturação entregue em fevereiro ao Governo pela administração.
O fecho foi um dos três cenários colocados em cima da mesa pelos autores do estudo, ao qual a Agência Lusa teve hoje acesso, admitindo o desmantelamento do construtor naval em 2012.
O "mínimo" de 150 milhões de euros seria para suportar "perdas e indemnizações", renegociação e cancelamento de encomendas, além da "dispensa coletiva imediata dos atuais [em fevereiro] 766 trabalhadores".
Entregue a 02 de fevereiro aos Ministérios das Finanças e da Defesa, ainda foi alvo de reestruturação até junho, mas no cenário de encerramento previa a liquidação dos ativos fixos e da atual área concessionada.
Esta foi uma das três soluções estudadas, como o cenário em que tudo ficaria como até agora, com uma estrutura, lê-se, "assente em reduzida externalização e inflexibilidade" e com a "manutenção da média histórica de desvios de tempo e carga horária de produção" e que representaria a "manutenção subsidiada da atual força de trabalho".
Refundação da empresa é hipótese
A terceira solução estudada pelo Plano de Viabilidade Empresarial para os ENVC estabelecia a refundação da empresa, mantendo apenas 340 trabalhadores e subcontratando mais 200, tendo sido esta a adotada, parcialmente, em junho, pelo Governo socialista.
A redução da estrutura fixa "em mais de 50%" deveria ter lugar "gradualmente" durante o ano de 2011, com a empresa a adotar processos de subcontratação externa de pessoal. Esta solução - cuja implementação foi anunciada em junho e suspensa pouco depois pelo atual Governo - previa ainda a "reconversão da dívida acionista em capital".
Após a "refundação dos ENVC", o estudo indica que os trabalhadores com menos de 40 anos passariam de 35 para 45% do total e que o índice geral de produtividade (receitas a dividir por custos com pessoal) cresceria de 0,9 para 1,6.
Esta solução apontava "para resultados operacionais positivos, com excedentes de caixa de 60 milhões de euros até 2015", tornando a empresa "sustentável e privatizável" e com "capacidade de recuperar o investimento e dívida bancária".
Procurar solução integrada
Um estudo que também está a ser analisado pelo Ministério da Defesa Nacional, que remete para 02 de setembro, data da assembleia geral da Empordef, a apresentação de um novo plano de viabilidade para os ENVC, assente numa solução "integrada".
"Estamos empenhados em encontrar uma solução integrada, que tenha em atenção as várias vertentes do problema: a económica, a financeira e a laboral", afirmou há dias o secretário de Estado Adjunto da Defesa Nacional, Paulo Braga Lino.
Na avaliação externa concluída em fevereiro foram identificados "obstáculos organizacionais" na empresa, como uma estrutura "envelhecida e cristalizada", com uma idade média de 47 anos e 25 de antiguidade, em que 70% dos trabalhadores "têm menos que a escolaridade obrigatória".
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