Caro el_francotirador:
Começo por afirmar que este tópico não têm estado ao nível do tema que lhe está subjacente: a despedida de dois navios que, a nós portugueses, nos são queridos - as fragatas João Belo e Sacadura Cabral.
Prestaram-nos excelentes serviços, cuidamos delas como se de filhos se tratassem, ficam-nos na memória, honraram o nome dos valentes Portugueses a quem foram dedicadas ( Comandantes João Belo e Sacadura Cabral, esperando eu que saiba o que estes valorosos Marinheiros representam para este País... ).
Para a maioria deste povo que vive o mar, os navios da marinha são muito mais que umas chapas de aço soldado, um molho de tecnologia, radares, canhões e misseis.
A nossa história não está
só na europa, apesar dela fazermos parte. Acordamos com o euro, a união europeia, Bruxelas, Estrasburgo, a comissão europeia, os tratados de Roma, Mastricht, Lisboa, almoçamos e jantamos com esta realidade, dormimos com ela, o nosso coração enquanto povo também está aqui mas também está para além disto.
O Atlântico faz parte de todos nós. Não há um único Português que não se sinta bem junto ao mar. Acredite que, pessoalmente quando estou em baixo ou tenho muito em que pensar, vou uma ou duas horas ao cabo da roca ou ao Guincho, fico a ver o mar e os navios que passam e fico com muito mais força para resolver esses assuntos.
É assim que somos, enquanto povo. É um facto que também permanentemente dizemos mal de Portugal, aliás dizemos mal de tudo o que é nosso e dizemos sempre que no estrangeiro é que é bom. Só que quando estamos no estrangeiro queremos é voltar para Portugal: aqui é que é bom. Estive a estudar, há já alguns anos, dois anos na Holanda e um ano nos EUA. Foi bom, mas sentia-me infeliz. Tinha coisas que aqui não tenho, mas em Cascais, onde nasci, sou muitissímo mais feliz.
E este tópico não têm estado ao nível que referi, não só mas também por muitas das intervenções que o meu caro el_francotirador aqui fez.
Há um oceano que nos separa. São biliões de metros cúbicos de água salgada, mas, com pesar meu, separa-nos uma questão cultural. Eu respeito-o, a si e a todo o povo do Uruguai porque para mim - um humanista no verdadeiro sentido da palavra - ricos ou pobres, pretos ou brancos, homens ou mulheres, todos temos direito à máxima dignidade. E algumas intervenções que o el_francotirador aqui fez não vão nesse sentido, com pena minha.
Insinuar, como fez, que, para obter equipamentos militares da mais alta tecnologia, Portugal cede a soberania, nomeadamente os Açores, é uma afronta. Portugal têm responsabilidades - e muitas - como
membro fundador da NATO. Portugal aceita e cumpre com as suas responsabilidades mas também reclama os legitimos benefícios. Entre eles está alguma dessa tecnologia.
Não creia que os F-16 e o programa MLU, as fragatas Vasco da Gama, as fragatas Bartolomeu Dias, os helicópteros Merlin, NH-90 ou até os Kamov, os aviões C-130, os aviões Orion, os veículos Pandur, os tanques Leopard II-A6 e muito mais equipamento de última geração foram grátis.
En definitiva, la compra de las Joao Belo, no es una mala compra por el dinero que se pago y en la forma que se pago.
Aproveito para lhe dizer que, pessoalmente, acho que estes navios não deviam ser vendidos ao Uruguai.
Deveriam ter sido oferecidos.Portugal têm cerca de 3.000 km's de auto-estrada que construiu nos últimos 15 anos. Cada km custa em média cerca de 1 milhão de euros. Por aqui vê que os 2 milhões de euros/ano que o Uruguai nos vai pagar são apenas 2 km's de auto-estrada por ano. Se os nossos políticos fossem políticos sérios entendiam isto.
Que queda ahora? esperar y ver que pasa en el futuro (5/8 años).
Desejo sinceramente que utilizem muito bem a Uruguai e a Campbel e que num futuro ainda mais próximo possam contar com navios mais recentes e mais avançados. Também desejo que, quando já delas não precisarem, que as respeitem e que o seu fim seja digno, honrando-as.
Atrevo-me a dizer-lhe que ficaria muito feliz se, numa união de países do mar, daqui a seis anos tivessemos em Montevideu a Campbel em terra como museu e em Lisboa a Uruguai, também em terra e como museu, a aproximação entre dois povos distantes mas unidos pelo atlântico. O que acha?
Cumprimentos,