Mesmo que os Fearless sejam tão caros como tu estás a crer (coisa que eu tenho sérias dúvidas), tu achas mesmo que a Marinha SE adquirisse algo à dita empresa, seria esta versão com 170 metros e mais de 10.000 toneladas? Tenho as minhas dúvidas, até porque o tamanho do CF é o que é. Vê o caso dos navios reabastecedores, que se forem o estaleiro que o pessoal pensa, não terá a mesma dimensão do que o que eles já fizeram para os seus vários clientes.
Os AORs modernos chegam a ter preços a rondar os 400 milhões, feitos na Europa. Um LPD no início dos anos 2000, até meados de 2010, teria um custo estimado de quase 300 milhões. O JSS Karel Doorman custou 400 milhões há coisa de 10 anos. E isto estamos a falar de navios praticamente desarmados, construídos maioritariamente ou totalmente com padrões comerciais.
Um Fearless armado como fragata, com capacidade anfíbia e de drones, e ainda construído com padrões militares, será absurdamente caro.
Podes tornar o navio mais pequeno, mas os factos mantém-se: se queres ter um Fearless de 140 metros, que tenha aquelas capacidades todas (a uma escala mais pequena), e que esteja suficientemente armado para substituir uma fragata, vais ter que pagar tanto ou mais do que uma fragata do mesmo nível.
Eu neste momento só vejo 2 logísticos puros, o PNM é um Navio Hidrográfico com toda uma série de capacidades extras, incluindo o transporte de pessoas, material ou ambas, mas com muito mais limitações que os navios reabastecedores. Esses navios em principio poderão levar mais de 5000 m3 de líquidos e sólidos, muito acima do que o pobre D. João II pode transportar no seu Hangar Multimissão.
Mas o navio confere capacidades logísticas, juntamente com os 2 AORs, que facilmente retiram da LPM a urgência de um LPD puro. Mandar construir estes 3 navios, e ainda assim querer torrar dinheiro num LPD quando existem outras prioridades mais óbvias, é absurdo.
O que eu vejo/leio é que o PNM vai servir para testar e experimentar as ideias da Marinha, de forma a quando forem escolher as novas Fragatas, esses dados sejam levados em conta. Ou seja, o Fearless e os Crossover são boas ideias, mas o que virá não será exactamente um desses projectos, mas o combinar de requerimentos que a Marinha vai ainda encontrar.
Excepto um pequeno detalhe. Mesmo ignorando que precisas de substituir fragatas já hoje, na pior das hipóteses precisarás de começar a substituir as actuais fragatas em 2035. O PNM na melhor das hipóteses será construído em 2026.
Ou seja, tens apenas 9 anos para usar o PNM para desenvolver o que quer que seja para aplicar às fragatas. Que na realidade, entre o tempo de construção da primeira (+-3 anos) + tempo entre assinatura do contrato e início da construção (6 meses - 1 ano) + concurso (6 meses - 1 ano) + elaboração dos requisitos (6 meses, que em Portugal podem passar a 2 anos). Dos 9 anos, restam-te portanto uns 4 para tirar ilações com o PNM.
Do que vais usar no PNM, a única coisa que terá interesse para futuras fragatas, serão os drones, e a forma como os consegues integrar, lançar e recuperar. Alguns dos drones usados no PNM, não serão úteis para futuras fragatas, porque estas não terão um convés de voo corrido (pelo menos assim dirá a lógica).
Tendo em conta o que tenho lido eu diria que o próximo "navio combatente" será:
- Propulsão elétrica ou hibrida, nada de CODAD ou CODAG;
- Radar 3 D rotativo (NS100/NS200/TRS-4D Rotator);
- Hangar multiuso para soluções contentorizadas;
- Capacidade de transportar 1 FFZ e respectivas viaturas;
- Operação de UAV, UUV, etc.;
- ...
Repara que a maior parte do conteúdo dessa lista, nada tem a ver com "combate", e podia ser facilmente aplicado a qualquer LPD/LHD.
Um navio combatente, que é suposto ser o principal navio de combate da MGP, é suposto ter como foco a sua capacidade de combate. No entanto parece que querem dar ênfase a tudo, menos a isso.
A questão que devia estar em cima da mesa, é onde é que colocamos mísseis de longo-alcance, qual a capacidade de gerar energia para sensores mais poderosos, e/ou para armas laser (anti-drone), quantos VLS, se surge o requisito BMD ou não, e de uma forma generaliza, quantos navios combatentes contamos ter.