Quero fazer um alerta para aqueles que ainda estão fascinados com a figura de Coelho e com o PSD em geral.
Coloquem bem nas vossas cabecinhas que o PSD é feito da mesma massa do PS.
E mais ainda: o sistema político baseado em partidos é podre por natureza.
O que dá força ao partido é a máquina e a máquina é ávida. A máquina é preenchida por gente desqualificada e que está disposta a jogar sujo porque de outra maneira dificilmente sobreviveriam.
E é esta gente que depois irá desempenhar funções públicas e definir políticas (não definem política nenhuma porque isso nunca lhes interessou realmente: são os acessores que ninguém conhece que o fazem efectivamente). O tipo de "gestão" que esta gente faz da "coisa pública" é aquele que essa gente da máquina sabe: a gestão de campanha e de ganho de poder juntos das bases ou dos financiadores, distribuindo tachos, fechando os olhos a ilegalidades ou promovendo-as.
O sistema partidário é um cancro. Eu sei porque conheço-os bem.
Mas em relação agora ao PSD e ao Passos Coelho:
perspectivasSegunda-feira, 11 Abril 2011
Parece que vamos ter uma segunda edição de José SócratesFiled under: A vida custa,ética,Esta gente vota,Política — O. Braga @ 10:36 am
Tags: Fernando Nobre, Manuela Ferreira Leite, partido social-democrata, Passos Coelho, Pedro Passos Coelho, PSD
O A. B. Caldeira, do blogue Do Portugal Profundo, defende a ideia segundo a qual a táctica política de Passos Coelho ao convidar o médico Fernando Nobre para nº 1 das listas de Lisboa do Partido Social Democrata para as próximas eleições, “é uma habilidade táctica digna de registo” (sic).
Eu não digo que não seja uma “habilidade táctica digna de registo”, mas que é uma uma habilidade táctica digna de um registo negativo, não tenho dúvidas. Na política portuguesa, já estamos cansados que os partidos políticos obliterem os seus princípios em nome da pura estratégia política; ou então e em alternativa, no caso do Partido Social Democrata de Passos Coelho, não existem à partida nenhuns princípios, pura e simplesmente.
Eu detesto estar de acordo com a Esquerda, mas neste caso não tenho remédio. Não posso colocar antolhos e fingir que não se passa nada. A ideia que eu tinha e segundo a qual Passos Coelho é um gémeo de José Sócrates, ganha uma expressão racional e parece ficar demonstrada pela experiência.
O Partido Social Democrata, segundo o blogue Do Portugal Profundo, é um “partido centrista”. Por definição, um “partido centrista” está ao centro do leque ideológico / político. Se a Esquerda se radicaliza ainda mais do que já está, o Partido Social Democrata, para continuar a ser “centrista”, terá que virar também à esquerda — porque se não o fizesse deixaria de estar ao centro. E quanto mais a Esquerda radicaliza as suas posições, mais o Partido Social Democrata vira à esquerda para continuar a ser “centrista”. Um absurdo!
Ou seja: o Partido Social Democrata manda os seus princípios às malvas em nome do puro maquiavelismo da estratégia política. A ética do Partido Social Democrata de Passos Coelho é teleológica: não olha a quaisquer meios para atingir os seus fins. Passos Coelho é o gémeo siamês de José Sócrates.
Dentro desta estratégia de “continuar a ser centrista”, e à medida em que a Esquerda radicaliza as suas posições, o Partido Social Democrata de Passos Coelho convida um marxista empedernido para número um das suas listas eleitorais por Lisboa. Assim se compreende por que Manuela Ferreira Leite não aceitou integrar as listas de Passos Coelho: ela já sabe do que “a casa gasta”.
Quando Passos Coelho foi a Espanha criticar publicamente Portugal nos me®dia espanhóis, marcou o compasso do seu ideário político. Se há coisas que um político não pode fazer, essa é uma delas. Passos Coelho revelou, naquela altura, a sua idiossincrasia, e esta decisão de integrar, no topo das listas eleitorais do partido, um marxista que não renegou publicamente as suas posições políticas, é de uma enormidade sem nome e revela um político sem ética e sem princípios.
A ideia segundo a qual temos de colmatar a “falta de autenticidade” na política, com mais falta de autenticidade na política, não lembra ao diabo.
No “caso Kouchner”, houve um reconhecimento público de revisionismo ideológico por parte do político francês; no caso do Partido Social Democrata de Passos Coelho, o Dr. Fernando Nobre envia a seguinte mensagem para o povo: “eu não renego as minhas ideias; o Partido Social Democrata é que se adaptou a mim, e não fui eu que me adaptei ao Partido Social Democrata”. E tem razão!
De resto, não há defesa racional possível para essa decisão de Passos Coelho. A acção política de Passos Coelho, neste caso, fede. Só a pura retórica, sem nenhum sentido racional, pode pretender justificar o injustificável.
Quem quiser votar vote num partido pequeno.
Pelo conteúdo estilo e estética, vou me deixar levar pelo CDS.
Nunca mais nos PS, com ou sem D.
Aos republicanos: estão a gostar do Cavaquito?
Ao inferno para a vossa republiqueta...