Fogos Florestais

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tenente

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Re: Fogos Florestais
« Responder #1230 em: Agosto 15, 2025, 01:08:24 pm »
Este pedido, revela, uma vez mais, a hipocrisia e a enormíssima incompetência dos nossos IrResponsaveis Politicos.
 
Portugal pede apoio europeu para combater incêndios. Há aviões Canadair a caminho - CNN Portugal

https://share.google/5cwZt1Zq9xvva7Np0

Como é que alguém, neste caso o chefe da protecção civil, garante que, com quatro Canadair, adicionados aos restantes meios aéreos, consegue solucionar, APAGAR, os FF que estão, actualmente, a lavrar em Portugal.
Santa Ignorância, incompetência, arrogância todas juntas no mesmo personagem, simplesmente impressionante para não dizer mais !!

https://observador.pt/2025/08/15/incendios-apoio-europeu-podera-ser-ativado-se-marrocos-nao-prolongar-cedencia-dos-canadair/?utm_term=Autofeed&utm_medium=Social&utm_source=Facebook&fbclid=IwQ0xDSwMMBDFleHRuA2FlbQIxMQABHsVs2F55yt23WaxEiITxk6wWOAYzi8Y_VcBS_Pwa8cemZ9mCG6iN9RXSvyUR_aem_QqNKksGOB4dwGJ5NIL9AyA&sfnsn=wa#Echobox=1755217836

Abraço

« Última modificação: Agosto 15, 2025, 01:45:28 pm por tenente »
Quando um Povo/Governo não Respeita as Suas FFAA, Não Respeita a Sua História nem se Respeita a Si Próprio  !!
 

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Anthropos

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Re: Fogos Florestais
« Responder #1231 em: Agosto 15, 2025, 04:13:31 pm »
Bem, se me permitem, vou dar aqui uma opinião pessoal, que em muito advém dos exercícios e contactos que tive com a Proteção Civil:

Além do problema crónico da falta de meios aéreos, e da falta de manutenção do espaço florestal, diria que um dos gravíssimos problemas é a coordenação dos meios que existem, a forma de atuação da proteção civil/bombeiros, e da cultura portuguesa do chefe.
Passo a explicar: os comandos, subcomandinhos e subcomandetes da proteção civil e dos bombeiros refletem mais a imperiosa necessidade de arranjar um posto decente e confortável para todos, do que a imperiosa necessidade de coordenação operacional.
Em vários exercícios com a proteção civil vivi isso em primeira mão. Apesar de terem todos os brinquedos mais reluzentes e novos, de terem postos de comando com que as FFAA apenas poderiam sonhar, havia uma descoordenação brutal entre forças, a informação não fluía, havia sempre mais um passo intermédio ou algum chefe em algum lado, e nisto perdiam-se horas e horas até um incidente chegar às mãos de quem o tinha que resolver - e muitas vezes chegava às mãos erradas, por desconhecimento de capacidades. Junte-se a isto que os representantes das forças armadas vão rodando, e de repente há um tcor da Força Aérea que trabalha numa secção de logística desde tenente a tentar coordenar meios de resgate do exército, que é uma bela receita para um bom desastre. E também vi isto a acontecer num incêndio real, em que várias pessoas (bombeiros, forças armadas e proteção civil) não sabiam interpretar uma carta topográfica, e quase houve um desastre com um trator de lagartas do exército, que não ocorreu pelo sangue frio de um operador e um sargento.

Isto tudo para dizer que é preciso reformular todo o sistema, repensar se não faria mais sentido um "comando general" da proteção civil com acesso a todos os catálogos de forças nacionais de resposta, e que as pudesse movimentar e empenhar conforme necessário, abandonando os muitos postos intermédios, forças com comandos separados, e guerras de quintinhas que assolam aquela que deveria ser uma resposta rápida, eficaz e decisiva.

Além disso, consigo imaginar que os eventuais kits MAFFS fariam sentido nisto. Uma rede de uma mão cheia de MALE da FA a detectar eventuais focos de incêndio, e os dois C130 prontos em pista (norte e sul, pôr exemplo), com retardante, para uma resposta imediata para evitar propagação.

Além de efetivamente repensar a silvicultura em Portugal, e tornar a gestão florestal algo que dê lucro e seja auto-protetor. Mas isso são outros quinhentos.
 
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Duarte

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Re: Fogos Florestais
« Responder #1232 em: Agosto 15, 2025, 06:05:41 pm »
40 Maltese CPD Officers Deployed To Portugal To Help Battle Wildfires

https://lovinmalta.com/news/40-maltese-cpd-officers-deployed-to-portugal-to-help-battle-wildfires
слава Україна!
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Re: Fogos Florestais
« Responder #1233 em: Agosto 15, 2025, 06:59:41 pm »
Bem, se me permitem, vou dar aqui uma opinião pessoal, que em muito advém dos exercícios e contactos que tive com a Proteção Civil:

Além do problema crónico da falta de meios aéreos, e da falta de manutenção do espaço florestal, diria que um dos gravíssimos problemas é a coordenação dos meios que existem, a forma de atuação da proteção civil/bombeiros, e da cultura portuguesa do chefe.
Passo a explicar: os comandos, subcomandinhos e subcomandetes da proteção civil e dos bombeiros refletem mais a imperiosa necessidade de arranjar um posto decente e confortável para todos, do que a imperiosa necessidade de coordenação operacional.
Em vários exercícios com a proteção civil vivi isso em primeira mão. Apesar de terem todos os brinquedos mais reluzentes e novos, de terem postos de comando com que as FFAA apenas poderiam sonhar, havia uma descoordenação brutal entre forças, a informação não fluía, havia sempre mais um passo intermédio ou algum chefe em algum lado, e nisto perdiam-se horas e horas até um incidente chegar às mãos de quem o tinha que resolver - e muitas vezes chegava às mãos erradas, por desconhecimento de capacidades. Junte-se a isto que os representantes das forças armadas vão rodando, e de repente há um tcor da Força Aérea que trabalha numa secção de logística desde tenente a tentar coordenar meios de resgate do exército, que é uma bela receita para um bom desastre. E também vi isto a acontecer num incêndio real, em que várias pessoas (bombeiros, forças armadas e proteção civil) não sabiam interpretar uma carta topográfica, e quase houve um desastre com um trator de lagartas do exército, que não ocorreu pelo sangue frio de um operador e um sargento.

Isto tudo para dizer que é preciso reformular todo o sistema, repensar se não faria mais sentido um "comando general" da proteção civil com acesso a todos os catálogos de forças nacionais de resposta, e que as pudesse movimentar e empenhar conforme necessário, abandonando os muitos postos intermédios, forças com comandos separados, e guerras de quintinhas que assolam aquela que deveria ser uma resposta rápida, eficaz e decisiva.

Além disso, consigo imaginar que os eventuais kits MAFFS fariam sentido nisto. Uma rede de uma mão cheia de MALE da FA a detectar eventuais focos de incêndio, e os dois C130 prontos em pista (norte e sul, pôr exemplo), com retardante, para uma resposta imediata para evitar propagação.

Além de efetivamente repensar a silvicultura em Portugal, e tornar a gestão florestal algo que dê lucro e seja auto-protetor. Mas isso são outros quinhentos.

Não quer desacreditar a tua experiência, até porque não estou ligado aos bombeiros e ao socorro há mais de dez anos, mas essa não é a minha experiência. E gostava de acreditar que nestes dez anos a coisas melhoraram e não pioraram.
É claro que em mais de 30 mil pessoas há maus comandantes e há maus técnicos, há vontade de mostrar serviço e ocupar lugares.
Agora também muito profissionalismo e muita formação.
Eu lembro-me de em 2003 estar envolvido num dos maiores incêndios até à data, na central de comunicações do meu Corpo de Bombeiros e o Major do exército, comandante da força mobilizada para ajudar, ter ficado estupefacto com o nível de organização, e ter perguntado se era só naquela altura ou era sempre.
Ainda sem SIRESP ou outros meios tecnológicos, cada veículo, com cada equipa, com a hora de saída, o código de ocorrência era registado e comunicado, via rádio ou telefone, para o Centro Distrital de Operações de Socorro, que portanto sabia a cada momento o que se passava e quem estava no terreno, e a esses dados em tempo real, o Centro Nacional tinha acesso e podia tomar decisões.

Eu não sei a que te referes quando falas em criar um comando nacional de proteção civil com acesso a informação e possibilidade de comando. Isso já existe, já coloquei aqui a legislação.
O problema é que alguns agentes de protecção civil, nomeadamente forças policiais ou forças militares não gostam de ser comandados por civis.
Nos agentes de protecção civil que todos os dias andam no terreno, Bombeiros, Cruz Vermelha, INEM e outros, ninguém tem dúvidas de quem manda a cada momento e cada um sabe o que fazer.
Mas se um bombeiros, comandante de operações de socorro, dá uma instrução a um GNR para cortar uma estrada, aqui d'el rey que o polícia sou eu.

Os verdadeiros problemas são, admitir que vivemos num clima mediterrâneo e que grandes incêndios vão existir SEMPRE, já há registo deles há milhões de anos e vão continuar. Este discurso de acabar com os incêndios é populista e perigoso.

Depois, aceitando que incêndios ocorrerão sempre, as suas consequências podem ser mitigadas e o combate mais eficaz. Isto só vai acontecer se tivermos um território minimamente ordenado, onde não haja casas e casebres espalhados pelo meio de todas as serras,  se não houver florestas literalmente a poucos metros ou centímetros de aglomerados populacionais, se houver manutenção da floresta e descontinuidade horizontal de combustíveis e se o meio rural não estiver completamente abandonado porque com propriedades mínimas não há forma de dali tirar qualquer rentabilidade.

É claro que se pode melhorar a estrutura, há espaço para mais sapadores florestais e bombeiros assalariados, sejam municipais ou voluntários, mais formação e entregar o socorro operacional aos bombeiros, como em qualquer país civilizado, remetento a protecção civil à sua função que não é de comando operacional.
E fazer mais para captar mais e melhores voluntários, porque o voluntariado não é o problema mas parte da solução. Se não fosse o voluntariado nunca teríamos 2000 ou 3000 homens no terreno a um determinado momento, o dispositivo esgotar-se-ia em muito pouco tempo.

Quanto a meios aéreos, são úteis mas acho que se espera demasiado dos mesmos, e eles não fazem milagres.
Enquanto não se resolver o problema de fundo, podem trazer aviões e avionetas e vamos ter grandes incêndios e com consequências graves, como temos há décadas e décadas e têm todos os países parecidos connosco.
 
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Re: Fogos Florestais
« Responder #1234 em: Agosto 16, 2025, 12:25:50 am »
Portugal ativa Mecanismo Europeu de Proteção Civil devido aos incêndios

https://pt.euronews.com/2025/08/15/portugal-ativa-mecanismo-europeu-de-protecao-civil-devido-aos-incendios
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Re: Fogos Florestais
« Responder #1235 em: Agosto 16, 2025, 10:35:20 am »
Vocês ainda duvidam que este país é um circo e um estado falhado?

"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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Re: Fogos Florestais
« Responder #1236 em: Agosto 16, 2025, 12:52:09 pm »


Não quer desacreditar a tua experiência, até porque não estou ligado aos bombeiros e ao socorro há mais de dez anos, mas essa não é a minha experiência. E gostava de acreditar que nestes dez anos a coisas melhoraram e não pioraram.
É claro que em mais de 30 mil pessoas há maus comandantes e há maus técnicos, há vontade de mostrar serviço e ocupar lugares.
Agora também muito profissionalismo e muita formação.
Eu lembro-me de em 2003 estar envolvido num dos maiores incêndios até à data, na central de comunicações do meu Corpo de Bombeiros e o Major do exército, comandante da força mobilizada para ajudar, ter ficado estupefacto com o nível de organização, e ter perguntado se era só naquela altura ou era sempre.
Ainda sem SIRESP ou outros meios tecnológicos, cada veículo, com cada equipa, com a hora de saída, o código de ocorrência era registado e comunicado, via rádio ou telefone, para o Centro Distrital de Operações de Socorro, que portanto sabia a cada momento o que se passava e quem estava no terreno, e a esses dados em tempo real, o Centro Nacional tinha acesso e podia tomar decisões.

Do que eu vi, nos últimos 6 anos, não posso confirmar isso. Vi e senti muita falta de coordenação de meios, vi e senti muita incapacidade logística, e vi também muita falta de tomada de decisão baseada numa correta análise da situação, e mais numa ideia de reagir, de mediatizar e de não planear.
Atenção, isto que refiro não se trata dos Bombeiros, mas sim ao nível de comando (proteção civil). E era mais do que comum haverem ordens contraditórias, mau empenhamento, e mesmo incompreensão das capacidades ao dispor das várias forças.
Naturalmente que também apanhei excelentes profissionais, mas genuinamente pareceram-me a minoria.

Eu não sei a que te referes quando falas em criar um comando nacional de proteção civil com acesso a informação e possibilidade de comando. Isso já existe, já coloquei aqui a legislação.
O problema é que alguns agentes de protecção civil, nomeadamente forças policiais ou forças militares não gostam de ser comandados por civis.
Nos agentes de protecção civil que todos os dias andam no terreno, Bombeiros, Cruz Vermelha, INEM e outros, ninguém tem dúvidas de quem manda a cada momento e cada um sabe o que fazer.
Mas se um bombeiros, comandante de operações de socorro, dá uma instrução a um GNR para cortar uma estrada, aqui d'el rey que o polícia sou eu.

O problema é que mesmo que exista na teoria, na prática isso não acontece - ou pelo menos não vi, de todo, a acontecer, salvo raras excepções.
Novamente, uma coisa são os agentes de proteção civil, outra totalmente diferente é o comando operacional. Não tenho dúvidas que uma corporação de bombeiros saiba onde estão os seus meios, as suas capacidades e tenha capacidade técnica e tática de desempenhar corretamente as suas funções. Tenho, sim, muitas dúvidas relativamente à capacidade de comando operacional e coordenação dos vários atores, tenho extraordinárias dúvidas relativamente à muita fita vermelha que é preciso passar antes de uma decisão.
Além daquilo que você fala, com toda a razão. Há quem fique com muitas dúvidas relativamente à cadeia de comando, e numa situação tão grave e complexa como é o combate a um incêndio florestal. Parece-me urgente escrutinar isto de uma vez por todas, e definir afinal quem é que comanda operacionalmente as forças empenhadas, sem espaço nenhum para dúvidas.



Os verdadeiros problemas são, admitir que vivemos num clima mediterrâneo e que grandes incêndios vão existir SEMPRE, já há registo deles há milhões de anos e vão continuar. Este discurso de acabar com os incêndios é populista e perigoso.

Depois, aceitando que incêndios ocorrerão sempre, as suas consequências podem ser mitigadas e o combate mais eficaz. Isto só vai acontecer se tivermos um território minimamente ordenado, onde não haja casas e casebres espalhados pelo meio de todas as serras,  se não houver florestas literalmente a poucos metros ou centímetros de aglomerados populacionais, se houver manutenção da floresta e descontinuidade horizontal de combustíveis e se o meio rural não estiver completamente abandonado porque com propriedades mínimas não há forma de dali tirar qualquer rentabilidade.


Concordo com o que diz, mas a questão é que isso não acontece, exatamente por falta de rentabilidade. E uma coisa são incêndios "controláveis" de pequenas dimensões e que permitam até uma boa gestão do combustível, outra são os casos de autênticos barris de pólvora espalhados pelo país inteiro, e que levam à situação atual (e praticamente anual) que vivemos.
A titulo de exemplo, fui há uns anos a um colóquio sobre gestão agro-florestal, e estava lá um representante do ICNF que falou de uma tentativa de compra por parte do governo escocês de uns bons milhares de m3 de madeira de carvalho para barris de whisky. O contrato não foi executado porque simplesmente não havia tanto carvalho disponível, e demoraria 50 anos a haver. O governo escocês manteve o interesse, mas por cá... Nem um carvalho se plantou. Não me recordo de detalhes exatos mas o geral era isto.
Ora, se existem culturas florestais autóctones portuguesas que geram muito mais dinheiro que monte bravo ou pinheiro abandonado, porque não apostar nisso, e criar uma mão cheia de postos de trabalho, entre limpeza e manutenção dessas manchas de floresta? Naturalmente uma dezena de ha não chegava, mas certamente há bem mais do que isso disponível.
Depois começamos a entrar nas questões de pequenas manchas privadas e não limpas, e tenho exatamente esse problema literalmente ao lado de minha casa, uma mancha enorme de capim alto, com silvado e árvores secas, que pertence a um homem que até está identificado, mas não está no país. Já apresentei queixa, já tentei comprar esse pedaço de terreno, e nada. E a única resposta que tenho é "limpa tu se quiseres". Naturalmente que este problema não é do estado, mas deveriam haver medidas legais de coação para ou perca dos terrenos a favor do estado, ou obrigatoriedade de venda, caso não sejam devidamente mantidos. Porque depois quando ardem, já vem toda a gente chorar para a CMTV, quando é para manter, está quieto que fica caro.


É claro que se pode melhorar a estrutura, há espaço para mais sapadores florestais e bombeiros assalariados, sejam municipais ou voluntários, mais formação e entregar o socorro operacional aos bombeiros, como em qualquer país civilizado, remetento a protecção civil à sua função que não é de comando operacional.
E fazer mais para captar mais e melhores voluntários, porque o voluntariado não é o problema mas parte da solução. Se não fosse o voluntariado nunca teríamos 2000 ou 3000 homens no terreno a um determinado momento, o dispositivo esgotar-se-ia em muito pouco tempo.


Então a quem pertenceria o comando operacional? Eu pessoalmente consigo ver uma proteção civil, bem estruturada e depurada de gorduras inúteis, num país decente, a fazê-lo. No entanto, a pergunta é mesmo séria. A quem deveria caber o comando operacional de coordenação de tantas forças?


Quanto a meios aéreos, são úteis mas acho que se espera demasiado dos mesmos, e eles não fazem milagres.
Enquanto não se resolver o problema de fundo, podem trazer aviões e avionetas e vamos ter grandes incêndios e com consequências graves, como temos há décadas e décadas e têm todos os países parecidos connosco.

Isso concordo em absoluto, no entanto os aviões e helis são visíveis, dão votos, e dão uma falsa sensação de segurança a toda a gente, independentemente da sua utilidade. Daí também não se usarem corretamente, de forma concentrada, mas dispersos entre vários locais para dar aspeto de que se está a fazer mais do que realmente se está.
 

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Re: Fogos Florestais
« Responder #1237 em: Agosto 16, 2025, 12:53:55 pm »
Vocês ainda duvidam que este país é um circo e um estado falhado?



Todos os dias que tenho que lidar com a função pública percebo a miserabilidade deste país, e a cada dia que passa me sinto mais pronto a abandonar o barco e aceitar convites de ir trabalhar para países europeus...

O ponto positivo é que apreenderam o isqueiro! Com esse já não fazem mais nada!
 
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Re: Fogos Florestais
« Responder #1238 em: Agosto 16, 2025, 02:03:33 pm »


Não quer desacreditar a tua experiência, até porque não estou ligado aos bombeiros e ao socorro há mais de dez anos, mas essa não é a minha experiência. E gostava de acreditar que nestes dez anos a coisas melhoraram e não pioraram.
É claro que em mais de 30 mil pessoas há maus comandantes e há maus técnicos, há vontade de mostrar serviço e ocupar lugares.
Agora também muito profissionalismo e muita formação.
Eu lembro-me de em 2003 estar envolvido num dos maiores incêndios até à data, na central de comunicações do meu Corpo de Bombeiros e o Major do exército, comandante da força mobilizada para ajudar, ter ficado estupefacto com o nível de organização, e ter perguntado se era só naquela altura ou era sempre.
Ainda sem SIRESP ou outros meios tecnológicos, cada veículo, com cada equipa, com a hora de saída, o código de ocorrência era registado e comunicado, via rádio ou telefone, para o Centro Distrital de Operações de Socorro, que portanto sabia a cada momento o que se passava e quem estava no terreno, e a esses dados em tempo real, o Centro Nacional tinha acesso e podia tomar decisões.

Do que eu vi, nos últimos 6 anos, não posso confirmar isso. Vi e senti muita falta de coordenação de meios, vi e senti muita incapacidade logística, e vi também muita falta de tomada de decisão baseada numa correta análise da situação, e mais numa ideia de reagir, de mediatizar e de não planear.
Atenção, isto que refiro não se trata dos Bombeiros, mas sim ao nível de comando (proteção civil). E era mais do que comum haverem ordens contraditórias, mau empenhamento, e mesmo incompreensão das capacidades ao dispor das várias forças.
Naturalmente que também apanhei excelentes profissionais, mas genuinamente pareceram-me a minoria.

Eu não sei a que te referes quando falas em criar um comando nacional de proteção civil com acesso a informação e possibilidade de comando. Isso já existe, já coloquei aqui a legislação.
O problema é que alguns agentes de protecção civil, nomeadamente forças policiais ou forças militares não gostam de ser comandados por civis.
Nos agentes de protecção civil que todos os dias andam no terreno, Bombeiros, Cruz Vermelha, INEM e outros, ninguém tem dúvidas de quem manda a cada momento e cada um sabe o que fazer.
Mas se um bombeiros, comandante de operações de socorro, dá uma instrução a um GNR para cortar uma estrada, aqui d'el rey que o polícia sou eu.

O problema é que mesmo que exista na teoria, na prática isso não acontece - ou pelo menos não vi, de todo, a acontecer, salvo raras excepções.
Novamente, uma coisa são os agentes de proteção civil, outra totalmente diferente é o comando operacional. Não tenho dúvidas que uma corporação de bombeiros saiba onde estão os seus meios, as suas capacidades e tenha capacidade técnica e tática de desempenhar corretamente as suas funções. Tenho, sim, muitas dúvidas relativamente à capacidade de comando operacional e coordenação dos vários atores, tenho extraordinárias dúvidas relativamente à muita fita vermelha que é preciso passar antes de uma decisão.
Além daquilo que você fala, com toda a razão. Há quem fique com muitas dúvidas relativamente à cadeia de comando, e numa situação tão grave e complexa como é o combate a um incêndio florestal. Parece-me urgente escrutinar isto de uma vez por todas, e definir afinal quem é que comanda operacionalmente as forças empenhadas, sem espaço nenhum para dúvidas.



Os verdadeiros problemas são, admitir que vivemos num clima mediterrâneo e que grandes incêndios vão existir SEMPRE, já há registo deles há milhões de anos e vão continuar. Este discurso de acabar com os incêndios é populista e perigoso.

Depois, aceitando que incêndios ocorrerão sempre, as suas consequências podem ser mitigadas e o combate mais eficaz. Isto só vai acontecer se tivermos um território minimamente ordenado, onde não haja casas e casebres espalhados pelo meio de todas as serras,  se não houver florestas literalmente a poucos metros ou centímetros de aglomerados populacionais, se houver manutenção da floresta e descontinuidade horizontal de combustíveis e se o meio rural não estiver completamente abandonado porque com propriedades mínimas não há forma de dali tirar qualquer rentabilidade.


Concordo com o que diz, mas a questão é que isso não acontece, exatamente por falta de rentabilidade. E uma coisa são incêndios "controláveis" de pequenas dimensões e que permitam até uma boa gestão do combustível, outra são os casos de autênticos barris de pólvora espalhados pelo país inteiro, e que levam à situação atual (e praticamente anual) que vivemos.
A titulo de exemplo, fui há uns anos a um colóquio sobre gestão agro-florestal, e estava lá um representante do ICNF que falou de uma tentativa de compra por parte do governo escocês de uns bons milhares de m3 de madeira de carvalho para barris de whisky. O contrato não foi executado porque simplesmente não havia tanto carvalho disponível, e demoraria 50 anos a haver. O governo escocês manteve o interesse, mas por cá... Nem um carvalho se plantou. Não me recordo de detalhes exatos mas o geral era isto.
Ora, se existem culturas florestais autóctones portuguesas que geram muito mais dinheiro que monte bravo ou pinheiro abandonado, porque não apostar nisso, e criar uma mão cheia de postos de trabalho, entre limpeza e manutenção dessas manchas de floresta? Naturalmente uma dezena de ha não chegava, mas certamente há bem mais do que isso disponível.
Depois começamos a entrar nas questões de pequenas manchas privadas e não limpas, e tenho exatamente esse problema literalmente ao lado de minha casa, uma mancha enorme de capim alto, com silvado e árvores secas, que pertence a um homem que até está identificado, mas não está no país. Já apresentei queixa, já tentei comprar esse pedaço de terreno, e nada. E a única resposta que tenho é "limpa tu se quiseres". Naturalmente que este problema não é do estado, mas deveriam haver medidas legais de coação para ou perca dos terrenos a favor do estado, ou obrigatoriedade de venda, caso não sejam devidamente mantidos. Porque depois quando ardem, já vem toda a gente chorar para a CMTV, quando é para manter, está quieto que fica caro.


É claro que se pode melhorar a estrutura, há espaço para mais sapadores florestais e bombeiros assalariados, sejam municipais ou voluntários, mais formação e entregar o socorro operacional aos bombeiros, como em qualquer país civilizado, remetento a protecção civil à sua função que não é de comando operacional.
E fazer mais para captar mais e melhores voluntários, porque o voluntariado não é o problema mas parte da solução. Se não fosse o voluntariado nunca teríamos 2000 ou 3000 homens no terreno a um determinado momento, o dispositivo esgotar-se-ia em muito pouco tempo.


Então a quem pertenceria o comando operacional? Eu pessoalmente consigo ver uma proteção civil, bem estruturada e depurada de gorduras inúteis, num país decente, a fazê-lo. No entanto, a pergunta é mesmo séria. A quem deveria caber o comando operacional de coordenação de tantas forças?


Quanto a meios aéreos, são úteis mas acho que se espera demasiado dos mesmos, e eles não fazem milagres.
Enquanto não se resolver o problema de fundo, podem trazer aviões e avionetas e vamos ter grandes incêndios e com consequências graves, como temos há décadas e décadas e têm todos os países parecidos connosco.

Isso concordo em absoluto, no entanto os aviões e helis são visíveis, dão votos, e dão uma falsa sensação de segurança a toda a gente, independentemente da sua utilidade. Daí também não se usarem corretamente, de forma concentrada, mas dispersos entre vários locais para dar aspeto de que se está a fazer mais do que realmente se está.

Não posso fazer uma avaliação da estrutura da protecção civil porque não trabalho com ela há vários anos.
A verdade é que a estrutura deveria estar melhor preparada, desde que se inventaram as licenciaturas em protecção civil. O maior problema é que a estrutura de comando da protecção civil é de nomeação política e verifica-se alguma rotatividade. Não sempre, mas frequentemente muda a cor do governo e muda não só o comando nacional como os comandos regionais. Uma estrutura destas quer-se estável e profissional.

E se não há bom comando é apenas por questões de pessoal, hoje há todos os meios técnicos e dispositivos legais para haver bom comandamento.
Do ponto de vista jurídico não há qualquer discussão possível na questão do comando operacional, a todo o momento há um só COS e tem os meios disponíveis e as suas ordens. Do ponto de vista técnico hoje é muito fácil, os veículos dos bombeiros, por exemplo, têm sistemas de GPS e e comunicação por dados, pelo que a protecção civil, sabe ao segundo onde está cada um e qual o seu status.

Quanro a quem deveria comandar as operações de combate a incêndios, a meu ver muita simples e como em grande parte de mundo, os bombeiros.

Há vários agentes de protecção civil que comandam outros tipos de operações e nas quais estão envolvidos outros agentes que, naquele momento lhes prestam auxílio.

Há várias operações policiais em que participam os bombeiros, a cruz vermelha, o INEM e por aí fora, e não é preciso outro organismo para estas entidades se entenderem. Pelo tipo de operação sabe-se que é uma polícia a comandar e não é preciso inventar muito.

Agora, sabemos que muitas organizações congéneres não cooperem e há muita cultura de quintinha e pequenas poderes, mas com vontade muda-se.

Sabemos que a PSP e a GNR não se coordenam e dificilmente um agente se submete a um comandante da GNR e vice-versa, mas vamos dar competências de comando ao Sistema de Segurança Interna para não melindrar as corporações?
Do meu ponto de vista, não!

As polícias deveriam cooperar todos os dias, devia haver centrais de despacho e coordenação de meios integradas, e chegando ao local, tanto faz se vai num carro às listas azuis ou verde e lima. Basta haver uma clarificação de competências pelo tipo de missão ou competência territorial.

O mesmo se passa no socorro, incêndios e acidentes são de competência dos bombeiros, há séculos, têm mais de 90% dos meios, são os bombeiros quem comanda, e os outros ajudam.

Dirante um incidente, a função da protecção civil é coordenar a resposta de todos os agentes e de forma equidistante.
Em Portugal, a Proteção Civil Comanda directamente os bombeiros na sua atividade operacional (ironicamente) aqueles que menos estatais são, e não comanda nenhuma das outras forças.
 
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Re: Fogos Florestais
« Responder #1239 em: Agosto 16, 2025, 02:28:03 pm »
Portanto, acho que estamos maioritariamente de acordo, em que o sistema de comando e controlo não funciona, e haveria muito espaço a melhoria...

No entanto, naturalmente que as minha experiências pessoais são exatamente isso, pessoais. Por outro lado, há muita gente que tem que trabalhar com a ANEPC que partilha da minha opinião. Infelizmente, não me parece que ninguém queira ter nem o trabalho, nem correr o risco de cometer suicídio politico sugerindo uma remodelação da ANEPC/comando operacional - e vamos continuar com as mesmas soluções de sempre, que não funcionam, e os mesmos desastres repetidos.
 

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Re: Fogos Florestais
« Responder #1240 em: Agosto 16, 2025, 03:16:32 pm »
Portanto, acho que estamos maioritariamente de acordo, em que o sistema de comando e controlo não funciona, e haveria muito espaço a melhoria...

No entanto, naturalmente que as minha experiências pessoais são exatamente isso, pessoais. Por outro lado, há muita gente que tem que trabalhar com a ANEPC que partilha da minha opinião. Infelizmente, não me parece que ninguém queira ter nem o trabalho, nem correr o risco de cometer suicídio politico sugerindo uma remodelação da ANEPC/comando operacional - e vamos continuar com as mesmas soluções de sempre, que não funcionam, e os mesmos desastres repetidos.

Tudo depende de como for feito. A estrutura atual tem pouco mais de 20 anos, até 2003 havia um Serviço Nacional de Bombeiros e um Serviço Nacional de Proteção Civil. Eu até sou a favor de menos instituições e de maiores sinergias, mas não sei se foi a melhor ideia.
 

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Re: Fogos Florestais
« Responder #1241 em: Agosto 16, 2025, 03:31:41 pm »
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Re: Fogos Florestais
« Responder #1242 em: Agosto 16, 2025, 04:09:06 pm »
@insoniascarvao

this is fine



https://x.com/insoniascarvao/status/1956657282625724431


Sendo advogado do diabo, e em defesa do bicho, não há muita coisa que ele vá fazer, férias ou não. Aliás, mais vale ele não ir, senão ainda vai atrapalhar, como quando foi andar de barquito no rio ...

O trabalho de sapa de remodelar o sistema, de prevenção e de preparação de meios é que devia ter sido feito, e nada.

Por outro lado, o PR já foi visto a comprar batom de cieiro para depois ir distribui beijinhos, já tem dois iPhones a carregar para as selfies, e já começou a prospecção de mercado para uma estátua de milhões, a ser inaugurada com um discurso de solidariedade e apoio às populações!
(Por trás das folhas do discurso do PR já se escrevem os nomes dos integrantes do comité de preparação de estudo de apropriação de eventual planeamento de visualização de timeline para libertação de descativação de fundos a orçamentar para deslocalizar apoio financeiro no valor de 17,49€, dividido equitativamente pela população afetada, a ser pago no prazo de 2 a 48 anos).
 
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Lightning

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Re: Fogos Florestais
« Responder #1243 em: Agosto 16, 2025, 05:07:06 pm »
Tenho ideia que a cadeia de comando não é assim do bombeiro do quartel x não obedece ao comandante do quartel y.

Penso que seja mais ou menos assim, o primeiro veículo dos bombeiros assume o comando do combate, talvez até à chegada de mais alguns (poucos) veículos, esse primeiro comandante (que em princípio será do quartel mais perto, e será o que conhece melhor o local) é o comandante de todos.

Mas a partir de uma certa dimensão de forças, meios aereos, drones, máquinas de rasto, etc, passa para um comandante da ANEPC. E aí já deixa de haver guerrinhas de eu sou do quartel x e tu és do y porque quem manda é o homem da ANEPC, ou devia.

O que eu queria dizer era isto, mas parece que não me fiz entender.

Citar
Estás bastante errado.

2 - A função de COS é desempenhada, no teatro de operações, de acordo com a seguinte evolução:

a) Chefe da primeira equipa de um agente de proteção civil a chegar ao local da ocorrência;

b) Elemento mais graduado de uma equipa de bombeiros que chegue ao local da ocorrência;

c) Comandante do corpo de bombeiros em cuja área de atuação se situe o local da ocorrência;

d) Comandante de um corpo de bombeiros designado pelo comandante sub-regional de emergência e proteção civil, quando a situação o justificar.

3 - Os comandantes e 2.os comandantes da ANEPC, dos níveis nacional, regional ou sub-regional, podem assumir a função de COS.
« Última modificação: Agosto 16, 2025, 05:08:13 pm por Lightning »
 

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Lightning

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Re: Fogos Florestais
« Responder #1244 em: Agosto 16, 2025, 05:20:33 pm »
Uma coisa que ouvi na TV é que cá a gestão da floresta e o combate a incêndios são feitos por ministérios diferentes, enquanto que noutros países quem gere a floresta é também quem gere o combate.
« Última modificação: Agosto 16, 2025, 05:29:59 pm por Lightning »