ENVC - Estaleiros Navais de Viana do Castelo, S.A.

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afonsinho

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Re: ENVC - Estaleiros Navais de Viana do Castelo, S.A.
« Responder #270 em: Setembro 01, 2011, 10:15:32 pm »
Caro Chaimites!
No outro dia estive a falar com um senhor ai de Viana e ele disse me que do ponto de vista dele os ENVC estavam com isto tudo, para conseguirem reformular toda a empresa e retirarem alguns vícios de dentro dela. Vícios desde a administração ate aos trabalhadores. Pois porque segundo ele a empresa tinha vários contratos que podiam muito bem tapar os prejuízos da mesma.
És da mesma opinião?
Abraço
 

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chaimites

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Re: ENVC - Estaleiros Navais de Viana do Castelo, S.A.
« Responder #271 em: Setembro 02, 2011, 12:21:22 am »
Embora podendo ofender alguns colegas meus,  vício é o que nao falta por aqui!

Quando a direção não é forte  e da provas de que nao sabe o que esta a fazer, toda a cadeia de comando começa a desmoronar, começando nos directores  de cada departamento e acabando no porteiro!

Toda a gente sabe que os recursos humanos dos ENVC tem que ser reestruturados, ha gente aqui que nao faz nada! tem 35 ou 40 anos de casa e nao querem ir  para a reforma porque se vão para casa nao tem em quem mandar!


Os ENVC são, neste momento, um dos  Estaleiros   Europeus com  a maior carteira de encomendas.  os contratos de construção assinados, nao são promessas de construçao,  atingem os 750 milhões de euros,  e se o Estado avançar com o programa dos NPO2000  atinge  os 1000 milhões de Euros!
para alem das cosntruções os ENVC ainda mantem um acinalável movimento de  navios para reparação, no primeiro semestre de 2011 docaram nos ENVC 35 navios para reparação e reconverção!

Aqui ao lado em Vigo o maior estaleiro privado Espanhol, os estaleiros Hijjos de  Barreras que construiram os famosos ferrys para a Navieira Armas: vulcan de Teide , vulcam de Tinamare  vulcaan de tijarafe,   entre outros, estão á 4 meses sem tabalho e entraram em insolvencia!
Eles por não terem docas secas nao podem entar no negócio das reparações e os acabamentos finais nos seus navios eram efectuados em Viana do Castelo

Abraço!
 

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miguelbud

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Re: ENVC - Estaleiros Navais de Viana do Castelo, S.A.
« Responder #272 em: Setembro 02, 2011, 12:42:17 pm »
Citação de: "chaimites"
Decisão sobre futuro dos ENVC adiada para Outubo

A assembleia geral mantem-se para amanha mas apenas como formaliade jurídica

Hoje de tarde a administração da EMPORDEF reuniu-se com o Ministro da Defesa

À saída da reunião, o administrador executivo da Empordef, Miguel Novais, confirmou o prorrogamento do prazo, justificado com a existência de:

  3 novos projetos de investimento,
  4 parcerias possíveis
  e 6  propostas de carteiras comercial para construção e reparação de navios.

Chaimites, ajuda-nos lá a descortinar isto:

3 novos projetos de investimento - 1 em Moçambique, uma vez que eles querem desenvolver a actividade dos seus estaleiros e o ENVC terá uma participaçao na empresa que o governo moçambicano irá criar. Parece que o Paulo Portas conseguiu finalmente desemperrar isto com a sua visita.
                                                  - 2 ?
                                                  -3?

4parecerias possiveis  - 1 - com a empresa Prime Yates para a manutençao e reparaçao de super iates.
                                   - 2 - com o arsenal do Alfeite por causa da potencial parceria com a Damen em relaçao as LFC ter ido por água abaixo.
                                   - 3 - Talvez com algum estaleiro brazileiro para formaçao?
                                   - 4?
6  propostas de carteiras comercial para construção e reparação de navios. Decerto que há NPO's aqui, será que finalmente Angola se decidiu ou isto é apenas fogo de vista a contar com a Nigéria a comprar-nos alguns depois do IQPC 6th annual Offshore Patrol Vessels conference e daí o adiamento da decisao para Outubro?
 

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chaimites

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Re: ENVC - Estaleiros Navais de Viana do Castelo, S.A.
« Responder #273 em: Setembro 02, 2011, 02:37:17 pm »
Existem três grupos - um português, um espanhol e outro asiático - interessados em adquirir os Estaleiros Navais de Viana do Castelo ,  Um dos grupos está disponível para adquirir a totalidade do capital da empresa de Viana. As três propostas apresentam diferentes ideias para o futuro dos estaleiros.

quanto a popostas de parceria tirando a prime yates e moçambique que e do conhecimento publico, apenas tenho conhecimento de uma parceria com a Siemens  para construção de platafomas off-shore de produção de enegia eólica.

Mas tambem te digo que enquanto continuarem a reinar nos ENVC  artolas com o Sr. Branco Viana coordenador da União de Sindicatos de Viana e tambem   ele quandro da empresa. isto nao vai a lado nenhum!  

Esse "cromo" devia ser o primeiro a ir pra reforma!
Se isto for vendido aos Chineses  talvez ele comece a trabalhar
 

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miguelbud

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Re: ENVC - Estaleiros Navais de Viana do Castelo, S.A.
« Responder #274 em: Setembro 02, 2011, 03:52:05 pm »
Citação de: "chaimites"
Existem três grupos - um português, um espanhol e outro asiático - interessados em adquirir os Estaleiros Navais de Viana do Castelo ,  Um dos grupos está disponível para adquirir a totalidade do capital da empresa de Viana. As três propostas apresentam diferentes ideias para o futuro dos estaleiros.
Esperemos que a ser privatizado seja pelo grupo portugues. Espanhois, Deus me livre  :)  e se for pelos chineses devemos ficar só com as reparaçoes.
Citação de: "chaimites"
quanto a popostas de parceria tirando a prime yates e moçambique que e do conhecimento publico, apenas tenho conhecimento de uma parceria com a Siemens  para construção de platafomas off-shore de produção de enegia eólica.
Esta da Siemens, o produto final será complementar ao que já é feito pela Enercom ou poderá ser concorrente? Nao me parece sensato os ENVC começarem a competir com um dos grandes empregadores do distrito.
Citação de: "chaimites"
Mas tambem te digo que enquanto continuarem a reinar nos ENVC  artolas com o Sr. Branco Viana coordenador da União de Sindicatos de Viana e tambem   ele quandro da empresa  e presidente a comissão de tabalhadores, isto nao vai a lado nenhum!
Gente assim há-de sempre existir em grandes empresas públicas e privadas. Infeizmente hoje em dia o mundo empresarial é regido nao pela competencia, mas pelas politiquices.
 

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chaimites

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Re: ENVC - Estaleiros Navais de Viana do Castelo, S.A.
« Responder #275 em: Setembro 02, 2011, 10:13:07 pm »
No conheço que grupos  são!

Mas pelo que sei os Estaleiros privados Espanhóis estão todos  piores que os ENVC ,sem trabalho e muitos prestes a fechar portas,
talvez os que eles queiram seja apenas a carteira de encomendas dos ENVC

Estaleiros de Vigo como o hijos barreras já demonstraram mais que uma vez interesse mas, o intersse deles prende-se apenas com as docas secas dos ENVC uma vez que eles não o possuem e terminam as suas construções nas instalações de Viana , mas neste momento eles estão pardos sem trabalho.
Quando do acabamento do Ferry Vulcam de Tinamar para o armador ARMAS eles chegaram a ter 1000 trabalhadores em Viana!

A Enercom que eu saiba não produz aerogeradores para plataformas off-shore.
 

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Feinwerkbau

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Re: ENVC - Estaleiros Navais de Viana do Castelo, S.A.
« Responder #276 em: Setembro 03, 2011, 12:00:30 pm »
acabaram-se os "incentivos" aos espanhois....

A Enercom apenas produz torres e aerogeradores não produz plataformas off-shore e seria talvez essa parte que sobraria para os ENVC e a meu ver muito bem.

No entanto, esse projecto não tinha sido ja perdido para a Lisnave depois de um grande desinteresse das anteriores administrações dos ENVC?

http://aeiou.expresso.pt/portugal-constroi-eolica-flutuante=f632909

cheira-me que o preço da empresa vai ser 240M€ de passivo + 1 €uro lol
 

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chaimites

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Re: ENVC - Estaleiros Navais de Viana do Castelo, S.A.
« Responder #277 em: Setembro 03, 2011, 06:26:15 pm »
Citar
acabaram-se os "incentivos" aos espanhois....

Sim!  os únicos que gozam de boa saúde são a Navantia devido  as encomendas militares os outros estao todos iguais ou piores que os ENVC

Citar
No entanto, esse projecto não tinha sido ja perdido para a Lisnave depois de um grande desinteresse das anteriores administrações dos ENVC?



A exploração off-shore da energia eólica ainda está a dar os primeiros passos, Ha vários grupos econónicos que estao agora. a explorar a viabilidade desse negócio ainda em fase experimental
É verdade!  anteriores administraçoes tiveram medo de dar esse passo.
Ainda vão a tempo...... e com ENERCOM  a produzir torres e aerogeradores aqui ao lado........

Citar
cheira-me que o preço da empresa vai ser 240M€ de passivo + 1 €uro lol

Esse passivo vai ficar bem activo na carteira de alguem!
 

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miguelbud

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Re: ENVC - Estaleiros Navais de Viana do Castelo, S.A.
« Responder #278 em: Setembro 04, 2011, 02:01:18 pm »
Citação de: "Feinwerkbau"
A Enercom apenas produz torres e aerogeradores não produz plataformas off-shore e seria talvez essa parte que sobraria para os ENVC e a meu ver muito bem.

Sim, peço desculpa pela minha precipitaçao.
 

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miguelbud

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Re: ENVC - Estaleiros Navais de Viana do Castelo, S.A.
« Responder #279 em: Setembro 08, 2011, 08:05:45 am »
Lula da Silva revela interesse brasileiro nos Estaleiros de Viana

 ex-presidente brasileiro, Lula da Silva, afirmou esta quarta-feira ter discutido com o Presidente da República português, Cavaco Silva, um eventual interesse do Brasil nos estaleiros de Viana do Castelo, que podem vir a ser essenciais no desenvolvimento da indústria naval brasileira.

«Uma das coisas que discuti com o Presidente da República, Cavaco Silva, e com o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, foi a forma como Portugal pode contribuir para o crescimento da indústria naval brasileira. À conta da descoberta de petróleo, vamos ter de construir muitos barcos, navios petroleiros e plataformas e precisamos de contar com a excelência de Portugal», afirmou Lula da Silva, adiantando que falou com os governantes portugueses sobre os estaleiros de Viana do Castelo.

O antigo presidente referiu ainda que outro assunto discutido com os governantes portugueses foi o eventual interesse do Brasil na TAP, que considerou ser «uma empresa extremamente importante».

Lula da Silva defendeu também um reforço das relações comerciais entre o Brasil e Portugal, sublinhando que a relação entre os dois países não pode ser «meramente» sentimental.

«Brasil e Portugal estiveram durante muitos anos afastados. Em 1500 foi Portugal que descobriu o Brasil, agora é a nossa vez de descobrir Portugal», rematou.

http://www.abola.pt/mundos/ver.aspx?id=286026
 

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psaa

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Re: ENVC - Estaleiros Navais de Viana do Castelo, S.A.
« Responder #280 em: Setembro 08, 2011, 02:37:15 pm »
Estaleiros querem construir navios militares para Brasil

Os trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo receberam com agrado o interesse do ex-presidente brasileiro Lula da Silva na empresa e dizem que podem também vir a construir navios militares para aquele país.

«Em Dezembro, o anterior secretário de Estado da Defesa [Marcos Perestrello] disse-nos que decorriam negociações com o Brasil nesse sentido, para navios militares. Não sabemos se o processo teve evolução, mas seria muito importante para nós», explicou à Lusa António Barbosa, coordenador da Comissão de Trabalhadores.

Em cima da mesa estava a possibilidade de construção do mesmo tipo de navio de patrulha já entregue pelos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) à Marinha portuguesa, de um total de oito encomendados.

Cada navio, totalmente concebido em Viana, custa cerca de 50 milhões de euros, podendo receber até 67 pessoas, numa tripulação de 38 elementos, mas que pela inovação e automação de que dispõe necessita de menos de uma dezena de militares em operação regular.

«O que nos foi dito é que estava em cima da mesa a eventualidade de construir para o Brasil um modelo baseado neste patrulha, mais simples em termos de comunicações e automações e, portanto, mais barato. E podiam ser muitos», explicou António Barbosa.

Com os seus 83 metros de comprimento, estes «patrulhas» podem receber um helicóptero Lynx e estão equipados com duas lanchas que podem transportar 25 pessoas, podendo ter condições para reabastecer helicópteros em alto mar e assim aumentar o alcance das missões áreas.

«Além do Brasil, fomos informados que, com base neste primeiro navio, haveria interesse das marinhas de Moçambique e de Angola, até mesmo de Timor-Leste. Ou seja, o mercado lusófono pode ser muito importante para a nossa empresa», acrescentou o coordenador da Comissão de Trabalhadores.

in Agencia Financeira
 

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chaimites

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Re: ENVC - Estaleiros Navais de Viana do Castelo, S.A.
« Responder #281 em: Setembro 08, 2011, 08:00:09 pm »
blx2x1  blx2x1
 

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chaimites

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Re: ENVC - Estaleiros Navais de Viana do Castelo, S.A.
« Responder #282 em: Setembro 10, 2011, 04:04:09 am »
Um texto muito bem escrito e esclarecedor a situação dos ENVC

Citar

A situação dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo


Em 2004, o Governo da coligação PSD,CDS/PP, tomou a decisão de enquadrar os

Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) na dependência da holding estatal das indústrias de defesa, a EMPORDEF. Surge paralelamente a definição de um amplo programa de construção de navios militares (Navios Patrulha Oceânicos, Navios de Combate à poluição, Navios Patrulha costeiros, e um Navio Polivalente Logístico), a serem construídos nos ENVC.

Pensei que, embora algo subtil, a razão fundamental de tal decisão teria sido bem entendida:  permitir que, através das construções militares, pudesse o Governo injectar no Estaleiro as verbas necessárias à sua continuidade como unidade produtiva, num quadro exigente de reestruturação e reorientação do seu mix comercial (a exemplo aliás do que havia sido feito em Espanha). Ou seja, proporcionar ajudas ao Estaleiro, ajudas essas proibidas pela União Europeia, que  um estaleiro civil não poderia nunca receber, mas que a vertente de construção militar poderia ajudar a ultrapassar. Continuidade que vinha sendo posta em causa pelos preços arrasadores oferecidos quer pela China quer pela Coreia, e que o fenómeno da globalização se encarregou de colocar aqui, às portas do Mundo mais desenvolvido, e em concorrência directa com este.

Sabemos que a receita é simples, em termos teóricos, em situações como a que os ENVC hoje enfrentam: subir na cadeia de valor, colocando no mercado produtos e soluções tecnologicamente mais evoluídos, tanto quanto possível com base em oferta nacional, fugindo assim de uma concorrência que só pode ser desastrosa. Só que, tirar partido dessas oportunidades exige preparação. Sabemos que cerca de 70% do valor de muitos navios se encontra no equipamento neles instalado. Como tal, a I&D direccionada para os avanços nesse tipo de equipamento, em parceria com outras empresas nacionais (nomeadamente da própria EMPORDEF), seria certamente frutuosa. Bom, mas I&D a sério, é algo de há muito afastado dos ENVC e que, sobretudo,  não tem constituído preocupação das administrações. À espera, certamente, de um milagre …que nunca aconteceu …

Bom, o raciocínio tido pelo Governo Português de então era simples. Colocar no Estaleiro encomendas bastante mais exigentes em termos tecnico-tecnológicos, assumindo o Estado o ónus de suportar os custos de uma transição que não seria simples, sem problemas levantados pela União Europeia relativamente ao suporte financeiro forçado a essa transição, numa unidade industrial cuja estrutura de custos não admitia a manutenção em concorrência em mercado aberto nos nichos em que a empresa se movia, e financiando a I&D necessária. Ainda por cima numa área em que se previa, e continua a prever, uma muito importante procura internacional. A dos navios militares de pequeno porte.

Infelizmente, os sucessivos gestores do Estaleiro também não souberam entender  aquilo que lhes era exigido e que, pelo menos num determinado tempo, lhes foi transmitido como “carta de comando”  pelo seu accionista (EMPORDEF), ou seja, prepararem o estaleiro para um nível de actuação num mercado muito  mais exigente, que não se esgotava nos navios militares, mas igualmente em navios comerciais de complexidade semelhante. Ao invés, foram-se dispersando por questões meramente marginais, desprezaram a inestimável ajuda (acompanhada por sacrifícios de direitos e regalias) que a Comissão de Trabalhadores e as estruturas Sindicais se dispuseram a dar.

E aí temos os casos do Lobo Marinho, dos atrasos escandalosos no programa de construções militares, do Atlântida encostado ao cais por ter sido rejeitado pelo cliente. Ainda por cima, pelo menos estas duas últimas são histórias nunca bem contadas ao país.

Veja-se o caso do Atlântida para o Governo regional dos Açores. O facto é que os ENVC foram contratados não para projectar e construir um novo navio, mas apenas para construir um navio cujo projecto era propriedade do Governo regional, que o adquirira à Rússia. E nada mais do que isso. Cedo a engenharia dos ENVC percebeu a ausência de estabilidade que o projecto do navio patenteava para navegar onde era suposto navegar, nos mares dos Açores. E foi aí que os ENVC cometeram o erro que não deviam ter cometido, tentando “remendar”  tal problema sem ter que rejeitar o projecto que o cliente lhe entregara, que certamente custara muito dinheiro. E de facto resolveu, ganhando-se em estabilidade o que o navio perderia em velocidade. Tudo com conhecimento do cliente. Daí a estranheza da rejeição do excelente navio que foi construído, mesmo considerando que os atrasos na entrega levaram a que esta se efectivasse já depois das eleições regionais e não antes como pretendido pelo Governo regional. Não fora o facto de os ENVC serem uma empresa de capital 100% público, e o caso teria certamente terminado de outra forma. O que é certo é que o Atlântida lá continua acostado em Viana do Castelo, perdendo valor a cada dia que passa.

Quanto aos Navios patrulha oceânicos, que durante anos alimentaram as páginas da comunicação social pelos “atrasos” verificados na sua construção, nunca foi dito que o projecto se iniciou com uma enorme percentagem de ausência de especificações estabilizadas, que apenas foram sendo concluídas à medida que a construção avançava (caso paradigmático foi a obrigatoriedade de aumento da dimensão do navio em alguns metros para acolher um novo tipo de motores quanto o projecto previa motores diferentes, de menor dimensão), com alterações constantes impostas pelo cliente quantas vezes obrigando a desfazer o que já tinha sido feito, com soluções de continuidade na construção esperando pelas definições do cliente. Se se tratasse de um navio civil, há muito que estaria entregue ao cliente, porque um armador dele necessita o mais cedo possível para rentabilizar o investimento feito.

A passagem da tutela dos ENVC para a Defesa, é de facto um exemplo claro de uma decisão estratégica correcta no tempo em que foi tomada, de que a deficiente execução dos diversos actores envolvidos anulou completamente os efeitos.

Ou seja, continuamos nós todos, portugueses, com o mesmo problema que, neste domínio,  tínhamos há muitos anos atrás, agora naturalmente agravado pela prática prosseguida,  que elevou a questão a um patamar provavelmente hoje de muito difícil resolução.

E é aqui que nos surge o programa da reestruturação recentemente apresentado, num timing estranho diga-se de passagem, prevendo 380 despedimentos no estaleiro.

Nestas situações olha-se sempre para o problema como se olha para um copo, meio cheio ou meio vazio. Provavelmente o número de trabalhadores do estaleiro é demasiado para o nível de vendas actual. Mas, também provavelmente, seria adequado se o estaleiro vendesse o dobro. Dirão que isso é irreal. Não é. Só é preciso que o trabalho nos ENVC seja competitivo a nível internacional. Para tal, e para além do que acima afirmei quanto à necessidade de subida na cadeia de valor, fundamental se torna o aumento da produtividade. Os ENVC sempre construíram bem e com qualidade, o que comprova que tem nos seus quadros pessoal competente e experiente. O aumento da produtividade só depende de um factor. De investimento. Um caso paradigmático é o da doca seca. Talvez porque Portugal seja um país com excelente clima, nunca se investiu na cobertura da doca seca. Só que em Viana do Castelo chove cerca de 120 dias por ano. Imaginem apenas a quebra de produtividade do trabalho sempre que chove, tendo especialmente em conta o tipo de trabalho que se desenvolve numa doca seca (soldaduras, etc). E este é apenas um, entre muitos exemplos que poderiam ser dados.

Ou seja, a produtividade é directamente dependente de investimentos que o Estado, enquanto accionista único da empresa nunca quis fazer. Preferiu sempre “varrer os problemas para debaixo do tapete”, acabando sempre por ter de assumir os custos da ausência de decisão traduzidos nos prejuízos acumulados. Diga-se de passagem que o estaleiro tem no seu activo uma série de equipamento praticamente novo e pronto a ser montado, que lhe veio de uma das contrapartidas do programa dos submarinos, o célebre estaleiro da FLENDERS.

Outra questão a merecer reflexão é o facto de que hoje um estaleiro europeu actuando stand-alone no mercado terá a vida complicada. De facto, aquilo a que se assiste é que a grande maioria dos estaleiros dispõe de subsidiárias (ou pelo menos de parcerias) em países de mão de obra barata, onde se desenvolvem os trabalhos de mão de obra intensiva e menos exigentes tecnologicamente, guardando-se a mão de obra europeia para os trabalhos que representam maior valor acrescentado e se situam em níveis mais elevados da cadeia de valor.

Outras medidas terão certamente de ser tomadas para uma completa recuperação dos ENVC, que é possível. Optou-se pela mais simples, despedir pessoal, mesmo que esse pessoal não tenha a mínima culpa dos erros cometidos e da ausência de acções que deveriam ter sido tomadas. É, além do mais, um tipo de decisão que, a prazo, nada resolve.

A não ser que exista uma agenda escondida para o destino a dar aos ENVC.

Dói muito que um país marítimo deixe de ter autonomia na sua capacidade de construção naval, sabendo que o mar, pese embora os tempos que correm, não pode deixar de ser um vector de desenvolvimento nacional. E não precisamos, para o saber, das palavras do Presidente da República sobre o assunto. Basta saber história, à mistura com algo de geopolítica, geoestratégia e, sobretudo, inteligência económica … muita inteligência económica.

 

http://inteligenciaeconomica.com.pt/?p=6875
 

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chaimites

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Re: ENVC - Estaleiros Navais de Viana do Castelo, S.A.
« Responder #283 em: Setembro 10, 2011, 04:58:37 am »
Falando em podutividade quero referir que não só as docas sao a ceu aberto como tambem os blocos e paineis dos navios eram montados a ceu aberto com os inconvenientes que isso traz
Finalmente os ENVC vao  tem uma oficina de montagem de blocos e vão construir uma panel line automatizada

Na Alemanha e na Holanda constroi-se um navio assim

http://youtu.be/j32yrRdAzGo

Em Portugal  nos ENVC contiua a ser assim:



Exactamente com á 40 anos!
Nunca ninguem quiz saber de investir no estaleiro

Em estaleiros modernizados um navio  de 10 000 tons está na doca seca a ser montado 8 semanas, nos ENVC demorava cerca de 12 semanas (4 navios por ano)
 
As novas oficinas  Flenders trazidas como contrapartida dos submarinos vao reduzir para 10 semanas,  o tempo de ocupação da doca,  mas ainda estamos longe das 8 semanas.
Para alcançar essa meta precisavamos de doca coberta, meios de elevação  sobre as docas e oficinas de  500 tons  e automatizar muitos dos processos de soldadura e montagem.

Mas quem vai pagar a factura vão ser os mesmo de sempre:  O "Ze do Malho" que é um malandro que nao produz como os Alemães  ou Holandeses
Nem lhe adianta de nada dizer : "chefe mas o soldador Alemão esta sentado em frente a um nomitor e tem 4 robots a trabalhar para ele", vai continuar a ser um incompetente e um malandro.
 

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Feinwerkbau

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Re: ENVC - Estaleiros Navais de Viana do Castelo, S.A.
« Responder #284 em: Setembro 10, 2011, 12:33:42 pm »
ora agora é que tu disseste tudo :)

demonstra a preocupação que tem havido com o investimento e com o desenvolvimento da empresa.....

o equipamento que vai ser montado actualmente, o que veio da Flenders, apesar de ser uma grande mais valia, continua a ser máquinas com mais de 20 anos ...

claro que sim a culpa é do "Zé do Malho" que é um mandrião e ganha 25 salários por ano!!!!!  :twisted:
calculo é que se os "produtivos" alemães construíssem sob as condições que se tem nos ENVC, sequer acabassem os navios...