Se não estás a ver Portugal usar estes meios para combater fora do seio da NATO, para quê questionar as permissões de utilização?
Esta NATO...
Ou, de uma forma mais generalizada, os interesses europeus ou de uma eventual NATO sem EUA.
Ou se quisermos, o que sobrar da NATO. Ou ainda, o futuro qualquer coisa europeu, se bem que o Canadá poderá ter interesse em manter-se junto da Europa e nesse caso faz sentido a NATO prosseguir.
Trump já ameaçou com esse cenário.
Eu sei que és anti-americano, e dava-te uma erecção ver uma NATO sem os EUA.
Mas é estrategicamente estúpido relegar os EUA para fora da aliança, ou até olhá-los quase como um inimigo. Eu não sei se têm noção - e provavelmente não têm - que a NATO sem os EUA, fica em desvantagem numérica face às restantes potencias nucleares e não-nucleares. Por mais que se invista na Defesa na Europa, nunca vamos estar ao nível da soma de países como a Rússia, China, Irão, Coreia do Norte e restantes países de pequena e média dimensão com eles aliados.
A nossa preocupação, devia ser fortalecer a NATO, indo buscar a Austrália, Coreia do Sul, Japão, Nova Zelândia, eventualmente Chile e mais uns quantos países alinhados com o Ocidente.
Quanto aos possíveis conflitos, com excepção daquele que depende do PCP, alguns têm que se lhe diga...
Por exemplo, há muitos recursos naturais em África com vários interessados em explorá-los.
O que é que África tem a ver connosco? Nós não vamos invadir nenhum país africano, que eu saiba. Quanto muito, apoiaríamos aliados para aumentar o nível de influência naquele continente, e isto poderia ser feito de forma diplomática, económica ou militar (ou com tudo isto ao mesmo tempo). A partir do momento em que estes recursos ficam assegurados do lado do Ocidente, tudo fica tranquilo.
Nem só na Ucrânia há "minerais raros". E já deu para perceber que o acordo de paz na realidade depende do acordo dos minerais.
As terras raras na Ucrânia nem sequer se sabe se são rentáveis de explorar. O acordo de paz depende da Rússia retirar as suas tropas do território ucraniano, e pôr fim ao conflito. A conversa das terras raras é apenas o Trump a ser Trump, alguém cuja prioridade é negócios e apenas negócios, e no fim que ele pareça o "herói que acabou com a guerra".
Mais depressa as terras raras são prova de que a Rússia iniciou o conflito para ganhos territoriais e para chegar a estes recursos. Mas isto anulava por completo a narrativa dos coitadinhos dos russos que estavam com medo da Ucrânia fazer parte da NATO ou da UE.
Imaginem um "acordo de minerais" em África, feito entre EUA e Rússia, ao estilo do ucraniano. Ou até a três juntando os interesses chineses.
Então mas os EUA não são uns sanguinários invasores de países soberanos? Agora já se contentam com acordos económicos com os seus inimigos? Porque raio é que os EUA haveriam de querer partilhar recursos valiosos com a China, quando eles querem é menos dependência deles? Para quê partilhar em vez de eles próprios procurarem ter mais influência em África, nos países que têm os ditos recursos?
Há malta que acha que as políticas inventadas por Trump representam a política externa americana normal. O mesmo Trump que se contradiz constantemente.
A França considera importante defender os seus interesses no Mali, Burkina, Niger... que serão interesses da própria Europa. De que lado estamos?
Os interesses de França em África são interesses da Europa porquê? Por associação?
O resto da Europa só apoia os franceses em África, se as razões fizerem sentido, não vão apoiar "só porque é a França". É preciso aumentar a influência europeia em África, mas com pés e cabeça, de forma diplomática e económica, e depois sim, conseguir apoiar militarmente países que não tenham capacidades defensivas para isso.
Se houver um conflito interno entre facções apoiadas pelos russos contra os alinhados contra a Europa, não tenho dúvidas que todos apoiam uma acção militar contra essa facção. E se forem apoiados pelos americanos? Como ficamos? Eles vão autorizar-nos a utilizar a força para defendermos os nossos interesses?
Normalmente, em TOs desses, os europeus têm tendência a não procurar confrontos com grupos apoiados por potencias estrangeiras.
Grupos hostis apoiados por russos, chinesas ou iranianos, são expectáveis de surgir no continente africano. Grupos apoiados pelos EUA, que não estejam alinhados com o resto do Ocidente no séc.XXI, se tal viesse a acontecer, estávamos bem tramados, pois era sinal que estávamos do lado oposto face a todas as potências mundiais.
Se calhar, mas só se calhar, a melhor ideia é manter uma certa coesão a nível geopolítico no Ocidente. E assim que o Trump e os seus chupistas saírem de cena, tentar restabelecer boas ligações com os EUA, e reforçar laços com mais democracias por esse mundo fora.
É que sinceramente parece-me um cenário bem mais previsível do que um conflito em larga escala contra os mauzões dos chineses ou dos russos.
A Rússia é inimiga declarada da Europa Ocidental. Bom, pelo menos contra os países que faziam parte da União Soviética, e que hoje são democracias e querem manter-se longe da Rússia. É do interesse dos europeus garantir que a Rússia não conquista mais territórios, sabendo que não se vai ficar por ali.
A China é inimiga declarada de praticamente toda a gente. Até da Rússia pretendem territórios. Quem acha que vão ficar-se por Taiwan, engana-se. Eles só param até serem a única potência mundial, e todos os outros estiverem aos seus pés. Era do nosso interesse travar a China.
Bom, e se queres falar nos interesses franceses, sempre podes olhar para os territórios franceses no Pacífico, que serão mais tarde ou mais cedo cobiçados pelos chineses. Como tal, a Europa defende os interesse de França, logo terá que ir combater os chineses.
A probabilidade de um conflito contra a Rússia, ou até de um conflito da Europa contra um "eixo de mal" composto pela Rússia, China, Irão e outras autocracias, é infinitamente maior do que um conflito com os EUA.
Era preciso um colapso das instituições americanas, e da sua democracia, para chegarmos a esse ponto.
E aí, podemos dizer o mesmo para literalmente qualquer país, estando todos a um "líder maluco" de distância de se tornarem nossos inimigos.
Venezuela conseguiu operar os seus f 16 até agora recorrendo a comprar (muita vez em contrabando) de peças de terceiros... Só não tenho tanta certeza com os interresses em Africa e America do Sul são iguais entre a Europa e o laranja e seus batanetes... Argentina do milei quer sair do acordo mercosul-UE é só um exemplo.
Mas o F-16 é um avião bastante comum, sendo mais fácil arranjar peças para ele. É também um avião um pouco mais "rudimentar" que o F-35. O próprio F-14 no Irão ainda vai voando. Mas em ambos os casos, são aeronaves desfasadas tecnologicamente, voando, sim, mas longe de atingirem o seu real potencial.
Mesmo que consigam produzir ou adquirir peças sobressalentes para desenrascar, há sempre o limite das h/voo das células, algo que em tempo de conflito é "gasto" a uma taxa muito mais elevada do que em tempo de paz.
A política externa do boneco laranja é imprevisível e desastrosa, basta ver a porcaria que arranjou com o Canadá.
A questão do Panamá, e consequente controlo do Canal do Panamá, é algo que ele está a ver se resolve à força, quando muitos americanos, concordando que é preciso retirar de lá o controlo chinês, acreditam que existem formas diplomáticas de o fazer, que não envolvam uma acção militar.
Neste momento, não vale a pena tentar entender a política do gajo, pois não existe um racional por trás dela. Mais vale nos focarmos em investir mais na Defesa, tentar fazer movimentações geopolíticas para obter mais aliados, e deixar o Trump sair de cena. Quando
o gajo sair, tenta-se normalizar as relações com a futura administração americana, percebendo qual a sua mentalidade e política externa.