corapa Escreveu:
No seguimento do post anterior, hoje lembrei-me do assunto e fui arranjar então a missão do BIPara.
O que me foi facultado por um ex Cmdt CPara diz o seguinte:
1º Batalhão de Infantaria Pára-quedista
Missão
•Estreita o contacto com o Inimigo, através do fogo e manobra, para o destruir, capturar ou para repelir o seu assalto; participa em operações aerotransportadas e aeromóveis, para conquistar e assegurar a posse de uma área objectiva.
Conjugando esta tipologia de missões com a organização táctica idêntica à da CAt, eu vejo-me "obrigado" a ver o emprego do BIPara segundo esse mesmo conceito da US 82nd Airborne.
Eu (que nestas coisas de tropas especiais sou apenas um curioso) tenho a opinião que não é um conceito não rectilineo assim, pois em certas operações aerotransportadas os EUA enviaram os Rangers em vez da 82ª Divisão Aerotransportada, como é o caso da conquista de aeroportos (em Portugal isso seria obrigatoriamente feito pelos Pára-quedistas porque os Comandos nem tem capacidade de salto de pára-quedas nem de operar com unidades de escalão Batalhão).
Precisamente por o 75th ser a unidade a entrar 1º em praticamente todas as operações da infantaria - "rangers lead the way"
Quanto à tomada de um aeroporto não tem que ser feita obrigatoriamente por salto, aliás, já assisti a uma de um aeroporto em exercicio, por uma CPara sem salto, com aterragem de assalto como ja feito em diversas operações, caso por ex da operação Entebe do israelitas no Uganda.
Cada caso é um caso e o que define o emprego é o MITM
Limitações
•Reduzida protecção, apresentando grande vulnerabilidade aos fogos do inimigo;
•Reduzida mobilidade; as viaturas tácticas médias orgânicas só permitem transportar os abastecimentos ou o pessoal de uma CAt; pode ser reforçado pelo BAAT com viaturas tácticas médias para transportar duas CAt;
•Necessidade em apoio de manutenção do BAAT;
•Quando necessário, pode receber do BAAT capacidade adicional de meios Anti-Carro e morteiros pesados;
•Necessita de apoio de serviços adicional para operações de duração superior a três dias.
Embora, como referi anteriormente não ponha de qualquer modo em causa a sua capacidade para além deste conceito de emprego, e sobretudo da qualidade da formação.
Estas limitações existem para operações de grande intensidade e superiores a 3 dias, logo por ai tiro duas conclusões:
1- Os BIParas estão preparados para sem nenhum apoio adicional operar em conflitos de baixa e média intensidade e que não durem mais que 3 dias.
2- Os BIParas se convenientemente apoiados podem operar em conflitos de alta intensidade e com duração superior a 3 dias.
Tenho algumas duvidas em relação a essas limitações, a vulnerabilidade aos fogos inimigos é devido a ser uma força de infantaria ligeira certo? Por não utilizarem M113 ou Pandurs ou qualquer outro tipo de viatura blindada mais rebusta para protecção?
A reduzida mobilidade é devido à falta de viatuas que deviam existir ou é o resultado de serem uma força ligeira (não possuirem M113 ou Pandur para o transporte de tropas)?
As limitações existem sempre, não apenas em 3 dias, pois são as limitações próprias de uma unidade ligeira, que se deixar de o ser, utilizando VBTPs, perde parte da suas capacidade de projecção- no nosso caso tambem por obvia falta de meios.
Mas se passarmos a usar o conceito sovietico do tempo do PV, manda-se as VBTP de paraquedas com as guarnições dentro, mas deixa der ser uma unidade ligeira - eram DAtMec parachutaveis.
Claro que se apoiada, qualquer unidade vê a sua capacidade prolongada, daí o ApSvç ser fundamental para o reabastecimento - por isso é que todos precisamos de todos e as guerras não se ganham só com unidades de manobra.
As pequenas unidades, até escalão pelotão, são aquelas que tem maior capacidade de se manter em operações, pois a partir daí começa a faltar tudo e muito cedo. Mas essas tambem são aquelas que pouco se empenham em combate e só assim conseguem prolongar a sua capacidade, pois o consumo dos abastecimentos é inferior. É a grande vantagem das forças de OpEsp.
Agora se me falares que no tempo do CTP, quando os paras pertenciam à FA, o conceito era mais esse tipo UK, que vinha já do tempo do seu emprego operacional na guerra colonial, aí eu não tenho qualquer dúvida.
Não sei em concreto qual era o emprego operacional do CTP mas não devia ter muito a ver com o emprego do RCP da guerra colonial pois houve uma grande restruturação dos Pára-quedistas após a guerra colonial, o Regimento tinha vários Batalhões espalhados pelas colonias, que por sua vez funcionavam como "quarteis" das Companhias de Caçadores Pára-quedistas (as verdadeiras unidades operacionais de Pára-quedistas) enquanto que depois da guerra e se formou o CTP, já existia uma Brigada com Batalhões operacionais, companhia anti-carro, companhia de morteiros, Batalhão de Apoio e Serviços, e talvez mais uma ou outra unidade.
Ao reportar-me ao CTP é em relação à organização e conceito, pois a capacidade era na altura superior á actual - basta ver a capacidade de apoio antes e agora; assim como tambem na guerra colonial as CCaçPq eram básicamente independentes e empregues num conceito genericamente diferente do actual das CPara, de infantaria ligeira paraquedista integrada num BIPara - o que até se assemelha um pouco ao actual emprego no Afeganistão, com as devidas diferenças.
Daí ser mais similar a comparação anterior nessa altura do que actualmente.
O mesmo se passou com os Cmds, que funcionavam como CCmds independentes em Africa e com a criação do BCmds e posterior RCmds foi lhe aumentada a capacidade ao criar uma companhia de apoio de combate, com mort 120, milan, canhão 106 e met pes. Actualmente não tem qualquer capacidade dessas.
Ou então avançava-se para uma força unica com as valências das 3, de escalão brigada que é o minimo aceitavel. (pelo que soube, o MGen Cunha quer pôr toda a BRR a saltar!!)
Mas isso ao fim ao cabo é o que temos mas separadamente, mas claro que aqui, como é referido tambem entram as quintas...
Uma força unica com as valências das 3 é um bocado ilusão (na minha opinião) pois a necessidade é de uma Brigada Ligeira que tenha uns 3 Batalhões de Infantaria (Aerotransportada/Aeromóvel) e uma unidade de operações especiais, e estes dois tipos de unidade não se pode alterar, para ser uma força unica talvez se o pessoal que pertencesse a esses Batalhões de infantaria, depois faria um curso extra para integrar a unidade de operações especiais.
Acho que na Bélgica é assim, existem os Batalhões de Pára-Comandos e depois esses militares podem fazer um curso extra e integrar o Grupo de Forças Especiais.
A força unica não é segundo o tipo de que "todos fazem tudo" - impensável e a qual eu sou contra.
Não, seria apenas a centralização numa só grande unidade dessas competencias divididas pelas respectivas subunidades, como já se pensou e de certo modo tentou com a criação da malfadada BAI que deu no que deu.
No entanto continuo a dizer que isso é o que temos em espaço fisico separado e desde que cada um se limite a fazer aquilo em que é melhor, deixando o do lado fazer o dele.
Mas com mentalidade das quintas e da busca do protagonismo isso é dificil.
Cumps