EUA apresentam à NATO plano para o fim dos combates no Afeganistão para 2014
Os Estados Unidos desenvolveram um plano para transferir a segurança em áreas seleccionadas do Afeganistão nos próximos 18 a 24 meses, como parte da estratégia para encerrar os combates das tropas estrangeiras no país até 2014.
O plano, segundo o jornal
The New York Times, será apresentado na reunião da NATO, em Lisboa, esta semana.
O plano reflecte «a mais concreta visão de transição no Afeganistão desde que o presidente Barack Obama assumiu», segundo o
NYT.
O plano segue vários conceitos utilizados na retirada das forças norte-americanas do Iraque, de onde as tropas de combate saíram em Agosto passado, e será comandado pelo general David Petraeus, nome responsável pela viragem da guerra no país.
«O Iraque é um exemplo de como fazer a transição no Afeganistão. Mas a chave será construir uma força afegã que é verdadeiramente capaz de assumir a liderança», disse um responsável ao
NYT, sob anonimato.
Os oficiais consultados pelo jornal salientam que a transição deve ser feita com base nas condições in loco e não ditada de Washington e que deve ser um processo longo.
Mesmo sem a certeza de que as forças de segurança afegãs estão prontas para assumir e apenas um ano depois de enviar um reforço de 30 mil soldados, o governo Obama já está a definir quais as áreas que serão entregues às forças afegãs, que devem incluir Khost e Kandahar, algumas das regiões mais violentas.
As zonas devem ser determinadas até ao fim do ano ou, no máximo, no início de 2011 e o processo de transição deve ser terminado em 2012.
Como no Iraque, mesmo depois da transição, haverá forças da NATO no Afeganistão prontas para responder em caso de necessidade. E mesmo depois de 2014, com a retirada das tropas de combate, milhares de soldados devem permanecer para treino e outro tipo de assistência.
O plano de retirada chega dias depois de uma comissão independente alertar o presidente Obama sobre o elevado custo da guerra no Afeganistão. O relatório afirma que Washington deve considerar uma redução da missão militar caso a revisão prevista para Dezembro conclua que a actual estratégia não está a funcionar.
A comissão de 25 membros, sob comando do ex-subsecretário de Estado Richard Armitage e do ex-assessor de segurança nacional Samuel Berger, apontou «sinais esperançosos» no Afeganistão, como a melhoria no treino das forças locais de segurança, mas também alertou que outras tendências são desencorajadoras.
«O quadro nebuloso e os altos custos geram a questão de se os Estados Unidos deveriam agora diminuir as suas ambições e reduzir a sua presença militar no Afeganistão», lê-se no relatório de 98 páginas.
«Temos em mente a ameaça real que enfrentamos, mas também estamos cientes dos custos da actual estratégia. Não podemos aceitar esses custos a não ser que a estratégia comece a dar sinais de progresso», disse a comissão.
Pelo contrário, «a comissão recomenda uma mudança para uma missão mais limitada, com um nível de força militar substancialmente reduzido».
O trabalho foi patrocinado pela entidade Conselho de Relações Exteriores, sem ter sido solicitado pelo governo. Ex-funcionários do Executivo, militares, académicos e jornalistas participaram no trabalho, que ouviu membros do governo envolvidos na questão.
Lusa