Afeganistão: diversos

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André

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« Responder #225 em: Março 27, 2009, 06:33:14 pm »
Obama anuncia 4.000 soldados adicionais para o Afeganistão


O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou hoje que «a situação é cada vez mais perigosa» no Afeganistão e anunciou o envio de mais 4.000 soldados adicionais para o país, além dos 17.000 já previstos, nos próximos meses.

Ao anunciar a sua nova estratégia para a guerra do Afeganistão, na qual afirmou que aumentará os esforço sem relação ao vizinho Paquistão, Obama afirmou que a região fronteiriça entre os dois países asiáticos se tornou um porto seguro para a rede terrorista Al Qaeda e que por isso «a segurança de todo o mundo está em jogo».

A nova estratégia, «mais firme, mais inteligente e exaustiva», afirmou Obama, vai centrar-se também no investimento em treino das forças de segurança nacionais, já que os EUA não estão no Afeganistão «para controlar o país».

«Todas as tropas americanas vão trabalhar ao lado de colegas do Afeganistão e das tropas aliadas (da NATO), explicou.

«Os EUA não escolheram lutar a guerra no Afeganistão. Cerca de 3.000 pessoas morreram nos ataques de 11 de Setembro por fazer nada mais que viver as suas vidas normais. A Al Qaeda matou mais do que qualquer outra pessoa», afirmou Obama.

O presidente afirmou ainda que o esforço norte-americano no país será ampliado também com funcionários civis, que ajudarão na reconstrução do país e no fortalecimento do seu governo e da sua economia para que as tropas norte-americanas possam efectivamente deixar o país em segurança.

«O Afeganistão tem um governo legal, mas não podemos fechar os olhos aos efeitos da corrupção e a dificuldade deste governo em levar serviços básicos ao povo. O povo do Afeganistão busca a promessa de um futuro melhor», disse.

Assim, Obama afirmou que enviará para as diversas províncias educadores, especialistas em agricultura, engenheiros e advogados «para ajudar o Afeganistão a evoluir e escapar ao problema das drogas».

O Afeganistão é hoje o maior produtor de ópio do mundo, produção responsável pela maior parte do rendimento do país.

«Os nossos esforços vão falhar se não investirmos no futuro. Por isso estes investimentos estão no nosso orçamento e vão poupar dinheiro no futuro. Porque é mais barato treinar policiais do que contar apenas com as tropas», disse o presidente.

Lusa

 

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André

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« Responder #226 em: Março 28, 2009, 01:20:46 pm »
Presidente afegão elogia nova estratégia dos EUA no Afeganistão


O presidente afegão, Hamid Karzai, aprovou hoje a nova estratégia dos Estados Unidos para o Afeganistão, considerando que «reflecte as reivindicações do povo afegão», e reconheceu que a luta contra o terrorismo é um problema que afecta toda a região.

«O Afeganistão dá as boas-vindas à nova estratégia dos EUA porque reflecte as reivindicações do povo afegão», disse Karzai em conferência de imprensa em Cabul.

Destacou que o plano anunciado na sexta-feira pelo presidente norte-americano, Barack Obama, com o envio de 4.000 soldados para o país, enfatiza o fortalecimento da segurança e das infraestruturas para os civis.

Karzai disse ainda que a nova estratégia reconhece que a «guerra contra o terrorismo é um problema regional» e que estimula as conversas com os talibãs, algo que o Governo afegão visava há tempos.

O presidente afegão acrescentou que, para que o plano tenha sucesso, alguns dos líderes da insurreição talibã que não têm vínculos com a rede terrorista internacional Al Qaeda deveriam ser retirados da lista de terroristas da ONU, mas não deu nomes.

Karzai limitou-se a explicar que esses talibãs, por medo da repressão das autoridades afegãs e das tropas internacionais, continuam nas fileiras da insurreição, apesar da vontade de cooperar com o Governo do país.

Lusa

 

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Vicente de Lisboa

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« Responder #227 em: Abril 05, 2009, 12:59:45 am »
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Portugal anunciou disponibilidade para reforçar presença militar no Afeganistão

Os países da NATO comprometeram-se com o envio de mais cinco mil militares para o Afeganistão, dos quais três mil deverão ser destacados provisoriamente para garantir a segurança das eleições presidenciais de Agosto. Sem se comprometer com números, José Sócrates anunciou que Portugal está disponível para reforçar a sua presença militar no país, “acompanhando o esforço” dos aliados.

Entre os reforços provisórios vão estar 900 soldados britânicos, 600 alemães e outros tantos espanhóis. O primeiro-ministro britânico – que ontem condicionou o envio de mais soldados a gestos semelhantes de outros estados-membros – declarou no final da cimeira que “a Holanda, Portugal, Itália, Grécia, Polónia, Turquia e Croácia” se disponibilizaram a reforçar a sua contribuição para o esforço militar. “Isto demonstra que a divisão do fardo nos próximos meses será uma realidade”, declarou Gordon Brown.

Na cimeira da NATO, os aliados terão chegado ainda a acordo para o envio de mais 1400 a dois mil militares para integrar 70 equipas de instrutores militares, cada uma com 20 a 40 efectivos, adiantou a Casa Branca.

Portugal disponível para reforço

Na conferência de imprensa final, José Sócrates disse ter comunicado aos aliados que “Portugal iniciou agora o período de consultas e procedimentos com vista a reforçar o potencial militar no Afeganistão”, dando a entender que não haverá ainda um acordo político sobre esta matéria. O primeiro-ministro sublinhou que a disponibilidade portuguesa para aumentar a sua presença no Afeganistão “acompanha aquilo que é o esforço dos outros países”.

José Sócrates disse ser ainda muito cedo para especificar qual será o contributo português, sublinhando que caberá às Forças Armadas a apresentar uma proposta técnica. Imediatamente a seguir, o Governo procederá às necessárias consultas, “em primeiro lugar com o Presidente da República”, com vista a uma decisão do Conselho Superior de Defesa Nacional.

O primeiro-ministro reforçou que, para uma decisão final sobre o figurino desse reforço, é necessária “uma informação técnica muito pormenorizada de todos os possíveis cenários”, mas o “conselho militar” vai no sentido de um reforço ao nível das Forças Armadas, e não de GNR.

Obama agradado com resultados

Falando no final da cimeira, o Presidente norte-americano congratulou-se com os “compromissos concretos” assumidos pelos restantes 27 estados-membros da Aliança e com o “apoio forte e unânime” da NATO “à nova estratégia americana para o Afeganistão”. Para Barack Obama a Aliança Atlântica demonstrou nesta cimeira “que está determinada a enfrentar os desafios” que se lhe colocam, afirmou.

Os Estados Unidos têm já 70 mil militares no Afeganistão, a grande maioria já sob comando da NATO, sendo que alguns milhares integram ainda uma missão especial que opera no Sul e Leste do Afeganistão com a missão principal de combater os redutos da Al-Qaeda na região. Obama decidiu já enviar mais 21 mil efectivos para o país e a Casa Branca adianta que estão em consideração um destacamento de mais dez mil.

Publico Dixit
 

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André

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« Responder #228 em: Abril 06, 2009, 05:01:55 pm »
Angela Merkel escapa a ataque com rockets por minutos


O acampamento do exército alemão em Kunduz (norte do Afeganistão) foi hoje atacado com dois rockets, minutos depois da visita da chanceler Angela Merkel, indicou um porta-voz do Ministério da Defesa.

O ataque, que não deixou feridos, 20 minutos depois de Merkel e o ministro da Defesa, Franz Josef Jung, terem deixado o local.

A chanceler deslocou-se ao Afeganistão em segredo, tendo a sua visita ao país sido anunciada apenas quando ela já estava a voar para o conflituoso país.

Em Kunduz, onde nos últimos meses a violência voltou a crescer, o exército alemão mantém 700 soldados.

A viagem de Merkel ao Afeganistão ocorreu poucos dias depois da cimeira da NATO, em Baden-Baden e Estrasburgo.

Lusa

 

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André

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« Responder #229 em: Abril 08, 2009, 06:08:01 pm »
EUA dizem que solução para o conflito afegão passa pela Índia


O problema afegão não será resolvido sem a plena participação da Índia, declararam hoje o enviado especial dos Estados Unidos para o Afeganistão e o Paquistão, Richard Hoolbroke, e o chefe do exército norte-americano, Mike Mullen, que visitam Nova Déli.

«Sem a total implicação da Índia, não conseguiremos resolver totalmente o problema afegão», disse Holbrooke numa conferência de imprensa com Mullen na embaixada norte-americana.

Hoje de manhã, ambos se reuniram com o secretário dos Negócios Estrangeiros indiano, Shivshankar Menon, e com o Conselheiro de Segurança nacional, M.K. Narayanan.

«Viemos à Índia dar informações, fazer consultas e ter a visão da Índia sobre os problemas na região», acrescentou.

Holbrooke e Mullen chegaram a Nova Déli terça-feira à noite, 10 dias depois de o presidente dos EUA, Barack Obama, ter anunciado uma nova estratégia para o Afeganistão e o Paquistão.

Antes, os dois estiveram em Islamabad, onde conversaram com os principais líderes civis e militares do Paquistão.

«Falámos com os líderes paquistaneses sobre o Afeganistão e a situação política e económica do Paquistão. Não podemos negociar as relações entre a Índia e o Paquistão», declarou Holbrooke.

O enviado norte-americano negou que, durante a sua estada no Paquistão, tenha discutido o estatuto da Caxemira, região disputada com a Índia e principal fonte de conflitos entre os dois países.

Em vez disso, Holbrooke preferiu abordar a luta contra os fundamentalistas, um «inimigo comum» na região, já que esta é «a primeira vez (...) que Índia, Paquistão e Estados Unidos enfrentam uma ameaça, um desafio e tarefas comuns».

Segundo o enviado, os problemas no Afeganistão estão relacionados com a actividade dos radicais paquistaneses, motivo pelo qual os EUA estão a desenvolver uma estratégia comum para a região.

Quanto à Índia, Holbrooke admitiu que os Governos de Bill Clinton e George Bush trabalharam «arduamente» para a melhoria das relações comerciais bilaterais. Porém, destacou a falta de avanços em assuntos estratégicos e regionais.

«Essa é a questão básica que agora temos que melhorar», concluiu.

Por seu turno, o almirante Mullen defendeu para a região consultas com os Governos locais, decisões coordenadas entre comandantes militares e entidades civis e o desenvolvimento de políticas integradas.

Lusa

 

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André

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« Responder #230 em: Abril 09, 2009, 07:45:27 pm »
A solução política para o Afeganistão e a UE
Alexandre Reis Rodrigues





Não obstante o esforço militar e diplomático que a administração Obama está a dedicar à procura de uma solução para o conflito no Afeganistão, o que domina as percepções gerais sobre a situação aí existente é a ideia de que se trata de um conflito sem solução.

Obviamente, há quem não pense desta forma, logo a começar o general Petraeus, como primeiro responsável militar. Max Boot, Jeanne J. Kirkpatrick, Frederick W. Kagan e Kimberley Kagan, num recente artigo («Yes we can - In the “graveyard of empires” we are fighting a war we can win»), lembrando que o norte, o centro e o oeste permanecem relativamente seguros, representam a corrente de opinião que também defende que a correlação de forças, com reforços e novas tácticas, pode ser alterada a favor do ocidente.

Petraeus, confiante do sucesso que teve no Iraque, acredita que um esforço militar de contra-insurreição mais robusto e acompanhado de negociações com as facções moderadas dos talibãs pode dividir o movimento e sobretudo acabar por privar a al Qaeda do seu apoio. Petraeus conta com a actual perda de influência da liderança talibã sobre as estruturas locais, explorando as dificuldades de estas coordenarem entre si, tendo acabado o regime monolítico que existiu até à invasão americana em 2001. Admite, nestes termos, que, com apropriados incentivos, possa criar condições a partir das quais será possível envolver alguns representantes das facções mais moderadas nas responsabilidades de governação do país (os especialistas calculam que cerca de 70% dos que apoiam a insurreição o fazem a partir dos incentivos que recebem do tráfico de drogas).

Petraeus sabe que não consegue eliminar a ameaça talibã, enquanto houver santuários no vizinho Paquistão, mas, mesmo sem poder garantir o que quer que seja, espera poder alterar substancialmente a situação, se, para além dos recursos, lhe derem tempo. Os recursos vai tê-los, conforme decisão já tomada pelo Presidente Obama, mas não na dimensão que as autoridades militares pedem; haverão mais 17000 efectivos para o dispositivo no terreno e a 82ª Divisão Aero-transportada com 4000 para treinar as forças afegãs mas os 30000 efectivos a mais também solicitados é assunto sobre o que o Presidente disse ir pensar. É um primeiro passo; aquele que é possível em face dos compromissos ainda existentes no Iraque e que vão continuar a consumir recursos importantes por mais algum tempo, não obstante a decisão de saída.

Tempo não será também tanto quanto o general desejaria ter para concretizar o seu plano. Obama não quer que o conflito se prolongue por toda a sua presidência, especialmente numa fase em que os EUA se debatem com uma gravíssima crise económica e financeira; por isso, tem vindo a preparar a opinião pública para umas expectativas mais modestas sobre os resultados a alcançar e, ao mesmo tempo, estabelecer uma estratégia de saída que não agrave a percepção existente na área de que os EUA não são parceiro em que possam confiar para compromissos de longa duração. Não se refere nem uma única vez, ao contrário do que fazia Bush, à instalação de um regime democrático; fala, alternativamente, num governo mais capaz, mais responsável e mais eficaz («morecapable, accountable and effective government»). Infelizmente, nada nos diz, à luz do que se passa no país, que este objectivo seja mais realista e alcançável; o Afeganistão hoje acumula com o estatuto de estado falhado, que sempre teve, o de estado narcotráfico e estado corrupto (a 187ª posição, numa lista de 190, por ordem crescente de índices de corrupção).

O essencial da nova política consta do White Paper of the Interagency Policy Group’s Report on US Policy toward Afghanistan and Pakistan, recentemente divulgado. Há uma óbvia procura de recolocação do problema nos termos iniciais em que se pôs por ocasião da invasão do Afeganistão, altura em que o objectivo principal era eliminar a al Qaeda e/ou privá-la dos apoios de que beneficiava através do regime talibã. A declaração da Cimeira NATO sobre o Afeganistão destaca precisamente este ponto ao referir ser necessário evitar que o território volte a «servir de base a ataques terroristas ou de santuário do extremismo violento que ameaçam a estabilidade regional e a comunidade internacional». Há, sobretudo, uma outra vontade de procura de uma solução regional e de um outro envolvimento do Paquistão na solução do problema, sem o que não se podem esperar progressos.

A al Qaeda conseguiu encontrar no Paquistão um santuário que se está a revelar tão seguro e eficaz como o que tinha no Afeganistão, colocando assim este aspecto da situação no mesmo ponto em que se encontrava em 2001, antes da invasão. Enquanto não for possível criar condições que levem o Paquistão a concluir que a prioridade da sua segurança se deve centrar no restabelecimento do controlo na zona de fronteira com o Afeganistão e não na ameaça da vizinha Índia, não é realista pensar que Islamabad fará um esforço definitivamente sério de deixar de utilizar os talibãs em proveito da sua estratégia contra a Índia.

Voltando à estratégia de Obama, é interessante notar que, se por um lado, o Presidente está a estreitar os seus objectivos no Afeganistão para os pôr ao alcance dos recursos que tenciona empregar, por outro lado, está a tentar alargar a frente de combate ao radicalismo e terrorismo islâmico. É o que lhe resta, não podendo retirar nem podendo manter a estratégia seguida pelo seu antecessor ou esperar que os europeus, numa reviravolta inesperada, se disponham a envolver-se seriamente. O problema é que para ter sucesso precisa de uma Rússia sossegada sobre as intenções americanas na sua área de influência directa, de um Irão que não quer os talibãs de volta ao Afeganistão mas que vê com agrado as dificuldades que estes estão a colocar à NATO, da colaboração de uma China que vê na colaboração com o Paquistão e no investimento que está fazer no Afeganistão uma forma de diminuir a influência da Índia e, finalmente, da disponibilidade da Arábia Saudita para encaminhar os recursos que emprega na região de uma forma coordenada com os interesses ocidentais.

O puzzle, como facilmente se vê, é extremamente complexo; vai demorar tempo a resolver e, nos termos, em que está a ser posto, depende da capacidade dos EUA em fazer cedências que a administração Bush nem sequer admitia pensar. O reforço de efectivos, em concretização, como todos sabem, não vai alterar nenhum aspecto de fundo da situação mas ajudará a convencer os talibãs de que o Ocidente ainda não desistiu de lutar, condição indispensável para se resolverem a iniciar conversações. Os europeus não podem ficar fora deste esforço militar; pena é que não participem activamente na procura da solução política, onde a UE tem possibilidades de dar um contributo, ao lado dos EUA, para que a NATO não está preparada. Seria a forma correcta de a Europa dar a devida dimensão política à ajuda financeira e civil que tem garantido.

Jornal Defesa

 

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LM

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« Responder #231 em: Abril 17, 2009, 02:27:44 pm »
Se alguem me disse-se que eu iria alguma vez colocar um texto da Ana Gomes e iria concordar com ele :roll:

Afeganistão - outra Somália?
 
Discordo de Manuel Alegre quando este critica a decisão do governo de reforçar a presença militar portuguesa no Afeganistão.
Discordo ainda mais da caracterização da missão da NATO no Afeganistão como "aventura que nada tem a ver com a nossa tradição e a nossa História".
Devo dizer que sempre desconfiei de argumentos que se baseiam na sacralização da "tradição", como se o passado português fosse uma fonte inesgotável de sabedoria, mais importante do que os valores imperativos do presente e as ambições para o futuro.
Manuel Alegre considera que o fortalecimento dos laços militares entre Portugal e a CPLP, nomeadamente no apoio à estabilização da Guiné-Bissau "é muito mais importante e urgente para nós do que o Afeganistão" e que a presença portuguesa neste país não reflecte os interesses portugueses e não contribui para a segurança nacional. Claro que Portugal e a CPLP podiam fazer mais pela Guiné-Bissau - mas o que podiam fazer não implica necessariamente enviar militares. O que é preciso é fazer os militares guineenses abandonar o poder e as lutas de poder.

Já estive no Afeganistão.
A situação neste país, que origina mais de 90% da heroína disponível no mercado mundial (e na Europa em particular) e onde a ausência de Estado, lei e direitos humanos criou um ambiente acolhedor para organizações terroristas e criminosas com alcance global, constitui indubitavelmente um perigo para a segurança global - e por isso também portuguesa.
A estabilização, a reconstrução e o desenvolvimento do Afeganistão é por isso do interesse nacional.
Tropas não chegam. E é por isso que a União Europeia é um dos maiores dadores de ajuda ao desenvolvimento para o Afeganistão, embora durante a Administração Bush se tenha resignado a não contribuir para a orientação estratégica da presença internacional no país. Mas não é possível construir escolas, estradas e hospitais sem proteger os internacionais e os locais que trabalham no terreno.
Parece-me que a nova estratégia flexível de Obama que assenta num reforço do contingente militar, mas também - e acima de tudo - numa abordagem regional que inclua o Paquistão, num novo ênfase no desenvolvimento, no erigir das instituições, e na protecção das populações, merece pelo menos o benefício da dúvida.
E os EUA agora estão mais abertos do que nunca para discutir alternativas e propostas europeias: por exemplo, recentemente, pela primeira vez, Javier Solana foi convidado pelo Secretário da Defesa Gates e pelo Chefe do Estado Maior Geral das Forças Armadas dos EUA, o Almirante Mike Mullen, para consultas sobre o Afeganistão. Pela primeira vez, o Comandante do Comando Central americano, o General David Petraeus, deslocou-se a Bruxelas para discutir o Afeganistão com o Comité Político e de Segurança da União Europeia.
A NATO e os EUA fizeram erros, e muitos, no Afeganistão. A solução é fazer melhor. Não é abandonar o Afeganistão à sua sorte. E não é apresentar uma falsa alternativa entre apoiar os países da CPLP e apoiar a estabilização do Afeganistão.
Já temos um estado falhado, negligenciado pela comunidade internacional, entregue à violência, à fome e ao fanatismo: chama-se Somália.

Quarta-feira, 15 de Abril de 2009
Quidquid latine dictum sit, altum videtur
 

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André

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« Responder #232 em: Maio 11, 2009, 09:05:11 pm »
Washington substitui comandante militar no Afeganistão



O General David McKiernan foi afastado do comando das operações norte-americanas no Afeganistão, sendo substituido pelo General Stanley McChrystal. McKiernan esteve menos de um ano no país, período marcado por avanços dos talibãs.

A informação foi avançada pelos media norte-americanos e pela BBC. Fonte do Pentágono justifica a escolha afirmando que «McChrystal tem um melhor conhecimento da natureza do conflito afegão».

Horas depois, o secretário da Defesa Robert Gates confirmou ter pedido o afastamento de McKiernan.

A mudança no comando das operações acontece quando Washington se prepara para aumentar o número de militares no terreno, ao mesmo tempo que enfrenta duras críticas dos aliados locais e da comunidade internacional pelo elevado número de vítimas civis em diversos ataques a alvos talibãs.

SOL

 

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P44

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« Responder #233 em: Maio 13, 2009, 05:02:36 pm »

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Taliban ganham terreno no Paquistão[/b]
Mapa desenhado pela BBC dá conta do crescimento do regime radical a Noroeste do Paquistão
Por: Redacção

Um mapa desenhado pela BBC sugere que apenas 38 por cento do Noroeste do Paquistão é totalmente controlado pelo Governo oficial. O quadro, baseado em pesquisa local e em dados fornecidos por correspondentes e fontes oficias, dá conta do forte crescimento Taliban.

No mapa constam os 24 distritos das Províncias Fronteiriças do Noroeste (NWFP) e as sete agências tribais e as seis regiões fronteiriças das Áreas Tribais Administradas pela Federação (FATA).

Segundo os dados do mapa, em 24 por cento da região o Governo civil não tem qualquer autoridade. Neste caso, os poderes administrativos foram tomados pelo regime Taliban, ou encontram-se em operações para afastar o regime radical.
Os restantes 38 por cento foram considerados ter presença permanentemente dos Taliban, onde estabeleceram bases, restringindo as actividades locais do Governo.

Nos três distritos da FATA e nos onze da NWFP, onde os Taliban começam a ganhar força, foram registados vários ataques em escolas de raparigas, em lojas de música, em esquadras de polícia e em edifícios governamentais.
Neste momento o Paquistão está comprometido numa ofensiva militar para contornar a situação de descontrolo.


http://diario.iol.pt/internacional/paqu ... -4073.html




The map illustrates the spreading strength of the Taleban in Pakistan's north-west, something both army and government officials have vowed to combat
BBC correspondent Barbara Plett

 :arrow: http://news.bbc.co.uk/2/hi/south_asia/8047504.stm
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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André

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« Responder #234 em: Maio 13, 2009, 05:13:31 pm »
Citação de: "P44"

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Taliban ganham terreno no Paquistão[/b]
Mapa desenhado pela BBC dá conta do crescimento do regime radical a Noroeste do Paquistão
Por: Redacção

Um mapa desenhado pela BBC sugere que apenas 38 por cento do Noroeste do Paquistão é totalmente controlado pelo Governo oficial. O quadro, baseado em pesquisa local e em dados fornecidos por correspondentes e fontes oficias, dá conta do forte crescimento Taliban.

No mapa constam os 24 distritos das Províncias Fronteiriças do Noroeste (NWFP) e as sete agências tribais e as seis regiões fronteiriças das Áreas Tribais Administradas pela Federação (FATA).

Segundo os dados do mapa, em 24 por cento da região o Governo civil não tem qualquer autoridade. Neste caso, os poderes administrativos foram tomados pelo regime Taliban, ou encontram-se em operações para afastar o regime radical.
Os restantes 38 por cento foram considerados ter presença permanentemente dos Taliban, onde estabeleceram bases, restringindo as actividades locais do Governo.

Nos três distritos da FATA e nos onze da NWFP, onde os Taliban começam a ganhar força, foram registados vários ataques em escolas de raparigas, em lojas de música, em esquadras de polícia e em edifícios governamentais.
Neste momento o Paquistão está comprometido numa ofensiva militar para contornar a situação de descontrolo.

http://diario.iol.pt/internacional/paqu ... -4073.html




The map illustrates the spreading strength of the Taleban in Pakistan's north-west, something both army and government officials have vowed to combat
BBC correspondent Barbara Plett

 :arrow: http://www.forumdefesa.com/forum/viewto ... 5&start=45

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André

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« Responder #235 em: Junho 23, 2009, 02:34:54 pm »
Tropas britânicas lançam gigantesca ofensiva em Helmand


As tropas britânicas lançaram na província de Helmand, reduto taliban no sul do Afeganistão, «uma das maiores operações aéreas dos tempos modernos», afirmou hoje o comando militar da NATO.

Segundo um comunicado da Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf), missão militar comandada pela Aliança Atlântica, cerca de 500 soldados participam no «maciço ataque aéreo».

As tropas norte-americanas, que actuam paralelamente à Isaf, participam nos ataques. Desde sexta-feira, cerca de 350 soldados britânicos, apoiados por 13 helicópteros de combate e aviões não tripulados, enfrentam talibãs no distrito de Babaji, a norte da capital de Helmand.

Muitos deles combatem com artilharia pesada, enquanto outros são peritos em explosivos improvisados, uma das armas mais usadas pelos talibãs, juntamente com os lança-granadas e as armas automáticas.

No total, 500 militares das tropas internacionais participam na ofensiva, que, segundo a NATO, já recuperou o controlo de vários pontos estratégicos de Babaji, apesar dos ataques talibãs.

«Foi uma grande operação de ataque aéreo com um grande número de helicópteros do Reino Unido e dos Estados Unidos. Encontrámos resistência, mas conseguimos estabelecer-nos firmemente na área», refere a nota da NATO.

Segundo a organização, segunda-feira os soldados apreenderam 1,3 toneladas de heroína e vários explosivos num abrigo de rebeldes na região.

O tenente-coronel Nick Richardson, porta-voz da Isaf, admitiu que a operação só foi possível graças ao envio de mais tropas norte-americanas para a instável província de Helmand.

Lusa

 

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Cabecinhas

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« Responder #236 em: Julho 07, 2009, 07:14:34 pm »
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Aos poucos, as caras dos militares em missão aqui em Cabul vão-se tornando familiares. Ontem, depois de um fim-de-semana a dormir no aquartelamento de KAIA-Sul, junto ao aeroporto internacional, voltei a Camp Warehouse, onde os portugueses se tornaram populares entre as outras tropas, pela sua atitude aberta e descontraída.

Camp Warehouse é um dos principais aquartelamentos da NATO no Afeganistão. O país, que tem neste momento quase 100 mil soldados deslocados da América, da Europa e da Austrália, está dividido em cinco regiões militares: norte, sul, oeste, este e a capital. O Comando Regional da Capital tem o seu quartel-general precisamente em Camp Warehouse, a 12 quilómetros do centro da cidade, e é coordenado pelos franceses, que em Novembro vão passar o testemunho às tropas turcas.

O velho armazém onde estão alojados 57 dos 67 homens dos três ramos das forças armadas em Camp Warehouse não tem as condições dos contentores de KAIA-Sul, onde há mais 16 portugueses, mas o ambiente é de grande camaradagem e a comida é boa (hoje havia borrego e arroz de feijão ao almoço).
Um bar concorrido

A missão tem, além disso, um trunfo: aquele que é provavelmente o melhor bar do aquartelamento, um edifício à parte, do outro lado da rua principal e construído de raiz em tijolo burro, onde a cerveja é vendida a 60 cêntimos. Simplesmente conhecido como o bar de Portugal, foi herdado em 2005 das tropas espanholas e está bem arranjado, com um antigo autocarro transformado numa zona de sofás.

Apesar de estar associado a um acontecimento trágico (mais de 60 espanhóis que cá estavam morreram ao regressar a casa, quando o Hércules C-130 em que seguiam se despenhou na Turquia), o bar é procurado por tropas de outros países, que preferem vir aqui passar uma ou duas horas depois do jantar, em vez de ficarem fechados nos seus redutos. Todas as noites aparece um punhado de legionários franceses, trazidos pelos seus colegas que são filhos de imigrantes portugueses.

Há claramente dois tipos de homens entre as tropas portuguesas no Afeganistão: os mais velhos e experientes (o ajudante António Sousa já está na sua quinta missão no país, desde 2005, por exemplo) e os mais novos e aguerridos, quase todos eles Comandos.
Comandos barbudos

É interessante ver as diferenças. Os Comandos tomam conta, na prática, da protection force da unidade. Meia dúzia deles não fazem a barba há dois ou três meses e vão ficando parecidos com os afegãos. Estão a adaptar-se ao território e o aspecto faz parte dessa adaptação, lembrando as longas barbas que os navegadores portugueses usavam nos séculos XV e XVI quando vieram para a Ásia.

São eles que andam com os Hummers comprados aos americanos sempre que é preciso sair para qualquer lado. Cada Hummer tem uma equipa mínima de quatro homens, armados com as míticas metralhadoras G3: o condutor, o apontador (que vai no tejadilho de arma pronta a disparar), um operacional preparado para sair a qualquer momento e um chefe de viatura, que coordena e dá as ordens.

Tenho assistido aos briefings de planeamento dados pelos sargentos Costa (baixo e sólido) e Castro (alto e esguio) e as viagens são planeadas ao detalhe: além do percurso a fazer, são estudadas alternativas no caso de acontecer algum imprevisto, e faz-se o relato das últimas ameaças de ataques bombistas fornecidas pelos serviços de informação da ISAF (nome que a NATO deu à força multinacional no Afeganistão).
Pilotos de rali

Na meia dúzia de viagens que já fiz com os Comandos, noto que têm uma condução agressiva, não deixando que nenhum carro civil se meta pelo meio ou se aproxime. Uma das técnicas mais mortíferas que os talibãs e outros insurgentes utilizam - o carro-bomba - só consegue ser evitada assim, com condutores capazes de fazer verdadeiras corridas de rali com veículos de combate.

"Os nossos rapazes têm um grande espírito de sacrifício, estão preparados para tudo e vão até onde for preciso", diz-me um dos oficiais. Alguns deles confessam que a vontade que tinham era estar neste momento no sul do país, nas províncias de Kandahar e Helmand, onde milhares de tropas americanas, inglesas e canadianas da coligação (uma estrutura paralela à ISAF) combatem na frente contra os talibãs.

Ontem, os rapazes receberam a visita do ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, que aterrou em KAIA para um périplo de poucas horas por Cabul. A seguir a um almoço com o seu congénere afegão e de reuniões com o representante especial da ONU e o delegado da União Europeia, Amado fez questão de vir ao bar, surpreendendo as tropas com uma revelação: "Tenho um primo afastado entre vocês". Ninguém sabia.
Respeitados pelos afegãos

O homem em causa, o primeiro sargento dos Comandos Alexandre Rosa, é um dos homens mais experientes da missão, tendo estado em combate no sul em 2006, quando as forças especiais portuguesas tinham uma Quick Reaction Force (QRF) e chegaram a ter confrontos directos com os talibãs, perdendo um homem pelo caminho (o segundo cabo Roma Pereira, morto por uma bomba em 2005).

Actualmente afastado da frente da batalha, o sargento Rosa faz parte de um objectivo tão ou mais importante do que estar em Kandahar, dando formação a altas patentes da divisão de Cabul do exército afegão, que conta já com 600 homens e que nos últimos meses aprenderam a respeitar os seus mentores portugueses, pelo trato simples e próximo com que lidam com eles.

A estratégia definida por Barack Obama para a presença americana no território - e que se estende às outras forças da NATO - é reforçar a segurança no país enquanto o exército e a polícia afegã se preparam para tomarem conta, no futuro, do seu próprio país.

Com a perspectiva de uma duplicação de tropas portugueses nos próximos seis meses, Luís Amado partiu estendendo a sua relação familiar a todos os que cá estão, chamando-os a todos seus familiares também. E, de repente, os rapazes ganharam uma alcunha: os primos de Cabul.
Um galego é um português que se rendeu ou será que um português é um galego que não se rendeu?
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Rui F.

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« Responder #237 em: Julho 09, 2009, 10:20:39 pm »
Defesa: Conselho Superior de Defesa Nacional aprovou envio de companhia para o Afeganistão em 2010

O Conselho Superior de Defesa Nacional aprovou hoje o reforço da presença militar portuguesa no Afeganistão, com o envio de uma companhia de cerca 150 homens em 2010, além dos 40 militares e um C-130 que seguirão nas próximas semanas.

"No quadro da nova estratégia da NATO para o Afeganistão, o Conselho deu parecer favorável ao reforço da contribuição nacional, para o ano de 2010, com uma força de escalão companhia, análoga à que operou naquele teatro entre Agosto de 2005 e Julho de 2008", é referido numa nota informativa lida pelo general Goulão de Melo, no final da reunião da reunião do Conselho Superior de Defesa Nacional.

Além disso, o Conselho deu também parecer favorável à proposta do Governo, "para empenhamento, por um período de três meses, de um Destacamento de Força Aérea, constituído por uma aeronave C130 e cerca de 40 militares".

Agência Lusa
 

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dannymu

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« Responder #238 em: Julho 09, 2009, 10:38:01 pm »
Citação de: "Rui F."
Defesa: Conselho Superior de Defesa Nacional aprovou envio de companhia para o Afeganistão em 2010

O Conselho Superior de Defesa Nacional aprovou hoje o reforço da presença militar portuguesa no Afeganistão, com o envio de uma companhia de cerca 150 homens em 2010, além dos 40 militares e um C-130 que seguirão nas próximas semanas.

"No quadro da nova estratégia da NATO para o Afeganistão, o Conselho deu parecer favorável ao reforço da contribuição nacional, para o ano de 2010, com uma força de escalão companhia, análoga à que operou naquele teatro entre Agosto de 2005 e Julho de 2008", é referido numa nota informativa lida pelo general Goulão de Melo, no final da reunião da reunião do Conselho Superior de Defesa Nacional.

Além disso, o Conselho deu também parecer favorável à proposta do Governo, "para empenhamento, por um período de três meses, de um Destacamento de Força Aérea, constituído por uma aeronave C130 e cerca de 40 militares".

Agência Lusa


Eu concordo que se participe activamente no Afeganistão. Só não concordo é com a missão na UNIFIL e na KFOR no Kosovo.

E a notícia dá-me a ideia de que Comandos e Pára-Quedistas serão destacados para o Afeganistão em 2010, o que não me surpreenderia pois os militares da BRR são os que são melhor treinados e equipados. Será que alguém com mais conhecimentos podia-me confirmar isso?
 

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André

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« Responder #239 em: Julho 10, 2009, 01:41:27 pm »
Afastar insurgentes no sul vai ser um longo processo, diz general McChrystal




O general norte-americano Stanley McChrystal, chefe das forças internacionais no Afeganistão, disse hoje à Lusa em Cabul estar preparado contra eventuais perturbações ao processo eleitoral e que a campanha militar no sul «é um longo e difícil processo»

As operações no sul do Afeganistão envolvem 4 000 militares norte-americanos, canadianos e britânicos das Forças Internacionais de Assistência à Segurança (ISAF) numa campanha difícil e que, segundo o general McChrystal, pode ser longa porque é difícil afastar os «insurgentes» da população civil.

«A situação no sul é difícil. Nós estamos a avançar e penso que estamos a fazer progressos, mas vai ser um longo e difícil processo afastar os insurgentes da população. Creio que a população aprecia o que estamos a fazer», disse o general após a cerimónia militar de passagem de comando do Comando Central Regional (RCC) no aquartelamento de «Camp Warehouse» em Cabul.

Para o general McChrystal, são previsíveis perturbações durante as eleições presidenciais de 20 de Agosto, cuja campanha começa no dia 16 de Julho. A ISAF, em conjunto com as autoridades afegãs, vai garantir a segurança do processo.

«As eleições são muito importantes para o povo afegão. Eu penso que os insurgentes vão tentar perturbar o processo e tentar afastar dos afegãos o direito ao voto, e o direito que têm sobre a escolha do seu futuro», afirmou.

«Nós trabalhamos em conjunto com o Governo afegão e com a comunidade internacional para garantirmos a segurança para que as pessoas tenham liberdade para se deslocarem às assembleias de voto e votarem para a liderança do país», disse à Lusa o comandante da ISAF, que não se referiu ao eventual aumento do número de tropas estrangeiras.

«Eu não fiz nenhum pedido neste momento. Estamos neste momento a proceder a análises estratégicas e só depois tomaremos decisões sobre o que vamos pedir», concluiu o general Stanley McChrystal.

O brigadeiro-general Solsteiner do Exército Francês, até hoje responsável pelo Comando Regional da Capital, foi rendido hoje pelo brigadeiro-general Maciel Druart, que disse à agência Lusa que a principal preocupação são as eleições presidenciais de 20 de Agosto.

«A minha principal preocupação são as eleições. É assegurar as condições para as eleições. Neste momento é a minha única preocupação, que as eleições decorram da melhor forma possível», disse o novo comandante do RCC, general Druart, da Brigada de Infantaria de Montanha, também do Exército francês.

Na cerimónia militar de transferência de comando esteve presente a OMLT (Operational Mentor Liasion Team) de guarnição portuguesa, comandada pelo tenente-coronel Costa Santos.

Portugal tem actualmente um contingente de 102 militares nas Forças Internacionais de Assistência à Segurança no Afeganistão.

O Conselho Superior de Defesa Nacional aprovou quinta-feira o reforço da presença militar portuguesa no Afeganistão, com o envio de uma companhia de cerca 150 homens em 2010, bem como de 40 militares e um C-130 que seguirão nas próximas semanas.

Lusa