12:38 - Futebol - FC Porto
Decisão do Júri de Apelo da UEFA não afasta definitivamente o FC Porto da Liga dos Campeões
A decisão a tomar amanhã pelo Júri de Apelo da UEFA, caso confirme a da Comissão de Controlo e Disciplina, que exclui o FC Porto da próxima Liga dos Campeões, não afasta definitivamente os tricampeões nacionais da principal prova europeia, dado que poderão recorrer para o Tribunal Arbitral e, certamente, fá-lo-ão. O exaustivo trabalho de casa está feito e foi entregue ontem, a tempo de os elementos do órgão da UEFA analisarem mais cuidadosamente os argumentos dos dragões, que vão ver Guimarães e Benfica também esgrimir os seus. Uma vez que ambos os clubes são parte interessada na eventual sanção aos portistas - o Benfica disputaria a terceira pré-eliminatória, e o Guimarães teria acesso directo à prova -, a UEFA convidou-os a participar, "na qualidade de parte", no recurso interposto pelo FC porto. O assessor jurídico da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), João Leal, também foi convocado para prestar esclarecimentos durante a manhã. A decisão final deve ser conhecida ao início da tarde. A defesa dos dragões, nos últimos dias completada com advogados suíços habituados a lidar com questões da UEFA, está entregue ao administrador da SAD Adelino Caldeira, responsável da equipa jurídica que tem delineado a estratégia do clube no processo desportivo “Apito Final”, que derivou do civil “Apito Dourado”. A estratégia do FC Porto assentará basicamente na tese de que não pode ser aplicada retroactividade a uma norma que entrou em vigor em Janeiro de 2007 e na comparação deste caso com o da Juventus alvo de sanção idêntica em Itália (calciocaos), sem que lhe tenha sido imposta qualquer sanção pela UEFA. Os tricampeões portugueses alegam ainda que, apesar de não terem apresentado recurso da decisão da Comissão Disciplinar (CD) da Liga (dedução de seis pontos por tentativa de corrupção), o acórdão não transitou em julgado. O FC Porto argumenta que o seu presidente, Jorge Nuno Pinto da Costa, suspenso por dois anos pela CD como autor material de dois casos de tentativa de corrupção a árbitros, recorreu para o Conselho de Justiça da federação e uma eventual decisão a seu favor deverá obrigar à reapreciação do processo relativo ao clube. A ilegalidade da utilização de escutas em processos disciplinares é o derradeiro grande argumento apresentado. Caso não consiga revogar a decisão da UEFA, o FC Porto pode ainda recorrer para o Tribunal Arbitral do Desporto. A confirmar-se a exclusão da Liga dos Campeões, os dragões sofrem importantes perdas de receitas, resultante da participação na prova, bilheteira e apoio dos grandes patrocinadores, que dificilmente poderão manter o nível de apoio financeiro. O plantel também ficará desvalorizado face à ausência da grande montra internacional que é a Liga milionária, e os principais jogadores poderão sentir maior pressão para sair, com o clube a perder margem negocial. O rombo no prestígio internacional terá um valor incalculável, mas, no plano financeiro, o FC Porto pode perder o encaixe mínimo de 8,4 milhões de euros, o que significa um quebra de 15 por cento nas receitas no orçamento estimado para a próxima época. Sexta-feira está em causa a sanção aplicada pela UEFA a 4 de Junho por alegada implicação do tricampeão português em casos de corrupção de árbitros na Liga portuguesa de 2003/04. A alínea d) do ponto 1.04 do Regulamento de Competições da "Champions" determina que cada clube participante "não pode estar ou ter estado envolvido em qualquer actividade destinada a viciar ou influenciar o resultado de um jogo, a nível nacional ou internacional".
Fonte:O Jogo