Comandos portugueses regressam ao Afeganistão
Os militares portugueses preparam-se para cumprir no Afeganistão uma missão inserida num contexto marcado pela perspectiva de negociações com os talibãs e uma eventual retirada das forças internacionais.
O contingente militar português vai assumir no teatro afegão a função de Força de Reacção Rápida (QRF - Quick Reaction Force) que o Exército português assegurou no mesmo teatro entre 2006 e o verão de 2008.
A FND (Força Nacional Destacada) é constituída pela 2ª Companhia de Comandos, apoiada por um Destacamento de apoio e Serviços e por uma estrutura de TACP (controlo aéreo táctico), num total de 162 militares. A força será rendida ao cabo de seis meses de missão.
Um primeiro grupo de duas dezenas de militares parte para Cabul entre a primeira e a segunda semana de Fevereiro com a incumbência de preparar a logística da missão e estabelecer os primeiros contactos com as estruturas locais.
O grosso da força deverá partir para o Afeganistão no decorrer da segunda metade de Fevereiro.
O contingente português vai ficar baseado em Camp Warehouse, a uma dezena de quilómetros da capital afegã, a base que acolheu a QRF portuguesa até Agosto de 2008.
A preparação da força, que decorreu nos últimos seis meses no Alentejo e nas instalações militares na serra da Carregueira, vai ser rematada em Cabul por um período de adaptação ao teatro afegão, incluindo treino com armamento específico, reconhecimento aéreo e exercícios conjuntos com outras unidades das Forças Internacionais de Assistência à Segurança (ISAF, na sigla em inglês).
A missão da força portuguesa é semelhante à dos contingentes que a antecederam na função de Quick Reaction Force, mas actuará sob a alçada directa do Comando Regional Capital (RCC), que cobre a região de Cabul.
O tenente-coronel Pedro Soares, um veterano do teatro afegão, onde cumpriu já duas missões, explica que as alterações na cadeia de comando não vão modificar as funções da missão.
«A mudança prende-se com ajustamentos no organograma da própria ISAF. Antes actuávamos sob a alçada do comandante da ISAF. Estávamos disponíveis para actuar em qualquer ponto do território, mas na maior parte do tempo fazíamos patrulhas na área de Cabul. Desta vez vamos actuar sob a alçada do RCC e vamos operar fundamentalmente em Cabul, mas continuando disponíveis para actuar em qualquer ponto do teatro afegão».
A missão portuguesa acontece numa fase crítica do conflito, nos planos militar e político, e marcada pela perspectiva de uma próxima retirada das forças ocidentais.
A missão exige por isso «cuidados redobrados» - alerta ainda o tenente-coronel Pedro Soares, já com duas missões cumpridas no teatro afegão.
«Todas as forças em teatro (incluindo os talibã) perceberam que em breve as forças ocidentais vão sair do Afeganistão, e todas se preparam para agarrar o seu quinhão. Mesmo grupos com pouca expressão vão querer marcar posição e marcar pontos para aparecerem em posição de força quando chegar a altura das negociações. Os riscos de ataques vão, por isso, ser maiores», referiu.
Lusa