Resta saber se querem essa Marinha toda escrita acima pelo DC.
Estou certo de que a maioria das pessoas aqui, eu incluido, gostaria que as ideias do dc pudessem ser postas em prática.
O problema, é que em muitos casos, tropaçam com uma realidade que não pode ser esquecida.
A ideia de que podemos reduzir custos utilizando os estaleiros que não temos, e que criando mais estruturas pesadas para a construção de uns quantos navios, não procede.
Dei alguns exemplos...
A verdade é que nós não temos tradição de construção naval autónoma, desde que deixámos de construir navios à vela.
A primeira grande demonstração disto, foi já durante o ultimatum britânico, em que andámos a fazer subscrições publicas para comprar navios, porque não tinhamos como os construir em Portugal.
Depois andámos a enganar-nos com navios montados em Portugal, com todos os componentes importados de Inglaterra.
Continuámos com as Pereira da Silva, que tentámos montar em Portugal e que foram um fiasco.
Tal foi o fiasco, que as João Belo vieram da França e as corvetas vieram da Alemanha e da Espanha.
Os Navios de Patrulha Oceânica, apareceram inicialmente como uma hipótese, mas rapidamente resultaram em muito pouco e a montanha pariu um rato. Dos 12 navios, construiram-se quatro num quarto de século.
E os NPO são basicamente traineiras. Estáveis, com boas qualidades para mar alto (se não começarem a agregar-lhes coisas) mas não são navios de ponta.
Quantos navios militares é que Portugal conseguiu vender nos últimos 50 anos ?
A ideia de reduzir custos, criando estruturas do nada apenas para construir navios, não procede.
Fica muito, mas muito mais barato construir os navios na Turquia ou mesmo na Bulgaria e depois tentar acaba-los em Portugal...
Mas mesmo aí, tenho dúvidas, já que a maioria dos sistemas adicionais, vão ser estrangeiros...
Acho que dentro da Marinha muitos querem é uma marinhazinha levezinha de responsabilidades e turística para ter contactos no sul onde passar umas férias
É uma realidade que não é de agora. A representação diplomática, tem muitas vezes destas coisas.
A conversa do dinheiro é redundante
É reduntante, porque até ao dia de hoje, ainda ninguém explicou como é que se fazem omoletes sem ovos.
Não podemos insistir em que podemos levar a familia toda a jantar ao restaurante, quando temos apenas uma nota de 10 Euros no bolso.
Não adianta dizer que isso não conta ...
Não adianta dizer que o dinheiro não é problema ...
Quando chegar ao restaurante,
vai ter que pagar, ou então vai ter que pedir o dinheiro emprestado.Os custos para este tipo de investimentos, só podem resultar de um programa de construção de emergência.
Tal programa não pode existir sem que Portugal se endivide e muito.
A União Europeia - não sei se as pessoas esqueceram - tem que aprovar os orçamentos de estado.
A acreditar no que a Comunicação Social tem dito, a questão estará em estudo e só as recentes eleições e a confusão decorrente das mudanças de cadeiras em Bruxelas, estão a atrasar tudo.
Sem a UE, autorizar a emissão de dívida para este tipo de fins, nós podemos ficar aqui a discutir o sexo dos anjos até à eternidade.
E quando a UE decidir que os estados puderem emitir divida, vai seguramente meter o bedelho em todas as compras militares que aumentem de forma dramática o deficit.
Eu diria (e estou a fazer conjeturas) que as ideias sobre aquisições mais recentes, estão a ter esta realidade em consideração .
Não adianta matar o mensageiro, a realidade, não muda um centimetro ...