Revolta no Mundo Árabe

  • 864 Respostas
  • 197538 Visualizações
*

HSMW

  • Moderador Global
  • *****
  • 12963
  • Recebeu: 3333 vez(es)
  • Enviou: 7954 vez(es)
  • +1224/-2042
    • http://youtube.com/HSMW
Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #405 em: Dezembro 16, 2012, 09:52:00 pm »
A mesma operação vista de dois lados opostos em Daraya.

Exército Sírio.
https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

"Tudo pela Nação, nada contra a Nação."
 

*

Lusitano89

  • Investigador
  • *****
  • 26028
  • Recebeu: 3471 vez(es)
  • Enviou: 269 vez(es)
  • +1818/-1737
Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #406 em: Dezembro 18, 2012, 06:29:03 pm »
Rússia prepara-se para retirar cidadãos da Síria com navios


O governo russo enviou navios de guerra para o Mar Mediterrâneo para o caso de ter que retirar cidadãos da Síria, noticiou hoje a agência de notícias Interfax. No que pareceu ser o mais claro sinal até agora de que a Rússia está a fazer preparativos firmes para uma possível retirada, cinco navios, incluindo dois de ataque, um petroleiro e um de escolta, deixaram um porto do Mar Báltico na segunda-feira, segundo uma fonte da Marinha russa.

Os navios seguiram para o Mediterrâneo e podem permanecer ali por um período indeterminado, relatou a Interfax. «Eles estão a caminho da costa da Síria para ajudar uma possível retirada de cidadãos russos... Os preparativos foram realizados à pressa e eram fortemente confidenciais», afirmou a fonte, segundo a agência.

O Ministério da Defesa escusou-se a comentar, mas indicou em comunicado que três navios partiram para a região para realizar «actividades para proteger embarcações civis».

Não ficou claro se este é o mesmo grupo de navios a que a fonte se referiu, ou se outro grupo enviado para oferecer proteção a qualquer operação envolvendo a Síria.

O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Mikhail Bogdanov, disse na semana passada que considerava possível que os opositores do ditador sírio, Bashar Assad, ganhassem o confronto e que a Rússia estava a estudar preparativos para uma possível retirada.

Moscovo é o maior fornecedor de armas da Síria e tem-se mantido um aliado fiel a Assad durante a revolta de 21 meses, tendo-o já protegido de três resoluções consecutivas da ONU destinadas a pressioná-lo.

Lusa
 

*

Lusitano89

  • Investigador
  • *****
  • 26028
  • Recebeu: 3471 vez(es)
  • Enviou: 269 vez(es)
  • +1818/-1737
Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #407 em: Dezembro 22, 2012, 05:12:36 pm »
Que desfecho pode ter o conflito sírio ?
Alexandre Reis Rodrigues




Lakhdar Brahimi, enviado especial das Nações Unidas e da Liga Árabe, já alertou para a possibilidade de a Síria se tornar num estado falhado. Entre esse desfecho e a possibilidade de um governo de maioria sunita, Assad pode muito bem optar pela primeira hipótese, como o mal menor.

Ao desistir de exercer qualquer controlo sobre a região a norte, que os curdos dominam com ambições separatistas que colidem com os objetivos da oposição, pode ter dado o primeiro passo nesse sentido. Aliás, também quase abandonou a região leste, onde o Exército Livre da Síria controla várias cidades, os campos petrolíferos da província de Deir el-Zour e tomou diversas bases militares. É a solução de “balcanização”, para garantir um enclave aluita ao longo da costa, como forma de, em desespero, assegurar a sobrevivência da minoria que tem apoiado o regime. Poderão estar envolvidos, sob esta perspetiva, cerca de 500.000 pessoas. A composição muito fragmentada da população síria, em termos étnicos e religiosos, facilita este desfecho.

A alternativa de abandono do País com a entrega do poder a um Governo de Transição, como o Ocidente lhe exige, é uma hipótese que pode estar em preparação, conforme alguns rumores vindos a público relacionando uma digressão do vice-ministro dos Negócios Estrangeiros sírio pela América Latina, com visitas ao Equador, Cuba e Venezuela, com possível pedido de asilo. Assad terá bem presente o que sucedeu anteriormente a outros ditadores que optaram por ficar para lutar (Saddam Hussein e a Khadafi). A sua saída, porém, enfrenta duas dificuldades.

Primeira dificuldade. Não é provável que Assad abandone o poder sem garantia de imunidade, um compromisso que o Ocidente não tem dado sinal de querer anuir, por entender que tem que “pagar” pelas atrocidades que tem cometido contra o seu próprio povo.

Segunda dificuldade. O seu círculo próximo não o deixará retirar-se sem garantias de idêntica imunidade e a obtenção de um compromisso de que a comunidade aluita e outras minorias que apoiaram o regime serão poupadas. Trata-se de uma luta pela sobrevivência de uma comunidade e não apenas pela do seu líder; esta circunstância transforma radicalmente a natureza do conflito e torna muito mais complexo encontrar uma saída.

Não se vê quem possa responder por este último compromisso. Ao fim de quase dois anos de um conflito extremamente feroz que fez 40.000 mortos, não parece haver espaço para uma reconciliação nacional nem para um clima de confiança que permita ter fundada esperança que não haverá “ajuste de contas” da oposição com a minoria que tem governado o País.

O fim de Assad, em que alguns vêm a solução da crise, é uma condição necessária para o fim da violência mas não é condição suficiente. Assad já não governa o País. Na verdade, nem consegue garantir a segurança na capital e no aeroporto internacional que serve Damasco. É apenas como que o principal “senhor da guerra” num país em guerra civil. Levou o seu País a um ponto em que as perspetivas de uma transição minimamente segura é algo em que ninguém acredita ser possível. Nem mesmo Moscovo que intensificou os preparativos de recolha de algumas dezenas de milhares de cidadãos russos que lá vivem, tendo deslocado navios de guerra para a área.

A oposição conseguiu, recentemente, algum progresso agrupando-se numa coligação (“National Coalition of Syrian Revolucionary and Opposition Forces”) mas não conseguiu identificar um líder que pudesse assumir as funções de primeiro-ministro nem a constituição de um governo provisório. É difícil imaginar que reúna condições para liderar um processo de transição para uma democracia. Um fim razoável para este conflito não parece ser possível. A região vai passar a viver com mais um foco de grave instabilidade em que as várias potências com pretensões de liderança regional se vão confrontar indiretamente.

O principal braço armado da oposição (“Free Syrian Army”) passou a ter um comando unificado mas esse progresso, embora importante, não garante por si só que o cenário de lutas entre fações para a conquista do poder, depois de vencido o inimigo comum, tenha sido posto de lado. O mais difícil será integrar grupos ligados ao islamismo radical e próximos da al Qaeda. Um dos que mais têm contribuído, no terreno, para a queda do regime – o grupo “Jabhat al-Nusra” – criou a reputação de não cuidar de evitar danos colaterais e foi excluído da estrutura do “Free Syrian Army” e da liderança política da oposição. Tem uma agenda política própria que visa um governo baseado na “sharia” que transcende o derrube do atual regime.

Tem-se falado ultimamente na possibilidade de o regime, em desespero de causa, usar o seu poderoso arsenal de armas químicas contra as forças da oposição, o que já deu origem aos mais sérios alertas, designadamente por parte dos EUA, que classificou essa possibilidade como um «trágico erro que terá consequências». Embora pareça estar confirmado que tem havido preparativos para o eventual uso dessas armas, a sua efetiva utilização não faria sentido por vários motivos. Iria isolar e condenar ainda mais o regime e, certamente, justificar uma intervenção militar externa que apressaria o seu fim; seria uma espécie de suicídio. Não chegaria também para parar a oposição que atua primariamente em áreas urbanas, onde essas armas perdem grande parte da sua eficácia.

Assad talvez esteja apenas a tentar deixar transparecer essa possibilidade para negociar uma saída. Se assim for tratar-se-á de uma espécie de “acto final”; se não for será a entrada do conflito numa nova fase cujo desfecho será certamente ainda mais desastroso.

Jornal Defesa
 

*

Lusitano89

  • Investigador
  • *****
  • 26028
  • Recebeu: 3471 vez(es)
  • Enviou: 269 vez(es)
  • +1818/-1737
Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #408 em: Dezembro 23, 2012, 01:55:19 am »
Moscovo "não convidará Assad" para se refugiar na Rússia


O ministro russo dos Negócios Estrangeiros afirmou, em declarações divulgadas hoje, que Moscovo apreciará que um qualquer país ofereça asilo ao presidente sírio, Bashar al Assad, mas deixou claro que a Rússia não o fará, caso Assad deixe o poder.

A Rússia tem usado reiteradamente o seu direito de veto, a par da China, no Conselho de Segurança das Nações Unida para proteger o seu aliado da imposição de sanções internacionais, mas tem-se afastado progressivamente do Presidente sírio à medida que a guerra civil no país se torna mais sangrenta.

As declarações de Sergei Lavrov divulgadas hoje por agências internacionais foram proferidas a bordo de um avião, no regresso do chefe da diplomacia russa a Moscovo depois de participar quinta e sexta-feira em Bruxelas na cimeira UE-Russia.

Lavrov indicou que países na região - que não identificou - pediram à Rússia para transmitir a Assad a oferta de asilo.

Questionado sobre se Moscovo poderá vir a oferecer refúgio ao líder sírio, Lavrov respondeu que "a Rússia afirmou publicamente que não convidará o presidente Assad". "Se houver alguém disposto a dar-lhe garantias, é bem-vindo", afirmou.

Lavrov indicou ainda que o governo sírio reuniu o seu arsenal químico em um ou dois locais, de vários no país onde tinha espalhado estas armas, para o manter a salvo de cair nas mãos dos rebeldes.

"De acordo com a informação que temos, assim como segundo as informações dos serviços secretos norte-americanos e europeus, o governo [sírio] está a fazer tudo para garantir a sua segurança", disse Lavrov. "O governo sírio concentrou o arsenal em um ou dois centros, ao contrário do passado, em que as armas estavam espalhadas pelo país", acrescentou.

Os serviços de informações norte-americanos estão convencidos de que o regime de Assad está a aprontar armas químicas e, de acordo com a AP, pode estar suficientemente desesperado para considerar a hipótese de as usar.

Por outro lado, tanto Israel como os Estados Unidos expressaram publicamente a preocupação de que as armas possam cair nas mãos de militantes se o regime sucumbir.

Lavrov não deu qualquer indicação de que Moscovo possa vir a mudar de posição relativamente à imposição de sanções à Síria. Em vez disso, criticou o ocidente por não conseguir fazer sentar a oposição à mesa das negociações de paz com o governo sírio, afirmando que "a cabeça do presidente sírio é mais importante para eles do que salvarem vidas humanas".

O ministro acrescentou que o enviado das Nações Unidas para a Síria, Lakhdar Brahimi, visitará Moscovo para conversações antes do final do ano.

O conflito na Síria, que começou em março de 2011 como um levantamento popular contra o regime de Bashar Al-Assad e se transformou numa guerra civil, já provocou pelo menos 44 000 mortos.

Lusa
 

*

chaimites

  • 1663
  • Recebeu: 61 vez(es)
  • Enviou: 2 vez(es)
  • +10334/-0
Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #409 em: Dezembro 23, 2012, 04:19:16 pm »
"A necessidade faz o engenho"

Rebeldes Sirios constroem carrro de combate
 com  control de fogo playstation



 

*

Lusitano89

  • Investigador
  • *****
  • 26028
  • Recebeu: 3471 vez(es)
  • Enviou: 269 vez(es)
  • +1818/-1737
Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #410 em: Dezembro 24, 2012, 06:57:18 pm »
Ativistas e ONG acusam tropas sírias de terem utilizado gás desconhecido em Homs


Ativistas e o Observatório Sírio dos Direitos  Humanos (OSDH) acusaram hoje as tropas sírias de terem utilizado um gás  desconhecido até agora contra a rebelião em Homs (centro).

A OSDH cita ativistas na cidade que afirmam que seis rebeldes morreram  na noite de domingo para hoje no bairro de Khaldiyé depois de terem inalado  um gás inodoro disparado pelas forças governamentais.  

A organização não-governamental (ONG), que se apoia numa larga rede  de militantes e de médicos no terreno, fala de "um gás que se liberta sob  a forma de fumo branco quando as granadas chocam com uma superfície". "Poderá tratar-se de um gás nunca utilizado até agora, que provoca tonturas,  dores de cabeça e, nalguns caso, convulsões", adianta o OSDH.  

O diretor desta ONG, Rami Abdel Rahmane, afirmou à agência noticiosa  francesa AFP, por telefone, que "não se trata de uma arma química", embora  se desconheça se "é proibida a nível internacional ou não". "Os militantes afirmam que não se trata de uma arma convencional e é  a primeira vez que estes sintomas são relatados", disse ainda.  

O OSDH, sediado no Reino Unido, apelou à Cruz Vermelha Internacional  para enviar imediatamente uma equipa médica especializada a Homs, onde alguns  bairros estão cercados há seis meses pelo exército, para socorrer os feridos  e realizar um relatório sobre a utilização daquele gás.  

A rede de militantes antirregime dos Comités Locais de Coordenação (CLC)  denunciou igualmente a utilização pelo exército de "granadas com gás" em  Homs. "Este gás provoca graves dificuldades respiratórias e o retraimento  da íris", afirmam os CLC.  

Lusa
 

*

Lusitano89

  • Investigador
  • *****
  • 26028
  • Recebeu: 3471 vez(es)
  • Enviou: 269 vez(es)
  • +1818/-1737
Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #411 em: Dezembro 26, 2012, 10:03:30 pm »
O Egipto tem uma nova constituição. Terá também estabilidade ?
Alexandre Reis Rodrigues


Com a conclusão da segunda volta do referendo constitucional, o Presidente Morsi e a Irmandade Muçulmana conseguiram ver aprovada a nova constituição. Na primeira volta, tinham obtido 57% de votos a favor; terminaram o processo com 64% de aprovação. Não restam dúvidas de que, à semelhança das primeiras eleições legislativas, não lhes será difícil ganhar as que obrigatoriamente terão que se seguir à entrada em vigor da nova constituição. Isto é, não havendo surpresas (que ninguém espera), acabarão por ganhar tudo em que se submeteram ao voto popular.

No entanto, não obstante as sucessivas vitórias nas urnas, estes resultados não vão ser sinónimos de estabilidade. O País está muito dividido, com largos setores da população a considerarem que a constituição não reflete devidamente a composição da sociedade egípcia. No entanto, a oposição, embora recentemente reunida numa Frente de Salvação Nacional, não se mostra capaz de se organizar para ter expressão política útil. Prevendo que não conseguiria vencer o referendo, optou por tentar boicotá-lo, sem sucesso como se viu. O pior está para vir quando se tornar incontornável começar a cortar nos subsídios que têm amenizado as dificuldades económicas em que a população vive e for indispensável aumentar os impostos para pagar o empréstimo pedido ao FMI.

O Poder Judicial, com uma estrutura ainda dominada por nomeações feitas por Mubarack (o seu “último bastião”) e com um largo setor que se mostra muito crítico da Irmandade Muçulmana, demorará algum tempo a adaptar-se à nova situação e à provável perda de algumas prerrogativas que o anterior regime lhes concedia. Muito politizado, tem procurado interferir em todo o processo - obviamente para não facilitar a vida ao Presidente Morsi - aproveitando as ambiguidades e vazios resultantes da falta de uma constituição e dos diferendos iniciais de Morsi com o Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA). Só não se envolveu no processo de substituição da liderança do CSFA, que Morsi conseguiu conduzir com grande habilidade. Daqui para a frente terá que se conformar com o facto de que não lhe cabe fazer leis.

Os militares continuarão a ser a principal incógnita. De momento, parecem ter desistido de evitar, como fizeram durante quase um ano e meio, que o Egipto passasse a ter um governo civil, democraticamente eleito. A maioria dos observadores considera que se contentarão em controlar os desenvolvimentos políticos, em função dos resultados eleitorais, não se envolvendo no dia-a-dia da governação mas mantendo-se prontos para intervir se entenderem que a situação o exige. Sabendo que a Irmandade Muçulmana não terá dificuldades, pelo menos no curto prazo, em continuar a ganhar as eleições e tendo conseguido ver aceites e consagradas na constituição praticamente todas as suas exigências de autonomia, terão optado por tentar mostrar-se neutrais. Resta saber como interpretarão, na prática, a sua neutralidade se os protestos se agravarem e deixarem de ter hipótese de negociarem com o poder civil uma saída de qualquer eventual crise futura, como fizeram, entretanto, com o Presidente Morsi.

Presume-se que os militares estão a olhar cuidadosamente para as experiências por que passaram o Paquistão e a Turquia, quer na tentativa de fazer seguir o País para uma democracia com raízes islâmicas, quer no modelo adotado para as Forças Armadas, acautelando os erros que os outros cometeram. Ao contrário do que fizeram os militares turcos, que optaram pelo “confronto” com o Justice and Development Party, os egípcios procuram desenvolver uma relação de trabalho com a Irmandade Muçulmana. Neste aspeto, estarão a seguir a via adotada pelos generais paquistaneses que, em função da sua própria experiência, passaram derelação hostil para uma relação de cooperação com o Pakistan People’s Party. Se vão conseguir evitar todos os sobressaltos por que passou o relacionamento civil-militar no Paquistão, nas últimas três décadas, é algo muito incerto.

No entanto, como a Irmandade Muçulmana também precisa do apoio militar, o entendimento sobre uma fórmula que não afaste totalmente os militares da cena política, evitando o que aconteceu na Turquia, parece possível, pelo menos no curto prazo. Depois será, provavelmente, mais difícil até porque a situação de privilégio que os militares conseguiram manter - não fazendo sentido numa democracia - será contestada, mais tarde ou mais cedo; se não for pela Irmandade Muçulmana será pelos partidos liberais que, aliás, já se manifestaram nesse sentido. Os militares vão precisar destes partidos para equilibrar o seu relacionamento político.

Em qualquer caso, é bom ter presente que a questão egípcia nunca estará limitada às suas fronteiras. Estamos a falar de um país que é geralmente considerado como o centro do mundo árabe e o equilíbrio precário em que toda a região se encontra não está imune ao que suceder no seu interior. Qualquer alteração da política interna egípcia, com reflexos nas relações exteriores, precisa de ser cuidadosamente gerida, em particular se alterar o relacionamento com os EUA e levantar interrogações sobre o acordo de paz com Israel.

Por um lado, algum distanciamento em relação a Washington é já patente; por outro lado, o tema Israel, tal como tem estado abordado desde o tempo de Sadat, não é consensual, principalmente agora que a Irmandade Muçulmana chegou ao poder. Neste segundo ponto, os militares não vão permitir “tocar”; no primeiro, vai imperar, pelo menos para já, a dependência em que o Egipto se encontra para evitar o colapso financeiro e poder continuar a receber ajuda militar. Estas duas circunstâncias vão obrigar Morsi a ser cauteloso mas tudo continua precário.

Jornal Defesa
« Última modificação: Dezembro 27, 2012, 08:10:10 pm por Lusitano89 »
 

*

HSMW

  • Moderador Global
  • *****
  • 12963
  • Recebeu: 3333 vez(es)
  • Enviou: 7954 vez(es)
  • +1224/-2042
    • http://youtube.com/HSMW
https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

"Tudo pela Nação, nada contra a Nação."
 

*

Lusitano89

  • Investigador
  • *****
  • 26028
  • Recebeu: 3471 vez(es)
  • Enviou: 269 vez(es)
  • +1818/-1737
Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #413 em: Dezembro 28, 2012, 02:25:26 pm »
Moscovo pressiona Assad a dialogar com a oposição


A Rússia pressiona o regime do Presidente da Síria, Bachar al-Assad a fazer o "máximo" para concretizar as intenções de diálogo com a oposição, de forma a encontrar uma solução para a resolução do conflito sírio.

"Temos incentivado ativamente o regime sírio para fazer o seu máximo para alcançar as suas intenções de diálogo com a oposição", disse o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, em conferência de imprensa, realizada no final da reunião com o seu homólogo egípcio Mohamed Amr.

Após a chegada a Moscovo do ministro dos Negócios Estrangeiros egípcio, é ainda esperado na capital russa o emissário da ONU e da Liga Árabe, Lakhdar Brahimi. "Vamos encontrar-nos para analisar uma solução geral" para a crise síria, "com vista para ambos os lados" do conflito.

A Rússia é um dos últimos apoiantes do regime de Damasco e terá, em conjunto com a China, vetado todos os projetos apresentados pelo Conselho de Segurança da ONU que condenam as ações de Assad, fechando a porta a sanções ou mesmo ao uso de força imposto. "A comunidade internacional não deve incentivar qualquer uma das partes para a violência ou para pedidos de pré-condições (...) deve ser o povo sírio a decidir", afirmou Lavrov.

Um vice-ministro russo, Mikhail Bogdanov, afirmou à agência russa Ria Novosti que a diplomacia do país enviou um convite ao chefe da Coligação Nacional Síria, a principal plataforma da oposição, para participar nas negociações para a resolução do conflito, marcadas para o próximo sábado.

Também o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Alexander Loukachevitch, apelou à resolução rápida do conflito, advertindo a comunidade internacional para "iniciativas energéticas e determinadas para cessar o derramamento de sangue".

Os responsáveis pela diplomacia de Moscovo voltaram ainda a desmentir um possivel plano russo-americano para a resolução do conflito, que, conforme anunciado pela imprensa internacional, consistia na formação de um Governo de transição mas com a manutenção da totalidade de poderes de Bachar al-Assad até final do seu mandato, em 2014.

No terreno, a capital, Damasco, tem vindo a ser bombardeada por ataques aéreos, depois de uma noite fortemente marcada por atentados e combates, que afetaram vários bairros da cidade. Conta o Observatório Sírio dos Direitos Humanos que "a aviação bombardeou pela primeira vez a aldeia de Al-Assal Ward, na região de Kalamoun, matando um civil, ferindo dezenas de outras pessoas e destruindo muitas casas".

O Exército retirou-se ontem de várias zonas circundantes à capital, temendo mais ataques contra postos militares e bombardeamentos da aviação rebelde.

Noutras partes do território um homem foi baleado por um atirador no acampamento de refugiados palestinianos em Deraa, no Sul do país, enquanto que mais confrontos e bombardeamentos se têm feito sentir também na fronteira com a Jordânia. Os bairros de Aleppo e de Deir Ezzor, bem como as províncias de Homs e Hama foram também palco de combates entre as forças pró-regime e a rebelião.

De acordo com o último relatório do OSDH a violência vivida na quinta-feira provocou um total de 142 mortos em todos o país, incluindo 55 civis, 45 rebeldes e 42 soldados. Desde março de 2011 que a revolta popular, violentamente reprimida pelo regime, se transformou num conflito armado. Esta semana, o número de mortos ultrapassou os 45 mil.

DN
 

*

HSMW

  • Moderador Global
  • *****
  • 12963
  • Recebeu: 3333 vez(es)
  • Enviou: 7954 vez(es)
  • +1224/-2042
    • http://youtube.com/HSMW
Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #414 em: Janeiro 06, 2013, 03:06:11 am »
https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

"Tudo pela Nação, nada contra a Nação."
 

*

Lusitano89

  • Investigador
  • *****
  • 26028
  • Recebeu: 3471 vez(es)
  • Enviou: 269 vez(es)
  • +1818/-1737
Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #415 em: Janeiro 06, 2013, 11:25:51 am »
Presidente sírio agradece a Rússia, China e Irão por não interferirem no conflito


O Presidente da Síria, que hoje se dirigiu à nação num raro discurso público, agradeceu à Rússia, à China e ao Irão por não interferirem no sangrento conflito que opõe regime e forças da oposição.

No teatro da Casa da Cultura e das Artes, em Damasco, repleta de apoiantes que se levantam frequentemente, batendo palmas e de punhos erguidos, Bashar al-Assad, que governa desde a morte de seu pai, em 2000, constatou que "os inimigos" da Síria têm uma "agenda para a divisão" do país.

O Presidente sírio transmitiu ainda que não encontrou "parceiros" a nível interno para uma solução política, que ponha fim à guerra civil que dura desde março de 2011 e já causou mais de 60 mil mortos, segundo as Nações Unidas.

Recusando negociar com "fantoches do Ocidente", Bashar al-Assad realçou que o facto de não existirem "parceiros" para o diálogo não significa que o regime não esteja "interessado numa solução política".

Lamentando o sofrimento do povo sírio, Bashar al-Assad apontou responsabilidades às forças da oposição "criminosas" e recusou admitir que existe uma revolta popular contra o regime, há quatro décadas dirigido pelo clã a que pertence.

Lusa
 

*

Lusitano89

  • Investigador
  • *****
  • 26028
  • Recebeu: 3471 vez(es)
  • Enviou: 269 vez(es)
  • +1818/-1737
Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #416 em: Janeiro 10, 2013, 06:03:20 pm »
Há fim à vista para o conflito sírio?
Alexandre Reis Rodrigues


Ao fim de 22 meses de luta, 60.000 mortos, 500.000 refugiados em países vizinhos, dois milhões e meio de deslocados dentro do seu próprio país e uma extensíssima destruição de propriedade continua a não haver qualquer “luz ao fundo do túnel” que é o conflito sírio.

Brahimi, o representante das Nações Unidas não se cansa de realçar que sem um acordo político, dentro em breve, o país pode entrar em colapso. Um dos riscos é que se venha a transformar em algo como a Somália, isto é, dividido em regiões dominadas cada uma por um grupo étnico ou seita que não reconhece o governo central. Em resumo, um estado falhado numa das zonas do mundo de maior instabilidade. Bashar al Assad, tentando fazer esquecer que é ele próprio a origem do problema, procura caracterizar a situação como fruto de interferências externas, numa conspiração dos salafitas visando a hegemonia regional dos sunitas. É, no entanto, precisamente contrário. É a instabilidade interna causada pelo seu regime despótico que, extravasando para o exterior, está a dar espaço a uma disputa pela liderança da região, envolvendo o Irão, a Turquia, o Iraque e os Estados do Golfo. Obviamente, Israel nunca se alheará desta disputa e, considerando necessário, tomará a iniciativa de intervir. As reduzidas perspetivas de estabilidade e paz para o Médio Oriente agravar-se-ão. Muito perigosamente se o Irão conseguir manter Assad no poder.

A Síria tem umas Forças Armadas de relativamente grande dimensão. Deviam ser suficientes para controlar a totalidade do país, porque nem sequer a habitual limitação de emprego em operações de contrainsurreição, que deveria exigir um muito maior controlo do uso da força, sejam tema a que Bashar al Assad preste qualquer atenção. O problema é que, em relação a parte delas, Assad terá sempre dúvidas de lealdade e isso limita as opções militares sobretudo ao emprego das forças de elite e a medidas de precaução quando utiliza outras (evitando a sua exposição a confrontos mais exigentes e infiltrando elementos dos serviços secretos). Não podendo controlar a totalidade do território, por falta de meios, Bashar segue a alternativa tradicional de concentração do esforço militar nas cidades e regiões que considera mais importantes, deixando cair as outras zonas nas mãos da oposição, para depois as bombardear e negar acesso a recursos vitais, isolando-as. Segue uma espécie de estratégia de “barricada” combinada com o controlo das vias de comunicação principais, mas, mesmo com este objetivo mais restrito, o seu sucesso tem sido limitado, logo a começar numa das principais vias de comunicação: a que vai da fronteira com a Jordânia até Aleppo no norte, passando por Damasco e Holmes, um ponto estratégico que tem sido palco de confrontações sucessivas entre as forças do regime e as do Exército Livre da Síria.

Poderá esta situação ter qualquer saída antes que o País entre irreversivelmente em colapso? Quantas mais mortes, refugiados, deslocados e propriedade destruída serão necessários para demonstrar que com a continuação de Assad no poder não haverá qualquer desfecho aceitável para a crise? Assad não só perdeu qualquer espaço de negociação como também já deixou passar a oportunidade de se afastar. Está sob o controlo das elites e comunidades que o têm mantido e que agora, não havendo alternativas, não vão permitir que ela as abandone. Sabe que introduzir reformas também não é opção. Num futuro sistema representativo, os aluitas e demais minorias que o apoiam, graças ao regime de proteção de que têm beneficiado, deixarão de ter o controlo do País, perante os 60% de sunitas. Vinganças e retaliações serão o desfecho expectável destes quase dois anos de luta e décadas de ditadura.

Brahimi está no seu papel de tentar um acordo negociado entre as partes, mas as hipóteses de sucesso são, neste tipo de circunstâncias, extremamente reduzidas,por várias razões. Primeiro, porque o ponto de partida para isso - o desarmamento da oposição – é algo que nenhum dos seus líderes encarará como possível. Não existe um governo legítimo nem instituições que garantam a observação e cumprimento do que for acordado. Se desarmarem ficam à mercê de Assad. Segundo, não existe qualquer resquício de confiança mútua entre as partes. Terceiro, qualquer acordo duradouro não pode deixar de envolver as potências regionais, mas como vimos atrás, os respetivos objetivos estão longe de convergir. Para o Irão, a manutenção de Assad é essencial para o seu projeto de liderança regional.

Quarto, a observação de qualquer eventual acordo terá que ficar sob o controlo de uma força internacional (10.000 efetivos?) a colocar no terreno, como, aliás, já deixou antever Brahimi, mas a disponibilidade de os sírios aceitarem a presença das Nações Unidas suscita dúvidas. Receiam que poderá ser um braço de interferência externa, nomeadamente por parte dos EUA, que recentemente colocou na lista de organizações terroristas um dos grupos que mais tem contribuído para desaires por que têm passado as Forças Armadas sírias.

A grande dificuldade desta situação é que se um acordo é muito difícil, senão já impossível pelas razões acima apontadas, a alternativa de uma vitória da oposição poderá não ser um bom desfecho para a estabilidade regional. É muito grande o risco de o futuro vir a ser dominado por vinganças e retaliações contra os responsáveis pelo regime deposto, lutas entre as várias fações, oportunidade de infiltração da al Qaeda e, eventualmente, pouco empenho em enveredar por uma democracia liberal. Por outras palavras, estamos perante um mais um conflito para durar.

Jornal Defesa
 

*

Lusitano89

  • Investigador
  • *****
  • 26028
  • Recebeu: 3471 vez(es)
  • Enviou: 269 vez(es)
  • +1818/-1737
Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #417 em: Janeiro 17, 2013, 10:00:17 am »
Reino Unido defende resposta internacional na Síria se violência continuar


O ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, William Hague, defendeu hoje em Sydney que a comunidade internacional deve estar preparada para uma maior intervenção na Síria se a violência se mantiver este ano.

Hague, que se encontra em território australiano para participar na reunião anual entre Londres e Camberra, que terá lugar na sexta-feira em Perth, salientou que o seu país, como a Austrália, são a favor de uma transição política pacífica na Síria.

Mas, "se a violência continuar e não houver desenvolvimentos diplomáticos, a comunidade internacional deve estar preparada para redobrar a sua resposta, o que inclui considerar formas de enviar ajuda à oposição síria", disse.

Este ano "não podem morrer mais 60 mil civis sírios", apontou o ministro britânico num discurso proferido no Centro de Investigação Menzies, em Sydney.

Hague também considerou como "muito provável" a ocorrência de uma "convergência de crises" em 2013 "se o conflito na Síria continuar, se o processo de paz no Médio Oriente se mantiver paralisado e se o Irão não entrar em negociações significativas sobre o seu programa nuclear".

O ministro britânico apelou para os Estados Unidos voltarem a centrar os seus esforços na busca de um acordo no Médio Oriente, onde a "situação é grave e as consequências do fracasso [de não se alcançar a paz] seriam extremamente sérias".

Lusa
 

*

HSMW

  • Moderador Global
  • *****
  • 12963
  • Recebeu: 3333 vez(es)
  • Enviou: 7954 vez(es)
  • +1224/-2042
    • http://youtube.com/HSMW
https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

"Tudo pela Nação, nada contra a Nação."
 

*

Lusitano89

  • Investigador
  • *****
  • 26028
  • Recebeu: 3471 vez(es)
  • Enviou: 269 vez(es)
  • +1818/-1737
Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #419 em: Janeiro 20, 2013, 01:55:33 pm »
Quem exige demissão de Assad, quer violência na Síria diz MNE


O ministro dos Negócios Estrangeiros sírio, Walid Muallem, rejeitou qualquer discussão sobre a saída do Presidente, Bashar al-Assad, declarando na televisão estatal que aqueles que colocam essa condição prévia querem que a violência prossiga na Síria.

Segundo Muallem, norte-americanos e russos não chegaram a acordo durante o seu último encontro em Genebra sobre a Síria, porque "não entendem a mesma coisa por período de transição".

"O lado norte-americano persiste em colocar como condição a mudança de regime político, através da demissão do Presidente, ignorando o facto de que o comandante de um navio não salta em primeiro lugar do barco que se afunda", explicou.

"Enquanto os norte-americanos e aqueles que conspiram (contra a Síria), entre os quais alguns sírios, insistirem nesta condição, isso significa que eles querem a continuação da violência e a destruição da Síria", acrescentou.

Para o chefe da diplomacia sírio, "ninguém pode dizer quem é legítimo, o povo sírio é quem tem a decisão final, através da sua livre escolha nas urnas".

"Ninguém pode permitir-se atacar a Presidência, isso é inaceitável", frisou.

A oposição quer igualmente como condição prévia para qualquer negociação a saída de Assad, contestado desde há quase dois anos no seu próprio país e que coloca, por seu lado, como condição indispensável para qualquer transição a possibilidade de se candidatar à sua própria sucessão.

O ministro dos Negócios Estrangeiros sírio criticou também o enviado internacional para a Síria, Lakhdar Brahimi, já alvo de críticas das autoridades e da imprensa oficial.

No final de dezembro, durante a sua visita a Damasco, "adotou uma posição que retoma a dos Estados Unidos e do Golfo (...) que conspiram contra a Síria. Dessa forma, saiu do âmbito da sua missão e traiu a sua missão de mediador, pois um mediador não coloca um dos lados contra o outro", sustentou Muallem.

A Síria está desde março de 2011 mergulhada numa revolta popular que se transformou em guerra civil, durante a qual já foram mortas mais de 60 mil pessoas, segundo a ONU.

Lusa