Revolta no Mundo Árabe

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scrupulum

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #330 em: Julho 26, 2012, 07:59:37 am »
Uma outra visao dos acontecimentos : a agencia de noticias do Vaticano, através dos testemunhos dos religiosos catolicos que vivem e trabalham  na Siria.

 " ÁSIA/SÍRIA - Grupos islamistas em ação em Damasco: as vítimas são civis cristãos e refugiados iraquianos

Damasco (Agência Fides) - Grupos islamistas radicais, nas fileiras dos revolucionários, semeiam o terror entre os civis em Damasco. Quem sofre as consequências são todos aqueles que são considerados "leais", fiéis ao regime de Bashar al Assad. Entre as vítimas, referem fontes de Fides em Damasco, estão também cristãos do subúrbio de Bab Touma e os refugiados iraquianos que ocupavam os subúrbios de Oujaira e Sada Zanaim.
O grupo rebelde islamista "Liwa al-Islam" ("A Brigada do Islão"), que nos dias passados reivindicou a morte de altos generais do governo Assad, esta manhã matou uma inteira família cristã em Bab Touma. Entre os fiéis locais, conta uma fonte de Fides, há consternação e indignação pelo ataque aos civis indefesos. Os militantes de "Liwa al-Islam" bloquearam o carro de uma cristão, Nabil Zoreb, público oficial civil, pediram que saísse do carro com sua esposa, Violet, e os dois filhos, George e Jimmy, matando-os à queima roupa. Os militantes do grupo estão muito ativos sobretudo na região de Duma e em outras regiões a leste de Damasco, onde realizaram outros atos criminosos.
Além disso, no sudeste de Damasco, combatentes islamistas do grupo "Jehad al nosra", próximos à Irmandade muçulmana, atacaram as casas dos refugiados iraquianos, saqueando-as, queimando-as e obrigando seus ocupantes a fugir. O ataque foi noticiado inclusive por meios de comunicação ocidentais, como a BBC. Segundo os refugiados iraquianos, "grupos de terroristas muçulmanos nos atacaram e nos seguiram". A maior parte dos grupos que atua no sudeste de Damasco é considerada próxima à Irmandade muçulmana, enquanto os membros do grupo "Liwa al Islam" são de ideologia wahhabita. (PA) (Agência Fides 23/7/2012) "

"...Segundo fontes confiáveis de Fides, são cerca de 200 mil os deslocados internos de Damasco, que se transferiram de um bairro a outro da cidade ou nos diversos subúrbios, para fugir dos combates. Os grupos revolucionários, de fato, estão se posicionando nos bairros, edifícios e habitações de civis, que se encontraram, portanto, no meio do fogo cruzado..."



Observar os acontecimentos a partir de diversos angulos permite-nos avaliar melhor as coisas.
scrupulum aka legionario
 

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Lusitano89

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #331 em: Julho 26, 2012, 12:30:49 pm »
Assad «é profundamente desequilibrado», diz ex-conselheiro do presidente sírio


Ayman Abdel Nour, ex-membro do partido Baas sírio e ex-conselheiro do presidente Bashar al Assad, foi um dos reformistas com quem Bashar Assad se cercou quando chegou ao poder, em 2000. Obrigado a exiliar-se alguns anos depois, descreve hoje Assad como um homem «profundamente desequilibrado, que acredita que foi escolhido por Deus». Fundador do site noticioso All4Syria, em 2003, que quebrou o monopólio do governo sobre os media, inicialmente este cristão sírio queria acreditar que o novo presidente conseguiria mudar o regime por dentro. Não demorou a desiludir-se. O acesso ao seu site, uma lufada de pluralismo dentro de um país abafado pela polícia secreta, foi cortado em 2004.

Entretanto, o jovem tecnocrata afastou-se do governo para tomar a direçcão de um projecto de ajuda europeu na Síria. No entanto, a sua liberdade de expressão e o facto de o seu site continuar acessível a partir do exterior irritaram o poder. Obrigado a exilar-se em 2007, Ayman Abdel Nour vive hoje entre o Dubai e Montreal, de onde dirige o All4Syria, que pretende ser uma fonte de informação independente sobre a revolução síria.

Numa entrevista ao jornal francês Le Monde, Ayman afirma que Bashar «é um homem profundamente desequilibrado, que acredita que os manifestantes são todos fantoches do Qatar». «Ele acha que foi escolhido por Deus para conduzir a Síria e esse impulso começou nos anos 2000, à medida que as elites políticas, militares e religiosas do país o iam exaltando», acrescenta, prevendo que «acabará como Kadhafi: Um homem escolhido por Deus não pode fugir».

Mostrou-se ainda optimista quanto ao fim do regime, partilhando a ideia do Exército Livre Sírio de que os dias de Bashar al Assad estão contados, mas sublinhou nunca perder de vista o indefectível apoio de Moscovo a Damasco. «Mesmo que o regime caia, os russos podem ajudá-lo a refugiar-se na costa, perto de Tartus e Latakia, uma região de povoamento alauíta (uma seita dissidente do xiismo, de onde saiu o clã no poder) onde Al Assad poderia criar um mini-Estado.

Sobre a situação em Damasco, Nour disse que a destruição que o presidente sírio causou nos bairros de Midan ou de Mezzeh, onde arrasou parques alegando que rebeldes estariam ali a esconder-se, «enojaram a população».

«A famosa maioria silenciosa, que a propaganda do regime tinha encoberto com medo da revolução, está a abrir os olhos, entendeu que o regime está disposto a arrasar Damasco para salvar a cabeça», considerou. «Recentemente tive contactos com algumas das mais importantes famílias da burguesia sunita, os Shakhashero, Al-Azem, Al-Aidi e Sorbaji. Elas já não querem mais ouvir falar em Bashar. Algumas foram-se embora para Beirute», acrescentou.

Questionado pelo Le Monde sobre o papel da diplomacia, Nour disse não querer mais essa «diplomacia receosa», que atribui a «sua impotência à Rússia».

«Foi assim que nos vemos a correr o risco de encontrar um país cortado em três, com um reduto alauíta, um Estado curdo e um Estado sunita. A unidade da Síria está ameaçada. E não só por Bashar e os seus acólitos. As potências ocidentais estão a ter um papel nefasto», frisou.

Ayman Abdel Nour defendeu que os países ocidentais devem permitir que o Exército Livre Sírio (ELS) se muna de armas realmente eficientes. «Ele está a começar a equipar-se com lança-foguetes antitanques, mas são modelos antigos, que só funcionam contra os tanques mais antigos do exército sírio. Precisamos também de lança-foguetes terra-ar, contra os helicópteros. Sei que os ocidentais temem que essas armas caiam em mãos erradas ou que elas alimentem acertos de contas após a queda do regime. Mas estão errados. Não haverá vazio de poder. Estaremos prontos», garantiu.

Lusa
 

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scrupulum

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #332 em: Julho 26, 2012, 01:45:03 pm »
Para além dos desiludidos  e dos descontentes com o regime Sirio, todos eles certamente com as suas razoes legitimas, existem aqueles que todos os dias sofrem no terreno as consequencias duma revoluçao instigada, financiada e armada a partir do exterior. Todos os meios sao bons para tirar do caminho  o unico aliado do Irao na regiao que é a Siria.

Na Libia, os que sobreviveram aos combates continuam a viver na opressao... com a agravante de tambem viveram agora na penuria e no ostracismo. Mais nenhum média ocidental fala da Libia pois os verdadeiros objectivos da "Nomenklatura Global"  foram atingidos : o controlo dos seus recursos. E que dizer dos milhoes de cristaos do Iraque e da Libia ? Ninguem se preocupa com a sua liberdade e com a sua segurança ? Nao têm eles tambem o direito de ser livres, tao livres como o sao os muçulmanos da europa ? Porque razao têm eles que fugir das suas terras onde sempre viveram, porque razao sao eles perseguidos e massacrados ? Sobretudo agora, que supostamente o Iraque e a Libia sao paises democraticos...

Mais um testemunho dos que estao no terreno :

"ÁSIA/SÍRIA - O Diretor das POM: "Alep paralisada pelos combates, os cristãos no terror"

Alep (Agência Fides) - "Há dois dias que Alep está paralisada pelos combates. A situação é muito grave. Sentimos de contínuo tiros. As pessoas estão fechadas em casa, os escritórios estão fechados, as atividades comerciais paradas. Os confrontos estão-se a aproximar dos bairros cristãos constituindo um grave perigo para os fiéis. As pessoas não querem a guerra e a violência: o mundo que nos ajude a reencontrar a paz!": é o forte testemunho feito à Agência Fides por Pe. Jules Baghdassarian, sacerdote greco-católico de Alep e Diretor nacional das Pontifícias Obras Missionárias (POM) na Síria.
O diretor disse à Fides: "Os combatentes do Exército Livre Sírio querem tomar o coração de Alep e no coração existem as igrejas e as casas dos cristãos. Os gangues armados revolucionários pertencem à maioria islamica, temos testemunhas disso, e os cristãos têm medo da violência.
O povo de Alep não quer a revolução, ama a paz. As famílias cristãs e muçulmanas estão cansadas da violência..."
Mesmo do ponto de vista humanitário, a situação é crítica: "Temos já muitos refugiados que vieram de Homs" - prossegue. "Como Pontifícias Obras Missionárias acolhemos e estamos prestando assistência a 30 famílias de Homs. As igrejas estão muito comprometidas com a ajuda humanitária aos refugiados, que continuam aumentando. Temos grande necessidade de ajuda".
"Os bispos católicos - refere-se Pe. Jules -  vao-se encontrar amanhã no Arcebispado greco-católico e acredito que farão um apelo para o cessar-fogo e a paz. Pensamos que a política deve fazer algo pela paz e a reconciliação. Como cristãos, a nossa esperança é a reconciliação.
Pedimos à comunidade internacional e à União Europeia para nos ajudar a encontrar a paz, e não a fomentar a guerra!" (PA) (Agência Fides 25/7/2012)
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Lusitano89

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #333 em: Julho 26, 2012, 06:37:08 pm »
Turquia admite perseguir o PKK na Síria


O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, acusou o regime de Damasco de ter "confiado" várias zonas do Norte da Síria ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) e avisou que a Turquia poderá vir a exercer o seu direito de perseguir, na Síria, os rebeldes curdos do PKK.

Erdogan anunciou hoje que a constituição de uma zona tampão em território sírio era uma das alternativas possíveis para lutar contra o PKK na Síria.

"Neste momento, o regime de Assad está reagrupado em Damasco, está preso aí, e também em parte na região de Lataquia. No Norte, confiou cinco províncias aos curdos, à organização terrorista", declarou o chefe do Governo turco num programa televisivo transmitido pelo Kanal 24 e citado pela AFP.

"Estes últimos tentam criar uma situação conforme aos seus interesses afixando retratos do líder da organização separatista", disse, referindo-se ao PKK, que desde 1984 luta contra Ancara num conflito que já fez mais de 45 mil mortos.

Erdogan aproveitou ainda para avisar Damasco que considera a instalação do PKK por Damasco, ou do seu ramo sírio, Partido da União Democrática, perto da fronteira turca como um gesto "dirigido contra" a Turquia. "Será preciso uma resposta da nossa parte a esta atitude", sublinhou.

DN
 

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Lusitano89

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #334 em: Julho 27, 2012, 12:53:19 pm »
ONU acusa Damasco de arrasar áreas civis sem se preocupar com a população


A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, acusou hoje o regime sírio de arrasar zonas controladas pela oposição sem se preocupar com a população civil que as habita. «Depois de uma povoação ou um bairro ser cercado pelo Exército, é cortada a distribuição de água, electricidade e comida», denunciou a alta comissária em comunicado divulgado hoje, reiterando a sua preocupação com a comissão de crimes de guerra e contra a Humanidade.

Pillay assinalou que após o isolamento das povoações há intensos bombardeamentos de artilharia e aéreos, depois dos quais entram os tanques e as forças terrestres «que, segundo as nossas informações, frequentemente executam de froma sumária pessoas suspeitas de lutar ao lado da oposição».

«Às vezes, os corpos dos executados ou assassinados de outra maneira são queimados ou levados para outros locais», acrescentou a alta funcionária da ONU, que também acusou as forças armadas da oposição de cometer execuções extrajudiciais e praticar torturas.

Pillay lembrou que o direito humanitário internacional estabelece claramente que os civis devem ter a oportunidade de abandonar as zonas que serão atacadas militarmente, mas indicou que isso só ocorreu «em algumas ocasiões» na Síria nos últimos meses.

«Recebi informações ainda não confirmadas de atrocidades, incluindo assassinatos extrajudiciais e ataques de franco-atiradores, contra civis durante os recentes combates em diversos bairros de Damasco», disse Pillay, que também alertou sobre o forte aumento da presença militar em torno de Aleppo.

Pillay indicou que compete aos tribunais internacionais chegar a uma conclusão sobre o que está a acontecer na Síria, que vive um conflito interno desde março de 2011.

«Estou convencida, tendo como base as provas reunidas por parte de diversas fontes críveis, de que foram cometidos, e que continuam a ser cometidos, crimes contra a Humanidade e crimes de guerra», disse a alta comissária da ONU.

Aos seus autores, Pillay deixou a mensagem de que «não devem crer que escaparão à Justiça, porque o mundo não esquece nem perdoa crimes como estes». Acrescentou que «isto se aplica tanto às forças da oposição como às forças governamentais e seus aliados».

Lusa
 

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scrupulum

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #335 em: Julho 29, 2012, 09:03:40 pm »
Muitos parabens ao José Rodrigues dos Santos e ao Paulo Dentinho pela peça sobre a Siria que vimos hoje no telejornal das 20h.
O Paulo Dentinho recolheu depoiamentos de origens diversas e fez uma excelente analise sobre o conflito e os interesses em jogo. A RTP mostrou que sabe fazer outra coisa melhor do que o "copiar/colar" das agencias noticiosas francesa ou americana.
Parabens RTP ! Parabens Paulo Dentinho e Rodrigues dos Santos !!
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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #336 em: Julho 30, 2012, 12:46:16 pm »
Para quem esta interessado no tema "Siria" e procura uma fonte de informaçoes mais séria do que os panfletos de propaganda habituais : basta digitar no Google : "THE LEBANONIZATION OF SYRIA" ou na versao original em francês : "SYRIE, UNE LIBANISATION FABRIQUEE".

Trata-se de um trabalho sério e nao tem nada a vêr com os relatorios feitos pelos "altos-comissarios" e "altas comissarias" que arranjaram emprego na ONU da mesma maneira que os nossos Sampaios , Guterres e companhia .
scrupulum aka legionario
 

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HSMW

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #337 em: Julho 30, 2012, 01:23:22 pm »
Citação de: "scrupulum"
Muitos parabens ao José Rodrigues dos Santos e ao Paulo Dentinho pela peça sobre a Siria que vimos hoje no telejornal das 20h.
O Paulo Dentinho recolheu depoiamentos de origens diversas e fez uma excelente analise sobre o conflito e os interesses em jogo. A RTP mostrou que sabe fazer outra coisa melhor do que o "copiar/colar" das agencias noticiosas francesa ou americana.
Parabens RTP ! Parabens Paulo Dentinho e Rodrigues dos Santos !!
É verdade! Tenho reparado nisso nos últimos dias. Aliás a RTP sempre cobriu no terreno os conflitos mais recentes.
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"Tudo pela Nação, nada contra a Nação."
 

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #338 em: Julho 31, 2012, 02:00:50 pm »
Contra a Esquerda woke e a Direita populista marchar, marchar!...

 

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Lusitano89

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #339 em: Agosto 01, 2012, 02:15:41 am »
O fim de Assad
Alexandre Reis Rodrigues


Na crise síria não é apenas o possível, melhor dizendo, o provável desmoronar do regime que está em jogo; é também o precário equilíbrio geoestratégico em que a região vive. Qualquer que seja o desfecho da crise, esse equilíbrio vai alterar-se; só não se sabe em que sentido, porque há várias saídas possíveis.

Em face da desagregação da base de apoio de Assad, agora iniciada com a deserção de algumas figuras de relevo (diplomatas, militares e políticos), uma mudança completa de regime tornou-se plausível, embora continue a não ser certa. Também não se sabe se a saída da situação virá a ser favorável ao Ocidente e um passo seguro para a democracia, mesmo que Assad acabe por cair. A única coisa certa é que a situação geral no país e na região se tornará mais complexa e difícil de gerir.
 
Há um fundado receio de que a guerra civil em que o país caiu – situação reconhecida pelo Comité Internacional da Cruz Vermelha – não termine com a deposição de Assad, o atual objetivo principal da oposição. Pode, muito facilmente, prolongar-se entre os sectores mais radicais e religiosos extremistas da oposição síria, com cada vez mais protagonismo na condução da luta armada, e os moderados que desejam uma saída de natureza secular. Uma vez caído o regime de Assad, pode também haver a tentação de dissolver todas as instituições existentes, o que inviabilizaria um processo minimamente ordeiro de transição. Sabe-se bem como será difícil depois recolher todas as armas distribuídas às milícias e grupos rebeldes.
 
O que quer que aconteça não vai permanecer confinado às fronteiras sírias. Os vizinhos estão a começar a posicionar-se de modo a salvaguardar os seus interesses elementares de segurança e a não deixar de tirar todo o partido possível das mudanças que podem estar próximas. Alguns desses interesses, muito provavelmente, entrarão em rota de colisão. A preferência da Turquia em ver surgir uma solução protagonizada pela Irmandade Muçulmana vai colidir com o interesse saudita em limitar a ascendência que esta tem conseguido, nomeadamente no Egipto. Teerão, se concluir que não consegue salvar Assad pode optar por fomentar uma insurreição prolongada, para evitar a tomada do poder pelos sunitas. Se o Irão não tiver sucesso na atual estratégia de procura de hegemonia regional, o que depende da manutenção de Assad no poder, então o Iraque poderá recalcular o interesse em manter o atual relacionamento estreito com Teerão.

Ancara receia que a situação no norte da Síria venha trazer instabilidade fronteiriça. Acaba de deslocar para a província de Kilis, um novo contingente militar, incluindo blindados e baterias de mísseis, aparentemente como resposta ao facto de os rebeldes terem passado a controlar o "check-point” de Anadan, a noroeste de Aleppo, o que lhes dá liberdade de movimentação entre esta cidade e a fronteira turca. O facto da minoria curda na Síria estar a controlar algumas cidades do norte, aliás, com o apoio de Assad, levanta receios de possíveis futuras ligações com o Kurdistan Working Party.

Mesmo sendo perfeitamente claro que não haverá qualquer intervenção militar externa, a Rússia continua a insistir em mostrar-se em frontal oposição a essa possibilidade. Moscovo persiste nessa ideia não porque ache necessário mas para tirar partido dessa postura, aparecendo aos olhos sírios como o grande desencorajador de qualquer aventura ocidental em território sírio para forçar uma solução rápida da crise. No entanto, percebendo que Assad pode não se aguentar muito mais tempo, Moscovo vai adaptando a postura ao interesse estratégico de não perder as facilidades que tem no porto de Tartus, aliás o único ponto de apoio logístico da marinha russa no Mediterrâneo (atualmente, também importante para apoio das unidades navais empenhadas no combate à pirataria no Golfo de Áden e Índico). Precisa de preservar também a posição privilegiada de principal fornecedor de armamento (78%) e garante da respetiva logística, o que implica deixar campo aberto para entendimento com as forças políticas que passarão a controlar o país. Procura, por isso, demarcar-se do futuro de Assad tentando, sobretudo, evitar a imagem de protetor de uma ditadura que lançou o país numa feroz guerra civil. É uma pretensão quase impossível de conseguir.
 
Para os EUA há também muito em jogo. Se o regime sírio cair, então o Presidente Obama verá consagrada a sua opção de substituir a estratégia de contra-insurreição usada na década anterior, através de campanhas terrestres, sempre prolongadas, por formas subtis de influenciar os acontecimentos que não implicam o envolvimento em confrontos diretos. Washington verá Moscovo e Pequim registarem um importante revés político-diplomático e Teerão sofrer um malogro na sua aspiração de liderança regional. Mas o assunto não se encerrará com a queda do regime de Assad. Pode até exigir um maior envolvimento internacional a partir daí.

Jornal Defesa
 

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #340 em: Agosto 01, 2012, 11:37:36 pm »
Citação de: "Cabeça de Martelo"

Muitos mais:

 :arrow: http://www.prisonplanet.com/shocking-vi ... hters.html

Impressionante... O lado oculto da "liberdade".
https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

"Tudo pela Nação, nada contra a Nação."
 

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scrupulum

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #341 em: Agosto 02, 2012, 09:40:36 am »
FONTE  :
CIRET-AVT  :  SIRYE, UNE LIBANISATION FABRIQUEE



" Na primavera de 2011, un cheikh (rebelde) de Hama retirou a sua djellaba dizendo que so voltaria a revesti-la quando 300 Alauitas fossem executados. Voltou a vesti-la depois do massacre...
No principio da revolta, a partir de Londres os "Irmãos Muçulmanos" instigaram os manifestantes anti-regime : "Se quiserem vêr o dossier Siria na ONU, é preciso matar pelo menos alguns milhares de pessoas.."

"... Segundo a Madre Agnes Mariam de la Croix, carmelita superior do convento Saint Jacques l'Intercis (região de Damasco) :  em 6 de dezembro 2011 em Homs, mais de 100 pessoas foram mortas, muitas delas esquartejadas e cortadas aos bocados, mulheres violadas e a quem cortaram os seios. Um jovem cristão, recém-casado, foi assassinado porque recusou participar numa manifestaçao ao lado dos rebeldes. Um comerciante sunita foi morto porque tinha acabado de vender qualquer coisa a um policia..."

O lider kurdo Omar Oussi explica que este tipo de exações não é carateristico da cultura siria e que sao praticas salafistas importadas.
Os rebeldes revestem uniformes da policia e do exército para praticar os seus crimes. Para contrariar este método, as forças de segurança mudam regularmente de uniforme..."

O relatorio que cito e que voltarei a citar merece sêr lido !
scrupulum aka legionario
 

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #342 em: Agosto 03, 2012, 04:42:31 pm »
"Missão de Annan estava condenada ao fracasso" diz John McCain


O senador norte-americano John McCain afirmou na quinta-feira que a missão de Koffi Annan como mediador da ONU e Liga Árabe para o conflito na Síria estava "condenada ao fracasso desde o início".

Numa intervenção no Senado norte-americano, McCain, um dos republicanos mais ativos no campo da política externa dos EUA e que foi candidato presidencial em 2008, atribuiu também à Casa Branca a responsabilidade do fracasso da missão de Annan.

Para McCain, o fracasso da missão de Annan não foi uma surpresa, porque "estava baseada nas premissas de que Bashar al-Assad poria fim aos massacres do seu povo e que os observadores da ONU poderiam chegar e colocar-se entre duas forças combatentes, ignorando totalmente os fundamentos do conflito".

O senador atacou duramente a postura "vergonhosa" do presidente norte-americano, Barack Obama, por não intervir na Síria, considerando que "quanto mais tempo durar o conflito, maior é o perigo de extremistas e jihadistas combaterem".

McCain considera "inocente e absurdo" que Obama baseie a sua política em relação à Síria na não intervenção, na ideia de que a Rússia pedirá ao presidente sírio, Bashar al-Assad, para abandonar o poder e de que a missão de Annan teria êxito com um regime que já deixou claro que não está disposto a render-se.

"Os que chegarem ao poder depois da saída de Assad vão lembrar-se que os Estados Unidos mantiveram-se à margem", alertou.

O senador observou que existe também um "risco muito grave" de que o vazio de poder em Damasco possa levar grupos terroristas a controlar armas químicas.

"Quanto mais caos, desordem e frustração houver na Síria, mais provável é que [armas químicas] venham a cair nas mãos erradas", realçou. Segundo McCain, "a resistência necessita de uma zona segura" à semelhança do que aconteceu na Líbia com Bengazi, que serviu de centro das operações da oposição.

Os Estados Unidos acusaram na quinta-feira a China e a Rússia de serem responsáveis pela demissão de Kofi Annan por terem bloqueado várias resoluções no Conselho de Segurança da ONU.

Lusa
 

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #343 em: Agosto 05, 2012, 05:24:11 pm »
Primeiro astronauta sírio deserta do exército


O general Mohamed Ahmed Faris, um aviador que se tornou o primeiro astronauta sírio no final dos anos 1980, fugiu este domingo para a Turquia depois de desertar do exército do regime, informou a agência de notícias Anatolia, citada pela France Press.Antes de cruzar a fronteira com a Turquia, Faris visitou a sede do ELS (Exército Livre da Síria) em Aleppo, num sinal de solidariedade com as forças rebeldes que lutam contra as tropas de Assad.

Segundo a agência Anatolia, esta era a quarta tentativa de deserção de Faris, que fez parte de uma equipa soviética na estação espacial MIR em 1987.

Dezenas de comandantes militares de alto escalão do exército sírio cruzaram a fronteira com a Turquia nos últimos meses.

A Turquia já acolheu mais de 45.000 refugiados que fogem do conflito e também desertores do exército sírio num campo de alta segurança e que está separado daquele que é reservado aos civis.

Lusa
 

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #344 em: Agosto 11, 2012, 12:34:56 am »
Citar
Libyan fighters from the group Liwa al-Ummah led by Housam Najjair training Syrian fighters. Housam is from Ireland but went to Libyan to fight with the Tripoli Brigade's who were trained by Qatari Special Forces:
:arrow: [Link]
https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

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