Francisco Pinto Balsemão, presidente da SIC, disse que na Internet, incluindo nas redes sociais, nos anos mais recentes, são veiculadas informações com importância noticiosa, mas referiu que, “misturado com isto tudo, há rumores que nunca são confirmados”.
É infelizmente absolutamente evidente que existe um nível de desinformação na Internet que atinge níveis tais, que coloca em causa o próprio sentido da Liberdade de Expressão.
Os próprios partidos politicos possuem gabinetes desenvolvidos com o objetivo de criar notícias falsas ou inventar falsidades laterais, para tentar desacreditar factos.
O mais eficiente parece ser o gabinete do Partido Socialista.
Após a catástrofe que se seguiu a 2008, quando o descarrilamento total da economia era já imparável e já se sabia que Portugal entraria em bancarrota (como efetivamente veio a entrar em Maio de 2011), começaram a ouvir-se criticas ao deficit excessivo e à loucura socrática, de pedir mais dinheiro emprestado quando sabia que não tinha como pagar.
O centro de desinformação e propaganda do largo do rato, começou a lançar cá para fora a frase
«o Cavaco é o pai do deficit»Esta simples frase, destinava-se a deitar as culpas da situação no presidente da republica, ao mesmo tempo que se desculpava o Sócrates.
Ora, como quem estude minimamente economia sabe, o Cavaco, já depois de sair do governo publicou um livro sobre o problema do deficit e ficou célebre a frase «estamos a criar um monstro».
Na altura os mesmos socialistas ridicularizaram a afirmação do ex-primeiro ministro Cavaco, e continuaram a gastar alegremente.
Mas nos dias de hoje, quem ouvir conversas de transportes públicos, ainda ouve muita gente utilizar essa frase.
É uma frase mentirosa, desprovida de qualquer suporte histórico, baseada no facto de durante o governo de Cavaco, também ter existido um deficit (que na altura estava controlado) [1].
Como a maioria das pessoas não entende nada do que se passa, só se queixa quando há greve ou quando cortam um subsidio, o gabinete de propaganda socialista registou uma grande vitória, ao ter através da desinformação e com uma meia (ou um décimo de) verdade conseguiu que muita gente ficasse a pensar que a culpa era do Cavaco.
Mas o problema da desinformação não é de agora. Ainda há uns dias atrás, quando completei um pequeno artigo sobre o golpe de estado de 14 de Maio de 1915 fiquei espantado com o nível de desinformação que existe sobre o que foi o mais sangrento golpe e a mais sangrenta revolução em Lisboa, no século XX.
O incidente foi organizado pela Maçonaria, provocou a intervenção espanhola que mandou para Lisboa o seu mais poderoso navio de guerra e a maioria dos mortos foi resultado da entrega de armas aos civis, que em vez de darem um golpe de estado dedicaram-se durante o fim de semana a ajustar contas com os inimigos e a roubar lojas.
O primeiro ministro, Pimenta de Castro, tinha marcado a data das novas eleições e tinha dissolvido o parlamento (algo que hoje seria normalíssimo), mas por isso foi taxado de Ditador e o periodo de três meses do seu governo foi designado «ditadura de Pimenta de Castro».
Estava assim justificado o golpe, que apenas serviu para a maçonaria mais radical (Grande Oriente Lusitano) tomar o poder de assalto, utilizando a sua tropa de choque (formiga branca) com o apoio da Marinha, que parece estar sempre pronta para disparar os canhões dos barcos sobre Lisboa.
No site da fundação Mario Soares, continua a falar-se na Ditadura de Pimenta de Castro.
Dos livros de História de Portugal publicados depois de 25 de Abril, o golpe de 14 de Maio praticamente desapareceu.
Apenas uma edição da História de Portugal publicada em 1958, dedica três ou quatro páginas à descrição dos acontecimentos, quando as outras apenas lhe dedicam um parágrafo.
A internet, potência e amplia estes fenómenos. E não apenas com desinformação, muitas vezes com mentiras puras e simplesmente mentiras.
A somar a isto há as teorias da conspiração, muitas delas completamente disparatadas, outras provadas falsas, outras facilmente desmontáveis.
Mas as pessoas gostam de uma boa teoria da conspiração.
E quando uma mentira não se comprova, é sempre mais facil dizer que foi a censura imposta pelos Bilderbergers, pela Maçonaria e por aí fora.
Esses grupos podem de fato agir, mas nunca a esse nível. Jamais a esse nível.
Seria demasiado caro e mesmo impraticável.
[1] - De alguma forma Cavaco também é um Keynesiano. Eu lembro-me de ouvir Cavaco afirmar que «as dívidas não se pagam», o que é uma confissão de Keynesianismo, ainda que assim a seco a frase não tenha sentido e careça de explicação.