Russos estenderam proposta pelos Estaleiros de Viana por mais 60 dias
Os russos da RSI Trading estenderam a validade da proposta vinculativa de compra dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) por mais 60 dias, confirmou hoje à Lusa o porta-voz do grupo em Portugal. "O nosso projecto é de médio-longo prazo. Não é um atraso de alguns meses que vai demover este interesse e por isso decidimos estender a validade da proposta", explicou Frederico Casal-Ribeiro.
A validade da proposta vinculativa da RSI Trading terminava na próxima semana, sendo esta já a segunda prorrogação decidida pelo grupo, de capitais russos, num prazo total de 181 dias desde a sua apresentação formal, em Novembro.
Segundo o porta-voz do grupo em Portugal, esta decisão foi comunicada formalmente à entidade que gere o processo de reprivatização dos ENVC na sexta-feira.
"Continuamos interessados na empresa e estamos disponíveis para estudar com o Governo português outras soluções, desde que financeiramente viáveis para os estaleiros e para o nosso grupo", acrescentou Frederico Casal-Ribeiro.
A última fase do processo de reprivatização dos estaleiros terminou em Novembro com a apresentação das propostas vinculativas de compra. Foram admitidas, na altura, propostas da RSI Trading e dos brasileiros da Rio Nave, ambas salvaguardando a totalidade dos 630 postos de trabalho da empresa pública.
Contudo, a venda da empresa está suspensa desde Dezembro devido a pedidos de esclarecimento apresentados pela Comissão Europeia ao Governo português, por dúvidas na atribuição de apoios estatais aos ENVC de 180 milhões de euros.
O Ministro da Defesa já admitiu que esta investigação "inquina de forma dramática" o processo de reprivatização.
"Tivemos de suspender, retardar a decisão e desde essa altura empenhamo-nos em prestar os esclarecimentos máximos para destruir o argumento de que estaríamos perante ajudas do Estado, com várias conferências telefónicas e duas reuniões em Bruxelas com a equipa jurídica e política e até com o comissário Almunía", explicou, em fevereiro, José Pedro Aguiar-Branco.
Formalmente, o grupo russo é o único ainda na corrida aos ENVC, mas o presidente da Rio Nave já garantiu à Lusa que aquela empresa continua interessada no negócio.
"A nossa posição é de continuidade no concurso, a menos que o Governo diga que está suspenso, decorrente das regras da Comunidade Europeia. Mas, oficialmente, não temos uma palavra sobre o tema", afirmou Mauro Campos.
Apesar do interesse nos ENVC, admite que a Rio Nave "não estendeu" o prazo da validade da proposta vinculativa de compra - que terminou no início de Fevereiro -, ao contrário do que foi feito pelos russos da RSI Trading, exatamente porque aguardava "esclarecimentos" sobre o processo.
A mesma fonte acrescentou que, se "for necessário" prolongar a validade da proposta, a Rio Nave "está disponível" para o fazer, desde que obtenha esclarecimentos sobre as dúvidas de Bruxelas.
A saída do negócio por parte dos brasileiros foi confirmada a 05 de Fevereiro por fonte do Governo, dado o não prolongamento da validade da proposta. A decisão foi justificada pela mesma fonte com a "indefinição" de Bruxelas em autorizar a conclusão da reprivatização.
Lusa