Olivença

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teXou

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« Responder #2385 em: Fevereiro 14, 2009, 12:10:20 am »
Citação de: "Jose M."
:D :[/u]
Citar
As Potências que reconhecem a justiça das queixas formadas pelo Seu Altesse Real o príncipe regente de Portugal e do Brasil, sobre a cidade de Olivença e os outros territórios rendidos à Espanha pelo tratado Badajoz de 1801, e encarando a restituição destes objectos, como uma das medidas limpas a assegurar entre os dois reinos da península, esta boa harmonia completa e estável da qual a conservação todas as nas partes da Europa foi o objectivo constante dos seus arranjos, comprometem-se formalmente a empregar nas vias de conciliação os seus esforços mais eficazes, para que o retrocesso dos referidos territórios em prol de Portugal seja efectuado; e as potências reconhecem, tanto quanto depende de cada um deela, que este arranjo deve ter lugar o mais depressa possível.

Tradução Es powered by www.systran.fr   :D :
Citar
Las Potencias que reconocen la justicia de las reclamaciones formadas por Su Altesse Real el príncipe regente de Portugal y Brasil, sobre la ciudad por Olivença y los otros territorios cedidos a España por el Tratado de Badajoz de 1801, y previendo la restitución de estos objetos, como una de las medidas susceptibles de asegurar entre los dos reinos de la península, esta buena armonía completa y estable cuya conservación en todas las partes de Europa fue el objetivo constante de sus acuerdos, se comprometen formalmente a emplear en las vías de conciliación sus esfuerzos más eficaces, para que la retrocesión de dichos territorios en favor de Portugal esté efectuada; y las potencias reconocen, tanto como depende de cada una ella, que este acuerdo debe tener lugar cuanto antes.
"Obviamente, demito-o".

H. Delgado 10/05/1958
-------------------------------------------------------
" Não Apaguem a Memória! "

http://maismemoria.org
 

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Jorge Pereira

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« Responder #2386 em: Fevereiro 19, 2009, 01:23:44 pm »
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Grupo dos Amigos de Olivença
www.olivenca.org


Divulgação 01-2009


«Jornadas sobre o Português Oliventino»

Por iniciativa da Associação Além Guadiana realizam-se no próximo dia 28 de
Fevereiro, em Olivença, as Jornadas sobre o Português Oliventino, numa
assinalável demonstração do interesse dos oliventinos na preservação da sua
Língua, da sua Cultura e da sua Identidade.
O Programa, conforme se pode consultar na página da associação
(<http://alemguadiana.blogs.sapo.pt/43205.html#cutid1>), é o seguinte:


*


Jornada sobre o Português Oliventino

Sábado, 28 de Febrero de 2009


09:30 h. Inscrição de participantes e entrega de documentação

10:00 h. Inauguração

Guillermo Fernández Vara. Presidente da Junta da Extremadura.
Manuel Cayado Rodríguez. Presidente da Câmara Municipal de Olivença.
Joaquín Fuentes Becerra. Presidente da Associação “Além Guadiana”.

10:30 h. Pausa para café

11:00 h. Juan Carrasco González. Catedrático de Língua e Literatura
Portuguesas e Diretor do Departamento de Línguas Modernas e Literatura
Comparada da Universidade da Extremadura.
Olivenza y las variedades linguísticas de la frontera extremeña.

11:40 h. Eduardo J. Ruiz Viéytez. Director do Instituto de Direitos Humanos
da Universidade de Deusto e Consultor Externo do Conselho da Europa.
A importancia das linguas minoritarias na Europa e o papel do Conselho da
Europa.

12:20 h. Lígia Freire Borges. Leitora do Instituto Camões na Universidade
da Extremadura. A língua portuguesa no mundo com o Instituto Camões.

12:45 h. 1ª Mesa Redonda: O português de Olivença.

Manuel Jesús Sánchez Fernández. Licenciado em Filologia.
O nosso português não tem futuro.

Servando Rodríguez Franco. Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas,
variante de Estudos Portugueses.
Alterações na toponimia de Olivença.

José António A. Meia Canada. Falante de português oliventino.
Testemunhos do nosso português.

14:00 h. Intervalo

16:30 h. 2ª Mesa Redonda: Características e situação de outras línguas e
dialetos minoritários.

Domingo Frades Gaspar. Presidente da Asociación Fala i Cultura e membro da
Real Academia Galega.
La fala del valle del Eljas.

Doutor José Gargallo Gil. Professor de Filologia Românica na Universidade
de Barcelona.
Fronteiras e enclaves na Península Ibérica.

Manuela Barros Ferreira. Doutora em linguística pela Universidade de
Lisboa.
O mirandês, língua de fronteira.

Isabel Sabino. Vereadora da Câmara Municipal de Barrancos.
Traços do barranquenho e ações de proteção ou promoção.

18:00 h. Projeção de um documentário a cargo de Mila Gritos sobre o
português em Olivença.

18:30 h. Fim da jornada.


Lugar: Sala de Atos do Convento de São João de Deus.
Inscrições (gratuitas): Através do nosso correio eletrónico
(alemguadiana@hotmail.com), ou in situ, no dia da jornada.
Expedir-se-ão certificados de assistência a quem o solicitar.
Um dos primeiros erros do mundo moderno é presumir, profunda e tacitamente, que as coisas passadas se tornaram impossíveis.

Gilbert Chesterton, in 'O Que Há de Errado com o Mundo'






Cumprimentos
 

*

caedlu

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DESCRIÇÃO DAS JORNADAS (DOIS ARTIGOS)
« Responder #2387 em: Março 06, 2009, 12:19:35 pm »
1) O MEU ARTIGO:
UM ESTRONDOSO ÊXITO, A JORNADA DO PORTUGUÊS DE OLIVENÇA DO DIA 28 DE
FEVEREIRO DE 2009
    O dia amanheceu sem nuvens significativas. O Sol pareceu querer
saudar o evento. E não
era para menos!
    Neste dia 28 de Fevereiro de 2009, e pela primeira vez desde 1801,
a Língua Portuguesa
manifestava-se livremente em Olivença. Mais do que isso, com a "cobertura" das
autoridades espanholas máximas a nível local e regional. E, talvez
ainda (!) mais
importante do que tudo isso, graças à iniciativa, ao esforço, à
coragem de uma associação
oliventina, a Além-Guadiana.
    Não por acaso, jornais e televisões estavam representados. E
talvez por acaso, pois
outra razão seria insustentável, não estavam órgãos de comunicação
portugueses,
empenhados com outras realidades informativas. De facto, decorria o
Congresso do Partido
do Governo em Lisboa.
    A Jornada do Português Oliventino decorreu na Capela do vetusto
Convento português de
São João de Deus. Num clima de alguma emoção. Estava-se a fazer
História... e quase 200
pessoas foram testemunhas disso, entre as quais o arqueólogo Cláudio
Torres, o "herói" do
mirandês Amadeu Ferreira, e... bem... fiquemos por aqui!
    Falou primeiro o Presidente da Junta da Extremadura espanhola,
Guillermo Fernández
Vara. Curiosamente, um oliventino. Foi comovente ouvi-lo confessar
que, na sua casa
paterna, o Português era a língua dos afectos. Uma herança que ele
ainda conserva, apesar
de já ser bem crescidinho... e Presidente duma região espanhola.
    De certa forma, estava dado o mote. O Presidente da Câmara de
Olivença, Manuel Cayado,
falou em seguida, realçando o amor pela língua portuguesa, e
acentuando o papel de
Olivença como ponto de encontro entre as culturas de Portugal e Espanha.
    Joaquín Fuentes Becerra, presidente da Associação, fez então uma
breve intervenção, em
que se destacou a insistência no aspecto cultural da Jornada.
    Juan Carrasco González, um conhecido catedrático, falou das
localidades extremenhas,
quase todas fronteiriças, onde se fala português, com destaque para
Olivença, e defendeu
que tal característica se deveria conservar.
    Usou depois da palavra Eduardo Ruíz Viéytez, director do Instituto
dos Direitos
Humanos e Consultor do Conselho da Europa, vindo de Navarra, embora
nascido no País
Basco, que defendeu as línguas
minoritárias e explicitou a política do Conselho da Europa em relação
às mesmas. Informou
a assistência sobre o ocorrido com o Português de Olivença. De facto,
o Conselho da
Europa já havia pedido informações ao Estado Espanhol sobre este desde
2005, sem que
Madrid desse resposta. Em 2008, graças à Associação Além-Guadiana,
fora possível conhecer
detalhes, com base nos quais o Conselho fizera recomendações críticas.
    Seguiu-se Lígia Freire Borges, do Instituto Camões, que destacou o
papel da Língua
Portuguesa no mundo, com assinalável ênfase e convicção. Tal discurso
foi extremamente
importante, já que, tradicionalmente, em Olivença, se procurava (e
ainda há quem procure)
menorizar o Português face ao "poderio planetário" do espanhol/castelhano.
    Uma pequena mesa redonda antecedeu o Almoço. Foi a vez de ouvir a
voz de alguns
oliventinos, em Português, bem alentejano no vocabulário e no sotaque,
em intervenções
comoventes, em que não faltaram críticas e denúncias de situações de repressão
linguística não muito longe no tempo.
    À tarde, falaram Domingo Frade Gaspar (pela fala galega, nascido
na raia extremenha) e
José Gargallo Gil (de Valência, a leccionar em Barcelona), ambos
professores universitários, que continuaram a elogiar políticas de
recuperação e
conservação de línguas minoritárias. O segundo fez mesmo o elogio da
existência de
fronteiras e do de seu estatuto de lugar de encontro e de compreensão
de culturas
diferentes, embora não como barreiras intransponíveis.
    Seguiu-se Manuela Barros Ferreira, da Universidade de Lisboa, que relatou a
experiência significativa de recuperação, quase milagrosa, do
Mirandês, a partir de uma
muito pequena comunidade de falantes, convencidos, afinal erradamente,
de que aquela
língua tinha chegado ao
fim. O exemplo foi muito atentamente escutado pelos membros do Além-Guadiana.
    Falou finalmente o Presidente da Câmara Municipal de Barrancos, a
propósito dos
projectos de salvaguardar o dialecto barranquenho e de o levar à
"oficialização".
Queixou-se do estado de abandono em que se sentia o povo de Barrancos
face a Lisboa.
    No final, foi projectado um curto filme sobre o Português
oliventino, realizado por
Mila Gritos. Nele surgiam
oliventinos a contar a história de cada um, sempre em Português, explicando os
preconceitos que rodeavam ainda o uso da Língua de Camões e contando histórias
pitorescas. A finalizar o "documentário", uma turma de jovens alunos
de uma escola numa
aula de Português
pretendia mostrar para a câmara os caminhos do futuro.
    Deu por encerrada a sessão Manuel de Jesus Sanchez Fernandez, da Associação
Além-Guadiana, que ironizou um bocado com as características
alentejanas do Português de
Olivença, comparando-o com o pseudo superior Português de Lisboa.
    A noite já tinha caído quando, e não sem muitos cumprimentos e
alegres trocas de
impressões finais, os assistentes e os promotores da Jornada
abandonaram o local. Com a
convicção de que tinham assistido a algo notável.
    Estremoz, 28 de Fevereiro de 2009
Carlos Eduardo da Cruz Luna
___________________
2) O ARTIGO DO HISTORIADOR DO P.C.P.

OLIVENÇA DEFENDE PORTUGUÊS
(grande fotografia do Convento de São João de Deus em Olivença, com
carros e pessoas à
sua porta)
ANTÓNIO MARTINS QUARESMA/HISTORIADOR
    Conforme o «Alentejo Popular» noticiou no último número,
realizou-se no passado 28 de
Fevereiro, em Olivença, um encontro, que teve por tema central o
português oliventino,
isto é, o português alentejano ainda falado naquela cidade pela franja
mais idosa da
população.
    A organização deste Encontro deve-se à recentemente fundada
associação oliventina Além
Guadiana, que, estatutariamente, persegue a revitalização das raízes culturais
portuguesas, em particular da língua. Esta Associação, dirigida por
jovens, representa em
Olivença uma nova maneira de encarar a cultura tradicional,
valorizando-a e combatendo o
preconceito que normalmente atinge as formas de cultura popular.
    O Encontro foi apoiado pelas instituições locais e regionais
espanholas, como o
"Ayuntamiento" de Olivença e a Junta de Extremadura, que aliás
estiveram presentes
através do Presidente da Junta, o também oliventino Guillermo
Fernández Vara, e pelo
"Alcalde" de Olivença, Manuel Cayado Rodríguez.
    Recorde-se que em Olivença, antiga vila portuguesa desde o século
XIII, anexada à
Espanha no princípio do século XIX, o português se falou
maioritariamente, até há bem
pouco tempo. Hoje em dia, é falado apenas por uma minoria, mas os
vestígios materiais da
presença portuguesa são numerosos e muito visíveis. A influência
portuguesa é sentida
também nos «pormenores». A doçaria, por exemplo, onde sobressai um
saboroso doce, que dá
pelo peculiar nome de técula-mécula, é familiar ao nosso gosto alentejano.
    Nesta jornada estiveram presentes alguns linguistas, portugueses e
espanhóis, cujas
comunicações se revestiram de alto nível. Eduardo Ruíz Viéytez fez
ressaltar a ideia de
que a defesa das línguas minoritárias, como o POrtuguês oliventino, é
também uma questão
de Direitos Humanos e uma preocupação do Conselho da Europa. Juan
Carrasco González
explicou as variedades linguísticas da fronteira. Lígia Freire Borges
falou no papel do
Instituto Camões. José Gargallo Gil dissertou sobre fronteiras e
enclaves na Península.
Manuela Barros Ferreira trouxe o MIrandês, a língua minortitária de
trás-os-Montes.
Manuel Jesus Sánchez Fernández focou as dificuldades do Português
oliventino. Servando
Rodríguez Franco mostrou exemplos de alterações toponímicas em
Olivença, resultantes da
interpretação castelhana do POrtuguês. Domingo Frades Gaspar discorreu
sobre a língua do
vale do Eljas. António Tereno, o único responsável político português
presente, explicou,
por sua vez, as vicissitudes por que tem passado o processo de
«classificação» do
«barranquenho».
    Um momento especial foi a intervenção de José António Meia-Canada
(querem apelido mais
alentejano?), natural de Olivença, que, na sua língua materna, deu
genuíno testemunho do
Português oliventino.
    Por fim, foi projectado um projectado um documentário sobre o
Português de Olivença,
realizado a propósito. Após a projecção, com a noite já entrada, a
Jornada terminou, no
meio de geral satisfação, pelo seu êxito e pela geral convicção de que
se estão a
realizar acções profícuas no sentido da defesa do Português oliventino.
    Uma palavra ainda sobre a Associação Além Guadiana. Ela tem o seu
sítio na "net", onde
se podem encontrar notícias sobre as actividades que desenvolvem, para
além de diversas
informações com interesse. Basta procurar no Google, ou ir
directamente aos endereços
"http://wwwq.alemguadiana.com" e "http://alemguadiana.blogs.sapo.pt/".
O Presidente da
Direcção é Joaquim Fuentes Becerra. Os restantes mebros são Raquel
Sandes Antúnez,
conhecida de todos os que gostam de boa música e do grupo oliventino
Acetre, Felipe
Fuentes Becerra, Fernando Píriz Almeida, Manuel Jesús Sanchez
Fernández, Eduardo Naharro
Macías-Machado, Maria Rosa Álvarez Rebollo, José António González
Carrillo, António
Cayado Rodríguez e Olga Gómez.
    À laia de apelo, deixamos aqui uma nota final, dirigida
especialmente às entidades
portuguesas responsáveis pela política cultural, para que, à
semelhança do que fazem os
nossos amigos oliventinos, também em Portugal se preste atenção ao
Português alentejano
de Olivença.
 

*

Doctor Z

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« Responder #2388 em: Março 07, 2009, 10:53:07 am »
Boas,

Foi com grande satisfação que li este artigo, até que enfim uma acção
concreta em Olivença.

No entanto, acredito cada vez mais que será mais culpa dos portugueses do
que dos espanhóis o facto de Olivença não voltar para mãos portuguesas.

Com efeito, muito gente em Portugal (para não falar no mundo) desconhece
totalmente esta contenda. Penso que ganharia a ser conhecida.

Quando se sabe que em certos livros se representa Portugal da idade média
sem Olivença...  :roll:
Blog Olivença é Portugal
"Se és Alentejano, Deus te abençoe...se não
és, Deus te perdoe" (Frase escrita num azulejo
patente ao público no museu do castelo de
Olivença).

:XpõFERENS./
 

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Falcão

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« Responder #2389 em: Março 19, 2009, 02:05:36 pm »
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Grupo dos Amigos de Olivença
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Divulgação 03-2009




OLIVENÇA NA IMPRENSA BRITÂNICA


Daniel Hannan, político, escritor e jornalista inglês, com vasta obra
publicada sobre política europeia, debruçou-se agora, com saber e
perspicácia, sobre a Questão de Olivença em artigo no Telegraph, cuja
tradução para português se transcreve (segue-se o original em inglês).

http://blogs.telegraph.co.uk/daniel_han ... n_wants_gi
braltar_when_is_it_planning_to_give_up_olivena


«SE A ESPANHA QUER GIBRALTAR, QUANDO TENCIONA DEVOLVER OLIVENÇA?
Daniel Hanan

    E se tivesse sido ao contrário? E se a Espanha tivesse tomado um pedaço
de território de alguém, forçado a nação derrotada a cedê-lo num tratado
subsequente, e o mantivesse ligado a si? Comportar-se-ia Madrid como quer
que a Grã-Bretanha se comporte em relação a Gibraltar? Ni pensarlo!
    Como é que eu posso estar tão certo disso? Exactamente porque existe um
caso assim. Em 1801, a França e a Espanha, então aliadas, exigiram que
Portugal abandonasse a sua amizade tradicional com a Inglaterra e fechasse
os seus portos aos navios britânicos. Os portugueses recusaram firmemente,
na sequência do que Bonaparte e os seus confederados espanhóis marcharam
sobre o pequeno reino. Portugal foi vencido, e, pelo Tratado de Badajoz,
obrigado a abandonar a cidade de Olivença, na margem esquerda do Guadiana.
    Quando Bonaparte foi finalmente vencido, as Potências europeias
reuniram-se no Congresso de Viena de Áustria para estabelecer um mapa
lógico das fronteiras europeias. O Tratado daí saído exigiu um regresso à
fronteira hispano-portuguesa (ou, se se preferir, Luso-espanhola) anterior
a 1801. A Espanha, após alguma hesitação, finalmente assinou o mesmo em
1817. Mas nada fez para devolver Olivença. Pelo contrário, trabalhou
arduamente para extirpar a cultura portuguesa na região, primeiro proibindo
o ensino do Português, depois banindo abertamente o uso da língua.
    Portugal nunca deixou de reclamar Olivença, apesar de não se ter
movimentado para forçar esse resultado (ameaçou hipoteticamente com a ideia
de ocupar a cidade durante a Guerra Civil de Espanha, mas finalmente
recuou). Embora os mapas portugueses continuem a mostrar uma fronteira por
marcar em Olivença, a disputa não tem sido colocada na ordem do dia no
contexto das excelentes relações entre Lisboa e Madrid.
    Agora vamos analisar os paralelismos com Gibraltar. Gibraltar foi
cedida à Grã-Bretanha pelo Tratado de Utrecht (1713), tal como Olivença foi
cedida à Espanha pelo Tratado de Badajoz (1801). Em ambos os casos, o país
derrotado pode reclamar com razões que assinou debaixo de coacção, mas é
isto que acontece sempre em acordos de paz.
    A Espanha protesta que algumas das disposições do Tratado de Utrecht
foram violadas; que a Grã-Bretanha expandiu a fronteira para além do que
fora estipulado primitivamente; que implementou uma legislação de
auto-determinação local em Gibraltar que abertamente é incompatível com a
jurisdição britânica especificada pelo Tratado; e (ainda que este aspecto
seja raramente citado) que fracassou por não conseguir evitar a instalação
de Judeus e Muçulmanos no Rochedo. Com quanta muito mais força pode
Portugal argumentar que o Tratado de Badajoz foi derrogado. Foi anulado em
1807 quando, em violação do que nele se estipulava, as tropas francesas e
espanholas marcharam por Portugal adentro na Guerra Peninsular. Alguns anos
mais tarde, foi ultrapassado pelo Tratado de Viena.
    Certamente, a Espanha pode razoavelmente objectar que, apesar dos
pequenos detalhes legais, a população de Olivença é leal à Coroa Espanhola.
Ainda que o problema nunca tenha passado pelo teste de um referendo, parece
com certeza que a maioria dos residentes se sente feliz como está. A língua
portuguesa quase morreu excepto entre os mais velhos. A cidade (Olivenza em
espanhol) é a sede de um dos mais importantes festivais tauromáquicos da
época, atrai castas e matadores muito para além dos sonhos de qualquer
pueblo de tamanho similar. A lei portuguesa significaria o fim da tourada
de estilo espanhol e um regresso à obscuridade provinciana.
    Tenho a certeza que os meus leitores entendem aonde tudo isto vai
levar. Este "blog" sempre fez da causa da auto-determinação a sua própria
causa. A reclamação do direito a Olivença (e a Ceuta e Melilla), por parte
de Espanha, assenta no argumento rudimentar de que as populações lá
residentes querem ser espanholas.  
Mas o mesmo princípio certamente se aplica a Gibraltar, cujos habitantes,
em 2002, votaram (17 900 votos contra 187!!!) no sentido de permanecer
debaixo de soberania britânica.
    A Grã-Bretanha, a propósito, tem todo o direito de estabelecer conexões
entre os dois litígios. A única razão por que os portugueses perderam
Olivença foi porque honraram os termos da sua aliança connosco. Eles são os
nossos mais antigos e confiáveis aliados, tendo lutado ao nosso lado
durante 700 anos - mais recentemente, com custos terríveis, quando entraram
na Primeira Guerra Mundial por causa da nossa segurança. O nosso Tratado de
aliança e amizade de 1810 explicitamente compromete a Grã-Bretamha no
sentido de trabalhar para a devolução de Olivença a Portugal.
    A minha verdadeira intenção, todavia, é a de defender que estes
problemas não devem prejudicar as boas relações entre os litigantes rivais.
Enquanto Portugal não mostra intenção de renunciar à sua reclamação formal
em relação a Olivença, aceita que, enquanto as populações locais quiserem
permanecer espanholas, não há forma de colocar o tema na ordem do dia. Não
será muito de esperar que a Espanha tome um atitude semelhante vis-a-vis
Gibraltar.
    Uma vez que este texto certamente atrairá alguns comentários algo
excêntricos de espanhóis, devo clarificar previamente, para que fique
registado, que não é provável que estes encontrem facilmente um hispanófilo
mais convicto de que eu. Eu gosto de tudo o que respeita ao vosso país: o
seu povo, as suas festas, a sua cozinha, a sua música, a sua literatura, a
sua fiesta nacional. Amanhã à noite, encontrar-me-ão no Sadler´s Wells,
elevado até um lugar mais nobre e mais sublime pela voz de Estrlla Morente.
    Acreditem em mim, señores, nada tenho de pessoal contra vós: o problema
é que não podem pretender ter uma coisa e o seu contrário.

(trad. C. Luna)



IF SPAIN WANTS GIBRALTAR, WHEN IS IT PLANNING TO GIVE UP OLIVENÇA?
Daniel Hannan
13-Mar-2009

What if it had been the other way around? What if Spain had helped itself
to a slice of someone else's territory, forced the defeated nation to cede
it in a subsequent treaty, and hung on to it? Would Madrid behave as it
wants Britain to behave over Gibraltar? ¡Ni pensarlo!
How can I be so sure? Because there is precisely such a case. In 1801,
France and Spain, then allies, demanded that Portugal abandon her ancient
friendship with England and close her ports to British ships. The
Portuguese staunchly refused, whereupon Bonaparte and his Spanish
confederates marched on the little kingdom. Portugal was overrun and, by
the Treaty of Badajoz, forced to give up the town of Olivença, on the left
bank of the Guadiana.
When Boney was eventually defeated, the European powers met at the Congress
of Vienna to produce a comprehensive settlement of Europe's borders. The
ensuing treaty urged a return to the pre-1801 Hispano-Portuguese (or, if
you prefer, Luso-Spanish) frontier. Spain, after some hesitation,
eventually signed up in 1817. But it made no move to return Olivença. On
the contrary, it worked vigorously to extirpate Portuguese culture in the
province, first prohibiting teaching in Portuguese, then banning the
language outright.
Portugal has never dropped its claim to Olivença, though it has made no
move to force the issue (it toyed with the idea of snatching the town
during the Spanish Civil War, but eventually backed off). Although
Portuguese maps continue to show an undemarcated frontier at Olivença, the
dispute has not been allowed to stand in the way of excellent relations
between Lisbon and Madrid.
Now let's consider the parallels with Gib. Gibraltar was ceded to Great
Britain by the Treaty of Utrecht (1713), just as Olivença was ceded to
Spain by the Treaty of Badajoz (1801). In both cases, the defeated power
might reasonably claim that it signed under duress, but this is what
happens in all peace settlements.
Spain complains that some of the provisions of the Treaty of Utrecht have
been violated: that Britain has extended the frontier beyond that
originally laid down; that it has bestowed a measure of self-government on
Gibraltar incompatible with the outright British jurisdiction specified by
the Treaty; and (although this point is rarely pressed) that it has failed
to prevent Jewish and Muslim settlement on the Rock. With how much more
force, though, might Portugal argue that the Treaty of Badajoz has been
abrogated. It was annulled in 1807 when, in violation of its terms, French
and Spanish troops marched on Portugal in the Peninsular War. A few years
later, it was superseded by the Treaty of Vienna.
Of course, the Spanish might reasonably retort that, whatever the legal
niceties, the population of Olivença is loyal to the Spanish Crown. While
the issue has never been tested in a referendum, it certainly seems that
most residents are happy as they are. The Portuguese language has all but
died out except among the very elderly. The town (Olivenza in Spanish)
hosts one of the most important bullfighting ferias of the season,
attracting breeds and matadors beyond the dreams of any similarly sized
pueblo. Portuguese rule would mean an end to Spanish-style bullfighting,
and a return to provincial obscurity.
I'm sure you can see where this is going. This blog has always made the
cause of national self-determination its own cause. Spain's claim to
Olivença (and Ceuta and Melilla) rests on the knock-down argument that the
people living there want to be Spanish. But the same principle surely
applies to Gibraltar, whose inhabitants, in 2002, voted by 17,900 to 187 to
remain under British sovereignty.
Britain, by the way, has every right to link the two issues. The only
reason the Portuguese lost Olivença is that they were honouring the terms
of their league with us. They are our oldest and most reliable allies,
having fought alongside us for 700 years - most recently, and at terrible
cost, when they joined the First World War for our sake. Our 1810 treaty of
alliance and friendship explicitly commits Britain to work for the
restoration of Olivença to Portugal.
My real point, though, is that these issues ought not to prejudice good
relations between the rival claimants. While Portugal has no intention of
renouncing its formal claim to Olivença, it accepts that, as long as the
people there want to remain Spanish, there is no point in pushing the
issue. It is surely not too much to expect Spain to take a similar line
vis-à-vis Gibraltar.
Since this post is likely to attract some crotchety comments from
Spaniards, I ought to place on the record that you're not likely to find a
more convinced Hispanophile than me. I like everything about your country:
its people, its festivals, its cuisine, its music, its literature, its
fiesta nacional. Tomorrow night, you will find me in Sadler's Wells,
transported to a nobler and more sublime place by the voice of Estrella
Morente. Believe me, señores, it's nothing personal: it's just that you
can't have it both ways.



____________
SI/GAO - 14-03-2009.
www.olivenca.org  olivenca@olivenca.org
Tlm. 96 743 17 69  -  Fax. 21 259 05 77
Cumprimentos
 

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Lancero

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« Responder #2390 em: Março 19, 2009, 02:58:29 pm »
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UMA "BOA" NOTÍCIA (DE NOVO, A PONTE DA AJUDA) (UM PRESENTE ENVENENADO?)
    Haja alegria! A Junta da Extremadura (espanhola) resolveu declarar, em 13 de Março de 2009, a Ponte da Ajuda, do século XVI, como "Bem de Interesse Cultural". Sem grandes comentários, salvo alguns elogios à beleza da Ponte primitiva, às particularidades da sua avançadíssima engenharia ("se destaca que es una "notable" obra de ingeniería"), e, claro, ao seu pretenso papel de ligação entre as margens do Guadiana.
    Perante uma tal deliberação, fica-se sem saber o que dizer. Basta ler que "el puente fue construido en los primeros años del siglo XVI y erigido sobre el río Guadiana en la raya fronteriza de España y Portugal", para se perceber que algo não está bem.
    Será possível ignorar, num documento oficial, que a Ponte construída no século XVI não estava em raia nenhuma, porque, sendo então Olivença indiscutivelmente portuguesa, a fronteira não passava por ali?
    Sabe-se, por outro lado, que desde 1801, existe uma "Questão de Olivença", e que Portugal não reconhece a legalidade do exercício da soberania espanhola. A própria Ponte da Ajuda é tida como monumento nacional português, e como tal declarada em lei (24 de Janeiro de 1967).
    Salvo se a memória é muito curta, o que não é de acreditar, convém recordar as polémicas de 1994, 1999, e 2003, para não citar outras, para demonstrar que a posição de Portugal não mudou sobre o problema da Ponte. Mesmo tendo aceitado que a Câmara de Olivença poderia recuperar a velha ponte, decisão bastante polémica, mas tomada em finais de 1999, reafirmou-se a portugalidade da Ponte e a obrigação de as obras serem aprovadas pelo IPPAR (português, naturalmente), o que deu origem a um incidente, quando a Espanha começou obras sem essa autorização.
    Ultimamente, a perspectiva da declaração de "Bem de Interesse Cultural" do Português de Olivença por parte da Junta da Extremadura foi considerada como algo de positivo, uma medida no sentido de algum "degelo" e acalmia em torno da problemática de Olivença.
    Talvez a Junta da Extremadura esteja com a melhor das intenções, e é bom, talvez, presumir que assim seja. Mas seria bom que se apercebesse que esta decisão viola todos os princípios defendidos pelas autoridades, políticas e culturais, de Portugal, e que pode ser vista como uma "pequena" provocação, e até como, debaixo do manto politicamente correcto do "interesse cultural", o que dificulta a contestação, disfarçar outras intenções.
    Distracção, talvez. Ninguém quer ser desmancha prazeres, nem sabotar "sinais" de abertura, e, por isso, evitar-se-á reacender demasiado as velhas polémicas. Mas não se peço o silêncio.
    Em resumo, esta foi, sem dúvida, uma decisão muito, muito polémica. E mostra que há que ter bom senso, e meditar bem no que se diz ou decide, para evitar passos à retaguarda. Não se podem fazer afirmações algo irreflectidas. Infelizmente, não foi este o caso...
    Aguardemos...
    Carlos Eduardo da Cruz Luna
Estremoz, 14 de Março de 2009
"Portugal civilizou a Ásia, a África e a América. Falta civilizar a Europa"

Respeito
 

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Daniel

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« Responder #2391 em: Março 19, 2009, 04:50:28 pm »
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E se tivesse sido ao contrário? E se a Espanha tivesse tomado um pedaço
de território de alguém, forçado a nação derrotada a cedê-lo num tratado
subsequente, e o mantivesse ligado a si? Comportar-se-ia Madrid como quer
que a Grã-Bretanha se comporte em relação a Gibraltar? Ni pensarlo!

 :Palmas:
Claro que esse senhor está cheio de razão, arrogancia castilhana ultrapassa todos os limites.

Citar
A Espanha, após alguma hesitação, finalmente assinou o mesmo em
1817. Mas nada fez para devolver Olivença. Pelo contrário, trabalhou
arduamente para extirpar a cultura portuguesa na região, primeiro proibindo
o ensino do Português, depois banindo abertamente o uso da língua.


Nisso eles são especialistas, a matar a cultura e a língua, vejamos na galicia etc etc, mas com agente é bem diferente. c34x
 

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MARIA JOSE

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« Responder #2392 em: Março 19, 2009, 06:07:47 pm »
Cada uno en su casa hace lo que le da la gana DANIELITO. :P
 

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André

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« Responder #2393 em: Março 19, 2009, 06:38:28 pm »
Citação de: "MARIA JOSE"
Cada uno en su casa hace lo que le da la gana DANIELITO. :lol:  :lol:  :lol:

 

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Daniel

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« Responder #2394 em: Março 20, 2009, 12:41:15 pm »
MARIA JOSE
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Cada uno en su casa hace lo que le da la gana DANIELITO.


Exactamente MARIAZINHA, é isso que fazem os igleses em Gibraltar. :roll:
 

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André

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« Responder #2395 em: Março 20, 2009, 01:41:38 pm »
Citação de: "Daniel"

PS. quer me parecer que um poste meu foi apagado. :roll:  :roll:

 

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teXou

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« Responder #2396 em: Março 23, 2009, 11:07:01 pm »
Citação de: "MARIA JOSE"
Cada uno en su casa  ....

¡Muy bien!  :G-Ok:
¿Entonces por qué no respetan su firma a la parte baja de un Tratado?
¿alguien, nosotros o una organización, le autoriza a ocupar a Olivença?

¡Olivença es casa portuguesa, ayer, hoy, mañana y para siempre!
"Obviamente, demito-o".

H. Delgado 10/05/1958
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" Não Apaguem a Memória! "

http://maismemoria.org
 

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MARIA JOSE

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« Responder #2397 em: Março 24, 2009, 12:24:22 pm »
Pues no parece que sea así, esa plaza es España , no veo otra bandera en ella....
 

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Cabecinhas

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« Responder #2398 em: Abril 26, 2009, 03:27:50 am »
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THE TELEGRAPH (13/03/2009)

Se Espanha quer Gibraltar, Quando tenciona desistir de Olivença?

Daniel Hannan, político, escritor e jornalista inglês, com vasta obra publicada sobre política europeia, debruçou-se agora, com saber e perspicácia, sobre a Questão de Olivença em artigo no Telegraph, que se transcreve (segue-se tradução para português):

IF SPAIN WANTS GIBRALTAR, WHEN IS IT PLANNING TO GIVE UP OLIVENÇA?
Daniel Hannan

What if it had been the other way around? What if Spain had helped itself to a slice of someone else's territory, forced the defeated nation to cede it in a subsequent treaty, and hung on to it? Would Madrid behave as it wants Britain to behave over Gibraltar? ¡Ni pensarlo!

How can I be so sure? Because there is precisely such a case. In 1801, France and Spain, then allies, demanded that Portugal abandon her ancient friendship with England and close her ports to British ships. The Portuguese staunchly refused, whereupon Bonaparte and his Spanish confederates marched on the little kingdom. Portugal was overrun and, by the Treaty of Badajoz, forced to give up the town of Olivença, on the left bank of the Guadiana.

When Boney was eventually defeated, the European powers met at the Congress of Vienna to produce a comprehensive settlement of Europe's borders. The ensuing treaty urged a return to the pre-1801 Hispano-Portuguese (or, if you prefer, Luso-Spanish) frontier. Spain, after some hesitation, eventually signed up in 1817. But it made no move to return Olivença. On the contrary, it worked vigorously to extirpate Portuguese culture in the province, first prohibiting teaching in Portuguese, then banning the language outright.

Portugal has never dropped its claim to Olivença, though it has made no move to force the issue (it toyed with the idea of snatching the town during the Spanish Civil War, but eventually backed off). Although Portuguese maps continue to show an undemarcated frontier at Olivença, the dispute has not been allowed to stand in the way of excellent relations between Lisbon and Madrid.

Now let's consider the parallels with Gib. Gibraltar was ceded to Great Britain by the Treaty of Utrecht (1713), just as Olivença was ceded to Spain by the Treaty of Badajoz (1801). In both cases, the defeated power might reasonably claim that it signed under duress, but this is what happens in all peace settlements.

Spain complains that some of the provisions of the Treaty of Utrecht have been violated: that Britain has extended the frontier beyond that originally laid down; that it has bestowed a measure of self-government on Gibraltar incompatible with the outright British jurisdiction specified by the Treaty; and (although this point is rarely pressed) that it has failed to prevent Jewish and Muslim settlement on the Rock. With how much more force, though, might Portugal argue that the Treaty of Badajoz has been abrogated. It was annulled in 1807 when, in violation of its terms, French and Spanish troops marched on Portugal in the Peninsular War. A few years later, it was superseded by the Treaty of Vienna.

Of course, the Spanish might reasonably retort that, whatever the legal niceties, the population of Olivença is loyal to the Spanish Crown. While the issue has never been tested in a referendum, it certainly seems that most residents are happy as they are. The Portuguese language has all but died out except among the very elderly. The town (Olivenza in Spanish) hosts one of the most important bullfighting ferias of the season, attracting breeds and matadors beyond the dreams of any similarly sized pueblo. Portuguese rule would mean an end to Spanish-style bullfighting, and a return to provincial obscurity.

I'm sure you can see where this is going. This blog has always made the cause of national self-determination its own cause. Spain's claim to Olivença (and Ceuta and Melilla) rests on the knock-down argument that the people living there want to be Spanish. But the same principle surely applies to Gibraltar, whose inhabitants, in 2002, voted by 17,900 to 187 to remain under British sovereignty.

Britain, by the way, has every right to link the two issues. The only reason the Portuguese lost Olivença is that they were honouring the terms of their league with us. They are our oldest and most reliable allies, having fought alongside us for 700 years - most recently, and at terrible cost, when they joined the First World War for our sake. Our 1810 treaty of alliance and friendship explicitly commits Britain to work for the restoration of Olivença to Portugal.

My real point, though, is that these issues ought not to prejudice good relations between the rival claimants. While Portugal has no intention of renouncing its formal claim to Olivença, it accepts that, as long as the people there want to remain Spanish, there is no point in pushing the issue. It is surely not too much to expect Spain to take a similar line vis-à-vis Gibraltar.

Since this post is likely to attract some crotchety comments from Spaniards, I ought to place on the record that you're not likely to find a more convinced Hispanophile than me. I like everything about your country: its people, its festivals, its cuisine, its music, its literature, its fiesta nacional. Tomorrow night, you will find me in Sadler's Wells, transported to a nobler and more sublime place by the voice of Estrella Morente. Believe me, señores, it's nothing personal: it's just that you can't have it both ways.


Tradução:

SE A ESPANHA QUER GIBRALTAR, QUANDO TENCIONA DESISTIR DE OLIVENÇA?
Daniel Hanan

E se tivesse sido de outra ao contrário? E se a Espanha tivesse tomado um pedaço de território de alguém, forçado a nação derrotada a cedê-lo num tratado subsequente, e o mantivesse ligado a si? Comportar-se-ia Madrid como quer que a Grã-Bretanha se comporte em relação a Gibraltar? "Ni pensarlo!"

Como é que eu posso estar tão certo disso? Exactamente porque existe um caso assim. Em 1801, a França e a Espanha, então aliadas, exigiram que Portugal abandonasse a sua amizade tradicional com a Inglaterra e fechasse os seus portos aos navios britânicos. Os portugueses recusaram firmemente, na sequência do que Bonaparte e os seus "confederados" espanhóis marcharam sobre o pequeno reino. Portugal foi vencido, e, pelo Tratado de Badajoz, obrigado a abandonar a cidade de Olivença, na margem esquerda do Guadiana.

Quando Bonaparte foi finalmente vencido, as Potências europeias reuniram-se no Congresso de Viena de Áustria para estabelecer um mapa lógico das fronteiras europeias. O Tratado daí saído exigiu um regresso à fronteira hispano-portuguesa (ou, se se preferir, Luso-espanhola) anterior a 1801. A Espanha, após alguma hesitação, finalmente assinou o mesmo em 1817. Mas nada fez para devolver Olivença. Pelo contrário, trabalhou arduamente para extirpar a cultura portuguesa na região, primeiro proibindo o ensino do Português, depois banindo abertamente o uso da língua.

Portugal nunca deixou de reclamar Olivença, apesar de não se ter movimentado para forçar esse resultado (ameaçou hipoteticamente com a ideia de ocupar a cidade durante a Guerra Civil de Espanha, mas finalmente recuou). Embora os mapas portugueses continuem a mostrar uma fronteira por marcar em Olivença, a disputa não tem sido colocada na ordem do dia no contexto das excelentes relações entre Lisboa e Madrid.

Agora vamos analisar os paralelismos com Gibraltar. Gibraltar foi cedida à Grã-Bretanha pelo Tratado de Utrecht (1713), tal como Olivença foi cedida à Espanha pelo Tratado de Badajoz (1801). Em ambos os casos, o país derrotado pode reclamar com razões que assinou (qualquer dos tratados) debaixo de coacção, mas é isto que acontece sempre em acordos de paz.

A Espanha protesta que algumas das disposições do Tratado de Utrecht foram violadas; que a Grã-Bretanha expandiu a fronteira para além do que fora estipulado primitivamente; que implementou uma legislação de auto-determinação local em Gibraltar que abertamente é incompatível com a jurisdição britânica especificada pelo Tratado; e (ainda que este aspecto seja raramente citado) que fracassou por não conseguir evitar a instalação de Judeus e Muçulmanos no Rochedo. Com quanta muito mais força pode Portugal argumentar que o Tratado de Badajoz foi "extinto". Foi anulado em 1807 quando, em violação do que nele se estipulava, as tropas francesas e espanholas marcharam por Portugal adentro na Guerra Peninsular. Alguns anos mais tarde, foi ultrapassado pelo Tratado de Viena.

Certamente, a Espanha pode razoavelmente objectar que, apesar dos pequenos detalhes legais, a população de Olivença é leal à Coroa Espanhola. Ainda que o problema nunca tenha passado pelo "teste" de um referendo, parece com certeza que a maioria dos residentes se sente feliz como está. A língua portuguesa quase morreu excepto entre os mais velhos. A cidade (Olivenza em espanhol) é a sede de um dos mais importantes festivais tauromáquicos da época, atrai castas e "matadores" muito para além dos sonhos de qualquer "pueblo" de tamanho similar. A lei portuguesa significaria o fim da tourada de estilo espanhol e um regresso à obscuridade provinciana.

Tenho a certeza que os meus leitores entendem aonde tudo isto vai levar. Este "blog" sempre fez da causa da auto-determinação a sua própria causa. A reclamação do direito a Olivença (e a Ceuta e Melilla), por parte de Espanha, assenta no argumento rudimentar de que as populações lá residentes querem ser espanholas.

Mas o mesmo princípio certamente se aplica a Gibraltar, cujos habitantes, em 2002, votaram (17 900 votos contra 187!!!) no sentido de permanecer debaixo de soberania britânica. A Grã-Bretanha, a propósito, tem todo o direito de estabelecer conexões entre os dois litígios (Olivença e Gibraltar). A única razão por que os portugueses perderam Olivença foi porque honraram os termos da sua aliança connosco (britânicos). Eles são os nossos mais antigos e confiáveis aliados, tendo lutado ao nosso lado durante 700 anos - mais recentemente, com custos terríveis, quando entraram na Primeira Guerra Mundial por causa da nossa segurança. O nosso Tratado de aliança e amizade de 1810 explicitamente compromete a Grã-Bretamha no sentido de "trabalhar" para a devolução de Olivença a Portugal.

A minha verdadeira intenção, todavia, é a de defender que estes problemas não devem prejudicar as boas relações entre os "litigantes" rivais. Enquanto Portugal não mostra intenção de renunciar à sua reclamação formal em relação a Olivença, aceita que, enquanto as populações locais quiserem permanecer espanholas, não há forma de colocar o tema na ordem do dia. Não será muito de esperar que a Espanha tome um atitude semelhante vis-a-vis Gibraltar.

Uma vez que este texto certamente atrairá alguns comentários algo excêntricos de espanhóis, devo clarificar previamente, para que fique registado, que não é provável que estes encontrem facilmente um hispanófilo mais convicto de que eu. Eu gosto de tudo o que respeita ao vosso país: o seu povo, as suas festas, a sua cozinha, a sua música, a sua literatura, a sua "fiesta nacional". Amanhã à noite, encontrar-me-ão no "Sadler´s Wells", elevado até um lugar mais nobre e mais sublime pela voz de Estrlla Morente. Acreditem em mim, "señores", nada tenho de pessoal contra vós: o problema é que não podem pretender ter uma coisa e o seu contrário.

(Trad. C. Luna)


http://www.olivenca.org/index.htm
Um galego é um português que se rendeu ou será que um português é um galego que não se rendeu?
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Jose M.

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« Responder #2399 em: Abril 26, 2009, 05:41:14 pm »
Curiosamente Inglaterra nunca estuvo interesada en que España cediera Olivenza a Portugal, ya que ellos deberían devolvernos la Isla de Trinidad, con lo que a pesar de los acuerdos, abandonó a Portugal a su suerte, e incluso obligó a devolver Olivenza a su legítima dueña: España.

En cuanto al tipo que escribe el artículo tiene una visión insultantemente floclorista de España y Portugal, flamenco, fados, toros y olé. Me sorprende los argumentos de que los oliventinos no querrían ser portugueses porque no hay toros de muerte (será que Barrancos ya es República Independiente o ha sido cedida a España) y que caería en  una "obscuridad provinciana" como si el Alentejo fuera el Tercer Mundo.

En cuanto a la jornada dedicada a la lengua oliventina y a la declaración de bien cultural de Puente Ajuda por parte de la Junta de Extremadura son dos demostraciones de que los extremeños nos ocupamos de nuestra riqueza cultural. Si a los países vecinos les alegra que en Extremadura (y por lo tanto en España) nos ocupemos de nuestras cosas, pues mejor, así estamos todos contentos, al fín y al cabo Olivenza es un bonito recuerdo portugués y una magnífica realidad de presente y futuro de España.