RTP: estamos entregues ao Goldman Sachs
Posted: 27 Aug 2012 07:10 AM PDT
no caso da privatização da RTP, estamos perante "a primeira privatização da história de Portugal, em que a empresa que fica com o que é público não só não paga nada como vai receber".
O “plano” é simples:
- primeiro, encerra-se o segundo canal e tudo o resto que não interessa;
- segundo, entrega-se a um grupo privado a “exploração” por 20 anos do primeiro canal da RTP, entregando-lhes o dinheiro dos contribuintes, espoliados através da factura da electricidade, no valor de 150 milhões de euros a que acrescem as receitas da publicidade, no valor de 50 milhões de euros;
- terceiro, o grupo privado a quem for entregue a exploração do canal “público” de televisão paga as despesas, neste momento estimadas em 180 milhões de euros, mas ainda fica com rédea solta para as reduzir, despedindo trabalhadores, reduzindo os salários e tudo o mais que lhe vier à cabeça para aumentar o seu lucro.
Ou seja, à partida o lucro seria na ordem dos 15 a 20 milhões de euros – um petisco sem riscos.
Só faltou mesmo António Borges dizer: temos aqui dois ou três amigos interessados em fazer o “negócio”.
Esta solução para a “privatização” da RTP tem também a particularidade de revelar que o governo não quer aliviar um cêntimo a carga de impostos e as taxas que recaem sobre os portugueses. Qualquer solução para os destinos da RTP que passe pela extinção da taxa cobrada nas facturas da electricidade é, na perspectiva do governo, “dinheiro perdido” que desaparece: não beneficia os amigos, nem entra no Orçamento do Estado.
Estamos entregues ao Goldman Sachs.
Excerto de um artigo de opinião de Tomás Vasques, publicado em 27 Ago 2012 no jornal "i"