O que é que não é verdade?
O Brasil não fabrica estes equipamentos? Se isso vai ter continuidade e proveitos futuros é que não é garantido, há muitas variáveis que se têm de conjugar para que isso aconteça.
Acho que entre montar uma chaimite e um submarino nuclear, é possivel que hajam algumas diferenças, digo eu.
Isso de fazer a montagem final ser uma coisa velha não sei, pelo que temos visto nos paises da europa de leste nos recentes contractos para veículos blindados, ainda se usa.
Mas não percebi qual é a ideia por trás destas dúvidas, é preferível ser apenas o cliente final chave na mão e estar sempre dependente de terceiros?
O que não é verdade é o que tu afirmaste. Que seja posição que "só os países industrializados e com peso regional podem tomar."
Há inúmeros casos de todo o tipo de países.
Se é melhor ou pior do que comprar pronto, depende. Depende sobretudo do custo de oportunidade e do resultado.
Se com o mesmo dinheiro se obtiverem sistemas mais fracos, principalmente face aos opositores, é pior.
Se, no compto final, gastares mais dinheiro a construir a mesma coisa ao invés de comprar chave na mão, é pior.
Se o dinheiro que gastares a mais puderes pôr na economia produtiva e gerares mais valor, ficas melhor.
E mais uma vez, isso não dá autonomia a ninguém, são essencialmente construções pontuais, sob licença ou mesmo supervisão. Se o construtor ou país do construtor te virar as costas, ficas igual.
Mais importante que ter produção de armamento é ter armamento, material em quantidade e qualidade superior aos potenciais adversários. Se puderes comprar mais, com o mesmo dinheiro, melhor.
Principalmente num mundo com sistemas de logística integrados, produzir localmente é cada vez menos importante, a não ser que o custo de mão de obra seja tão baixo e que não seja necessário implantar infraestrutura e por isso, seja financeiramente compensador.
Fora isso, nem os EUA, nem a Rússia conseguem construir 100% dos seus sistemas ou, mesmo aqueles que consigam, o querem fazer. Porque há sempre quem fora faça melhor e/ou mais barato e/ou mais depressa alguns componentes.
Claro que pode ser útil e economicamente vantajoso ter produção nacional, se for orgânica, inovadora, detentora da tecnologia, economicamente sustentável e preferencialmente exportadora.
Caso contrário, sim! É melhor comprar chave na mão.
O que eu disse foi literalmente: "Ou seja, bem ou mal, o Brasil deu primazia ao fortalecimento da sua indústria aeronáutica"..."Foi uma aposta, das que só os países industrializados e com peso regional podem tomar. Se foi boa ou má só o tempo o dirá".
Tal como escreveste, pode ser positivo ou não, depende. O Guarani tem potencial de exportação, embora seja agora uma incógnita como os italianos poderão agir nessa questão. Quanto a aviões, como bem sabemos em primeira mão, o Brasil já exporta quer civis quer militares.
Também não se colocou numa posição menos capaz face aos potenciais agressores regionais por ter escolhido o Gripen. E quando eu disse que só um pais industrializado pode decidir assim é no âmbito do tema em apreço, porque de facto, é dos poucos países no mundo - talvez uma duzia? - que podem montar caças.
Em relação a produzir mais caro dentro de portas vs comprar mais barato de outro pais. Geralmente isso confirma-se para qualquer país mais desenvolvido, logo à partida porque a mão de obra é sempre mais cara. Pode até nem ser a melhor opção numa série de equipamentos até por algumas das razões que mencionaste.
O que é não pode ser ignorado é o valor acrescentado que isso traz à economia. Por exemplo, Espanha tem mais de 400 empresas na indústria militar, que exportam 80% da produção e com quase 40mil trabalhadores com remuneração acima da média.
Isto é feito com investimento estatal pesado, seja pelos socialistas ou populares, muitas vezes encapotado. Fica mais caro em muitos casos é verdade, mas não é por isso que as FA espanholas tem pior equipamento.
Dito isto, investir correctamente na indústria e independência militar traz muitas mais valias, mesmo que por vezes não se obtenha o melhor do mercado. E sim, isso só funciona quando há grande intervenção estatal.