Quando se fala da capacidade de reabastecimento em vôo, é preciso distinguir o que são as necessidades apenas da FAP e as necessidades num contexto internacional.
A nível nacional, como diz o CJ, existe um sem-número de cenários em que poderia ser útil, basta apenas referir a possibilidade de estender uma missão SAR mais complicada ou reabastecer outros C-390 no caso de ser preciso evacuar portugueses de algum território distante e não ser possível adquirir direitos de paragem e reabastecimento a meio, por exemplo. No entanto, essas são capacidades mais “nice to have” que “must have”, afinal andamos nisto há dezenas de anos e até agira deu para sobreviver. Desse ponto de vista, concordo que adquirir um (ou no máximo, dois) kits de reabastecimento em vôo chegam para a necessidades.
O problema coloca-se a nível internacional. A Europa tem um défice extremo de capacidades multiplicadoras de força, como reabastecedores ou aviões de transporte, tanto tático, como estratégico. Nesta nova senda do rearmamento europeu, seria um erro cada país desenvolver micro-capacidades próprias, vamos ter que ganhar massa crítica através de programas conjuntos e cada país fazendo apostas em determinadas áreas. Por muito que todos gostássemos de ter 50 caças de última geração, 4 AWACS e 5 A400M, pela nossa dimensão, posição geográfica e capacidade financeira, é mais provável (e faz sentido), que nos foquemos mais nas capacidades de apoio e multiplicadoras de força táticas. Agora vou causar urticária a muita gente aqui do Fórum, mas gostaria de ver Portugal investir em transporte e reabastecimento tático. Por exemplo, veria com muito bons olhos a substituição definitiva dos C-130 por uma segunda esquadra de C-390, e a compra de mais dois ou três kits de reabastecimento em vôo, ficando Portugal com uma frota final de cerca de 10 C-390 (e quatro kits de reabastecimento), dos quais uns 2 a 4 aviões seriam prioritariamente alocados a forças multinacionais (reparem como eu não falei em NATO). Deixem o A-400M, com os seus custos brutais de utilização, para outros países, e foquem-se no transporte tático e intra-teatro europeu.