Um dos problemas a qualquer uma destas reformas, será sempre o topo da cadeia alimentar dentro das FA. Para esses, tudo o que seja mudança que lhes possa diminuir o protagonismo/acabar com os seus postos, vai sempre receber um não como resposta. Por isso é que quando falam em SMO, aquilo que me ocorre é: "Para quê?"
A reintrodução de SMO, apenas serviria de pretexto para manter contentes as elites (cargos de topo), sem se tocar nos meios. E aqui pergunto: querem mesmo um EP que chegasse a 40 ou 50 mil efectivos (ou muitos mais, dependendo de como funcionaria o SMO), mas continuar tudo a andar em M-113? Francamente prefiro um Exército de 25 mil, bem equipado, do que com o dobro ou triplo do pessoal a operar relíquias.
Quanto à BrigMec, não é difícil vislumbrar que será impossível, sem um pesadíssimo investimento, torná-la uma Brigada a sério, com equipamento em quantidade e qualidade suficiente para ter capacidade de combater de forma independente. Dito isto, há que rever e transformar esta "Brigada" num "Regimento de Lagartas", inserido na tal Brigada Mista. Continuo a não entender, como é que se sabe que na guerra moderna, é obrigatório ter capacidade de operar armas combinadas, e por cá ainda sonhamos com a ideia de que cada brigada consegue trabalhar sozinha.
Portanto, reduzir os meios de lagartas a 30-50 CCs modernos (Leopard 2A7+), outros tantos IFVs modernos (tanto faz se são CV-90, Lynx, Bradley, Puma, etc) e os tão necessários veículos de desminagem, lança-pontes e de engenharia, num total que chegaria entre os 80 e os 130 veículos.
Tudo o resto sob rodas, desde a artilharia AP, SHORAD, Porta-Morteiros, etc. Em vez de se sonhar com 2 brigadas com 300 a 400 veículos cada uma, passa-se a uma, bem guarnecida e equipada, que não excederia os 500 (provavelmente nem os 400), mas onde se dava primazia à qualidade.
A BRR permanecia mais ou menos como está, apenas modernizando/edificando capacidades em falta, e aumentando o efectivo desta, e incluía-se os Fuzileiros como parte integrante ou como "participante", reduzindo o risco de duplicação, facilitando o acesso destes aos meios da BRR e para tentar uniformizar muitas das aquisições entre as tropas especiais. A última coisa que se quer, é que um dia venhamos a ter os Fuzos numa missão em que lhes desse jeito apoio dos L-119 ou qualquer outro meio da BRR, e dar-se mais uma novela de quintinhas a bloquear/dificultar o processo.
Os RG (das ZMA e ZMM), eu simplificava bem as coisas, tendo estas primariamente a função de aguentar a defesa dos arquipélagos até à chegada de reforços, para tal, o importante é ter capacidade de negação aérea e naval, capacidade logística para poderem movimentar-se entre as ilhas, e aí sim, alguma capacidade de combate no terreno. e de garantir a segurança de infraestruturas (portos e aeródromos/aeroportos).
Para isto, a defesa dos arquipélagos (em termos permanentes) terá que ser uma missão conjunta dos 3 ramos, e não apenas dos RGs.
-A FAP contribui com os meios aéreos permanentes, e eventualmente teria que contribuir com baterias AA de médio alcance (1 por arquipélago, Porto Santo e Lajes, podemos falar de NASAMS), e drones a sério (com capacidade de guiar mísseis anti-navio)
-A Marinha no mínimo teria que ter lá um patrulha em permanência, idealmente teríamos sim uma classe de Missile Boats (algo do tamanho dos Tejo, ou ligeiramente maior) para colocar 1 em cada arquipélago*, e um navio tipo LST ou semelhante, capaz de transportar veículos e outros recursos entre as ilhas. Criaria, como parte de um plano maior, uma sub-unidade de fuzileiros em cada arquipélago, sub-unidade verdadeiramente local, formada por pessoal local e com espacialização não tanto na guerra anfíbia típica, mas no combate entre ilhas. Mas isto são outros 500.
-O Exército contribuiria com uma força ligeira em terra com VAMTAC (ou mesmo recebendo os VBL da BRR), com capacidade logística, capacidade de apoio de fogo indirecto (morteiros), SHORAD (radar, MANPADS e idealmente sistemas montados em veículos), capacidade anti-carro suficiente, e baterias costeiras de mísseis anti-navio (NSM, Harpoon, o que fosse).
*um pode negar o outro. Tendo Missile Boats, não seria prioridade ter também bateria em terra ou vice-versa.