Aqui vai, com um pedido de desculpa pelo texto longo...
Ora bem, sabendo que a minha relação com assuntos de Defesa é a mesma que com o sexo, i.e., não sou profissional, sou apenas um amador entusiasta, aqui vão os meus five cents sobre o que penso serem as necessidades da frota de superfície da Marinha. ...
Tenho dúvidas que, do ponto de vista NATO, seja eficiente cada país enviar um navio diferente para formar uma força tarefa à imagem dos SNMG.
Além disso, existem outras questões a abordar, nomeadamente:
1- possibilidade de um conflito em várias frentes/conflito global;
2- a possível não-participação americana no conflito (seja por decisão, seja por estarem a lutar com a China), o que destapa o Atlântico;
3- quais as restantes capacidades que se pretende para a Marinha, nomeadamente submarinos, BMD, Land Attack, operações anfíbias, USVs e UUVs de média/grande dimensão;
4- o pessoal, ou no nosso caso a falta dele, e o que podemos realisticamente ambicionar ter;
5- a nossa presença noutras regiões, nomeadamente Golfo da Guiné, e também qual a nossa posição caso rebente um conflito entre Argélia e Marrocos e este último pedir ajuda, e/ou perante uma tentativa se invasão de um PALOP ou Timor Leste.
Vou-me focar no ponto 3.
Submarinos: Com 4 KSS-III, não só aumentavas o n⁰ e consequentemente a disponibilidade, como ganhavas capacidade de land attack a sério, e libertavas as fragatas T1 de certas missões. Com 2 Tridente + 2 SSK pequenos (<1000t) não tens tanta capacidade ofensiva como com 4 KSS-III, mas tens capacidade defensiva, que liberta pelo menos 1 fragata para outras tarefas.
BMD: Acho que precisamos desta capacidade, a questão seria se teríamos só em terra, só em navios, ou ambos.
Se só em terra, deixa de ser necessária uma fragata T1 dedicada a defender Portugal Continental.
Se só no mar, aumenta a importância defensiva destes navios (e consequentemente aumenta o valor ofensivo proporcionado pelos KSS-III), e surje provavelmente a necessidade das T2 terem alguma capacidade para esse fim.
Se ambos, ganha-se mais versatilidade, passando a ser possível ter baterias terrestres a defender uma parte do território (ex. continente), e navios a defender outras (ex. ilhas).
Land Attack: Com KSS-III, estes passam a ser o principal meio para esse fim, sem eles, terão que ser as fragatas a corresponder. A implementação de loitering munitions, em particular em módulos contentorizados, pode dar aos T3 esta capacidade.
Capacidade anfíbia: A querermos uma capacidade anfíbia robusta, o conceito de emprego da Marinha muda por completo. Maior ênfase na parte ofensiva, na escolta deste navio, que obviamente obriga a mais navios ou à remoção de navios de outra função.
USVs e UUVs: UUVs médios e grandes, armados, conferem capacidades defensivas que permitem libertar os submarinos tripulados.
USVs com módulos contentorizados de armamento, permitem reforçar as capacidades dos navios tripulados.
Uma fragata T1 com 2 USVs ganha mais munições para BMD ou Land Attack ou AAW, etc.
Uma fragata T2 com 2 USVs, ganha capacidades que a aproxima das T1. Quicá, dependendo do tipo de fragata, pudesse fazer BMD limitado.
Um navio T3 com 2 USVs aproxima-se a um T2 em funções específicas.
Os USVs permitiam que 1 NPO acompanhado por 2 ou 3 USV, pudesse exercer a função defensiva de uma fragata T2, libertando essa fragata para outras tarefas. Poderiam até funcionar como escoltas dos NRE+, controlados pelos próprios, tornando-os pseudo-T3.
No fim, creio que precisamos de 6 fragatas (7 é ideal, mas pouco realista), 4 submarinos (preferencialmente KSS-III), 10 navios "Tier 3" dos quais 6 NPO3S. Complementados por 8-12 USVs de média/grande dimensão (ou mais, dependendo dos custos), 4-8 UUVs médios/grandes.
Duas T1 e quatro T2, ou três de cada. Tal como podíamos ter 6 "T1.5", que é como quem diz, fragatas suficientemente capazes para AAW/BMD, sem ter o mesmo nível de equipamento de umas T1 puras, e que quando complementadas por USVs, seriam equivalentes a T1.
Tendo em conta a questão da falta de pessoal, alguma coisa vai ter de ceder. Não vamos ter capacidade de aumentar o n⁰ de fragatas, de submarinos, ter 2 NRE+, 1 PNM, 10 OPVs e ainda ir buscar um LPD/LHD/MPSS, além do resto da MGP.
Daí achar que 3/4 XO para substituir os 4 NPO originais permitiriam eliminar a necessidade do navio anfíbio dedicado.