Entendo o que diz, não sei se esta é a resposta adequada, debato apenas consigo qual é o meu entendimento depois de caracterizar os argumentos que apresenta (subscrevo uns mas rebato outros):
"sensores mais capazes"
-> Subscrevo, se tiverem nomeadamente mais alcance e mais modos de operação o navio conseguirá patrulhar um área maior e terá mais tempo de reacção.
"os NPO têm lanchas civis"
-> Entendo a limitação, mas então com que meios são feitas as abordagens aos navios/lanchas piratas pelas fragatas VdG quando estiveram na Somália?! Estive a ver o video duma VdG na Somália à abordagem foi feita com 2 "RIBS" (suportado pelo Lynx), penso que continuará ser feita por RIBS quer seja com VdG quer seja com VdC o treino da tripulação destacamento de abordagem é que é chave, e é um dos RIB apoia o outro (o Lynx dá o suporte vertical, mas não significa que o suporte vertical seja obrigatório?!)...se alguém quiser complementar as técnicas de abordagem... esteja á vontade.
"Mesmo que detectem a embarcação, como procedem à sua intercepção/destruição?"
-> Em principio acho a intercepção o mais difícil não por falta de armamento mas por falta de velocidade as VdC que só dão 20 nós max, mas imaginemos ok que os "Piratas" estava à espera dum navio civil para sequestrar, a fingir que são pescadores, são "interceptados" pela VdC ao verem uma "unidade naval" o que fazem? Ou "fogem" ou "ficam parados" (não são burros para disparar sobre uma unidade naval não interessa o tamanho do canhão que a unidade naval tenha) se pararem é mais fácil, já se fugirem (e tire de lá da cabeça utilizar quaisquer canhões navais para "destruir" os "Piratas" se eles não disparem, não mostrarem armas, não ameaçarem a unidade naval ou não tentarem aborda-la, aí é mais importante a camera de filmar do que os canhões porque têm de os filmar com armas para provar que são "Piratas" porque senão até prova em contrário são "Pescadores à deriva"...)... continuando já se fugirem do VdC só os conseguem interceptar ou parar com os RIBS (ou com Lynx ou similar se fossem transportados, mas não são, não há hangar); ... continuando a intercepção como o existem "rules of engagement" para a pirataria donde quando os "Piratas" são interceptados pelos RIBS, param, se não pararem disparam-se uns tiros de aviso, se não pararem depois do tiros de aviso dispara-se para os motores das lancha, espera-se a rendição mas a força letal é só em última circunstância é utilizada é uma abordagem mais policial que militar e normalmente são mais capturados que abatidos (como trabalho policial similar a perseguir um carro... normalmente numa perseguição policial nunca andam com RPG para param criminosos, só no Mad Max, quer o criminosos tenham RPG ou não) ... e sim é tudo trabalho do "destacamento de abordagem", as armas do navio têm pouca o nenhuma relevância pois podem até ferir o destacamento de abordagem ... quer tenham os "Piratas" ou não RPG.
Depois de retirar e deter os "Piratas" a "destruição" sim existe quando o destacamento de abordagem decide abrir as válvulas de fundo da lancha, ou rebentar o fundo com as armas ligeiras, ou tentam deixam o barco à deriva ou utilizam-no para treino das armas do navio.
"Se o navio for alvo de um ataque de saturação de pequenas lanchas"
->O que descreve, então não está a ser atacado por "Piratas" porque os "Piratas" fogem de unidades navais, e então não se aplica ao leque de missões de um patrulha (que não vai para uma zona de combate), o que descreve sim "existe" mas é uma "ameaça milita"r tipo como a rebeldes Houthi do Yemen atacarem navios de combate (não patrulhas) do EAU e da Arábia Saudita. ao estilo da doutrina da componente naval "Islamic Revolutionary Guard Corps' Navy" do Irão que partilham, mais uma vez isso é uma "ameaça militar" não é "pirataria"; a "ameaça militar" implica navio de combate por exemplo "corveta" ou "fragata"(ai a armada tem uma resposta para isso chama-se VdG ou BD), já a "Pirataria" é uma ameaça "não militar" não implica um navio de combate, ainda que se possa utilizar, mas está dentro da missões de "não militares de vigilância e soberania marítima" que incluem SAR, Controlo Imigração, Controlo de Pescas....
https://www.thedrive.com/the-war-zone/13068/houthi-rebels-in-yemen-attacked-another-uae-ship-and-thats-all-we-know-for-sure
-> Resumindo: Se a ameaça é "Pirataria" então tem de se conhecer em detalhe a ameaça e a doutrina de intervenção para o seu combate, só depois se escolhem os meios, donde não há uma relação directa entre "arma maior" , "maior sucesso no combate a pirataria...ou por outras palavras... o maior desafio não é "Destruir" os "Piratas"(com RPGs ou não) é "identifica-los" nos meio dos pescadores.
Essa definição de Pirataria, parece-me um pouco "conto de fadas" e excessivamente linear para a realidade. Qualquer tipo de conflito ou situação de tensão, implica uma certa imprevisibilidade. Achar que os piratas vão só fazer A ou B e nunca pensar noutras possibilidades, é brincar com o fogo.
Quanto aos RHIB civis, sim, as VdG usavam desses, mas a parte do apoio aéreo proporcionado por um Lynx (ou outro heli aliado) é crucial. Se o navio/lancha pirata revelar que tem armamento a bordo, dificilmente serão lançadas as RHIBs para os interceptar sem que se garanta a segurança da manobra. E navios como as VdG têm óbvias limitações no tipo de lanchas que podem levar. O NPO, não tendo meio aéreo orgânico, está por sua conta, logo lançar lanchas civis, é suicídio. Existem soluções para isto. Em muitos países têm sido desenvolvidas corvetas e até fragatas com baías multi-missão, onde podem transportar lanchas mais adequadas para combate à pirataria por exemplo. Existem também USVs, como o Protector da Rafael, que vêm desde logo equipados com uma RWS, sensor E/O e radar, e sendo não tripulados, não colocam em risco a guarnição nacional.
Quanto à intercepção, é aqui que se vê essa perspectiva linear sobre a pirataria. Ou fazem A ou B e não há outra opção, como se fosse possível prever. Parte logo do princípio que vêem um NPO e ficam intimidados. Acha que isso vai acontecer com NPOs sem arma principal sequer? Os piratas mal apanhassem a manha dos nossos NPO e das suas limitações, alteravam logo de estratégia. Basta lembrar que os nossos dois últimos navios, nem sensor E/O possuem, ou seja, vai ter que ser com binóculos, e neste caso, o pirata com binóculos tem maior chance de detectar um OPV de 80 metros antes do OPV igualmente municiado de binóculos detectar uma pequena lancha à mesma distância.
Mas essencialmente, o navio tem de estar preparado para N cenários, e não "achar" que é possível prever a reacção dos piratas. Pode haver situações em que tudo corre como nos livros de regras, e outras em que ocorre uma escalada de tensões. Achar que a Marlin WS consegue disparar com total precisão contra um pequeno motor de uma embarcação já por si pequena, não faz sentido nenhum. Ou seja, se os piratas tiverem uma embarcação que navegue a mais de 30 nós, e se depararem com um NPO, podem sacar do RPG à vontade, disparar e ainda fugir sem um único arranhão. Até porque se mesmo com a Marlin já seria difícil atingir uma lancha a alta velocidade, com uma das .50 é praticamente impossível.
E não esquecer, que se a pirataria fosse assim tão previsível, nenhum país da NATO andava a enviar fragatas e destroyers de 5000 toneladas para lá. No entanto, na falta de meios adequados, não enviaram navios civis, como os nossos NPOs, enviaram os principais meios combatentes.
Quanto aos ataques de saturação, basta que um grupo se organize minimamente, com 2 ou 3 lanchas municiadas de 2 RPGs cada, para fazer a vida negra aos nossos NPO. Não esquecer que o nosso navio estaria possivelmente sozinho, portanto danificar um navio destes, seria um golpe importante para as operações dos piratas e grupos terroristas na região, já que lhes permitia agir livremente durante uns tempos, até o navio atacado ser rendido.
No seu resumo final, é aí que está o erro, achar que basta seguir à risca uma doutrina, que tudo fica bem, como se não houvesse mais variáveis ao barulho. Mas mesmo nesse aspecto, os nossos navios não seguem a doutrina nem os requisitos básicos. Basta comparar com outros navios do género, que incluem hangar, heli orgânico, melhor armamento e sensores... Estarão eles errados e nós certos? Acho que não.