As minhas apreciações neste caso especifico são obviamente totalmente especulativas, como disse, no entanto, lembro que no Atlântico não vai haver aeronaves russas, porque os russos não têm capacidade para utilizar o seu único porta-aviões de forma operacional.
Eu normalmente tento pensar não na coisas que poderiamos ter se acontecesse isto, aquilo ou aqueloutro, eu penso no que podemos fazer como o que temos, mesmo que esteja apenas encomendado e possa ser fornecido em tempo útil.
Depois, não podemos partir do principio segundo o qual estaremos permanentemente na mesma. Se nenhum governo decidir alterar o atual Status Quo, então é melhor sairmos da NATO e vender os Açores aos americanos, que mais tarde ou mais cedo vão-se lembrar disso.
Eu diria que, é mais fácil treinar pilotos para este tipo de conflito, mas aqui, estamos a entrar completamente no campo da especulação ...
Um destacamento de aeronaves não é uma base com todos os equipamentos necessários à manutenção. Para uma aeronave Tucano, seria necessário um grupo de doze homens por aeronave, mais um grupo de apoio, que seria reduzido no continente, e que só seria reforçado em Santa Maria, onde seria necessário fazer tudo.
O Tucano não é o meio mais adequado para fazer isto, sem dúvida, principalmente por causa do raio de ação operacional reduzido. A aeronave não foi pensada para missões navais. Mas como digo: Eu estou sempre a pensar que quem não tem cão caça com gato ...
E se só temos gato, então temos que pensar como é que pomos o tareco a ladrar ...
Aliás, seria interessante termos uma ideia sobre o que fazer para encontrar e abater submarinos, sem passar pelos americanos ...
Eu sei que é mera especulação, mas não deixa de ser uma péssima ideia.
Não podemos esquecer que temos 28 F-16, e ainda não houve a decência de lhes integrar os Harpoon. Seria estapafúrdio canalizar ainda mais dinheiro para a frota ST, ao invés de F-16. Este é o mesmo país que tem apenas 5 helicópteros ASW, e mesmo assim só optou por modernizar os sonares de 2 deles!
Não é uma questão de "quem não tem cão, caça com gato", é nós termos um Leão e queremos caças com um ovelha.
Além disso, ainda há o P-3, os quais a FAP quer colocar mais do que 4 operacionais, e ainda temos os C-295 VIMAR, que devidamente modernizados podem complementar os P-3 em ASW.
De resto, se já vais ter um NPO com sonar rebocado, aproveitas e colocas um (ou dois) UAV VTOL que lance torpedos, a bordo de cada navio.
E aqueles "apenas 11-15 elementos por cada destacamento de ST", são elementos que não temos às paletes, muito pelo contrário. Fazem falta nas esquadras relevantes, e estariam a ser desperdiçados nas avionetas COIN. Nem tão pouco está a Esquadra que vai operar os ST, preparada para essas andanças.
Um destacamento nos Açores e Madeira, fazia sentido era para UCAVs, nomeadamente aqueles que têm capacidade/versão de patrulha marítima, ASW e ASuW - estando muito melhor preparados para desempenhar a missão que Super Tucanos.
Quanto aos russos poderem vir a ter ou não aeronaves no Atlântico, seria mera especulação sobre a sua estratégia num eventual conflito. Mas bases aéreas em África podem permitir aos russos ter pelo menos alguns bombardeiros estratégicos na região, tal como bases navais no mesmo continente podem levar os russos a "deslocalizar" a Frota do Norte para o Atlântico Sul. Estas duas possibilidades mudam muita coisa na nossa estratégia.
A isto acresce que não sabemos qual o espaço temporal de um hipotético conflito, por isso é difícil prever o que é que eles terão nessa altura.
De resto, para um dispositivo credível ASW, podemos elaborar um plano que envolva uma conjugação de meios:
-submarinos (idealmente 4)
-6 NPO3S (sonar rebocado + UAV lançador de torpedos)
-5/6 fragatas + Lynx Wildcat (ou outro heli)
-6/7 P-3 modernizados (assumindo que se arranjam tripulações) - mais tarde substituídos pelo A321 MPA
-6 EuroDrone versão patrulha marítima (lançamento de sonoboias e quiçá torpedos ligeiros)
-UAV nacional capaz de lançar sonoboias
-5 C-295 VIMAR modernizados e convertidos para MPA (incluindo mais kits de missão, sonoboias e armamento)
-eventualmente, desenvolvimento e emprego de USVs, com sensores passivos
Este dispositivo já não é nada mau, não? E a maior parte dos meios acima, têm capacidade de cumprir missões para lá de ASW.
P.S. 3- Interessante artigo sobre o ST "Naval".
https://www.sociedademilitar.com.br/2025/01/embraer-revoluciona-combate-aereo-e-maritimo-com-caca-super-tucano-a-29-equipado-com-novos-sensores-eletro-opticos-e-sistemas-de-guerra-anti-submarino-fplv.html
Mais uma vez, vivendo e aprendendo. Quando eu falei no Tucano para operações navais, não tinha ideia de que alguém tinha pensado nisso ...
Creio que é para as Filipinas. Por outras palavras, não têm dinheiro para um MPA a sério, têm que desenrascar com avionetas. Depois fica a questão, de quão eficazes seriam na realidade, perante a ameaça chinesa.
E só para se ter noção, o Tekever AR5 já vem incluído com radar de patrulha marítima, sensor EO, e está em desenvolvimento um sistema de lançamento de sonoboias.
https://smartdefence.pt/pt/noticias/tekever-demonstra-tecnologias-uav-de-ponta-no-exerc%C3%ADcio-nato-repmus-2024/Não tem capacidade de lançamento de torpedos, nem nunca terá, mas já é um princípio.