Ou seja, a UE e os EUA que apoiaram a revolta ucraniana, deixando elementos nacionalistas chegarem ao poder, colocando as pessoas nas ruas convictas que assinando um acordo comercial (que pouco acrescentava ao dos Russos) praticamente entravam para a Europa Comunitária e prometendo somas elevadas de dinheiro para depois quando a Rússia aproveita a confusão entrar pela Crimeia a dentro, dizem que não é nada com eles, tiveram bom senso?
Essa é a sua interpretação.
Mas mesmo que por absurdo, essa interpretação fosse correta, ainda assim nem os alemães, nem os britânicos nem os franceses nem os americanos invadiram coisa absolutamente nenhuma.
O que aconteceu foi evidentemente uma situação de revolução em que o poder caiu na rua e em que o próprio presidente Yanukovich já reconheceu que «perdeu a cabeça».
Além disso, a sua interpretação baseia-se na velha máxima de que duas coisas mal feitas fazem uma coisa bem feita.
Todos temos idade para perceber que não é assim...
As fontes que tive acesso, desde o NY Times à Reuteurs (com jornalistas no terreno) a analistas militares e instituições varias completamente neutras dizem o contrário (mas é questão de colocar as suas fontes para que outros possam também ter acesso). Os problemas com determinados batalhões e com a Força Aérea são verídicos, agora são típicos de operações militares e não coloca em causa o que as unidades navais e os para-quedistas fizeram. Tirando as questões de hierarquia, os problemas de comunicações e o abate do bombardeiro Tupolev (que desceu para os 4 000 metros ou para fazer reconhecimento ou para bombardear), o resto são de aparelhos que faziam apoio de fogo (como os Su-25) e portanto tão expostos a fogo inimigo e amigo.
Mas dizem o contrário do quê ?
As suas fontes são as mesmas que as minhas...
Basicamente o que você está a dizer é:
Tirando todos os fiascos da atuação das forças armadas da Rússia, correu tudo bem …
Na invasão russa tudo foi um sucesso, descontando tudo o que não funcionou...Ora mafets. Se a minha avó não tivesse morrido, ainda hoje seria viva.
Você está a confundir uma operação conduzida e com resultados atingidos na sequência de organização e da utilização judiciosa dos meios disponíveis com uma operação desorganizada (resultado da pressa e da incapacidade de organização russa) cujo sucesso foi assegurado mais pela incompetência do lado opositor.
Não me lembro de ter visto alguém a defender que os russos não tinham ganho do ponto de vista tático. O que não deixa de ser verdade é que Putin queria a cabeça do Sakhasvilli, porque ele tinha dito coisas muito inconvenientes nos fórums internacionais sobre a realidade corrupta do governo russo. Putin mandou bombardear a capital georgiana, e queria matar o presidente georgiano e mostrar que podia também fazer como os americanos numa operação de «regime change».
Aliás, são os próprios russos que tornaram claros os problemas que surgiram durante a operação.
E o que sei do NY Times, são afirmações sobre a realidade do exército georgiano e da forma como foi derrotado.
E o exército georgiano foi derrotado porque na essencia continuava a ser um exército organizado à soviética. Sem a vantagem do número, claudicou rapidamente.
Existe um relatório interessante sobre a situação aqui:
http://strategicstudiesinstitute.army.mil/pubs/parameters/Articles/09spring/mcdermott.pdfNão está em causa se os russos ganharam. O que foi colocado em causa é que seja verdade que as tropas russas demonstraram incapacidades várias, que a força aérea russa demonstrou incapacidades várias, que o exército georgiano foi incompetente, mal comandado e mal organizado e que por isso abriu as portas aos russos...
Agora, se a operação xpto, numa ilha das caraíbas de há 30 anos foi um fracasso ou um desfracasso, ou se a conquista do forte de Eben Emael em 1940 foi bem ou mal feita, desculpe mas isso é absolutamente irrelevante. As tropas que apoiaram a operação contra a Crimeia, foram tropas do 48º e do 59º exércitos russos. Os msemos que contribuiram com as tropas que invadiram a Georgia em 2008.
E isso é relevante.
Eu não estou a defender guerrinhas estéreis de russos x americanos, estou apenas a tentar analizar o que se passa neste periodo histórico, pós guerra fria, com as realidades de agora. Só me posso pronunciar sobre isso.