Revolta no Mundo Árabe

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scrupulum

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #375 em: Novembro 03, 2012, 11:57:18 am »
« SOB OS NOSSOS OLHOS »
Os maus perdedores da crise síria

por Thierry Meyssan
REDE VOLTAIRE | BEIRUTE (LÍBANO) | 28 DE OUTUBRO DE 2012

Aquando de uma mesa redonda em Ancara, o almirante James Winnefeld, chefe de estado-maior adjunto dos E.U., confirmou que Washington revelaria as suas intenções em relação à Síria, logo após terminar a eleição presidencial de 6 novembro. Ele deu claramente a entender aos seus interlocutores turcos que um plano de paz tinha já sido negociado com Moscovo, que Bachar el-Assad ficará no poder e que o Conselho de segurança não autorizaria a criação de zonas tampões. Pelo seu lado, o secretário-geral adjunto da ONU encarregue das operações de manutenção da paz, Hervé Ladsous, confirmou que estava em vias de estudar as possibilidades de colocação de capacetes azuis na Síria.

Todos os actores da região se preparam pois para um cessar-fogo imposto por uma força onusina composta principalmente por tropas da Organização do Tratado de segurança colectiva (Arménia, Bielorússia, Cazaquistão, Quirguistão, Rússia, Tadjiquistão). De facto, isto significa que os Estados-Unidos prosseguem a sua retirada da região, iniciada no Iraque, e aceitam aí a partilha da sua influência com a Rússia.

Simultaneamente, o New York Times revelou que as conversações diretas vão ser retomadas entre Washington e Teerão, no exacto momento em que os Estados-Unidos se aplicam a afundar a moeda iraniana. De forma clara, após 33 anos de containement (cerco-NdT), Washington admite que Teerão é uma potência regional incontornável, mesmo que continue a sabotar a sua economia.

Esta nova realidade faz-se às custas da Arabia saudita, da França, de Israel, do Catar e da Turquia que apostavam todos numa mudança de regime em Damasco. Esta heteróclita coligação divide-se agora entre os que reclamam um prémio de consolação e aqueles que tentam sabotar o processo em curso.

De repente, Ancara mudou de alvo. Recep Tayyip Erdogan, que se afirmava pronto para o pior, tenta reconciliar-se com Teerão e Moscovo. Alguns dias após ter insultado os Iranianos e feito molestar diplomatas russos, tornou-se todo mesuras. Ele aproveitou a cimeira da Organização de Cooperação Económica em Baku para se encontrar com o presidente Mahmoud Ahmadinejad. Propôs-lhe colocar em acção um complexo dispositivo de discussão sobre a crise síria que permitisse quer à Turquia quer à Arabia saudita evitar ficar a ver passar os comboios. Preocupado em não humilhar os vencidos, o presidente iraniano mostrou-se aberto a esta iniciativa.

O Catar, pelo seu lado, está já à procura de novos espaços para as suas ambições. O emir Hamad ofereceu-se uma viagem a Gaza e arvorou-se em protetor do Hamas. Ele veria com bons olhos o derrube do rei da Jordânia, a transformação do reino hachemita numa república palestiniana e a instalação no poder dos seus protegidos da Irmandade dos Irmãos muçulmanos.

Restam Israel e a França que constituíram uma frente da recusa. A nova geopolítica daria uma garantia de protecção para o Estado de Israel, mas colocaria um fim ao seu estatuto partícular na cena internacional e arruinaria os seus sonhos expansionistas. Tel-Aviv seria despromovida ao escalão de potência secundária. Quanto à França, ela perderia a sua influência na região, e incluindo o Líbano. È neste contexto que os serviços secretos dos dois Estados conceberam uma operação para fazer falhar o acordo EUA-Rússia-Irão. Mesmo na hipótese desta operação falhar, ela deveria permitir sempre apagar as provas da ingerência na crise síria.

Primeiro a França fez circular um rumor segundo o qual o presidente Bachar el-Assad teria encomendado ao Hezbollah o assassinato de cinco personalidades libanesas : o chefe das Forças de segurança interna, o director das forças do ministério do Interior, o grande mufti, o patriarca maronita e o antigo Primeiro- ministro Fouad Siniora. Depois, Paris sacrificou Michel Samaha — que lhe servia de agente de ligação com os serviços sírios, mas tinha acabado de cair em desgraça em Damasco e se tinha pois tornado dispensável. — O brilhante e versátil político caiu numa armadilha montada pelo general Wassam el-Hassan — chefe das FSI e ele próprio agente de ligação com os salafistas. — Depois, Paris sacrificou o general Wissam el-Hassan, que não só seria inútil em caso de paz na Síria, mas perigoso porque sabia de mais. Assim o boato francês concretizou-se: o primeiro em relação à lista dos alvos está morto, e uma personalidade pró-síria foi presa ao preparar um atentado contra um outro alvo da lista.
No centro desta maquinação, encontramos o general Benoît Puga. Este antigo comandante das Operações especiais e director do Serviço de Informação militar francês foi chefe de estado-maior Conselheiro do presidente Nicolas Sarkozy e foi mantido no seu posto pelo presidente François Hollande. Proclamando um apoio incondicional à colonização judia da Palestina e relações privilegiadas com os neoconservadores dos EU, ele relançou a política colonial da França na Costa do Marfim, na Líbia e na Síria. Era o agente tratando ao mesmo tempo de Michel Samaha e de Wissam el-Hassan. Ele é hoje em dia o homem forte em Paris. Numa violação das instituições democráticas, governa sozinho a política da França no Próximo-Oriente, mesmo que esta atribuição não corresponda às suas funções oficiais.

Thierry Meyssan
Tradução
Alva
Fonte
New Orient News (Líbano)
         
Thierry Meyssan
Intelectual francês, presidente fundador da Rede Voltaire e da conferência Axis for Peace. Publica análises de política estrangeira na imprensa árabe, latino-americana e russa. Último livro publicado: L’Effroyable imposture : Tome 2, Manipulations et désinformations (éd. JP Bertand, 2007).
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Lusitano89

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #376 em: Novembro 03, 2012, 07:40:06 pm »
Oposição descarta diálogo sem a saída de ditador sírio


Figuras importantes da oposição síria reunidas em Amã, capital da Jordânia, descartaram a possibilidade de diálogo com o regime sem a saída do ditador Bashar al-Assad, segundo um comunicado emitido sábado, na véspera de um encontro crucial da principal coligação da oposição exilada em Doha.

 A reunião de Amã analisou «os meios de unir esforços da oposição para estar à altura dos sacrifícios realizados pelo combatentes no país e para obter o apoio internacional, regional e árabe necessário para derrubar o regime de Bashar al-Assad», afirma o texto.

O encontro quer preparar a reunião ampliada do Conselho Nacional Sírio (CNS), prevista para domingo em Doha, segundo Mohamed al Otri, porta-voz do ex-primeiro-ministro da Síria Riyad Hijab, que desertou em Agosto e esteve presente no encontro de Amã.

A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, pediu ao CNS, principal organismo da oposição no exílio, que supere as respectivas divisões e amplie a representatividade dos que combatem na Síria e a todas as comunidades sírias.

«Os participantes na reunião de Amã na quinta-feira concordaram em considerar a saída de Assad e do seu grupo no poder como uma condição "sine qua non" para o início de qualquer diálogo que tente encontrar uma saída que não seja a militar, se isto ainda for possível», acrescenta o comunicado.

Em Damasco, o jornal governamental As Saura afirma hoje que não existirá uma negociação com o CNS, que define como um grupo de mercenários.

«As declarações de (Hillary) Clinton sobre o CNS não são novas. O mundo inteiro sabe que foi formado por círculos sionistas de Washington, Ancara, Doha e Riade, e que não representa e não representará nenhum dos sírios honestos que resistem à política de agressão e de ocupação», afirma o jornal.

«É impossível unificar a oposição, já nenhum se diferencia em nada dos combatentes mercenários extremistas. Eles nunca foram sírios e jamais serão», salienta.

O governo dos Estados Unidos rebateu sexta-feira a acusação do CNS de que Washington gostaria de remodelar o Conselho.

Lusa
 

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Fernando Negro

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #377 em: Novembro 09, 2012, 11:12:25 am »
É tudo uma operação, em grande escala, da CIA.

E já vi que há quem esteja a ler bons fontes ("Rede Voltaire") que explicam um pouco desta história. ;)

É o chamado "tudo ou nada"...

Os EUA apenas controlam/controlavam alguns dos países árabes. E, nalguns que têm regimes ditatoriais, decidiram instigar revoltas com o objectivo: de colocar fantoches seus no poder; e, ao mesmo tempo, de destruir esses mesmos países.

A parte de colocar fantoches, toda a gente percebe. Mas, quem não entenda a parte do "destruir", lembre-se dos valiosos recursos naturais que estes países têm no seu subsolo. Quanto menos população houver num país, mais pobre esta for e menos desenvolvido esse país estiver, menos dos seus próprios recursos naturais são consumidos pela população local.

E reparem na duplicidade de princípios... Na Líbia, por exemplo, apoia-se abertamente a revolta. No Bahrein... Alguém aqui sabe o que se passa no Bahrein?

Sobre a Síria, o dito "Exército Livre da Síria" é um exército de fundamentalistas islâmicos a tentar derrubar um governo laico, que quer manter o seu país desenvolvido e que respeita a diversidade de religiões. É também um exército composto maioritariamente por estrangeiros, que não têm nada de lá estar a impor a sua vontade num país alheio. Estrangeiros esses que pertencem à al-Qaeda. (Então agora os nossos governos andam a apoiar a al-Qaeda?!)

E sobre isto, podem ver no interessante debate que se segue o que uma rapariga síria, pertencente a uma família que foi perseguida pelo regime de Assad, tem, a dada altura (a partir dos 24m), a dizer sobre a situação no seu país.



Comecem a ler e a ver: http://www.infowars.com/ | http://www.prisonplanet.com/ | http://www.danielestulin.com/ | http://www.globalresearch.ca/ | http://www.corbettreport.com/ | http://tarpley.net/ | http://www.voltairenet.org/en | http://www.presstv.ir/ | http://rt.com/
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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #378 em: Novembro 09, 2012, 12:16:56 pm »
Existe desde ha muito tempo um pacto entre o governo dos EUA e os chamados "Irmãos Muçulmanos".
Os EUA (e o resto da Nomenklatura Global) apoiam a tomada de poder pelos "Irmãos Muçulmanos" nos paises arabes, enquanto estes se comprometem a respeitar 2 condições : o reconhecimento do estado de Israel e o sistema de economia de mercado. Tudo o resto é secundario, mesmo o destino das comunidades cristãs do Oriente. A este proposito veja-se o que sucedeu aos cristãos do Iraque (obrigados a abandonar o pais para nao serem massacrados), e o que esta a suceder no Egipto e na Libia.
Na Siria, sao os relatos e os pedidos de socorro do clero catolico e ortodoxo que os media ocidentais ignoram. Sao apelos desesperados apenas difundidos por muito poucas vozes que no ocidente sao boicotadas pelos orgãos de comunicação social. Porquê ? porque estes media sao propriedade ou estão sob controlo apertado da Nomenklatura politico-financeira.
Uma exceção é a FIDES... mas quem é que "liga" à Agencia de noticias do Vaticano ?

ÁSIA/SÍRIA - Os esforços da Igreja para libertar os cristãos sequestrados e ajudar os deslocados

Aleppo (Agência Fides) - Há um esforço em andamento da Igreja para tentar libertar dez cristãos sequestrados nos últimos dias por um grupo armado, enquanto estavam a bordo de um ônibus que viajava de Aleppo a Beirute (veja Fides 6/11/2012). Trata-se de sete armênios, como referido à Fides, ao quais se acrescenta outra família cristã: Bechara Rabbat, sua esposa Mary Rose Saghirv e seu filho Jorge. Conforme relatado à Agência Fides por Dom Youssef Anis Abi-Ad, arcebispo maronita de Aleppo, dez foram sequestrados na área de Sarakeb por homens armados não identificados, "Estamos muito preocupados. Não sabemos quem as prendeu. Estamos tentando identificar os sequestradores para fazer contato com eles. O jovem jesuíta Pe. Murad Abi Seif e muitas famílias estão trabalhando para tentar resolver o caso". "Os sequestrados são pessoas inocentes e fora de toda lógica de conflito, mas - nota o Arcebispo - dentre os rebeldes há muitas facções e grupos, o que complica as coisas".
A emergência sequestros é apenas um aspecto da obra de Dom Anis Abi-Aad. Numa situação cada vez mais dramática, o Arcebispo passa a maior parte de seu tempo encontrando-se com os refugiados, confortando os aflitos, ajudando os necessitados. Com um "Bom Pastor" visita os centros para refugiados e os desabrigados, e também os hospitais para "aliviar o sofrimento do povo sírio, mostrando solidariedade para com todos, sem exceção: esta é a missão da Igreja". "Não fazemos distinção entre cristãos e muçulmanos sírios - explica numa mensagem enviada à Fides - mas a coordenação de todas as Igrejas de diferentes denominações, é muito ocupada com as ajudas". As famílias mais ricas de Aleppo, ressalta, foram para o Líbano ou para o litoral, mas "mais da metade da população ainda está na cidade e se recusa sair de suas casas, não obstante os combates: por isso aumenta o número de vítimas".
Como cristãos maronitas, acrescenta, "estamos ajudando 450 pessoas de diferentes religiões e comunidades, alojadas em duas escolas de nossa comunidade". Escolas e mesquitas acolhem os refugiados e oferecem assistência enquanto "os jesuítas, com a ajuda das Irmãs Franciscanas, preparam mais de 6.000 refeições por dia, que são distribuídas para as famílias desabrigadas, acampadas em vários lugares". O bispo observa a grande solidariedade entre os civis, "que choram e sofrem", e sublinha que "na Síria não há um problema de sectarismo". "A nossa esperança e o nosso maior desejo - conclui - é a paz: por isso rezamos intensamente". (PA) (Agência Fides 8/11/2012)
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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #379 em: Novembro 09, 2012, 02:00:42 pm »
scrupulum,


É tal e qual como diz. E ainda mais que isso... A Irmandade Muçulmana é - de acordo com um ex-agente do MI6 e também com um ex-agente do KGB - uma criação do Império Britânico (que agora é publicamente visto como Império Anglo-Americano). Sendo um dos objectivos desta Irmandade o de servir de entrave ao desenvolvimento cultural - e, consequentemente, económico - nos países muçulmanos, tudo com o objectivo final - que mencionei na minha colocação anterior - de não permitir às populações locais que se desenvolvam muito economicamente e que consumam muito dos seus próprios recursos naturais.
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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #380 em: Novembro 10, 2012, 12:43:02 pm »
ÁSIA/SÍRIA - O flagelo do sequestro, mais de 1.700 no conflito sírio: apelo por um jornalista estadunidense

Beirute (Agência Fides) - Austin Tice, jornalista americano raptado na Síria em 13 de agosto passado e colaborador do "Washington Post" e do grupo "McClatchy Newspapers", é uma das vítimas mais famosas, mas o flagelo do sequestro no conflito sírio tem atualmente pelo menos 1.753 vítimas, a maioria civis. Os sequestros são usados por grupos armados presentes na galáxia da oposição síria ou infiltrados, para obter resgate, por vingança, ou pela troca de prisioneiros.
O jornalista norte-americano Austin Tice, 31 anos, vem de uma família católica que hoje chegou a Beirute hoje: seus pais, Marc e Deborah Tice, católicos fervosoros, lançaram um SOS e anunciam à Fides que nos próximos dias farão um apelo aos sequestradores para a liberação de Austin. Num vídeo postado no youtube o jornalista é tomado com força por militantes islâmicos gritando "Alá é grande". Dentre outras histórias de sequestros, assinaladas a Fides, está a dos dois irmãos Pe. Naïm Garbi, Reitor do Seminário greco-católico de Raboueh, sequestrados de seu povoado de Dmeineh Sharkieh, perto Qusayr, em junho de 2012.
No caso dos sete cristãos armênios sequestrados por um grupo armado nos últimos dias, enquanto estavam viajando de ônibus de Aleppo para Bierute (veja Fides 6 e 8/11/2012), parece que os sequestradores exigiram, em troca de sua liberdade, a libertação de 150 soldados e militantes da oposição síria, capturados pelo exército regular.
Segundo os comitês locais de iniciativa "Mussalaha" ("Reconciliação") - o movimento popular que reúne dezenas de famílias e tribos sírias, de todas as religiões - somando todos os casos que ocorrem nas áreas de Damasco, Aleppo, Homs, Daraa, e Deir Ezzor, hoje, os sequestrados estão em torno de 1.753, mas continuamente são assinalados novos casos.
O sequestro de civis "é um drama humano que - afirmam fontes da Igreja na Síria - deve chamar a atenção da comunidade internacional". Os civis são instrumentalizados por grupos armados ou grupos jihadistas presentes no território (segundo as últimas estimativas seriam mais de 2.000 grupos): por causa da fragmentação dessas bandas, de sua heterogênea origem e identidade, de sua total autonomia de ação, se propagam desordens, banditismo e tentativas de poluir o conflito sírio com sectarismo e jihadismo. Algumas dos sequestros, como no caso de Pe. Fadi Haddad (veja Fides 25/10/2012), acabam de forma bárbara, com torturas e decapitação dos reféns. (PA) (Agência Fides 9/11/2012)
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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #381 em: Novembro 11, 2012, 03:58:16 pm »
Apenas uma clarificação, relativamente a um meu anterior comentário.

Quando falei em "tudo ou nada", estava a falar em países, como o Egipto, que eram apenas parcialmente controlados - que é, aliás, a situação em que, pelo que sei, se encontravam/encontram a maior parte dos países árabes - pois, são muito poucos os que estão sob controlo efectivo. A maior parte estavam/estão numa espécie de meio termo, entre o ser e o não ser, efectivamente, controlado. Daí a expressão que usei "tudo ou nada" - que quer dizer "vamos lá ver se conseguimos mas é controlar totalmente estes países, com o risco de a aposta não ser bem sucedida e, consequentemente, perdermos qualquer tipo de controlo"...

O muito conceituado historiador e brilhante investigador, Webster Tarpley, explica, no seguinte vídeo, a situação em que se encontrava o mencionado Egipto.

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #382 em: Novembro 12, 2012, 05:27:59 pm »
O primeiro teste à política externa turca
Alexandre Reis Rodrigues


Sem ter qualquer ameaça existencial pela frente, com um crescimento económico que a coloca na invejável posição de 15ª maior economia mundial e tendo resolvido o conflito latente entre a visão secular da sociedade - de que os militares eram os principais guardiães - e a conceção religiosa que procura dar um lugar privilegiado ao islamismo, a Turquia poderia estar hoje numa posição ideal para expandir e consolidar a hegemonia regional a que começou a aspirar depois do fim da Guerra Fria. Não está nessa posição porque uma das bandeiras da estratégia estabelecida para esse fim – relacionamento sem problemas com os vizinhos – está sob a ameaça da crise por que está a passar a Síria. Ancara tomou uma posição de apoio claro à oposição ao regime de Assad e, ao assumir esta postura, colocou-se numa rota de colisão com Damasco e Teerão, que encara a sobrevivência de Assad essencial para a prossecução dos seus projetos regionais.

Deixaram de estar reunidos, ou pelo menos estão sob ameaça, os pressupostos definidos pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Ahmet Davutoglu, para alargamento da área de influência turca, que assentavam num relacionamento com vizinhos isento de percalços e numa “ofensiva pacífica” centrada num crescendo do intercâmbio comercial na região (que cresceu quase sete vezes entre 2002 e 2009). A crise síria, obrigando Ancara a tomar partido, veio anular os anteriores esforços de aproximação com Damasco e Teerão e tornar remota a possibilidade de os objetivos turcos serem aceites a nível regional sem contestação. Se esta situação se agravar poderá acabar por minar também a imagem que a Turquia ainda goza em largos setores da opinião pública no Médio Oriente como exemplo de País que conseguiu fazer a síntese do islamismo com a democracia.

Esta nova situação repercutir-se-á internamente em vários planos: num receio crescente da população turca quanto a um possível envolvimento numa situação de conflito armado com a Síria; em instabilidade entre os 23 milhões de turcos da comunidade Alevi (o equivalente a toda a população síria), que sempre foi próxima dos alauitas que apoiam Assad; e em prováveis novas dificuldades com os militantes do PKK que serão usados pelo Irão e Síria para criar dificuldades ao Governo de Erdogan. A possibilidade de deflagração de um conflito alargado parece não ser hipótese por que o regime turco quererá enveredar mas a continuação das provocações sírias com bombardeamentos esporádicos de povoações turcas próximas da fronteira, a que Ancara não deixará de responder, pode, a qualquer altura, tornar a situação intolerável para a Turquia.

As notícias de uma próxima deslocação de baterias de defesa antimíssil (Patriot) para a zona de fronteira com a Síria, que estaria em preparação pela NATO, dá um
sinal da gravidade dos receios existentes. A avaliação de ameaças subjacente a esta decisão não terá, certamente, deixado de ter presente o abate do avião de reconhecimento turco. O problema curdo, que Erdogan vinha tentando encarar sob uma perspetiva de envolvimento político e económico em vez de o tratar como insurreição, pode tornar-se de novo mais complexo. Basta que Damasco e Teerão tenham sucesso nas tentativas em curso para ajudar os curdos do PKK contra Ancara, o que está a ser feito de duas maneiras.

Por um lado, explorando as divisões dos curdos iraquianos entre o Partido afeto a Barzani (o aliado preferencial da Turquia) e o Partido criado à volta do clã de Talibani, o atual Presidente do Iraque. Erdogan procura apostar num relacionamento privilegiado com o governo Regional do Curdistão, sob a presidência de Barzani, trocando promessas de apoio financeiro e comercial com um compromisso dos curdos iraquianos em não darem margem de manobra e facilidades ao PKK. Mas as interferências externas de Teerão, principalmente, e as rivalidades entre os dois clãs curdos são um sério obstáculo às pretensões turcas.

Por outro lado, a Síria, deixando entrar em caos a região curda do norte, ao longo da fronteira com a Turquia, criou uma situação de que o PKK se pode aproveitar para criar dificuldades a Ancara. Damasco decidiu retirar as suas Forças Armadas da região e usa o desentendimento entre os curdos sírios, divididos entre ajudar as forças da oposição e combater a sua presença, o que contraria os propósitos turcos e abre uma porta para o PKK também se envolver.

Como se desenvolverá o futuro próximo, no que respeita a Ancara, depende da avaliação que o Governo de Erdogan fizer das duas opções principais: continuar a tentar a gerir os desenvolvimentos da situação ou intervir, caso o rumo dos acontecimentos se torne intolerável. Quer num caso, quer noutro, a Turquia vai ter que ponderar de novo as vantagens e desvantagens de voltar ao relacionamento estreito que tinha com os EUA, até ao momento em que optou por não apoiar a invasão do Iraque e não permitir o estacionamento de parte das forças americanas. Não podendo resolver sozinha a complexa situação criada pela crise Síria e envolvimento direto do Irão, será, certamente, inevitável um regresso à situação anterior a 2003.

Jornal Defesa
 

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #383 em: Novembro 14, 2012, 01:23:09 pm »
EUA acolhem nova coligação da oposição síria e prometem mais ajuda
 

A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, descreveu hoje como um passo importante a formação de uma coligação de oposição na Síria, que pode ajudar o governo norte-americano a direccionar melhor a sua ajuda, mas não lhe manifestou reconhecimento total ou disponibilizou armamento.

A França foi a primeira potência europeia a reconhecer a nova coligação de oposição síria como o único representante do povo sírio e disse, na terça-feira, que vai analisar se armará os rebeldes contra o presidente Bashar al-Assad.
 
Seis Estados do Golfo Árabe reconheceram a coligação na segunda-feira, mas os Estados Unidos querem ver a nova oposição demonstrar que pode influenciar os acontecimentos no território do país.
 
«Há muito tempo ue nós pedimos este tipo de organização. Queremos ver se esse impulso será sustentado», disse Hillary a jornalistas na cidade australiana de Perth.
 
«À medida que a oposição síria dá estes passos e demonstra a sua eficácia em promover o avanço da causa de uma Síria unificada, democrática e pluralista, estaremos preparados para trabalhar com eles e para oferecer assistência ao povo sírio», afirmou.
 
Após 20 meses de revolta sangrenta, grupos de oposição sírios fragmentados fecharam um acordo no Qatar no domingo para formar uma coligação liderada pelo clérigo de Damasco Mouaz Alkhatib, que fez um apelo por reconhecimento internacional.
 
Hillary anunciou uma verba adicional de 30 milhões de dólares em ajuda às pessoas afectadas pela guerra na Síria, após uma reunião em Perth com o seu homólogo australiano, Bob Carr, o secretário de Defesa dos EUA, Leon Panetta, e o homólogo australiano deste, Stephen Smith.
 
O auxílio será fornecido através do Programa Mundial de Alimentos, que está a fornecer ajuda alimentar a mais de um milhão de pessoas na Síria e cerca de 400 mil refugiados em países vizinhos, como a Turquia, Jordânia, Líbano e Iraque.
 
Os fundos adicionais elevam a ajuda humanitária dos EUA aos afectados pela crise síria para quase 200 milhões de dólares, disse Hillary.
 
Os EUA disseram que, apesar de não fornecerem armamentos aos opositores internos de Assad e de estarem a limitar a ajuda à assistência humanitária não-letal, reconhecem que alguns dos seus aliados estão a oferecer assistência com armamento.

Lusa
 

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #384 em: Novembro 15, 2012, 06:14:17 pm »
Ja andam ha meses a dizer que o governo sirio esta por um fio. Ja andam ha meses a "assistir" os terroristas da oposição siria mas a realidade é que o governo sirio se mantem de pedra e cal. Porquê ? porque o governo sirio tem o apoio da maior parte da população : é esta que serve nas forças armadas e na policia sirias pois o governo sirio não contrata mercenarios como os democratas da oposição.
As "democracias" do Golfo assim como algumas  "democracias" ocidentais bem se esgotam no financiamento dos mercenarios e dos terroristas que massacram o povo sirio, mas até agora : em vão  :roll:

A França e os EUA fariam melhor em financiar a multidão de miseraveis que têm em casa. Nos EUA aquilo é uma pouca vergonha com gente a passar mal, sem acesso aos serviços de saude, a dormir na rua. Em França, so em Paris,não se passa um inverno sem que morram de frio dezenas de pessoas sem abrigo ; existem filas interminaveis de gente com um saco de plastico na mão a pedir comida diante das portas do "Secours Populaire" ou do "Secours Catholique", para não falar dos bairros de barracas que se vê um pouco por todo o lado no periférico de Paris.

Porque não vão financiar os opositores que se batem pela democracia na China ou na Arabia Saudita ?  Hipocritas !
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Edu

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #385 em: Novembro 15, 2012, 07:09:06 pm »
Citação de: "scrupulum"
Ja andam ha meses a dizer que o governo sirio esta por um fio. Ja andam ha meses a "assistir" os terroristas da oposição siria mas a realidade é que o governo sirio se mantem de pedra e cal. Porquê ? porque o governo sirio tem o apoio da maior parte da população : é esta que serve nas forças armadas e na policia sirias pois o governo sirio não contrata mercenarios como os democratas da oposição.
As "democracias" do Golfo assim como algumas  "democracias" ocidentais bem se esgotam no financiamento dos mercenarios e dos terroristas que massacram o povo sirio, mas até agora : em vão  :Palmas:
 

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #386 em: Novembro 16, 2012, 11:01:31 pm »
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"Tudo pela Nação, nada contra a Nação."
 

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #387 em: Novembro 19, 2012, 06:03:10 pm »
NATO diz que estudaria pedido turco de mísseis na fronteira com a Síria


O secretário-geral da NATO, Anders Fogh Rasmussen, disse hoje que a organização estudaria com urgência um pedido da Turquia para instalar uma série de mísseis na fronteira com a Síria, se Ancara assim o solicitasse.  A intenção é diminuir os efeitos dos confrontos entre o governo de Bashar Assad e os rebeldes sírios, que já dura há mais de 20 meses e deixou mais de 30 mil mortos. A Turquia é um dos países mais afectados pelo conflito.

Rasmussen disse que a operação será autorizada apenas em caso de solicitação formal turca e com a única finalidade de garantir a segurança da Turquia.

«Se recebermos um pedido, ele será tratado com urgência. A Turquia pode contar com a solidariedade dos seus aliados», afirmou.

A declaração foi feita no meio de uma reunião de ministros da Defesa da União Europeia. No mesmo evento, o ministro alemão Thomas de Maizière disse que o governo turco pedirá hoje a ajuda da NATO para instalar o armamento.

A Turquia está em negociação com os aliados da NATO sobre como reforçar a segurança na sua fronteira de 900 quilómetros com a Síria, após inúmeras bombas lançadas durante a guerra civil na Síria terem caído em território turco.

Desde Outubro, o governo turco aumenta as restrições em relação à Síria, como bloqueios a aviões que passam sobre o respectivo território e disparos em represália em caso de bombardeamento vindos da Síria.

Lusa
 

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Lightning

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #388 em: Novembro 19, 2012, 07:19:55 pm »
Devem ser Patriots?
 

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HSMW

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #389 em: Novembro 22, 2012, 10:33:15 pm »
Citar
Publicado às 22/11/2012

FSA TV channel (Safa).
FSA Cleric calls on extermination of Alawaites in Syria.
Alawite population is about 2 Million in Syria, many have been massacred by FSA throughout the Syrian crisis.

FSA Free Syrian Army is accused of war crimes & crimes against humanity by the UN,HRW.
Free Syrian Army's crimes against humanity including execution of captured anti-revolution civilians.

Citação de: "Lightning"
Devem ser Patriots?
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"Tudo pela Nação, nada contra a Nação."