Orgulho de Ser Português

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André

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« Responder #165 em: Outubro 29, 2008, 12:42:21 am »


D. Catarina de Bragança ficou conhecida por introduzir o chá em Inglaterra mas além disso surpreendeu os ingleses com a sua pericia e pontaria com o arco e a flecha. No entanto a sua vida na corte inglesa não foi muito fácil: primeiro, devido às relações amorosas do rei; depois porque a sua fé, vincadamente católica, gerou alguma suspeita por parte dos Anglicanos. Em sua homenagem foi dado o nome de Queens a um dos cinco bairros da cidade de Nova York.

 

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TOMSK

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« Responder #166 em: Outubro 29, 2008, 01:38:40 am »
Ditosa Pátria Que Tal Filho Teve


O Beato Nuno de Santa Maria é sinónimo de humanidade, fraternidade, verdade, humildade e dignidade. O seu exemplo representa a vitória do Bem sobre o Mal. É referência universal que terá levado o Papa Bento XV a declarar que servia de modelo aos militares que combatiam na I guerra mundial.

- No reinado de Isabel “a católica” teve início em Espanha o culto a São Frei Nuno de Santa Maria, sendo frequente a sua invocação nas missas celebradas na corte.

- No reinado de Joana “a louca”, em 1512, primeira rainha da Espanha unificada, a devoção a Beato Nuno tornou-se mais forte. Esta rainha veio a Lisboa, em peregrinação ao convento do Carmo, para trasladar os restos mortais de D. Nuno para um mausoléu de alabastro que tinha mandado esculpir em Florença.

- No séc. XX São Escrivã de Balaguer afirmou em sermão “abençoado seja D. Nuno de Santa Maria e a batalha de Aljubarrota que deu à Virgem dois braços, Portugal e Espanha, com os quais abraçou e evangelizou o mundo”.

- Em Portugal e Espanha o Beato Nuno foi imortalizado em arte sucedendo o mesmo em Itália, Holanda e Alemanha, em quadros, registos e santinhos que são prova documental da dimensão europeia da devoção a D. Nuno.

- O culto ao Beato Nuno surgiu na Itália em meados do séc. XV conforme o Calendário Carmelitano, composto entre 1456 e 1478, da biblioteca de Parma. As igrejas de Santa Inês e de Nossa Senhora do Carmo também apresentam provas do culto ao mesmo beato em Itália, como testemunha o óleo “La vestizione del Beato Nónio Álvares Pereira, notabile de Portogallo” do mestre Cresti Dominico IL Passignamo.

- O culto a Beato Nuno também era praticado na Corte Papal conforme atesta o pedido de protecção do Papa Eugénio IV a D. Nuno quando se viu ameaçado por forças inimigas.

- O culto a Beato Nuno esteve presente em devoções e missas celebradas na igreja de Santo António dos portugueses da embaixada de Portugal junto da Santa Sé que conserva o seu quadro na sacristia.

- D. Nuno é invocado em Espanha, Itália e Alemanha como patrono da Arquiconfraria dos apóstolos São Pedro e São Paulo de Casale Monteferrato, sendo relembrado todos os anos em missa votiva.

- Secularmente é invocado no missal da ordem de Malta como protector da Ordem a que pertenceu em vida. É patrono da Irmandade de São Gerardo e da Ordem de São Miguel da Ala de que era membro.

- D. Nuno e São Patrício são invocados pelos católicos irlandeses como Protectores da independência nacional da Irlanda.

- O “Diário da jornada ao Concílio de Basileia”, de 1435, refere que quatro anos após a morte o Beato Nuno tinha fama de santidade e era motivo de culto em Espanha, França e Alemanha. O mesmo acontecia em Sabóia, Génova, Piemente e Flandres.

- Em países de língua inglesa o Beato Nuno é recordado como responsável pela devoção ao escapulário mais pequeno da Ordem Terceira Carmelitana tendo sido criado o “Holy Constable Nuno”, extinto pela reforma anglicana.

- Em Inglaterra um regimento pessoal da Rainha, dedicado por Carlos II a Catarina de Bragança, tem D. Nuno por patrono e o 25º batalhão de fuzileiros reais, com a designação de Santo Condestável tem como patrono o mesmo Beato.

- A fraternidade sacerdotal de São Pio X tem o Beato Nuno como patrono do grupo de oração português, venerado na Suiça e em França, onde aparece em estandartes ao lado de Santa Joana de Arc.

- O exército azul, fundado em 1947 nos EUA, com cerca de oitenta milhões de membros espalhados pelo mundo, tem propalado a fama de santidade de Beato Nuno e ajudado a espalhar o seu culto, renovado de modo significativo, durante o período da guerra-fria.

- O Beato Nuno, em cerimónias do exército azul, foi invocado por alguns líderes mundiais, designadamente Conrad Adenaur, primeiro chanceler da Alemanha após a II guerra mundial e John F. Kennedy, senador e promotor de Fátima.

- A sociedade Beato Nuno, fundada nos EUA na década de 90 do séc. passado presta auxílio a viúvas e crianças órfãs no México, Colômbia, Argentina e outros países do continente sul-americano.

- Em 1948 a biografia “Obreiro da Paz”, relativa a Beato Nuno, tinha distribuído cerca de vinte milhões de exemplares em Inglaterra, Irlanda, EUA, Canadá e Filipinas.

- As revistas “Soul” , alma, e “Scapular”, escapulário, davam a conhecer o Beato Nuno a todos os povos do mundo. Durante trinta anos esteve presente nos voos de paz que transportavam a imagem da Virgem Peregrina.

- O interesse que o culto ao Beato Nuno desperta no mundo católico é tão avassalador que está em preparação o guião para um filme épico “o último cavaleiro da távola redonda”.

- Em Angola, Macau e Timor, nas décadas de 60 e 70 do século passado, o culto a Beato Nuno esteve activo. Muitos devotos utilizavam notas portuguesas de 1920, com o rosto impresso de D. Nuno que emolduravam, colocavam em oratório e a quem oravam em suas casas.

- Considera-se possível que o actual Papa Bento XVI canonize a curto prazo o Beato Nuno de Santa Maria.
 

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macholuso

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« Responder #167 em: Outubro 29, 2008, 04:34:52 pm »
Citação de: "André"


D. Catarina de Bragança ficou conhecida por introduzir o chá em Inglaterra mas além disso surpreendeu os ingleses com a sua pericia e pontaria com o arco e a flecha. No entanto a sua vida na corte inglesa não foi muito fácil: primeiro, devido às relações amorosas do rei; depois porque a sua fé, vincadamente católica, gerou alguma suspeita por parte dos Anglicanos. Em sua homenagem foi dado o nome de Queens a um dos cinco bairros da cidade de Nova York.


Houve um filme que passou na TV sobre o compositor Purcell,creio eu, em que ela é apresentada ao rei inglês, e ele diz para um memmbro da corte: " she looks like a bat(morcego)".
Ela tem um olhar enigmático realmente,mas morcego??? :wink:
I did not have..repeat.. did not have sexual relations with that woman
Bill Clinton
 

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André

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« Responder #168 em: Outubro 29, 2008, 04:38:21 pm »
Citação de: "macholuso"

Houve um filme que passou na TV sobre o compositor Purcell,creio eu, em que ela é apresentada ao rei inglês, e ele diz para um memmbro da corte: " she looks like a bat(morcego)".
Ela tem um olhar enigmático realmente,mas morcego??? :lol:  c34x  :?  :?

 

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macholuso

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« Responder #169 em: Outubro 29, 2008, 05:38:48 pm »
Citação de: "André"
Citação de: "macholuso"

Houve um filme que passou na TV sobre o compositor Purcell,creio eu, em que ela é apresentada ao rei inglês, e ele diz para um memmbro da corte: " she looks like a bat(morcego)".
Ela tem um olhar enigmático realmente,mas morcego??? :lol:  c34x  :?  :shock:
I did not have..repeat.. did not have sexual relations with that woman
Bill Clinton
 

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André

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« Responder #170 em: Outubro 29, 2008, 05:40:44 pm »
Citação de: "macholuso"
Citação de: "André"
Citação de: "macholuso"

Houve um filme que passou na TV sobre o compositor Purcell,creio eu, em que ela é apresentada ao rei inglês, e ele diz para um memmbro da corte: " she looks like a bat(morcego)".
Ela tem um olhar enigmático realmente,mas morcego??? :lol:  c34x  :?  :shock:


Porque Portugal ainda pensou em vez de Tanger dar a Ilha da Madeira á coroa Inglesa ...  :roll:  :?

 

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André

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« Responder #171 em: Outubro 31, 2008, 06:42:59 pm »
Feitos no Forte das Berlengas



No contexto da Guerra da Restauração, sob o governo de D. João IV (1640-1656), o Conselho de Guerra determinou a demolição das ruínas do mosteiro abandonado e a utilização de suas pedras na construção de uma fortificação para a defesa daquele ponto estratégico do litoral. Embora se ignore a data em que as obras foram iniciadas, já em 1655, quando ainda em construção, resistiu com sucesso ao seu primeiro assalto, ao ser bombardeada por três embarcações de bandeira turca.

Em 1666, no contexto da tentativa de rapto da princesa francesa Maria Francisca Isabel de Sabóia, noiva de Afonso VI (1656-67), uma frota espanhola integrada por 15 embarcações tentou a conquista do forte, defendido por um efetivo de pouco mais de 20 soldados sob o comando do Cabo Antônio Avelar Pessoa. Numa operação combinada de bombardeio naval e desembarque terrestre os atacantes perderam, em apenas dois dias, 400 soldados em terra e 100 nos navios (contra um morto e quatro feridos pelos defensores), sendo afundada a nau Covadonga e seriamente avariadas outras duas, afundadas no regresso a Cádiz. Traída por um desertor, sem mais munição e mantimentos, a praça finalmente rendeu-se perdendo nove das peças da sua artilharia capturadas pelos invasores.


 :Soldado2:  :Soldado2:  :Soldado2:
« Última modificação: Novembro 02, 2008, 02:18:33 am por André »

 

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TOMSK

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« Responder #172 em: Novembro 01, 2008, 01:20:15 am »
D. João de Castro



Uma das maiores figuras da expansão portuguesa. D. João de Castro, navegador e investigador, deu um valioso contributo à cartografia com a elaboração de três célebres roteiros, exemplos eminentes dos métodos científicos de observação e de experimentação. Com aguçado raciocínio matemático, é uma figura cimeira no estudo da astronomia náutica e da geografia física. Foi vice-rei da Índia. Defendeu aguerridamente os interesses portugueses no Oriente, lutando contra a corrupção e o tráfico de influências. “Um homem de verticalidade moral admirável, com combinação de talentos pouco comum”.

Estudioso ilustre, soldado temível, hábil navegador, D. João de Castro tinha um talento fora do comum. Interessava-se pelas ciências, matérias navais, matemática, destacando-se no estudo da astronomia náutica e da geografia física. Impôs, de forma inovadora, a associação entre o cálculo e a experiência empírica. Um verdadeiro experimentalista. “Os trabalhos que fez na década de 30 do século XVI trazem muita novidade”, garante Henrique Leitão, investigador do Centro de História das Ciências, da Universidade de Lisboa. “Consegue libertar-se da herança clássica intelectual e olhar para o estudo da natureza com grande modernidade.”

Oriundo da alta nobreza, D. João de Castro opta cedo pela carreira militar. Aos 18 anos inicia-se na arte da guerra em Tânger, onde serve durante nove anos com tal valentia que é armado cavaleiro pelo governador da cidade, D. Duarte de Meneses. Também o imperador Carlos V quis armá-lo cavaleiro em 1535 pelo seu importante papel na expedição de Tunes, mas D. João de Castro recusou. O navegador comandou uma caravela e foi um dos principais conselheiros do capitão-mor da armada portuguesa.

Chegou à Índia pela primeira vez, como soldado, com o cunhado D. Garcia de Noronha, que tinha sido nomeado vice-rei da Índia. Mas com a morte deste, D. João de Castro viu-se na expedição ao mar Roxo com o novo vice-rei, D. Estêvão da Gama. Partiu para Suez, como capitão, em 31 de Dezembro de 1540. Da viagem fez um roteiro pormenorizado, com todas as experiências, e ofereceu-o ao infante D. Luís. “De Goa a Suez ou Roteiro do Mar Roxo”, de 1541, é um dos três célebres roteiros. Os outros são “De Lisboa a Goa”, de 1538, e “De Goa a Diu”, de 1538-1539. Autênticas obras de registo de dados e reflexão filosófica, que mostram o que de melhor se produziu no meio náutico português. Evidenciam, como nunca, a ligação da teoria à prática. “Durante as suas viagens marítimas fez um conjunto muito interessante de observações com metodologia moderna”, diz Henrique Leitão. D. João de Castro enuncia algo de novo. Influenciado pelo brilhante matemático Pedro Nunes, confronta dados empíricos e raciocínio hipotético, elabora desenhos de planos hidrográficos e cartas geográficas que ajudam a elucidar os textos, sempre com o objectivo de aperfeiçoar a navegação.

D. João de Castro conquistou a admiração de todos pelos seus serviços. Foi nomeado sucessor de Martim Afonso de Sousa, 13.º governador da Índia, para onde partiu com os dois filhos, D. Álvaro e D. Fernando, que acabou por morrer lá. D. João de Castro preparou a armada e chegou a Goa no início de Setembro de 1545.

Travou várias guerras com sucesso. Defendeu os interesses portugueses no Oriente com empenho e determinação. “D. João de Castro é um campeão a lutar contra os graves problemas de corrupção que lá existiam”, afirma o investigador. A certificar a sua honra e compromisso com o rei, reconstruiu as defesas portuguesas na costa ocidental indiana com dinheiro que pediu à Câmara de Goa, penhorando os ossos do filho e a sua barba, a única garantia que lhe restava. “Teve uma grandeza de carácter que impressiona. Uma honestidade exemplar. Colocou sempre os interesses da administração à frente dos seus interesses pessoais”, acrescenta. De volta a Lisboa, foi recompensado com o título de vice-rei, em 1547, mas não chegou a gozá-lo. Morreu, pouco tempo depois, cansado de tantas guerras travadas.
Aquando do hora da sua morte dirigiu estas palavras aos seus companheiros:


«Não terei, senhores, pejo(vergonha) de vos dizer, que ao vice-rei da Índia faltam nesta doença as comodidades que acha nos hospitais o mais pobre soldado. Vim a servir, não vim a comerciar ao Oriente; a vós mesmo quis empenhar os ossos de meu filho, e empenhei os cabelos da barba, porque para vos assegurar, não tinha outras tapeçarias nem baixelas. Hoje não houve nesta casa dinheiro, com que se me comprasse uma galinha; porque nas armadas que fiz, primeiro comiam os soldados os salários do governador, que os soldos de seu rei; e não é de espantar; que esteja pobre um pai de tantos filhos. Peço-vos, que enquanto durar esta doença me ordeneis da fazenda real uma honesta despesa, e pessoa por vós determinada, que com modesta taxa me alimente».



Honestidade, espírito de missão e conhecimento, este foi D.João de Castro.
 

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HSMW

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« Responder #173 em: Novembro 01, 2008, 01:14:06 pm »
Este D.João de Castro não estava ligado à inquisição?
https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

"Tudo pela Nação, nada contra a Nação."
 

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André

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« Responder #174 em: Novembro 01, 2008, 01:35:32 pm »
Citação de: "HSMW"
Este D.João de Castro não estava ligado à inquisição?


 :shock:  :shock:

Foi apenas um grande nobre português .... Talvez esteja a confundir com outro Castro ...  :?  :wink:

 

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HSMW

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« Responder #175 em: Novembro 01, 2008, 02:02:56 pm »
Citar
No ano de 1576 foram os seus restos mortais trasladados para o convento de S. Domingos, de Lisboa, e depois de celebradas pomposas exéquias, transportaram-se para o claustro do convento de S. Domingos, de Benfica, para a capela particular dos Castros, fundada por seu neto, o inquisidor geral e bispo da Guarda D. Francisco de Castro.

Estava a confundir com o neto. Repare na semelhança do meu avatar e do Brasão dele.

Citar
O CHEFE  invoca o sábio D. João de Castro, herói impoluto da gesta das Índias, patrono eleito da Escola.

CHEFE são os 3 círculos
Esses claustros pertencem ao Instituto Militar dos Pupilos do Exército.
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"Tudo pela Nação, nada contra a Nação."
 

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André

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« Responder #176 em: Novembro 01, 2008, 10:37:15 pm »
Pêro da Covilhã

Com cerca de 18 anos, a sua desenvoltura cativa um espanhol que visitava a Covilhã para comprar tecidos e que o convida a servir o seu amo, D. Juan de Guzman, irmão do Duque de Medina-Sidónia, um dos mais conceituados fidalgos de Sevilha; Pêro aceita a proposta e parte para Sevilha onde lhe é atribuído o papel de espadachim. Impressionado com a desenvoltura de Pêro de Covilhã, convida-o D. Juan de Gusman a participar nas embarcações do seu irmão, o Duque conhecido também como o Pirata Espanhol; Pêro recusa a oferta e, em 1474, acompanha D. Juan a Lisboa a uma entrevista com Afonso V de Portugal.

D. Afonso simpatiza com Pêro também pelo seu domínio de línguas, nomeadamente a língua árabe e D. Juan cede a el-Rei os serviços do português. É assim que Pêro da Covilhã, aos seus 24 anos, é admitido como moço de esporas de D. Afonso V. Passado pouco tempo, decide el-Rei elevá-lo a escudeiro, com direito a armas e cavalo.

Em 1476 acompanha D. Afonso V na batalha de Toro, a tentativa fracassada de D. João de reclamar o trono de Castela, já que era cunhado de Henrique IV de Castela. Mais tarde, em iria acompanhar D. Afonso na jornada a França para pedir auxílio ao rei Luís XI de França na luta pelo trono de Castela, que seria rejeitado. Entretanto, D. Afonso abdica do trono, para D. João II.

Após a execução do Duque de Bragança pelas próprias mãos do rei, Pêro da Covilhã foi designado para investigar quais os nobres que conspiravam contra D. João II, conseguindo identificar o D. Diogo, duque de Viseu e D. Garcia de Meneses, bispo de Évora.

Na sequência do desejo de el-Rei continuar a obra iniciada pelo infante D. Henrique dos Descobrimentos, escolhe novamente Pêro da Covilhã para embaixador nos tratados de paz com os berberes do Magrebe (como o rei de Fez e o de Tremecém), que convinham ao reino para convergir os esforços na odisseia marítima.

Pêro da Covilhã torna-se, entretanto, escudeiro da guarda real e casa com Catarina que em poucos meses engravida.

Mais tarde, em 1487, D. João II envia-o juntamente com Afonso de Paiva em busca de notícias do mítico reino do Preste João e da Índia; disfarçados de mercadores e treinados por cosmógrafos régios e pelo rabino de Beja que lhes terá indicado as portas da cidadela, no Cairo, partem a cavalo a 7 de Maio de Santarém (onde estava a Corte), rumo a Valência. Atravessam o sul da Península Ibérica até Barcelona, onde chegam a 14 de Junho. Daí, uma nau os levou até Nápoles em dez dias e, daqui até ao arquipélago grego em outros dez dias. Desembarcam na ilha de Rodes, que pertencia à Ordem dos Cavaleiros de São João de Jerusalém, repousando em casa de frades portugueses.

Rodes seria a última terra cristã que pisariam. Daí, rumaram para Alexandria, no Egipto, terra de infiéis, onde compraram algumas mercadorias para o seu disfarce de mercadores. Depressa adoeceram com as chamadas "febres do Nilo", quase morrendo. O Naib, lugar-tenente do Sultão, toma-lhes as mercadorias dando-os por mortos e sem descendentes. Porém, ambos recuperam e o Naib restitui-lhes o valor das mercadorias. A partir daí tentam reproduzir o trajecto das especiarias no sentido oposto: rumo a Rosetta de cavalo e de barco ao Cairo. Juntam-se a uma caravana que, percorrendo o deserto pela margem oriental do Mar Vermelho, vai cruzar a Arábia, rumo a Adem, às portas do Oceano Índico; passam por Suez, Tor, o deserto do Sinai, Medina e Meca, a cidade sagrada do Islão, onde tiveram que fazer penitência e rezar ao profeta Maomé, para manter o disfarce.

Chegam a Adem já no ano de 1488 e aí se separam com reencontro combinado no Cairo, junto à porta da cidadela, durante o anoitecer de um dos primeiros noventa dias de 1491; Afonso de Paiva ruma à Etiópia em busca do Preste João, e Pêro da Covilhã vai para a Índia.

Pêro chega Novembro de 1488 a Calecute, um dos pequenos reinos da Índia actual. Aí terá conhecido um mercador que lhe terá explicado o percurso das especiarias; terá indicado a existência do Ceilão, de onde vinha a canela, e da Malásia, a noz-moscada, e o papel de Calecute em todo o processo: era aqui que afluíam as especiarias, prontas para embarcar rumo ao Mar Vermelho (e, posteriormente, para Veneza).

Na sede de melhor saber, Pêro visita Cananor, Goa e Ormuz, na costa do Malabar, confirmando que o movimento comercial era, de facto, inferior ao de Calecute.

Em Dezembro de 1489 parte Pêro da Covilhã de Ormuz rumo à costa oriental de África. Visita Melinde, Quiloa, Moçambique e, finalmente, Sofala, registando os entrepostos comerciais dos mouros. Pêro da Covilhã regista, assim, que uma vez dobrado o fim da África (mais tarde designado do Cabo das Tormentas), bastará atingir Sofala ou Melinde e facilmente se alcançará Calecute. Será com base nesta anotação que Vasco da Gama decidirá atravessar o Oceano Índico directamente para Calecute, na sua pioneira expedição marítima à Índia.

A 30 de Janeiro de 1491, Pêro da Covilhã dirige-se às portas da cidadela do Cairo, conforme combinado e, em vez de Afonso de Paiva, encontra o Rabi Abrahão (o rabino de Beja) e um outro judeu português, José de Lamego, que lhes comunicam que Afonso de Paiva teria falecido ali no princípio do mês, mas que falecera de peste sem poder contar as suas viagens ou aventuras, da notícia do nascimento do seu filho, que Catarina baptizou de Afonso, em homenagem ao rei, e do feito de Bartolomeu Dias, que tinha dobrado o Cabo das Tormentas, agora designado Cabo da Boa Esperança. Mas el-Rei D. João II teria pedido ao Rabi Abrahão que fosse confirmar a importância de Ormuz, segundo relatos de José Lamego, que desconhecia que importante era Calecute, e não Ormuz.

Assim, Pêro redige o relatório para o rei, que seria entregue por José Lamego, e parte para Ormuz com o Rabi. Aí, Pêro da Covilhã deixa o Rabi e regressa a Adem, para saber notícias do Preste João, já que Afonso de Paiva não as pode comunicar. Daí toma um barco até Zeila, mas a sul, já na costa da Etiópia.

Rico e bem acolhido pelo imperador Alexandre, descendente do Preste João, ali casou e teve filhos, vindo a morrer muitos anos depois. Constatou que afinal o mítico reino não era mais senão um pobre povo que tentava evitar ser esmagado pelos vizinhos muçulmanos — não poderia valer Portugal de qualquer ajuda, mas sim eles que teriam que ser ajudados na luta contra os infiéis.

Impedindo de sair por Nahu, irmão e sucessor de Alexandre, que entretanto morrera inesperadamente, e que alegava o costume de não deixar sair os forasteiros que entrem no reino, recebe terras do soberano e aí se fixa como senhor feudal, casando novamente e de quem teria numerosa descendência.

Com a morte de Nahu, em 1508, Pêro da Covilhã é mantido como conselheiro régio da nova rainha Helena. É por sua indicação que a rainha envia o embaixador Mateus a Lisboa, acompanhando dois frades portugueses que ali apareceram, e de quem viria Pêro da Covilhã a saber da morte de D. João II, da ascensão de D. Manuel I, e dos sucessos de Vasco da Gama e Pedro Álvares Cabral.

Recebeu, entretanto, a visita de alguns portugueses a quem terá dado notícias importantes. É, em 1521, encontrado pelo embaixador D. Rodrigo de Lima. Com ele vem o Padre Francisco Álvares que passa o tempo a conversar com Pêro da Covilhã. O sacerdote toma notas minuciosas dos estranhos costumes daqueles estranhos cristãos da Etiópia, extremamente rudes nas suas penitências. Notas que lhe permitirão mais tarde escrever a  Verdadeira Informação das Terras do Preste João das Índias, que veio a ser editada em Lisboa, em 1540.

Foi assim a vida de Pêro da Covilhã o agente secreto ao serviço de Sua Majestade o Rei D.João II
  c34x  :Soldado2:



 

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André

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« Responder #177 em: Novembro 02, 2008, 02:14:41 am »
João Fernandes Vieira



O historia português Veríssimo Serrão, recorda que a biografia deste militar:

"(...) se mantém coberta de sombras e que se tornou uma personagem quase lendária da Restauração no Brasil. Nascido ao redor de 1610 na ilha da Madeira, era mulato e de origem humilde. Tendo emigrado para Pernambuco, ali exerceu pequenos mesteres até 1635, quando a proteção dos holandeses lhe fez adquirir alguns meios de fortuna. Pouco depois era senhor de cinco engenhos, exerceu o cargo de vereador de Maurícia e obteve a contratação dos dízimos sobre o pau-brasil e o açúcar." (Veríssimo Serrão. História de Portugal, v. V, p. 111) Deduzia-se assim que era natural da Ilha da Madeira, filho de uma escrava africana.

Já segundo o "Nobiliário da Ilha da Madeira", de Henrique Henriques, também mencionado na obra de José Antonio Gonsalves de Mello, João Fernandes Vieira chamava-se Francisco de Ornellas, filho segundo do fidalgo Francisco de Ornellas Moniz e da sua mulher D. Antônia Mendes, que, sendo rapaz, fugiu para o Brasil, onde mudou de nome. Teria nascido na capitania de Machico em 1613. Os sobrenomes Fernandes e Vieira homenageavam os seus ancestrais Pedro Vieira, o grande morgado da Ribeira de Machico, e António Fernandes, sesmeiro nas Covas do Faial, no Norte da ilha.

Tradicionalmente, considera-se que chegou à Capitania de Pernambuco, no Brasil, em 1620, com dez ou onze anos de idade. Humilde, trabalhou no comércio em Olinda, tendo participado, ao lado das forças de Matias de Albuquerque, da resistência à segunda das Invasões holandesas do Brasil em 1630. Poucos anos mais tarde, trabalhava na cidade para um abastado comerciante judeu ligado à Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais (W.I.C.). No convívio e no trato com os invasores, conhecendo bem Maurício de Nassau, acumulou propriedades rurais, enriqueceu, tornando-se abastado senhor de engenho que, pelos destinos da guerra, veio a perder.

Ainda de acordo com Veríssimo Serrão:

"(...) em 1642, aumentou os seus bens, e viu-se feito capitão de um Corpo de Ordenanças, continuando a beneficiar de empréstimos da Companhia para manter seus negócios. Ser-lhe-ia, portanto, mais fácil garantir a dependência financeira, em vez de obedecer a razões de ordem religiosa para hostilizar os holandeses, como o veio a fazer desde 1644. O seu comportamento posterior, assente em actos de coragem, mostra que Vieira sentiu o ideal da Restauração e o antepôs, com todos os riscos, ao valimento social que auferia em Pernambuco." (op. cit.)
Após a partida de Nassau, em 1644, passou a se opôr aos invasores, assumindo a liderança da insurreição de 1645, vindo a receber apoio de seu amigo, o frei Manuel Calado, que do seu púlpito convocou o povo à luta contra os hereges e redigiu "O Valeroso Lucideno" (Lisboa, 1648).


Em 1645 foi o primeiro signatário do pacto então selado - no qual figura o vocábulo pátria pela primeira vez utilizado em terras brasileiras. Na função de Mestre-de-Campo, comandou o mais poderoso Terço do Exército Patriota nas duas batalhas dos Guararapes (1648 e 1649). Por seus feitos, foi aclamado Chefe Supremo da Revolução e Governador da Guerra da Liberdade e da Restauração de Pernambuco.

Os principais chefes militares do movimento de restauração de Pernambuco contra o domínio holandês foram, além de Vieira, André Vidal de Negreiros; Antônio Filipe Camarão, à frente dos índios da costa do Nordeste; Henrique Dias no comando de pretos, crioulos e mulatos; e o capitão Antônio Dias Cardoso, tendo-se transformando em heróis do imaginário nativista pernambucano. A "guerra da liberdade divina", nas palavras do padre Antônio Vieira, durou nove anos, sendo de assinalar que o governador de Pernambuco, António Teles da Silva, dava apoio encoberto à revolta, enquanto os holandeses pensavam que se tratava apenas de uma sublevação na capitania de Pernambuco. A diplomacia de D. João IV de Portugal, entretanto, tentava, na Europa, não indispor a Holanda. O que ocorria no Recife não tinha o apoio da Coroa, por isso o conflito entre o governador e os colonos revoltados, na primavera de 1646. Antônio Teles da Silva chegou a ser mandado regressar a Lisboa, onde esteve detido em São Gião como colaborador dos movimentos de Pernambuco, mas aproveitando da vitória de Tabocas, foi possível recuperar outras zonas em poder dos flamengos, os fortes de Sergipe, do rio São Francisco, do Porto Calvo, de Serinhaem e de Nazaré.

Com a paz, após 1654, recuperou os seus bens e, entre outros cargos, foi nomeado Governador e Capitão-Geral da Capitania da Paraíba (1655-57) e, mais tarde, governador e Capitão-general de Angola (1658-61).


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abatista

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« Responder #178 em: Novembro 02, 2008, 10:09:31 pm »
Citação de: "HSMW"
Este D.João de Castro não estava ligado à inquisição?


A minha equipa de caminheiros, nos escoteiros era a D. João de Castro. Um grande senhor. =)
 

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TOMSK

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« Responder #179 em: Novembro 03, 2008, 12:03:04 am »
O Infante Santo

Fernando de Portugal nasceu em 29 de Setembro de 1402 e faleceu no dia 5 de Julho de 1443.  
Fernando era o sexto filho do rei João I de Portugal e de sua mulher Filipa de Lencastre, o mais novo dos membros da Ínclita Geração.

Fernando cedo se mostrou interessado na questão religiosa e, ainda muito jovem, foi ordenado Grão Mestre da Ordem de Avis pelo seu pai.

Por ser o irmão mais novo, não tem acesso, como os mais velhos, a tantas riquezas, e intenta pôr-se ao serviço do Papa, do Imperador, ou de outro soberano europeu para ganhar prestígio e prebendas.

Por motivação dos irmãos mais velhos acaba por desistir, virando as suas atenções para a luta em Marrocos, da qual lhe poderia vir imensa fortuna.
Assim, em 1437 participa numa expedição militar ao Norte de África, comandada pelo irmão mais velho o Infante D. Henrique, mas com o voto desfavorável dos outros infantes, Pedro, Duque de Coimbra e João, Infante de Portugal.

A campanha revelou-se um desastre e, para evitar a chacina total dos portugueses, estabelece-se uma rendição pela qual as forças portuguesas se retiram, deixando o infante como penhor da devolução de Ceuta (conquistada pelos portugueses em 1415).
A divisão na metrópole entre os apoiantes da entrega imediata de Ceuta, ou a sua manutenção, conseguindo por outras vias (diplomática ou bélica), o resgate do infante, foi coeva da morte de D. Duarte, o que impediu um desfecho favorável à situação.

Fernando foi entretanto levado para Fez, sendo tratado ora com todas as honras, ora como um prisioneiro de baixa condição (sobretudo depois de uma tentativa de evasão gorada, patrocinada por Portugal). Daí escreve ao seu irmão D. Pedro, então regente do reino, um apelo patético, pedindo a sua libertação a troco de Ceuta.

Mas a divisão verificada na Corte em torno deste problema delicado levam a que Fernando morra no cativeiro de Fez em 1443 - acabando assim o problema da devolução ou não de Ceuta por se resolver naturalmente.
Pelo seu sacrifício em nome dos interesses nacionais, viria a ganhar o epíteto de Infante Santo.


Pesará sempre a lembrança da morte trágica de D. Fernando, e com a maioridade de Afonso V, seu sobrinho, desejoso de feitos guerreiros contra o Infiel em África, sucedem-se as tentativas de conquista, viradas sempre para Tânger, a fim de o vingar - primeiro em 1458 (acabando por desistir, dada a aparente inexpugnabilidade da cidade, e voltando-se para Alcácer Ceguer), depois nas "correrrias" de 1463-1464, enfim a tomada de Arzila em 1471, embora uma vez mais o objectivo fosse Tânger.
De resto, após a tomada de Arzila, os mouros de Tânger, sentindo-se desprotegidos (pois eram a única praça muçulmana no meio de terra de cristãos) e abandonados pelo seu chefe (que a troco do reconhecimento, por Afonso V, do título de rei de Fez, concedia ao monarca português o domínio de todo a região a Norte de Arzila, na qual Tânger se encontrava), deixaram a cidade, facto que muito custou ao rei português, por se ver assim impossibilitado de fazer pagar cara a morte de D. Fernando.

Por meio desse mesmo tratado concluído com o agora rei de Fez, os restos mortais do Infante, que se achavam naquela cidade, passaram para as mãos dos portugueses, tendo sido solentemente transferidos para o Mosteiro da Batalha, onde hoje repousam ao lado dos pais e irmãos, na Capela do Fundador.



Armas do Infante Dom Fernando