Orgulho de Ser Português

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TOMSK

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« Responder #180 em: Novembro 05, 2008, 01:11:25 am »
Mem Moniz de Gandarei
"Mem Moniz de Gandarei foi um herói da história de Portugal que ficou conhecido durante a conquista de Santarém aos mouros. Ficou famoso por a golpes de machado ter derrubado a porta da muralha da cidade Santarém na tomada desta mesma cidade pelo rei por D. Afonso Henriques em 1147."
Soeiro Viegas Coelho
"Segundo Diogo das Chagas, D. Soeiro Viegas ganhou o apelido na guerra que fazia aos mouros “com segredo e resguardo”, que “parecia ir por minas por debaixo do chão a buscá-los e pelejar com eles e assim disseram a el-rei gabando seus feitos e assaltos, que minava por baixo do chão como coelho”.
Pero de Alcáçova Carneiro
"Pero de Alcáçova Carneiro que depois foi conde da Idanha, teve grande entendimento e prudência e em razão disto o mandou el-rei D. Sebastião por embaxador a Castela a el-rei Dom Filipe II, seu tio, sobre matérias de muita importância. Foi esta embaxada de Pero de Alcáçova muito luzido, porque o acompanharam nela D. Álvaro de Melo, neto do marquês de Ferreira Dom Rodrigo, e o bisconde Dom Francisco de Lima, ambos seus genros, com muitos criados, e todos faziam grande acompanhamento. Foi de el-rei de Castela mui bem recebido e recebeu dele sempre muita honra e mercê enquanto lá esteve.
 Folgava el-rei muito de falar com ele porque era Pero de Alcáçova homem de corte, como quem se havia criado nela de minino - na de el-rei D. João III de Portugal - e quando falava com el-rei lhe falava sempre em português; sendo assim que nas vistas que os senhores castelhanos lhe faziam e em qualquer parte que se achava com eles falava em castelhano. Porque o falava muito bem soube el-rei disto e, falando um dia com ele lhe disse:
 - Embajador, como me hablais siempre portugués y a los otros siempre en castellano?
 E Pero de Alcáçova lhe respondeu:
 - Porque com Vossa Mercê falo de siso, e com os demais de zombaria."
 :lol:  :lol:
 

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TOMSK

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« Responder #181 em: Novembro 05, 2008, 05:32:36 pm »
A Construção da Fortaleza de Díu


"O chão que ocupa a dita fortaleza é em figura triangular.
Em o meio dela havia um grande cabouco, ao qual depois, em tempo de António da Silveira ser capitão, se fez uma grande cisterna que levava cinco mil pipas de água, mui bem lavrado edifício.

Fez-se esta fortaleza, a saber; muralhas e baluartes ate ao andar das ameias em quarenta e nove dias de trabalho; e nela trabalhavam todos os homens  que com o governador foram em sua armada, que, segundo o comprimento do muro, grossura e grandeza, foi decerto trabalhar de homens que folgavam de servir seu rei.

Sultão Badur veio ver a dita obra algumas vezes, em uma das quais. vendo os portugueses que nela trabalhavam cheios de imundícies que o trabalho de si dava, perguntou ao governador se aqueles trabalhadores e gente civil que ali andava levavam muito jornal, porque, segundo os via servir, julgava serem dignos de boa paga;
Foi-lhe por ele respondido que aqueles trabalhadores que ele via tão cheios de cal e de pó eram os fidalgos e capitães que a el-rei seu senhor sustinham a Índia, os quais o tempo que lhes faltava a guerra passavam naquelas branduras e delícias.

Disso se espantou el-rei e disse que então via claro que el-rei seu irmão(o Rei de Portugal) era senhor de vassalos dignos de serem dele muito amados, porque se ao mais triste homem de guerra que em seu arraial havia tal mandasse(...) bons e maus o deixariam.


Lopo de Sousa Coutinho, O Primeiro Cerco de Díu

Como podem ver, a fama de os Portugueses serem bons na construção civil já vem de à muito tempo...
 :wink:
 

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André

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« Responder #182 em: Novembro 05, 2008, 06:28:33 pm »
A defesa de Ouguela durante um cerco Castelhano em 1644


Aquando da Restauração da independência portuguesa, o Conselho de Guerra de D. João IV (1640-1656) determinou a modernização das suas defesas, que ganharam linhas abaluartadas com projeto a cargo do arquiteto francês Nicolau de Langres.

É deste período o episódio que imortalizou a sua defesa, quando da invasão do Alentejo por uma força de 1500 cavaleiros e 1000 infantes castelhanos oriunda de Badajoz, sob o comando do marquês de Torrecusa, em 1644. Para a conquista de Ouguela ofereceu-se um traidor, João Rodrigues de Oliveira, que tendo-se distinguido no Brasil no combate aos holandeses durante época da Dinastia Filipina, alcançou o posto de Sargento-mor. Com a Restauração, retornou a Portugal, onde, no Alentejo, passou-se para os castelhanos, recebendo, como recompensa, o posto de Mestre de Campo e o cargo de governador de Vilar de Rei. O traidor marchou sobre a praça portuguesa, à frente de seiscentos cavaleiros e outros tantos infantes escolhidos, na noite de 9 de Abril (um sábado). Entre os portugueses que andavam pilhando gado do lado castelhano, para alimento das tropas, quatro soldados da guarnição de Campo Maior, percebendo o movimento de tropas, ocultaram-se e misturaram-se à retaguarda da coluna, inteirando-se dos planos do ataque. Utilizando-se de atalhos, alcançaram Ouguela duas horas antes dos atacantes, avisando o governador da praça, o capitão Pascoal da Costa, dando-lhe tempo de organizar uma apressada defesa ao alvorecer. Contava este oficial com 45 homens e mais as gentes da vila, entre as quais uma mulher, Isabel Pereira, que se destacou, quer pelejando nas trincheiras, como repartindo pólvora e balas aos soldados; e retirada ao castelo ficou desacordada por algum espaço com a ferida que lhe deram, até que tornando em si, e vendo que não era perigosa, prosseguiu a pelejar com maiores brios até o fim. Os defensores resistiram à tentativa de explosão das portas do castelo, aos assaltos às muralhas e às promessas e ameaças que João Rodrigues de Oliveira dirigiu ao governador sitiado, que tinha sido cabo de esquadra e servido sob as suas ordens no Brasil. Após três horas de assalto, os castelhanos  retiraram-se deixando escadas nos muros, vinte mortos no campo de batalha e levando dezenas de feridos.


 :Soldado2:  :Soldado2:
« Última modificação: Novembro 07, 2008, 12:19:05 am por André »

 

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TOMSK

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« Responder #183 em: Novembro 05, 2008, 07:38:45 pm »
A Ilha dos Mortos



" O ano de 1530, passado o Inverno, que nas partes da Índia acaba em Setembro, ajuntou Nuno da Cunha a mais gente que pôde, armas, munições e mantimentos convenientes, e cento e noventa e cinco navios de toda a sorte.

Partiu de Goa no primeiro dia de Janeiro de 1531, levando consigo todos os capitães e homens insígnes da Índia; e por toda a gente portuguesa, dizem, não passaria de dois mil e setecentos homens. Levava juntamente outros dois mil homens dos naturais da terra, canarins, malabares, rrepartidos pelos navios de mouros, que em sua armada iam.
(...)
O governador achou tantos tempos contrários em sua viagem, e juntamente por algumas escalas que foi fazendo, que assim gastou todo o mês de Janeiro até chegar a uma ilha que está a sete léguas de Díu, chamada Beth, mui pequena na quantidade e muito mais ignota em nome até aquele tempo, mas daí por diante muito conhecida, pela fieldade e esforço de seu capitão e gente.

Em esta ilha estava um turco, capitão de el-rei de Cambaia, que por seu mandado a guardava, o qual teria consigo até dois mil homens de diferentes linguagens. Receando-se já a vinda desta armada portuguesa, havia nela uma povoação cercada de muro, que assim ocupava todo o plano em que o alto da ilha se fazia, ao qual o governador Nuno da Cunha mandou dizer que se entregassem todos juntamente com o lugar, senão que os combateria e meteria à espada.

Ao que o Turco respondeu que se espantava de um princípe tão poderoso persuadir nenhum capitão (ainda que alheio), coisa tão feia e injusta, como era, por temor da morte, a entregar as bandeiras e confiança de seu senhor; mas antes se esperava dele favorecer bom exemplo os que inteiramente guardassem o que deivam.

E, porém, que come ele claramente visse que o poder daquela sua armada era tão grande, julgando que isso fazia serviço a el-rei seu senhor, ele despejara a ilha e se passaria à terra firme, levando porém, suas pessoas, armas e fazendas, sem deixarem mais que a fortaleza, que parecia ser a causa principal do seu intento.

O governador, como não estivesse deste parecer e queria mais a gente e artilharia que boas razões, e porventura cuidaria que em combater estes e tomá-los estava muita parte do sucesso de Díu, tornou-lhe a mandar dizer que, todavia, se entregasse aquele dia e se não que os seguintes se defendesse.

O esforçado capitão, como não tivesse em vontade fazer vileza nem menos ser cativo, apercebeu-se melhor que pôde e, contudo, para não lhe ficar nada por tentar de que os seus pudessem receber saúde, tornou a replicar ao governador dizendo que lhe lembrava que, pois ia a uma empresa de tanto peso como era a cidade de Díu, que não havia querer empreender coisa tão pequena como aquela ilha, em que não havia de desejar, a qual lhe serviria de em ela quebrar o alvoroço de sau gente de guerra e, porventura, pô-los em perigo, porque ele havia de defender aquele lugar o melhor que pudesse.

O governador não quis tomar o conselho que o inimigo lhe dava, e também se disse que alguns de seus amigos lhe aconselhavam o mesmo, e davam outras boas razões para que o acometimento se deixasse: mas não o puderam acabar com ele.

O Turco, vendo-se desenganado e toda a esperança perdida de poder com sua honra salvar a vida e a dos seus, movido de desesperada e honrosa determinação, comunicou com os seus o pouco remédio que com boas razões tinha alcançado com os portugueses, e quanto pior lhe seria a todos o cativeiro que a morte.

E inflamando-os com esforçadas palavras ao desprezzo da vida e engrandecendo o morrer com liberdade, vituperando a vida sem ela, persuadiu com tanta força de palavras, que de consentimento de todos mataram aquela noite suas mulheres e filhos e todos os velhos e inábeis para a defesa.

Donde se pode ver quanto valem palavras bem assentadas; e feita uma grande fogueira em a praça da fortaleza, juntamente com quantas coisas tinham ricas, boas e más, queimaram tudo junto, deixando somente armas e desesperação para despojo de seus inimigos.

Os nossos, que se aparelhavam para o que ao outro dia haviam de fazer, vendo o grande fogo que em a ilha se faziam, conquante não houve nehum em ela tão covarde que, com medo da morte vindoura, se viesse lançar com eles para lhes dar esta nova, todavia adivinharam logo o que poderia ser, vistas as honestas e esforçadas razões do capitão turco.

Aquela noite ordenou o governador a Heitor da Silveira que com certa gente acometesse a fortaleza pela porta e Diogo da Silveira e Garcia de Sá e António de Saldanha e António da Silveira e outros fidalgos repartidos por outros lugares com gente, para que com mais facilidade fossem entrados; e, antes que de todo fosse bem manhã, desembarcaram e acometeram o muro, e, pela parte que Heitor da Silveira ia, foi ter com a porta em a qual o capitão turco e toda a força da sua gente estava. Como se trabalhasse de romperem a dita porta e outros de subir pelo muro, que era baixo, foi Heitor da Silveira ferido de cima das ameias por uma perna de uma espingardada, de que caiu, e daí a três dias morreu, que foi uma grande perda, assim por sua pessoa e saber como pelo muito crédito que tinha entre a gente portuguesa.

Rompida a porta,  acharam os nossos grande resistência, e, enquanto os mouros se não sentiram entrados por outras partes, se defendiam com muito esforço. Em isto prevaleceram até seu capitão e a maior parte deles ficarem mortos e estendidos em aquele lugar que elegeu sua notável determinação. E como os mais e melhores morressem, alguns poucos, temendo todavia a morte, se recolheram por cisternas e furnas que na povoação havia.

E aconteceu que um nosso achou um mouro metido em umas pedras, ao qual fez sair fora, e, vendo que o mouro se queria chegar a ele para o ferir com um terçado, lhe deu com a lança pelas ilhargas, que o passou da outra parte, e o mouro, metendo-se pela lança, coando-se por ela, se chegou tanto que lhe deu com o terçado, por uma perna acima do joelho tal derida que quase lha cortou toda, e caíram ambos mortos, o que foi visto por pessoas de crédito.

Alguns se lançaram de altas rochas ao mar, fazendo-se em muitos pedaços, só para não virem à mão dos portugueses. Foi finalmente tomada esta ilha, sem ela se tomarem mais que dois ou três cativos e nenhum outro despojo, somente as cinzas do que queimaram.

Deste dia em diante se chamou a Ilha dos Mortos, pelo efeito.


Lopo de Sousa Coutinho, O Primeiro Cerco de Díu
 

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« Responder #184 em: Novembro 06, 2008, 01:01:49 pm »
A Aventura de Ceuta



D.João I queria armar cavaleiros os seus filhos mais velhos, D.Duarte, D.Pedro e D.Henrique. Os infantes achavam que este acto teria de ser realizado com uma guerra a sério, e propuseram ao rei que tentasse a conquista de Ceuta, uma cidade rica do Norte de África, fácil de conquistar, que controlava o Estreito de Gibraltar.

D.João I concordou e foi planeado um ataque de surpresa, pois a empresa era arriscada. Mandou dois embaixadores à Sicília pedir a mão da Rainha para o Infante D.Pedro. Eles passaram por Ceuta, espiaram, e recolheram todas as informações utéis para um ataque bem sucedido.

Quando regressaram, dispuseram numa sala do palácio uma caixa de areia, pedras de diferentes tamanhos, favas secas, raminhos  de arbustos e outras pequenas peças com que reproduziram no chão a disposição do terreno em Ceuta, as muralhas do castelo, e o casario e as ruas principais, a praia e o mar.

~
Com base nisto, o Rei, os infantes e D.Nuno Álvares Pereira estudaram o ataque à cidade.

Entretanto, a rainha D.Filipa adoecera com a peste e estava à beira da morte. Porém, ainda ofereceu, aos três filhos que iam partir, a espada com que seriam armados cavaleiros.



A armada zarpou e, na noite de 20 para 21 de Agosto, estava frente à cidade. Os mouros ficaram estupefactos, e viram logo que seria muito difícil resistir. Diz-se que tentaram enganar os Portugueses, colocando uma candeia de azeite em todas as ameias do castelo, para dar a ideia que havia ali um grande número de soldados.

No dia seguinte os Portugueses desembarcaram e levaram de vencida os defensores, perseguindo-os pelas estreitas e turtuosas ruas da cidade.
Ceuta estava conquistada!



Dois dias depois, solenemente, o Rei armou cavaleiros os três infantes, D.Duarte, D.Pedro e D.Henrique, na principal mesquita de Ceuta, convertida em igreja cristã.


Em Ceuta os Portugueses não encontraram nem tanto ouro nem tantas riquezas como esperavam, mas encontraram uma coisa valiosa que procuravam avidamente:
-Informação.
É que Ceuta fora sempre um terminal das rotas das caravanas de camelos e de cavalos, que traziam sa mercadorias das mais longíquas paragens do Oriente e de África. Por ali muito se sabia desses lugares remotos.



De Ceuta, as mercadorias passavam à Península Ibérica e a outros países europeus. Estes percursos demoravam meses e meses a serem percorridos ao passe ritmado do camelo ou do cavalo. Os mercadores pagavam impostos a todos os potentados lugares por onde tinham de passar.

Arriscavam-se em viagens aventurosas sujeitas a muitos perigos. Os produtos eram vendidos várias vezes, a preços cada vez mais altos, até completarem a viagem.

Deste modo, o preço da venda da mercadoria ao consumidor final tinha de compensar todos estes custos e até perdas humanas. E era elevadíssimo.



Rapidamente os Portugueses absorveram estas informações e confrontaram-nas com as que recolhiam nos países europeus sobre a matérias. Interessaram-se pelo assunto, em especial, o Infante D.Pedro e o Infante D.Henrique. Estava dado o mote para a grande aventura marítima dos Portugueses. até ao outro lado do mundo.

D.Pedro correu «as sete partidas do mundo», colhendo mais e mais coonhecimentos. D.Henrique nunca participou em pessoa nas navegações, mas inspirou-as e impulsionou-as de forma persistente e metódica.




E o mundo nunca mais foi o mesmo!
 

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« Responder #185 em: Novembro 06, 2008, 04:34:11 pm »
A batalha que "arrancou" o Condestável do convento



"Estava à pouco tempo no mosteiro D.Nuno Álvares Pereira, agora Frade Nuno de Santa Maria, quando começaram a correr beatos de que o Rei de Tunis e o Rei de Granada estavam preparando um ataque à praça de Ceuta.

Desde que esta fora ocupada pelos portugueses, a religião católica tinha ali feito grandes progressos e todas as mesquitas tinham sido convertidas em igrejas. Tudo isso ficaria em perigo, se os mouros lá pudessem penetrar.

O próprio Príncipe D.Duarte foi avisar o antigo Condestável do que estava para suceder, informando-o ao mesmo tempo de que uma poderosa esquadra se estava aparelhando para a defesa daquela cidade, e que todos os Princípes, incluíndo os mais novos, D.João e D.Fernando, tomariam parte na expedição, a qual seria comandada pelo próprio Rei.

Profundamente emocionado com tais notícias , no Condestável revive o espírito do velho guerreiro e logo ali resolve afivelar de novo a espada para a ir desemabainhar naquele recanto longíquo, tornado ponto de defesa da civilização cristã. Requer, por isso, ao Rei que lhe destine um navio onde possa embarcar, não como comandante mas como simples soldado.

O Rei, muito embora desejando ter o conselho de D.Nuno junto de si, pois sabia bem quanto ele representava, hesitou todavia em o arrancar à vida do convento; mas a insistência daquele seu devotado amigo foi de tal ordem que o venceu por fim, levando a dar-lhe a escolher o navio que mais lhe agradasse.

Numa tarde, acompanhado pelo Príncipe D.Duarte, visitou os vários navios da esquadra apreciando o seu valor de combate, e, escolhendo um dentre deles, deu as ordens que entendeu necessárias para o seu melhor apetrechamento, retirando-se em seguida para fazer os seus preparativos pessoais.

Ao ressuscitado guerreiro, o Príncipe D.Duarte forneceu o necessário armamento, pois, como é sabido, até a sua própria espada ele tinha oferecido aos frades, para ser utilizada na estátua de Santo Elias.

A alguns amigos que o procuravam dissuadir dessa empresa, apontado-lhe os perigos que ia correr, a sua idade, etc, D.Nuno a todos respondia que não poderia escolher morte mais gloriosa, nem encontrar triunfo mais honroso que combatendo pela Fé e pela Pátria; tinha mesmo grande desejo de morrer mártir da Fé.
E, para provar que a idade avançada em nada tinha diminuído as suas forças, toma uma lança e, de uma das janelas do convento, joga-a com tanta firmeza e segurança que ela vai cravar-se lá em baixo, do outro lado do Valverde (Rossio); dizendo ao mesmo tempo que seria capaz de a meter em África, se necessário fosse.
Efectivamente, a sua idade não podia servir de motivo para não tomar parte na expedição que se projectava, visto que, contando mais dois anos de idade, era o próprio Rei quem a comandava.

Afinal, esta não chegou a ter lugar. O inimigo, ao constar-lhe que os seus planos haviam sido descobertos, receoso das forças  que contra ele se estavam preparando, desisitiu do seu temerário propósito."
 

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André

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« Responder #186 em: Novembro 06, 2008, 05:28:27 pm »
Caminho europeu para a China já passou por Portugal

Os missionários europeus que iam outrora para a China aprendiam português antes de partirem, realçou hoje à Lusa uma investigadora francesa.

Nos séculos XVII e XVIII, "o caminho para a China passava por Portugal", disse Catherine Jami, do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS), de Paris.

"O transporte, o dinheiro (...), tudo isso era assegurado pela Coroa portuguesa", acrescentou

Catherine Jami falava à Lusa a propósito do colóquio internacional sobre o intercâmbio cultural entre a China e a Europa nos séculos XVII e XVIII, que reúne desde hoje em Pequim especialistas de dez países.

É o quarto colóquio de uma série iniciada em 1995 com o objectivo de estudar um capítulo pouco conhecido da história da matemática: o papel de Portugal nas relações científicas entre a Europa e a China.

Quatro comunicações serão dedicadas ao jesuíta português Tomás Pereira, um dos missionários europeus que esteve mais próximo do lendário imperador chinês Kangxi, e que morreu em Pequim há três séculos.

Mesmo em Portugal, a primeira referência académica a Tomás Pereira só apareceu em 1911, salientou Luis Manuel Saraiva, professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e um dos principais animadores desta série de colóquios.

Tomas Pereira, que viveu os últimos 35 anos da sua vida na China, era músico, mas a música, na altura, fazia parte do ensino da matemática, juntamente com a geometria, a aritmética e a astronomia.

"Na Europa como na China, não havia a separação que há hoje entre ciência e arte", afirma Catherine Jami.

Na abertura do colóquio, o embaixador de Portugal na China, Rui Quartin Santos, também evocou Tomas Pereira, qualificando-o como uma fonte inspiradora da actual parceria estratégica China-União Europeia.

Um investigador chinês, Zhang Baichun, elogiou igualmente "o importante papel desempenhado pelos jesuítas portugueses" no intercâmbio científico entre a Europa e a China.

O colóquio, de três dias, foi organizado pelo Instituto chinês para a Historia das Ciências Naturais, o Centro Cientifico e Cultural de Macau, o Centro de Matemáticas e Aplicações Fundamentais da Universidade de Lisboa, e o Centro China-Portugal para a História das Ciências.

Os anteriores colóquios decorreram em Portugal, Macau e Japão.

Portugal foi o primeiro Estado europeu a enviar uma embaixada à China, no início do século XVI, e até Dezembro de 1999 administrou uma parcela do território chinês.

Lusa

 

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nelson38899

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« Responder #187 em: Novembro 11, 2008, 02:42:34 pm »
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soldado milhões

Em 1917 «partiu para a frente de combate». Um ano depois, chegava o «grande momento, o da batalha de La Lys», na Flandres. O dia preciso: 9 de Abril. Rezam as crónicas que uma força portuguesa se viu atacada pelos alemães. A nossa força chegou a ser destroçada e a situação era «a pior possível». Muitos portugueses foram mortos e os sobreviventes obrigados a retirar. O soldado Milhais viu-se sozinho numa trincheira e, então, ergueu-se, de metralhadora Lotz, e varreu uma coluna de alemães que vinham em motocicletas. E, segundo conta a lenda (ou terá sido mesmo verdade), terá feito o mesmo às colunas de 'boches' que entretanto surgiram. Parece que os alemães terão julgado que, em vez de um camponês sozinho, enfrentavam um fortíssimo regimento de portugueses e ingleses. Não, afinal, era apenas Milhais e a sua querida «Luísa», nome de metralhadora.

http://www.freipedro.pt/tb/250698/opin2.htm




 :Soldado2:
"Que todo o mundo seja «Portugal», isto é, que no mundo toda a gente se comporte como têm comportado os portugueses na história"
Agostinho da Silva
 

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Xô Valente

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« Responder #188 em: Novembro 11, 2008, 02:54:13 pm »
Citação de: "nelson38899"
Citar
soldado milhões

Em 1917 «partiu para a frente de combate». Um ano depois, chegava o «grande momento, o da batalha de La Lys», na Flandres. O dia preciso: 9 de Abril. Rezam as crónicas que uma força portuguesa se viu atacada pelos alemães. A nossa força chegou a ser destroçada e a situação era «a pior possível». Muitos portugueses foram mortos e os sobreviventes obrigados a retirar. O soldado Milhais viu-se sozinho numa trincheira e, então, ergueu-se, de metralhadora Lotz, e varreu uma coluna de alemães que vinham em motocicletas. E, segundo conta a lenda (ou terá sido mesmo verdade), terá feito o mesmo às colunas de 'boches' que entretanto surgiram. Parece que os alemães terão julgado que, em vez de um camponês sozinho, enfrentavam um fortíssimo regimento de portugueses e ingleses. Não, afinal, era apenas Milhais e a sua querida «Luísa», nome de metralhadora.

http://www.freipedro.pt/tb/250698/opin2.htm



 :Soldado2:


Li o artigo e para mim é um herói da Pátria, sendo uma pessoa humilde e modesta, apesar do seu feito heróico. Muitos parabéns.
 :Palmas:  :Soldado2: :Soldado2:
http://valente-city.myminicity.com/  -  Cria a tua minicidade também.
 

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nelson38899

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« Responder #189 em: Novembro 11, 2008, 03:24:01 pm »
boas

sendo este tópico dedicado aos grandes Portugueses, eu gostava que se pusesse a história do soldado mais condecorado na guerra de África, ou seja, o que eu quero dizer é que quando estive na escola prática de infantaria em Mafra, sempre que ia almoçar ou jantar à cantina via um senhor idoso a ir lá também almoçar e uma vez perguntei ao tenente que nos acompanhava quem era e ele disse-nos que era o homem mais condecorado em África, por isso que eu gostava era que quem soubesse pusesse aqui a história militar desse senhor.

Obrigado
"Que todo o mundo seja «Portugal», isto é, que no mundo toda a gente se comporte como têm comportado os portugueses na história"
Agostinho da Silva
 

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TOMSK

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« Responder #190 em: Novembro 11, 2008, 03:45:18 pm »
Será este senhor?

Citar
Que eu saiba nunca se fez um ranking desse tipo, mas creio que sim, o Almeida Bruno tem de facto essa fama de ser o oficial mais condecorado:

Oficial da Torre e Espada (c/palma)
Valor Militar - Prata (c/palma)
2 Cruzes de Guerra (1.ª e 2.ª Classe)
1 Medalha de Ouro de Serviços Distintos
2 Serviços Distintos de Prata (c/palma)
(entre muitas outras, que lhe enchem o peito)

No entanto, e por exemplo, o CMG Alpoim Calvão tem as seguintes:

Oficial da Torre e Espada (c/palma)
Valor Militar - Ouro (c/palma)
2 Cruzes de Guerra (1.ª Classe)

Isto é, a nível de condecorações ganhas em campanha o Alpoim 'ganha'.
Seja como for, é perigoso e indesejável tentar extrapolar.

Agora, a nível de ordens e condecorações a encher o peito, o Almeida Bruno é, até ver, o mais condecorado militar português. Até parece um americano - e isso é bom para nós, pois os americanos têm medalhas por terminar a especialização...  

1. João Almeida Bruno, nascido em 30Jul35 em Lisboa, oficial-general oriundo da Arma de Cavalaria e com a especialidade Comando, nunca foi «tenente-general»: em 1980 foi promovido de coronel a brigadeiro (comandante-geral da PSP) e em 1985 a general (comandante da RMS em 1987, comandante da AM em 1989, presidente da direcção-nacional da Associação de Comandos em 1993, e, após breve passagem pela Inspecção-Geral do Exército, nomeado em Abr94 presidente do STM).



 

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TOMSK

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« Responder #191 em: Novembro 12, 2008, 12:24:29 pm »
A Primeira Espingarda no Japão

"Os Portugueses Francisco Zeimoto, António Peixoto e António Mota navegavam rumo a Liampo, na China, quando foram apanhados por uma tempestade feroz, que os afastou da rota. Passada a tempestade, numa bela manhã, enfim, avistaram terra.

Aproximaram-se e , à tarde, desembarcaram na praia. Homens que acharam parecidos com os chineses assistiam, com um misto de espanto e de receio, ao desembarque daqueles desconhecidos, de barba comprida e olhos grandes, que nunca tinham visto.

Os recém chegados procuraram dar-se a conhecer a mostraram as coisas que traziam consigo. A certa altura, um dos Portugueses pegou na sua espingarda e apontou-a a uma ave que cortava os ares, sobre as suas cabeças. Disparou.


Os locais ouviram o estrondo terrível, um relâmpago sair do cano da espingarda e a ave cair no chão.

Por um momento assutaram-se, mas, vendo que os estrangeiros estavam tranquilos e divertidos, logo se recompuseram. Uns foram a correr apanhar a ave. Outros aproximaram-se e olhavam a espingarda como querendo perceber como funcionava.

Com o tempo, os Portugueses, foram aprendendo à língua daquela gente e souberam que estavam na ilha de Tanegachima, pertença do Império do Japão. Os seus habitantes eram japões ou japoneses, e eles, Portugueses, eram os primeiros estrangeiros, de grandes olhos e barba comprida, que ali chegavam.

Quando estes portugueses se retiraram do Japão, já na ilha havia dezenas de espingardas, de que os japoneses tinham compreendido o funcionamento e tinham copiado, mostrando o seu carácter engenhoso.




No Japão ficou a tradição de Zeimoto e dos seus companheiros, os primeiros estrangeiros que lá chegaram. E na ilha de Tanegachima todos os anos é realizado um festival comemorativo dessa chegada, o «Festival da Espingarda»."
 

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André

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« Responder #192 em: Novembro 12, 2008, 02:33:16 pm »
Fizemos com que os japoneseses em vez de matarem-se as centenas matarem-se aos milhares ... :)  :mrgreen:

 

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André

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« Responder #193 em: Novembro 12, 2008, 02:53:33 pm »
Os Portugueses chegaram ao Japão em 1543. O Japão era conhecido desde o tempo de Marco Polo, que lhe chamou Cipango. Mas foram efectivamente os portugueses os primeiros europeus a chegar ao Japão. Põe-se ainda hoje a questão de saber quem foram esses primeiros portugueses: se Fernão Mendes Pinto (autor de Peregrinação) fazia parte deles, ou se foram António Peixoto, António da Mota e Francisco Zeimoto. O que é certo é que comerciantes portugueses desde logo começaram a negociar com o Japão. A partir de 1550, o comércio com o Japão passou a ser um monopólio, sob chefia de um capitão-mor. Como em 1557 os portugueses se estabeleceram em Macau, na China, isso vai ajudar o comércio com o Japão, principalmente de prata.

Os missionários desde o início vão entrar também no Japão. É em 1549 que chegam os primeiros, entre eles São Francisco Xavier, que progressivamente vão penetrando pelo Japão, chegando a Nagasáqui em 1569, que foi doada aos Jesuítas em 1580. E entre 1582 e 1590 realiza-se a primeira embaixada do Japão à Europa. Em 1587 dá-se uma reviravolta na posição de protecção aos missionários, sendo os Jesuítas expulsos.
O contacto entre as duas civilizações deixou marcas duradouras.

A língua portuguesa foi, no início, o meio de comunicação dos estrangeiros com o Japão. Ainda hoje há inúmeros vocábulos de origem portuguesa. Foi com os portugueses que entrou no Japão a imprensa de tipos metálicos, sendo um missionário português quem escreveu a primeira gramática da língua japonesa. Foram também os portugueses que introduziram no Japão as armas de fogo, além de novos conhecimentos nos domínios da medicina, astronomia, matemática, além de ensinarem a arte da navegação dos portugueses.


Porto Editora
« Última modificação: Novembro 12, 2008, 02:58:59 pm por André »

 

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tyr

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« Responder #194 em: Novembro 12, 2008, 02:54:59 pm »
introduzimos uma arma que fez com que a guerra permanente em que vivia o japão terminasse passado pouco tempo.
A morte só é terrivel para quem a teme!!