A última carta de Afonso de Albuquerque ao Rei de Portugal
Afonso de Albuquerque, O César do Oriente como lhe chamavam, veio a falecer à vista de Goa, em 16 de Dezembro de 1515, não sem saber que na cidade o aguardava para lhe suceder um dos seus mais acérrimos inimigos pessoais: Lopo Soares de Albergaria enviado pelo rei D. Manuel I.
Profundamente ofendido e desgostoso, Afonso de Albuquerque deu graças a Nosso Senhor e disse: «Mal com os homens por amor a el-rei com el-rei por amor dos homens, bom é acabar». Os seus padecimentos haviam-se agravado, e sentido-se morrer ditou para D. Manuel a seguinte carta:
«Senhor: quando esta escrevo a Vossa Alteza estou com um soluço que é sinal de morte. Nesses reinos tenho um filho e peço a Vossa Alteza que mo faça grande, como meus serviços merecem que tenho feito com minha serviçal condição; porque a ele mando, sob pena de minha benção, que vo-lo requeira. E quanto às coisas da Índia não digo nada, porque elas falarão por si e por mim».
E efectivamente, as coisas da Índia falaram.
A Afonso, a história relembra-o como a maior figura da Expansão Imperial Portuguesa, excelente militar, político, diplomata, governador.
Por todos respeitado e temido. Um homem "maior que a vida"!
Ao rei, esse, todos o tomaram por mesquinho e fraco, não merecedor de tão valioso vassalo...