Barcaça que virá a bordo do ‘Bahia’ ampliará préstimos do Grupo de Embarcações de Desembarque da MB
Entre os cerca de 1.800 militares do 1º Esquadrão de Apoio da Esquadra brasileira, a ansiedade não é só pela chegada ao Brasil, no fim do ano, do navio anfíbio multipropósito Bahia, ex-Siroco.
No Grupamento de Embarcações de Desembarque (GED) a expectativa se estende à Chaland de Débarquement d’Infanterie et de Chars (CDIC) Hallebarde (L 9062), uma barcaça de desembarque de fuzileiros e viaturas pesadas movida por dois motores e dois hélices que tem, nada mais nada menos, que o triplo do comprimento das embarcações de desembarque de carga geral (EDCG) construídas pelo Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) na metade inicial dos anos de 2010.
A Esquadra mantém, à disposição do Corpo de Fuzileiros Navais, um mix de embarcações de desembarque de viaturas e pessoal (EDVP) – que transportam pessoal, carga e viaturas leves sobre rodas –, embarcações de desembarque de viaturas e materiais (EDVM) – que carregam viaturas médias ou pesadas, carga geral e pessoal – e embarcações de desembarque de carga geral (EDCG).
Atualmente, apenas sete EDVM e EDCG estão operacionais – e todas com uma capacidade de embarque muito inferior à da Hallebarde.

Comparações – A 31 de março de 1978 a Marinha recebeu as EDCG Guarapari (GED 10) e Tambaú (GED 11); a 10 de agosto de 1979 foi incorporada a Camboriú (GED 12).
Uma EDCG fabricada no final dos anos de 1970 pode embarcar 72 toneladas de carga – ou três caminhões dos modelos usados para transportar fuzileiros –, enquanto a EDVM (desenhada pelo Centro de Projetos de Navios da Marinha e construída no AMRJ) tem capacidade de levar do navio de assalto anfíbio até a praia, no máximo, um tanque leve SK-105 Kuerassier e um blindado de transporte de tropas M-113.
As EDVM utilizadas pelas forças anfíbias foram concebidas para serem conduzidas ao teatro de operações em navios doca, e empregadas na transferência de tropas e equipamentos entre navio e terra. Mas elas são também utilizadas em operações com mergulhadores de combate, recolhimento de náufragos, reparo de outras embarcações e no apoio a navios em operações de salvamento.
O casco possui 21,81m de comprimento, 6,39m de boca moldada, calado carregado de 1,4m e capacidade para transportar 72t de carga. Pode ser também aplicado no transporte de até 80 homens e 32t de carga.
O projeto básico dessas embarcações, elaborado pelo Centro de Projetos de Navios, foi desenvolvido integralmente no Sistema FORAN, utilizado para a elaboração de projetos de construção naval, proporcionando solução integrada para o desenho completo da embarcação, incluindo a definição do casco, cálculos de arquitetura naval, outffiting, estrutura e eletricidade. Todo o detalhamento requerido pela construção foi realizado pelo AMRJ.
A Hallebarde (que ainda será rebatizada pela Marinha) desloca, vazia, 369 toneladas, e, a plena carga, 751 toneladas – mais de dez vezes a capacidade de uma EDCG. Sua boca máxima é de 11,9 m. De acordo com um oficial do Corpo de Fuzileiros Navais ouvido pela coluna INSIDER, graças a essas características, e a um assoalho de estrutura reforçada, a embarcação pode transportar do mar para a terra, de uma só vez, meia dúzia de tanques Kuerassier.
Canhões – O armamento de autodefesa da barcaça consiste em dois canhões de 20 mm F2 montados à frente do passadiço e em duas metralhadoras de 12,7 mm, fixadas uma em cada bordo.
A doca alagável do Bahia, com cerca de 13.000 metros quadrados, permite que a embarcação francesa, de quase 60 m de comprimento (59,40m), manobre em segurança para deixar o interior do navio anfíbio.
No mar, sua velocidade máxima (nominal) é de 10,5 nós. Em marcha reduzida – em torno de 8 nós – sua autonomia é de até 15 dias. E a tripulação, de 18 militares, tem à disposição um radar Furuno.
A Hallebard foi lançada ao mar pelo estaleiro SFCN, de Villeneuve-la-Garenne, no dia 3 de novembro de 1988, como o segundo navio de sua classe. O primeiro, batizado de Rapière, foi desativado em dezembro de 2011, e transferido no ano seguinte para a Marinha do Chile, juntamente com o navio de desembarque-doca Foudre (oito anos mais antigo que o Siroco), que os chilenos redesignaram Sargento Aldea.
A 17 de fevereiro de 1989 a barcaça Hallebarde foi incorporada à Marinha francesa. Durante oito anos ela ficou conhecida apenas como CDIC 9062, até que a 21 de julho de 1997 foi batizada com o seu nome atual, o mesmo de outros quatro navios de guerra franceses – inclusive de um corajoso contra-torpedeiro construído no fim do século 19, que lutou na 1ª Guerra Mundial e só foi aposentado em 1922.
A DCNS desenvolveu e construiu, em parceria com a STX France, uma nova embarcação de desembarque – denominada CTM NG (NG de Next Generation) projetada para aumentar a eficácia das operações anfíbias e capacidades operacionais dos navios de projeção de força e comando de área da classe Mistral.

O Siroco já navega com tripulação brasileira, assistida por militares franceses que compunham sua antiga tripulação e técnicos da empresa DCNS, incumbida de realizar reparos a bordo. A 26 de outubro passado o navio suspendeu da base naval de Toulon para uma navegação de treinamento com 180 integrantes da Marinha do Brasil.
Fonte: http://www.planobrazil.com/especial-hallebarde-barco-que-vira-a-bordo-do-bahia-ampliara-prestimos-do-grupo-de-embarcacoes-de-desembarque-da-mb/