Caro Manuel Liste,
Tendo estudado o caso Galego, posso dizer-lhe que o muitas vezes referido "Estado Central" impos desde o século XVI o castelhano, chegando ciclicamente a proibir o uso dos 'dialectos' locais (hoje línguas espanholas consagradas em Lei).
No século XX, passou-se de uma proibição estreita sob Franco, para a melhor forma de suprimir as 'outras' línguas espanholas, a pressão económica.
Ao questionar-se os pais galegos, eles indicam que evitam falar o Galego com os seus filhos (auto proibem-se, logo) porque sabem que só o Castelhano lhes permitirá qualquer espécie de futuro. Nem Franco poderia desejar melhor.
Já em Democracia, o PP do Fraga tomava uma atitude de desrespeito e total desprezo pela língua espanhola (o Galego).
Assim, o Galego, como todas as outras línguas espanholas, excepto o Castelhano, sofrem vítimas e reféns de si mesmas e da colonização cultural castelhana que durou anos e anos, muitas vezes acompanhada da colonização física (Olivença é um bom exemplo).
Como toda a regra tem uma excepção, a língua espanhola (o Catalão), baseada num zona de forte poderio económico, mantém-se forte e desafiante, ainda que tenha sido também ela (a Catalunha) fortemente colonizada por vagas de pobres da zona central de Espanha.
Concluindo, a língua do sábio Alfonso X (que escrevia a sua poesia apenas em galaico-português, diga-se de passagem) tem hoje atrás de si um espectro ao mesmo tempo de brilhantia como de genocidio cultural, servido hoje em dia pela dita Mundialização.
Assim, é natural que cada vez menos se fale as línguas originais em cada lado da fronteira. A língua é um luxo a que as minorias oprimidas não se podem dar ao luxo.