Espanha
Catalunha convoca eleições para referendar independênciaPedro Duarte
25/09/12 15:56
O presidente do governo catalão convocou eleições para Novembro para legitimar a realização de um referendo sobre a separação.
O presidente do governo catalão, Artur Mas, convocou eleições para Novembro, de modo a legitimar a realização de um referendo sobre a separação do território de Espanha.
A Catalunha está hoje mais próxima de se tornar num Estado independente. Em discurso realizado ao início da tarde perante o parlamento regional, o presidente do governo catalão, Artur Mas, anunciou a demissão do seu executivo e a convocação de eleições antecipadas para o dia 25 de Novembro.
Esta decisão foi justificada por Mas com o facto do programa eleitoral do seu partido de centro-direita, a CiU, só "especificar a criação de um pacto fiscal [com o governo de Madrid] e mais nada", sendo necessária "uma nova legitimidade" para realizar um referendo sobre a separação do território de Espanha.
"São precisas decisões excepcionais para momentos excepcionais. Se o país deve iniciar um processo de grande complexidade, é necessário o aval das urnas", afirmou o governante.
Crise económica
A decisão de Artur Mas é motivada pelo facto da Catalunha, uma das regiões mais ricas de Espanha, considerar que os seus impostos irão ser usados pelo governo central de Madrid para financiar os problemas das regiões menos favorecidas, em vez de serem usados para reduzir a dívida regional e combater o desemprego, que atinge os 20% da população local, tendo ainda obrigado a Catalunha a pedir um resgate de cinco mil milhões de euros ao governo central.
Para evitar a transferência de dinheiro para outras áreas de Espanha, a Catalunha havia proposto a Madrid um pacto fiscal que acabaria por permitir à região controlar as suas receitas fiscais, mas a ideia acabou por ser rechaçada pelo governo de Mariano Rajoy, que a considerou como passível de fracturar o país, sendo por isso contrária à Constituição.
Durante o seu discurso de hoje, Mas afirmou que pediu aos empresários catalães que apostem menos no mercado espanhol e procurem internacionalizar-se.
"Os números mostram que o nosso destino é o mundo, e o mundo escolhe a Catalunha como destino relevante", afirmou, sublinhando que, se fosse independente, a sua região seria o 50º maior exportador global.
Relativamente à atitude do governo central, que não promete para breve uma recuperação económica, o chefe do executivo catalão notou que os cortes da despesa não estão a ser proporcionais, sendo os cortes bastante mais profundos nos governos autónomos do que no governo central. "O que é que se tem feito? O governo central fica com tudo, e não deixa nada às regiões. A consequência desta concorrência desleal é que temos que estar a cortar na Saúde, Educação e bem-estar social", afirmou Mas.
Madrid promete reagir
As declarações de Mas são vistas pelo governo de Madrid como uma ameaça à integridade do Estado espanhol, tendo a ministra do Desenvolvimento, Ana Pastor, afirmado que o presidente regional está apenas a "colocar o interesse partidário em frente ao interesse geral", ao mesmo tempo que a vice-primeira-ministra, Soraya de Santamaría, prometeu uma resposta "firme e serena" ao desafio independentista da Catalunha.
O movimento separatista catalão ganhou força perante os partidos políticos no passado dia 11 de Setembro, quando entre um milhão e meio de manifestantes vieram exigir a independência de Espanha para as ruas da Catalunha, região com sete milhões de pessoas.
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