Uma pergunta de um leigo:
Qual é o problema dos aviões Russos? Tem capacidades aerodinâmicas que os Americanos ainda não possuem, agora a níveis de equipamento de combate é que estou na dúvida se serão melhores ou piores.
Creio que isto já foi debatido algures neste tópico, mas aqui vai mais um reforço ao que o afonsinho disse.
Para começar, Portugal faz parte da NATO. A NATO não é só uma aliança militar do género "se nós formos atacados, tu vens cá dar uma mãozinha". Vai muito mais fundo que isso, incluindo tratados de armamento, isto é, estipulações de números militares, tipos de equipamento, etc... Os países estão proibidos por tratados internacionais assinados entre países de todo o mundo, NATO ou fora dela, de possuírem mais do que um determinado número de determinados equipamentos bélicos. Sumariamente, faz-se um estudo de qual o número de aviões de combate, carros de combate e tudo o resto necessários para assegurar a segurança de um país, tudo isto de acordo com a sua condição diplomática, posição estratégica e, claro, poder económico. Portugal, neste momento, não garante nenhum destes mínimos, sendo que a nossa dotação de combate actual numa situação de invasão do território nacional é ridiculamente baixa. Isto para te dar uma ideia geral de como funcionam estes tratados.
Ao sermos um país da NATO, Portugal garante que, em caso de necessidade de compra de aviões (neste caso), quer eles sejam de transporte ou de combate, o país terá sempre preferência pela compra de equipamento de países NATO, que supostamente nos poderiam providenciar aeronaves e peças a preços mais baixos, ou pelo menos preços que não seriam praticados a países fora da NATO.
Não se trata de melhor qualidade, mas sim de questões diplomáticas. Os russos têm excelentes aviões de combate, como é o caso do Su-35 Flanker e do Su PAK FA, com excelente manobrabilidade e capacidade de carga. Mas acima de tudo isto está a cordialidade para com os teus aliados. Imagina só a imagem com que ficavas se trabalhasses na Microsoft e aparecesses lá com um Mac debaixo do braço.
Além disto, os Russos não andam propriamente de mãos dadas com a NATO. Durante quantos anos andámos nós e os nossos aliados a matutar planos para retaliar contra os soviéticos? Não somos só nós que sabemos disto, eles também sabem. Pessoalmente, não creio que ganharia uma grande empatia com um grupo de pessoas que se juntava quase mensalmente para engendrar (e treinar) maneiras de me destruir! Para todos os efeitos, a Rússia é uma potencial inimiga da NATO. Se não és dos nossos, não confio em ti.
No fim, acaba também por ser uma questão de bom senso: Se a NATO entrasse em guerra com os russos, a componente aérea ia logo ao ar. No caso de avaria ou dano, ias pedir as peças para os teus Sukhois ou MiG's a quem? "Olhem, dá para emprestar aí umas peçinhas para podermos bombardear a vossa malta?". Há que pensar em todos os cenários possíveis. Ainda que, neste momento, a NATO tenha boas relações com a Rússia (ou, pelo menos, não se detestam), não se pode tomar a paz como algo garantido. Afinal de contas, para que outro propósito serve a NATO senão a manutenção da mesma?