Ricardo Nunes:
Pelos vistos, você é adepto do realismo político ou "Realpolitik", segundo o qual os países movem-se sobretudo por interesses e não por princípios ou ideias universais. É uma posição muito mais razoável que a dos neo-cons da administração Bush (verdadeiros trotskystas de direita que crêem na Guerra Permanente). Muitos realistas (Kyssinger, p. ex) distanciaram-se da política de Bush, não por violar direito internacional, mas por isolar os EEUU e ser contrária aos interesses nacionais.
No caso da Europa, um ponto de vista realista, leva às mesmas consequências e posições, que uma posição mais normativa ou kantiana, como a minha. É que o interesse das potências europeias não é destruirem-se todos os vinte ou trinta anos para se reconstruirem penosamente durante alhgumas décadas, para se tornarem de novo a destruir reciprocamente, com milhões de mortos à mistura, sobretudo agora que há armas de destruição maciça...
Ao defenderem o primado do direito internacional e os procedimentos multilaterais e consensuais, as potências europeias não fazem mais do que TAMBÉM defenderem os seus interesses nacionais, ainda que prefiram explicar as suas posições pela submissão voluntária a uma legalidade internacional cada vez mais exigente, condição sine qua non de sobrevivência da Humanidade.
Não esqueça que Portugal é um país periférico que não experimentou senão muito levemente, os horrores absolutos que foram as duas guerras mundiais. Para um russo, alemão ou francês, entre outros, a prevenção da guerra não é uma abstracção, é uma necessidade absoluta, um imperativo moral e, felizmente, uma realidade, hoje na Europa (UE)...