As minhas boas vindas.
E alguns comentários
Em minha opinião o iberismo não é, de momento, uma ameaça à independência nacional e o mesmo digo olhando para o futuro e "tanto quanto a vista permite alcançar".
Teríamos que determinar primeiro o que é o iberismo. A sua existência, ou a existência de um iberismo é formalmente uma ameaça à independência nacional. Outra coisa é se a ameaça presente é credível ou se a ameaça se pode transformar num perigo efectivo a curto prazo.
Ao contrario do que se pensa a integração económica ibérica não é excessiva, embora seja desigual. Isso contudo é normal entre países vizinhos de economias de mercado, quando uma das economias é mais forte que a outra.
Isso é um facto. O problema mais complicado, é que na maioria dos outros casos, existe um poder alternativo, que no nosso caso não temos. É normal que a Holanda tenha mais relações económicas com a Alemanha, mas a distância da Holanda para os outros poderes alternativos é mínima. A mesma coisa ocorre em todos os países da Europa central.
A Irlanda é uma excepção, na medida em que o seu desenvolvimento foi especialmente promovido pela comunidade irlandesa nos Estados Unidos.
o que me deixa tranquilo quanto ao iberismo não constituir uma ameaça é o simples facto dos portugueses não quererem ser espanhois. Pois é... creio que isso é o maior seguro que nós temos.
É fácil mudar o sentimento das pessoas. Em primeiro lugar começa-se por seduzir as elites, depois o Zé povinho é fácil de convencer.
No passado os portugueses também não queriam ser espanhóis, ou melhor dizendo, castelhanos.
Mas isso serviu de alguma coisa ?
Basta uma presença eficaz na Televisão.
Sabe em mãos de quem está a maior estação de TV portuguesa ?
Já viu a visão da História da grande pátria ibérica que nos é vendida pelo Canal História ?
Para além da questão económica outra situação é recorrentemente apontada como susceptível de por em causa a soberania nacional. Refiro-me ao facto de ambos os países pertencerem às mesmas alianças economicas (UE) e militares (NATO) e por essa via se diluir a a especificidade do país mais pequeno e menos poderoso.
É uma tese que merece ser estudada.
Mas um país não pode viver das circunstâncias de um momento político especifico. O que acontecerá numa crise internacional em que a NATO não funcione ?
Ou num problema internacional em que a U.E. pura e simplesmente não sirva de nada ?
Quantas vezes a EU já se dividiu ?
E a NATO ?
Sabe que na prática a NATO não prevê uma situação em que um país da NATO ataque o outro ?
Finalmente os mais receosos dirão que ainda há em Espanha, nos meios políticos e militares, quem pense que a formação de Portugal é um acidente histórico que deve ser corrigido logo que possível. Dado que Portugal tem quase 900 anos de história, esta tese tem algo de engraçado.
Permitam-me um exemplo: é como se um casal não planeasse ter filhos, mas por "acidente" a senhora engravida. O casal fala e resolve levar a gravidez por diante. É natural que quando falam do que acabou de acontecer se refiram ao assunto como "acidente"... mas será que uma vez nascida a criança, depois de ela ir à escola, se casar e por sua vez ter filhos, se vão continuar a referir ao filho como "acidente"? É claro que não!...
É uma analogia que não procede.
Não procede porque não se pode comparar a biologia humana com a política internacional.
E não se pode, porque ainda hoje, o problema de alguma da aristocracia de origem castelhana é exactamente achar que metendo o filho outra vez na barriga da mãe, isso vai fortalecer a Mãe.
É um problema de concepção da sociedade e da Península Ibérica, que afecta a nobreza e a aristocracia e as elites de origem Castelhana desde sempre.
Aplica-se a expressão Bíblica de “Bom filho à casa torna”. E nós, enquanto existir a Espanha como existe hoje, seremos sempre um filho desavindo, que tem que voltar à Mãe para a fortalecer.
Essa é a lição da História. Da História de Portugal e tragicamente da dos outros países peninsulares.
Além do mais enquanto houver um regime democrático no país vizinho é impensável uma agressão armada a Portugal.
Aqui, evidentemente estamos de acordo. O problema, é que desde 1715, quando foi criada a Espanha, o país vive numa contínua fase de convulsões, que estão sempre ligadas ao problema da Unidade Ibérica.
A Espanha debate-se entre dois problemas que têm a mesma face.
A face é o problema das autonomias que não vão parar. Não vão parar porque fazem parte da própria marca genética dos povos peninsulares. Não há forma de parar o processo.
Por isso a Espanha tem duas possibilidades dentro da União Europeia:
Ou escolhe o modelo checoslovaco, ou então escolhe o modelo Jugoslavo.
Conhecendo a tradição espanhola, qual acha que será o modelo escolhido ?