Uma Boa Noite a Todos os foristas e ao Papatango em especial, que comentou algumas ideias do meu "post" anterior.
Agora continuando o debate:
Teríamos que determinar primeiro o que é o iberismo. A sua existência, ou a existência de um iberismo é formalmente uma ameaça à independência nacional. Outra coisa é se a ameaça presente é credível ou se a ameaça se pode transformar num perigo efectivo a curto prazo."
Comentário:
Concordo que a existência da ideia de iberismo é uma ameaça FORMAL à idependência nacional. Mas isso é estarmos a circunscrever esta questão a um âmbito meramente formal, retórico ou académico.
Creio que neste espaço o que interessa é determinar se a ameaça é real, ou o grau de risco que envolve para a existência de Portugal como país independente.
Por outro lado, para que a questão seja devidamente enquadrada, é bom ter presente que o iberismo sempre existiu dos 2 lados da fronteira. E aqui vamos directamente ao cerne da questão: O que representam de ambos os lados da fronteira, os elementos que defendem essa ideia?
Pois creio que hoje por hoje, essas pessoas não representam a vontade dos cidadãos dos respectivos países, estão totalmente desintegrados da dinâmica das sociedades onde se inserem e têm pouca ou nenhuma capacidade de mobilização social. Em suma não se representam mais do que a si mesmas.
E é bom que assim continue. Porque as ideias não se podem exterminar, é bom que elas sejam combatidas e derrotadas por outras ideias e realidades, com as quais as pessoas no seu conjunto se identifiquem e atribuam mais valor. É o que a contece com os portugueses, que ao contrário do que pensam os profetas das desgraça, atribuem valor à idenpendância nacional.
E não creio seja assim tão fácil convencer as pessoas do contrário. Reafirmmo que em Portugal e em Espanha a "memória dos povos" não contempla uma Península Ibérica unida, mas sim com 2 países. Neste contexto a maior novidade é a existência de uma Espanha unida. A existência de Portugal está bem marcada no "subconsciente" ibérico, ela tem quase 900 anos.
O problema mais complicado, é que na maioria dos outros casos, existe um poder alternativo, que no nosso caso não temos. É normal que a Holanda tenha mais relações económicas com a Alemanha, mas a distância da Holanda para os outros poderes alternativos é mínima. A mesma coisa ocorre em todos os países da Europa central.
A Irlanda é uma excepção, na medida em que o seu desenvolvimento foi especialmente promovido pela comunidade irlandesa nos Estados Unidos."
Comentário:
No caso português o "poder alternativo" sempre existiu, ele chamou-se Inglaterra. E no caso indesejável, imprevísivel e improvável, mas sempre possível de implosão da União Europeia e/ou da Nato, ele voltaria a ter o memo nome. O fim a UE e/ou da Nato levaria a Europa de volta ao sec. XIX e 1ª metade do séc. XX, não exactamente à mesma coisa mas algo de parecido.
Mas isto é encarar o pior cenário, e o mais improvável, a derrocada da UE e/ou da NATO. No cenário mais provável, na REALIDADE, a existência daquelas duas alianças, e na verdade até tudo o que se passa no mundo hoje, impõe que Portugal e Espanha cooperem, até quanto mais não seja para manterem os seus modelos socias e poderem progredir economicamente, ou seja, persevarem os seus valoes civilizacionais, e melhorar o nível de vida das suas populações. Nenhum destes objectivos é compatível com guerras e agressões na península ibérica.
Para terminar esta vertente da questão gostaria de abordar uma ideia que durante muito tempo fez "camihno e escola" em Portugal:
- Porugal está "separado" da Europa pela Espanha, que caso queira, fecha as fronteiras, pondo o nosso país "de joelhos".
Bom... quanto a esta ideia o que me ocorre dizer é que ela teve o seu tempo, vejamos:
No cenário mais provável, continuando ambos os países a fazer parte da UE e da NATO, tal ideia é absurda.
No cenário catastrofista, implosão da NATO e/ou UE, é bom ter presente duas coisas:
a) A que porta iriam bater os 1ºs ministros ou presidentes da França, Inglaterra, Itália, Alemanha, etc, quando os seus produtos fossem barrados na fronteira espanhola? Quando vissem os seus investimentos aqui, os das empresas dos respectivoas países, "irem por água abaixo"? Pois está bem de ver que iriam bater à porta do 1º ministro espanhol, e pressioná-lo para que tal situação terminásse de imediato!
b) Que vantagem tiraria a Espanha de tal situação? (um bloqueio a Portugal). Isso representaria um retrocesso economico tremendo para a própria Espanha. Desde logo pelo que deixaria de vender para Portugal e depois pelos conflitos e retaliações económicas que iria sofrer de outros países. Isto para já não falar do golpe profundo que isso representaria para a imagem que Espanha quer projectar de si para o mundo: o de um país moderno, tolerante e civilizado.
Com tudo isto o que pretendo demosntar é que Espanha não tem qualquer vantagem num conflito aberto ou encapotado com Portugal e, quanto mais não seja por esse motivo, ele não acontecerá.
Termino referindo que, em minha opinião, o caminho de Portugal e Espanha é o de serem aliados hoje e no futuro, tal como no passado foram inimigos, não por qualquer passe de magia, mas porque a realidade do mundo de hoje, e do futuro prevísivel, assim o impõe.