Missão militar portuguesa no Afeganistão

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lazaro

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« Responder #990 em: Setembro 11, 2009, 10:17:36 pm »
Citação de: "FoxTroop"
O que penso que se está a passar, cada vez com mais frequência, é a importação de tácticas, que até podem funcionar maravilhosamente bem com os US e afins mas que são desfasadas das nossas TTP's e desajustadas para o nosso material.
...
Como nós cá temos "gunships" e outras coisas do género à pazada é claro que devemos adoptar essas mesmas TTP's.
 O resultado dessa importação de técnicas é a miríade de equipamentos diferentes com que se equipa cada quintinha dentro das nossas FA's.
FoxTroop afinal em que ficamos? As TTP's US podem ou não ser adaptadas. Parece-me que entras em contradição no mesmo post, ou percebi mal?

Citação de: "FoxTroop"
Posso contar a história de um exercício conjunto com Marines em que eles demonstraram como reagiriam a uma emboscada com imobilização do veiculo. Ficamos siderados olhar para a forma como o fizeram e o seu capitão a aperceber-se da nossa expressão explicou que na realidade limitam-se a sinalizar a origem do fogo IN e virarem-se todos para lá ao brigo das viaturas, que depois o "gunship" trata da coisa e que o único trabalho deles é ver se sobrou alguma coisa do IN.
A experiência deles foi possivelmente resultado de uma situação especifica.
O mesmo se passava na Guerra Colonial nos diferentes Teatros de Operações (TO), dentro dos próprios TO e ao longo dos 12 anos. Isso reflectia-se na forma como era ensinada e praticada a reacção a emboscada.
Ouvi relatos de Comandos cuja reacção à emboscada em Moçambique (não me lembro do ano e da zona) era saltar da viatura e correr a agarrar à mão os turras porque a TTP turra era emboscada de flagelação com efectivos reduzidissimos (2-3) seguida de debandada "salve-se quem puder". O pessoal da Guiné já não fazia bem assim porque as emboscadas eram de destruição, fortemente nutridas com fogos de armas pesadas e metralhadoras.
Citação de: "FoxTroop"
O resultado é que durante o resto do exercício foi muito fácil dar-lhes a volta. Bastou flagelar-los de um lado e depois lançar o ataque do outro.

Possivelmente os US ficaram a pensar que até temos jeito para a insurgência. :-)
 

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FoxTroop

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« Responder #991 em: Setembro 11, 2009, 10:36:03 pm »
Caro Lázaro, estava a ser irónico. O que penso é que as TTP's US devem ser adaptadas e não adoptadas pelas NT.

Mas infelizmente o que tem sido feito muitas vezes é "copy-past" e os resultados eram o que se viam (atenção que eu estou a falar da realidade que conheci, e já lá vão 3 anos)

Quanto aos Marines, a maioria deles tinha já passado pelo Iraque e surpreendeu-me o facto de ao procederem assim, não terem mais baixas (abençoado kevlar e acima de tudo muito RPG defeituoso a não rebentar)

E acredite que ficaram muito surpresos connosco e certamente ficaram a pensar que ainda bem que não éramos "cabeça- de toalha" porque senão derretíamos os fígados aos gajos em menos de nada (desde que não houvesse "gunships")     :)   :)
 

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Trafaria

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« Responder #992 em: Setembro 11, 2009, 11:03:38 pm »
Sou o ultimo a admirar-me se os americanos ficaram surpreendidos convosco.

É que nós cá dentro estamos sempre a surpreender-nos uns aos outros...  :D
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lazaro

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« Responder #993 em: Setembro 11, 2009, 11:05:20 pm »
Citação de: "FoxTroop"
Caro Lázaro, estava a ser irónico. O que penso é que as TTP's US devem ser adaptadas e não adoptadas pelas NT.
Roger that!
Citação de: "FoxTroop"
Quanto aos Marines, a maioria deles tinha já passado pelo Iraque e surpreendeu-me o facto de ao procederem assim, não terem mais baixas (abençoado kevlar e acima de tudo muito RPG defeituoso a não rebentar)

Acho que o facto de terem passado pelo Iraque não significa que tenham experiência de combate. Um pouco como uma boa parte dos nossos veteranos da Guerra Colonial.
Para além disso quem já teve nalgumas missões sabe que há Americanos e Americanos ...

Também é preciso não esquecer que esta rapaziada no Iraque, pelo menos na região de Bagdade, não se desloca em viatura sem ter os belos Apache a sobrevoar o itinerário, o que descontrai um pouco o buraco do cu e garante CAS assim que começa a "bernarda".
 

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voador

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« Responder #994 em: Setembro 12, 2009, 11:43:50 am »
Citação de: "lazaro"
Citação de: "FoxTroop"
Caro Lázaro, estava a ser irónico. O que penso é que as TTP's US devem ser adaptadas e não adoptadas pelas NT.
Roger that!
Citação de: "FoxTroop"
Quanto aos Marines, a maioria deles tinha já passado pelo Iraque e surpreendeu-me o facto de ao procederem assim, não terem mais baixas (abençoado kevlar e acima de tudo muito RPG defeituoso a não rebentar)
Acho que o facto de terem passado pelo Iraque não significa que tenham experiência de combate. Um pouco como uma boa parte dos nossos veteranos da Guerra Colonial.
Para além disso quem já teve nalgumas missões sabe que há Americanos e Americanos ...

Também é preciso não esquecer que esta rapaziada no Iraque, pelo menos na região de Bagdade, não se desloca em viatura sem ter os belos Apache a sobrevoar o itinerário, o que descontrai um pouco o buraco do cu e garante CAS assim que começa a "bernarda".


Camarada Lazaro não é só no Iraque.... é mm em quase todo o lado  :P
 

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Trafaria

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« Responder #995 em: Setembro 12, 2009, 01:59:53 pm »
Acho estranho que haja quem queira e insista em tratar este assunto como se de uma ciência exacta se tratasse...
::..Trafaria..::
 

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foxtrotvictor

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« Responder #996 em: Setembro 12, 2009, 04:21:45 pm »
Lamego, anos 80. O Exmº major Correia (actualmente general) deu instruções, a mim e a mais dois camaradas, para mandarmos umas fogachadas de “salva” a uma coluna de “sarjas” (COIR), que iam passar por volta da meia-noite, antes do acesso a uma determinada ponte perto de Penude, para ver como eles reagiam à emboscada. Depois de umas cervejolas numa determinada aldeia também perto de Penude, dirigimo-nos para o local e montamos a emboscada. Um de nós teve a ideia de fazer uma emboscada “vietecong” e meu dito meu feito. Quando vimos os “sarjas” a progredir sorrateiramente, no momento oportuno mandamos uma rajada de salva e pernas para que te quero. Os “sarjas” reagiram à emboscada, tal como mandam as regras dos manuais, e nós toca de os flagelar, tiro a tiro, de um local  diferente a cada disparo. Alem de terem ficado totalmente baralhados, se fosse a sério, 3 homens tinham causado muitas baixas. Quando passaram a ponte e se deu o exercício por terminado fomos ter com eles. Mostraram muita admiração por só sermos três.
 

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typhonman

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« Responder #997 em: Setembro 12, 2009, 09:22:37 pm »
Citação de: "foxtrotvictor"
Lamego, anos 80. O Exmº major Correia (actualmente general) deu instruções, a mim e a mais dois camaradas, para mandarmos umas fogachadas de “salva” a uma coluna de “sarjas” (COIR), que iam passar por volta da meia-noite, antes do acesso a uma determinada ponte perto de Penude, para ver como eles reagiam à emboscada. Depois de umas cervejolas numa determinada aldeia também perto de Penude, dirigimo-nos para o local e montamos a emboscada. Um de nós teve a ideia de fazer uma emboscada “vietecong” e meu dito meu feito. Quando vimos os “sarjas” a progredir sorrateiramente, no momento oportuno mandamos uma rajada de salva e pernas para que te quero. Os “sarjas” reagiram à emboscada, tal como mandam as regras dos manuais, e nós toca de os flagelar, tiro a tiro, de um local  diferente a cada disparo. Alem de terem ficado totalmente baralhados, se fosse a sério, 3 homens tinham causado muitas baixas. Quando passaram a ponte e se deu o exercício por terminado fomos ter com eles. Mostraram muita admiração por só sermos três.



Caro foxtrot, nesses treinos em Lamego eram ensinadas tacticas de resistência no caso de uma invasão da URSS ?
 

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foxtrotvictor

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« Responder #998 em: Setembro 12, 2009, 10:01:58 pm »
Citação de: "typhonman"
Citação de: "foxtrotvictor"
Lamego, anos 80. O Exmº major Correia (actualmente general) deu instruções, a mim e a mais dois camaradas, para mandarmos umas fogachadas de “salva” a uma coluna de “sarjas” (COIR), que iam passar por volta da meia-noite, antes do acesso a uma determinada ponte perto de Penude, para ver como eles reagiam à emboscada. Depois de umas cervejolas numa determinada aldeia também perto de Penude, dirigimo-nos para o local e montamos a emboscada. Um de nós teve a ideia de fazer uma emboscada “vietecong” e meu dito meu feito. Quando vimos os “sarjas” a progredir sorrateiramente, no momento oportuno mandamos uma rajada de salva e pernas para que te quero. Os “sarjas” reagiram à emboscada, tal como mandam as regras dos manuais, e nós toca de os flagelar, tiro a tiro, de um local  diferente a cada disparo. Alem de terem ficado totalmente baralhados, se fosse a sério, 3 homens tinham causado muitas baixas. Quando passaram a ponte e se deu o exercício por terminado fomos ter com eles. Mostraram muita admiração por só sermos três.


Caro foxtrot, nesses treinos em Lamego eram ensinadas tacticas de resistência no caso de uma invasão da URSS ?


Está-se a referir ao COIR? Não sei se ainda existe essa formação para a classe de sargentos e oficiais do quadro permanente. Fiz algumas vezes de “in” nessas formações e fiquei sempre com a ideia que era a curso mais fraquinho que se ministrava em Lamego. Mas como não tenho essa formação, se calhar estou a ser injusto. A ideia era, em caso de invasão do TN, esse oficiais e sargentos terem formação para partir para a defesa armada do TN, com auxílio da população civil, como está previsto na Constituição. Claro que na altura o muro ainda não tinha caído.

Só dei o exemplo da emboscada para dizer que pouco ou nada pusemos em pratica das experiências da guerra colonial. Pelo menos em reacção a emboscadas "da guerra do vale tudo" tínhamos obrigação de ser bons.
 

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HSMW

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« Responder #999 em: Setembro 13, 2009, 12:15:20 am »
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Está-se a referir ao COIR? Não sei se ainda existe essa formação para a classe de sargentos e oficiais do quadro permanente.


Curso de Operações Irregulares.

Julgo que ainda existe, (posso estar enganado) mas já não é obrigatório para os Oficiais e Sargentos QP.

Um curso que gostaria de vir a fazer e onde se aprende muito.
https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

"Tudo pela Nação, nada contra a Nação."
 

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voador

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« Responder #1000 em: Setembro 13, 2009, 07:14:25 pm »
Citação de: "HSMW"
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Está-se a referir ao COIR? Não sei se ainda existe essa formação para a classe de sargentos e oficiais do quadro permanente.

Curso de Operações Irregulares.

Julgo que ainda existe, (posso estar enganado) mas já não é obrigatório para os Oficiais e Sargentos QP.

Um curso que gostaria de vir a fazer e onde se aprende muito.


Quando fiz o coir nos diziamos Curso Obrigatorio de Interesse Reduzido

 :twisted:
 

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foxtrotvictor

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« Responder #1001 em: Setembro 14, 2009, 01:32:23 am »
Citação de: "voador"
Citação de: "HSMW"
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Está-se a referir ao COIR? Não sei se ainda existe essa formação para a classe de sargentos e oficiais do quadro permanente.

Curso de Operações Irregulares.

Julgo que ainda existe, (posso estar enganado) mas já não é obrigatório para os Oficiais e Sargentos QP.

Um curso que gostaria de vir a fazer e onde se aprende muito.

Quando fiz o coir nos diziamos Curso Obrigatorio de Interesse Reduzido

 :twisted:


Fiquei com a ideia  que o COIR era mais um pretexto para termos, de vez em quando, umas cobaias para os treinos.

Já o Curso de Patrulhas Longo Raio de Acção era pólvora de primeira. Esse sim que mandava estaleca.
 

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Subillaumbra

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« Responder #1002 em: Setembro 14, 2009, 09:49:54 am »
O Curso de Operações Irregulares existe e é ministrado a sargentos e oficiais subalternos QP.
 

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lazaro

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« Responder #1003 em: Setembro 14, 2009, 10:47:00 am »
O COIR tinha como objectivo geral preparar todos os militares do QP com conhecimentos suficientes para, em caso de ocupação de território nacional, criar a prazo um movimento insurreccional.
Era um conceito interessante que se perdeu com o fim da obrigatoriedade da frequencia do curso.
 

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rossi46

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« Responder #1004 em: Setembro 14, 2009, 02:04:02 pm »
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O COIR tinha como objectivo geral preparar todos os militares do QP com conhecimentos suficientes para, em caso de ocupação de território nacional, criar a prazo um movimento insurreccional.
Era um conceito interessante que se perdeu com o fim da obrigatoriedade da frequencia do curso.

Não eram todos, mas apenas os OF e SAR das armas e de alguns serviços, embora em alguns COIRs a frequencia fosse por todos.
Em função da evolução dos conceitos estratégicos de defesa nacional a necessidade perdeu-se, embora na prática haja sempre interesse nessa formação em operações irregulares
cumprimentos
"Alea jacta est"