A minha percepção da realidade é da minha experiência e não de filmes ou o quer que seja que por vezes tentam passar.
Acho muita piada, a rapaziada aqui no forum só porque alguém que não foi ou não é militar, dá uma opinião já não tem credebilidade. Não sei se sabem mas há muito boa gente civil a fazer o trabalho que muitos militares nunca irão ter oportunidade de fazer.
Quando falo em percepção da realidade, refiro-me especificamente à realidade do dia-a-dia nesses locais, pois os procedimentos e as rotinas são bastante distintos dos habituais nas unidades militares de um modo geral.
Obviamente que todos nós temos as nossas experiencias pessoais e profissionais que nos dão maior ou menor conhecimento dos diversos assuntos e ninguem nunca sabe tudo e havera sempre alguem a saber mais qualquer coisa.
Em relação à credibilidade, não estou a por em causa o conhecimento técnico das armas e o seu manuseamento, mas mais uma vez refiro, uma coisa é o meio civil, outra é o meio militar e dentro deste, uma coisa são as unidades em territorio nacional, outra são aquartelamentos no estangeiro.
Quanto aos civis, não tenho duvidas sobre isso, mas cada um com a sua missão. Conheço alguns cá e tive oportunidade de lidar com elementos da Blackwater no Afeganistão, os quais tem armamento e equipamente que o Exército Português nunca tera, mas são uma empresa privada que opera um negócio privado (embora trabalhem tambem para o governo - grande negócio), enquanto que as FAs gerem dinheiros publicos e tem missões superiormente definidas.
Peço-lhe isto apenas como mera estatistica e para todos nós aprendermos. Sem qualquer tipo de depreciação pelo seu trabalho. Gostava de saber, em 20 anos, quantos disparos negligentes já viu ? ou quantos vê por ano, ou por mês? e pode relata-los sff? Gostava de saber se foram a descarregar as armas, a limpa-las, etc, etc
Eu em 10 anos, so vi 3 e só um por quebras de regras de segurança, dois foram por falhas mecanicas que nao provocaram vitimas porque as 4 regras estavam a ser cumpridas.
O outro fui pura idiotice dos Soldados, deixou a arma em fogo no chao enquanto almoçava. Um colega decidiu por o dedo no gatilho ao levantar-se.
No entanto os meus numeros de maneira nenhuma poderão ter comparação com os de um militar que todos os anos forma centenas de homens.
Será dificil lembrar-me de todas as situações que vi ou que tomei conhecimento, pois o " disco rigido", já está com muita coisa, mas assim de repente, lembro-me de um tiro na dado própria perna de um elemento a manusear uma arma pessoal, um militar italiano que matou outro ao manusear a espingarda (Kosovo 1999), vários disparos a limpar armas por esquecimento que estão carregadas (o mais frequente), vários disparos feitos pelo mesmo elemento ao descaregar a pistola, etc.
Foram sempre motivados por falha humana (quebra das regras), sem sombra de duvidas e alguns feitos por militares com maior experiencia e à vontade no manejo de armas, que a grande maioria.
Por isso é que quanto maior é a quantidade de armas carregadas no mesmo espaço, maior são as probabilidades de os disparos fortuitos acontecerem.
É impossivel criar rotinas em todos eles para garantir que estão suficientemente aptos a andar com uma arma carregada as 24H do dia.
Temos no mesmo espaço, militares com formação distinta derivada das diferentes funções que desempenham; senão vejamos por exemplo, no Afeganistão temos um soldado cmd, um soldado mecânico, um soldado socorrista - não tem, nem nunca conseguirão ter a mesma rotina em manejo de armas, senão estariam a descurarar a sua especialidade (o mecanico e o socorrista), como tal ao andarem com a arma carregada estamos a potenciar a hipotese de um disparo fortuito; poderia andar um e não os outros, mas chegavamos à situação em que o que tem menos experiencia ao mexer, por qualquer motivo (e isso poderá acontecer, nem que seja 1 hipotese em mil) poderia provocar esse disparo ( esta é uma situação que ocorre com frequencia e provoca disparos fortuitos).
E quanto mais gente metemos no mesmo espaço, mais hipoteses temos de esses casos acontecerem.
Se falarmos em pequenas unidades (como já referi noutro post) constituidas por elementos profissionais (GOE, DAE, etc.), com tempos de formação, treino e consequente rotinas, elevados, isso será possivel, mas nunca em outro tipo de unidades.
Por exemplo, os militares das US Special Forces, tem por hábito nunca descarregar as suas armas, mas estão autorizados superiormente a dispensar esse procedimento e o campo deles é de acesso restrito, dentro da base americana de Bagram, ou seja não andam misturados com o geral, mas estamos a falar de militares com tempo de serviço e de formação acima da média.
Há determinadas elementos que pela especificidade da sua missão tem essa prerrogativa, mas são poucos ( guarda costas, SF)
E quando falamos em aquartelamentos nos TOs falamos em centenas ou milhares de militares no mesmo espaço, que por vezes até é bastante pequeno, como acontece em Camp Warehouse por exemplo.
Cumprimentos