Um Chefe EM de um Ramo não é um "Sr. absoluto"... faz parte de uma estrutura (que tem um conjunto de capacidades e muitas vezes não as ideais), que tem órgãos com poderes próprios (Conselho do Almirantado, no caso da Marinha); para além de ser "humano" e ter em consideração o que os outros pensam.
Não é um Sr. absoluto, mas chupam-lhe o coiso como se fosse o Kim Jong-Un. Não é um Sr. absoluto, mas várias vezes se comportou como um ditador.
E tem um conjunto de responsabilidades delegadas pelo poder político - que tem muita influencia e a ultima palavra. E está "amarrado" à Lei de Programação Militar e/ou ao dinheiro disponibilizado pelo Orçamento de Estado.
Quando vem mentir em praça pública, também está "amarrado" pelo poder político/LPM/orçamento? Quando critica aliados, quando engana o povo a dizer que a Marinha está mais que preparada para qualquer ameaça, ou quando quer obrigar os seus marinheiros a navegar num navio avariado?
Uma coisa é certa, o Gouveia e Melo mexeu com as coisas, como não me lembro de outro fazer; e teve a audácia de defender mais submarinos e demonstrar com actividade operacional a sua importância - em um país onde a palavra submarino é sinonimo de "corrupção, brinquedos do Portas", etc. E conseguiu - real ou não - colocar a Marinha como O ramo na vanguarda da procura de desenvolvimento tecnológico...
Mexeu? No Alfeite os navios continuaram a afundar. Os contratos que assinou, eram contratos praticamente assegurados (o dos NPO por exemplo, até o BE aprovou, para se ter noção!).
O REPMUS se calhar foi a única coisa de destaque que fez, em contraste com outros Almirantes/Generais com mentalidades mais antiquadas.
No entanto contrariou completamente esta mentalidade inovadora, com o caso Mondego, onde, à boa moda antiga, queria obrigar a toda a força os marinheiros a navegar num navio avariado. Isto num ramo com dificuldade em cativar e reter pessoal, faz uma palhaçada destas.
Falou em 2 submarinos costeiros, que não se adequam à nossa realidade. Também falou em substituir as fragatas por navios logísticos glorificados. Depois percebeu o quão absurda era a ideia, e foi alterando, entrevista após entrevista, o que ele considera as "fragatas do futuro". Até teve um colega Contra-almirante a afirmar que as fragatas seriam substituídas por OPVs de 100M.
Usou o seu mediatismo para falar mais dos submarinos... e para desacreditar as fragatas. Acaba por se anular a si mesmo.
Mas se querem usar a "ideia" dos 2 submarinos costeiros, pequenininhos e baratuchos, como argumento a favor da grandiosidade do GeM, então temos de olhar para o seu antecessor da mesma forma, que dizia que a Marinha precisava de 5 fragatas de 1000M. Neste 1 para 1, o seu antecessor ganha por larga margem.
Deixem-se de tretas, praticamente nada mudou durante o seu mandato. Em termos operacionais está tudo na mesma. E quando ele teve a oportunidade de demonstrar o quão poderosa e preparada estava a MGP, enviando uma BD para o Mar Vermelho, não o fez por saber que as fragatas da MGP não estão minimamente preparadas para um cenário daqueles, e isto arruinava a peça de teatro.
Alguém aqui acredita que, se a MGP tivesse fragatas modernas e capazes, o homem não ia aproveitar para enviar pelo menos uma para aquele TO? Ia desperdiçar a boa publicidade? Foi uma admissão das limitações da Marinha, que contrariam toda a sua retórica de que é um ramo preparado para tudo.