A questão é que - para além do sistema "pagamento" - em Portugal toda a infraestrutura de cuidados médicos está na posse e gestão do Estado... e isso parece-me um pouco diferente da maioria (salvo Reino Unido)?
Em Portugal temos muita medicina privada. Aliás, já vamos em 1/3 de nós com seguros de saúde privados.
Tanto com fins lucrativos como algumas IPSS. Tanto aquela a que recorremos directamente como casos em que o SNS recorre aos privados.
E o resto dos países "azuis " naquele mapa são mais ou menos iguais.
O Canada é (ou era?) um bocado mais radical: na maioria das provincias a medicina privada não pode (ou não podia?) oferecer tratamentos equivalentes aos do serviço público.
não tens escolha
A questão não é a existência de medicina privada - que cresce devido à ineficiência do SNS - mas se a gestão de praticamente toda (excepto análises e exames) a estrutura de cuidados de saúde tem de estar nas mãos do Estado... desde o pequeno centro saúde ao hospital universitário central, com emprego público. No papel, porque - claro - os profissionais tentam estar, paralelamente, no privado...
No Canadá tenho a ideia - posso estar errado - que o SNS é uma ADSE (ie modelo alemão)... com a gestão nas mãos de privados?
Não, o Canadá não é como a Alemanha.
O modelo alemão é um modelo em que tu és obrigado a contribuir para um fundo/seguro de saúde mas podes escolher o fundo/seguro para onde contribuis: podes escolher entre diversas entidades públicas ou uma entidades privadas sem fins lucrativos ou, se ganhares muito bem (para padrões Alemães) podes escolher entre entidades com fins lucrativos.
O modelo do Canadá e dos outros países azuis é como cá: não tens escolha e és obrigado* a contribuir para um única entidade que é o SNS.
O resto são pormenores: os Governos podem tentar gerir esse bolo dinheiro de dinheiro centralizado de forma mais ou menos centralizada.
Cá temos imensas tentativas de descentralizar: resmas de Hospitais e ULS são E.P.s supostamente com autonomia e já tivemos hospitais PPP.
Além da subcontratação de serviços a privados, que é outra forma de descentralizar.
Mas segue o dinheiro: quando a fonte de financiamento é centralizada, a gestão acaba de ser muito centralizada também.
* Estou a passar ao lado de coisas opcionais como a ADSE e seguros privados.
Aquele mapa às cores não tem que ver com o tipo de gestão do sistema, tem que ver com a cobertura. A discussão é a gestão da prestação de cuidados.
Na Europa existem dois modelos principais de organização dos sistemas de saúde: o modelo Beveridge e o modelo Bismarck. O modelo Beveridge baseia-se no financiamento através de impostos gerais, sendo o Estado o responsável por organizar e fornecer a maior parte dos serviços de saúde. Nesse sistema, o acesso costuma ser universal e os cuidados são gratuitos para os utentes ou têm custos muito reduzidos no momento da utilização, como acontece no Reino Unido e Portugal. Já o modelo Bismarck funciona com base em contribuições obrigatórias pagas por trabalhadores e empregadores, que financiam seguros de saúde geridos por entidades públicas ou privadas fortemente reguladas. Neste caso, o acesso também é amplo, mas depende da inscrição num seguro de saúde, e os serviços podem ser prestados tanto por instituições públicas como privadas, como se observa na Alemanha, França ou Bélgica. Ambos os modelos procuram garantir cobertura universal, mas diferem sobretudo na forma de financiamento e de organização dos serviços.
E já estamos bastante em offtopic...