A aeronave brasileira conhecida como Tucano, é desde o inicio uma aeronave para treino avançado. Desde a primeira venda e desde a primeira tentativa de vender o avião internacionalmente (creio que o primeiro concurso internacional foi no Egito) ...
Durante a guerra fria, aeronaves para apoio às operações em terra, não estou a ver muitos reconhecidamente eficazes, para lá dos super conhecidos A-10 americano e o Su-25 soviético.
Os dois eram jatos.
O A-10 concebido de raiz para ser potente e resistir a uma grande quantidade de dano, quer se fosse atacado por mísseis terra-ar quer fosse atacado por artilharia anti-aérea.
O Sukhoi Su-25 não era tão resistente quanto o avião americano. Muitos foram perdidos no Afeganistão, forçando os russos a desenvolver uma versão mais blindada e capaz de aguentar fogo anti-aéreo e mesmo a resistir a mísseis terra-ar.
Depois do fim da guerra fria, sem grandes guerras e em que os principais inimigos eram forças irregulares, terroristas escondidos nas montanhas ou nas matas, este tipo de função passou a ser desempenhado por aeronaves mais ligeiras.
Há muitos casos de aeronaves ligeiras que receberam adaptações para poderem desempenhar funções de contra insurgência ou COIN.
Eu não separaria completamente a aquisição so Tucano, da participação portuguesa em forças internacionais como a da Rep.Centro Africana...
Problema
As negociações para a compra do Super Tucano, não começaram hoje. A verdade é que estamos metidos com a Embraer quer queiramos quer não, e foi a única empresa aeronáutica que se mostrou interessada em fazer os investimentos que fez.
Não há volta a dar ao problema, é a realidade que temos e sempre que a Embraer tiver um produto que nós precisemos, terá sempre a vantagem de ser uma aeronave com mais percentagem de incorporação portuguesa que qualquer outro.
Do meu ponto de vista no entanto, a guerra na Ucrânia veio alterar muito, mas mesmo muito do que se considerava ser doutrina normal.
No campo de batalha ucraniano, não há lugar para aviões de apoio aéreo aproximado, nem muito menos para helicópteros.
Os Su-25 cairam aos magotes, de um lado e do outro, e são aviões reforçados, supostamente capazes de resistir a muito mau trato.
O único apoio aéreo digno de nota, não é aproximado, existe utilizando aviões que lançam bombas guiadas FAB, a mais de 50km de distância.
O apoio aéreo próximo, é neste momento de um lado e do outro, dado com drones de vários tipos.
A função do Super Tucano, será representativa (para enviar aviões para ficarem bonitinhos em alguma base ou meeting internacional) e essencialmente de treino.
No dia em que tentarmos utilizar esse tipo de avião para operações de combate, vai acontecer o que aconteceu na Guiné.
Já temos experiência nestas coisas, mas parece que a experiência já se foi toda, na brisa do tempo ...
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