Eu acredito que empresas portuguesas terão capacidade para criar um cockpit para o ST que simula o cockpit de um F-35.
Ligado a um sistema de simulação em terra.
Isso seria um golpe da EMBRAER e de Portugal.
Pois, realmente desenvolver um novo cockpit para uma aeronave, é uma coisa que se faz em 5 minutos, e é de graça.
Agora imaginem fazer isto para uma aeronave a hélice, que poderá não ser suficiente para ministrar treino avançado e conversão operacional para o F-35, que não tem versão bilugar. É passar de bicicleta para Fórmula 1.
Com o tempo e custos associados, quase que saía mais barato comprar uma aeronave de treino a jacto.
Depois, como é que uma empresa portuguesa ia fazer um cockpit baseado no do F-35, sem ter acesso a um F-35 para "copiar"? Olha para umas fotos e cá vai disto?
O Brasil esteve envolvido no desenvolvimento do cockpit do Gripen E. No caso português, não temos qualquer envolvimento com o desenvolvimento do cockpit do F-35. Não é bem a mesma coisa.
Já foi há alguns anitos que o Lula e o António Costa anunciaram o "projecto" do ST.
Este governo pegou nele e o Nuno Melo já anunciou que será uma realidade.
Não é projecto nenhum, foi-nos impingido, e agora temos que gramar com essa negociata.
O Governo actual provavelmente irá dar ouvidos à FAP, se esta ganhar juízo e tiver coragem de admitir que esta aeronave, sobretudo numa configuração de combate, não se adequa às suas necessidades.
A isto acresce que, a conversa do ST na FAP, só surgiu porque alguém se lembrou que o TO africano era a prioridade do país, e se fez gigantesca (e errada) suposição, que neste TO o nível de ameaça será sempre permissivo para este tipo de aeronave.
Durante todo esse tempo, a Pilatus teve mais que tempo suficiente para fazr uma proposta ao governo português. Proposta essa que poderia incluir a construção/montagem do aparelho cá.
Ou o governo português poderia ter tido a iniciativa de pedir uma proposta.
Porque é que não aconteceu nem uma coisa nem outra?
Uma empresa sul africana demonstrou interesse em participar num eventual concurso para aeronaves COIN, com o seu AHRLAC Mwari. Só se ouviu essa possibilidade uma vez, a qual deve ter sido prontamente ignorada.
A Pilatus não fez uma contraproposta, porque o "programa" foi feito à medida do ST, em que o critério "CAS/COIN em África" elimina uma grande quantidade de concorrentes, incluindo o PC-21 por não ter uma versão de combate.
A Pilatus não entrou, tal como muitas outras empresas que têm aeronaves de treino avançado para oferecer não o fizeram, por não haver concurso nenhum. Deve ter passado a toda a gente que ia ser um ajuste directo e nada mais.
O programa envolve uma quantidade tão reduzida de aeronaves, que para a maior parte das empresas não faz qualquer sentido abrir uma linha de montagem para uma dezena/dúzia de aeronaves.
A Embraer está disposta a fazê-lo, pois sonham com a possibilidade de vender mais unidades na Europa, e vão manter pressão para que Portugal compre muito mais unidades além das 10/12 actualmente faladas. Mesmo neste caso, nem sequer foi apresentada uma proposta fixa, têm sido atiradas ideias que vão desde a produção das aeronaves, à realização da conversão para a "versão Nato".
E sejamos francos, em momento algum havia intenções do Governo anterior em procurar alternativas ao ST, logo o dito nunca iria chegar a outras empresas para ouvir as suas propostas. A jogada sempre foi garantir que o ST era escolhido, caso contrário, teriam aberto concurso.
Agora, vamos à realidade:
Abrir uma fábrica de STs, ou uma linha de montagem, em Portugal, é uma autêntica batata quente. Abrir a fábrica, produzir a dúzia de unidades, e depois nós (Portugal) é que temos que lidar com uma fábrica cujo produto produzido não tem clientes, não é de forma alguma benéfico para nós.*
Com esta ideia estúpida, corremos o risco da FAP ser fortemente pressionada a comprar quantidades estupidamente elevadas de STs, que não precisa, apenas para manter a fábrica aberta. Numas FA que precisam de tudo, menos avionetas COIN, é atirar dinheiro ao rio.
-Se a intenção passa por ter uma aeronave de treino avançado, apenas e só isso, abria-se concurso, e optava-se pela solução mais adequadas e "future proof" possível (modelo a jacto), ou por uma pequena quantidade de um modelo a hélice como "stop-gap".
-Se a intenção é ter uma aeronave para CAS/COIN/ataque leve, então é abrir concurso para esse tipo de aeronave, e dar vitória automática a um UCAV tipo MQ-9, por ser a melhor opção para TOs de baixa, média e alta intensidade, cumprindo as missões de combate de qualquer turboprop de asa fixa, sem colocar um piloto em risco (e que ainda pode contribuir para patrulha marítima de longa duração).
-Se a intenção é uma aeronave de treino avançado e COIN, é cancelar esta ideia estúpida. A aeronave que saísse daqui, seria uma que não é carne nem peixe, com limitações na parte do treino avançado, e muitas limitações no tipo de TOs onde pode operar.
-Se a intenção é que em certos programas haja envolvimento da indústria nacional, então foquem-se nos programas em que as quantidades a adquirir tornem viável a abertura de uma unidade de produção, e cujo produto pode depois ser exportado.
*A cereja no topo do bolo, é que a aeronave que não tem mercado e portanto não justifica uma fábrica em Portugal (ST) é a que querem produzir cá. Já uma aeronave portuguesa, com muito maior potencial de mercado, abrem fábrica fora de Portugal. Ou seja, a fábrica que poderá dar prejuízo é feita cá, a fábrica que pode dar lucro, é feita lá fora.